Maneirismo: diferenças entre revisões

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Talvez a mudança mais dramática introduzida pelo Maneirismo na [[pintura]] seja a transformação da noção de espaço. O Renascimento conseguiu construir a representação visual do espaço de modo notavelmente homogêneo, coerente e lógico, baseando-se na [[perspectiva (gráfica)|perspectiva]] clássica, colocando os personagens contra um cenário uniforme e contínuo e de acordo com uma hierarquia de proporções que simulava com grande sucesso o recuo gradual do primeiro plano para o horizonte ao fundo. O Maneirismo rompe essa unidade com diferentes pontos de vista coexistindo em um mesmo quadro e com a ausência de uma hierarquia lógica nas proporções relativas das figuras entre si, onde muitas vezes a cena principal é posta à distância e elementos secundários são privilegiados no primeiro plano. Assim as relações naturalistas são abolidas e o resultado é uma atmosfera de sonho e irrealidade, onde os relacionamentos formais e temáticos são arbitrários.<ref>[http://www.britannica.com/EBchecked/topic/362538/Mannerism ''Mannerism''. Encyclopædia Britannica on line]</ref><ref>HAUSER, Arnold. p. 477</ref>
 
O estilo se manifesta com figuras com proporções alongadas e em posições dinâmicas, contorcidas ou em [[escorço]], em grupos cheios de movimento e tensão, muitas vezes de paralelo impossível com a realidade, e daí seu caráter ser considerado artificialista e intelectualista, em oposição à ''gravitas'' <ref>''Gravitas'', um termo latino usado durante o Renascimento para significar equilíbrio, dignidade, seriedade e circunspecção. [http://www.askoxford.com/concise_oed/gravitas?view=uk ''Gravitas'': Oxford Dictionaries] {{ligação inativaWayback|dataurl=dezembrohttp://www.askoxford.com/concise_oed/gravitas?view=uk de|date=20060316221140 2015}}</ref> tão prezada no Alto Renascimento. Nota-se forte tendência ao ''horror vacui'', uma aversão ao vazio, cercando a cena principal com uma profusão de elementos decorativos que adquirem grande importância por si mesmos. Também há um senso de experimentalismo no tratamento de temas tradicionais, com a intensificação do [[drama]], e fazendo uso de muitas referências literárias e citações visuais de outros autores, o que tornava as obras de difícil compreensão pelo espectador inculto.<ref name="BARNES, Bernadine"/>
 
Longe de dar uma lista completa, citamos aqui alguns pintores de maior importância na Itália: [[Jacopo da Pontormo]], [[Rosso Fiorentino]], [[Michelangelo]] em sua fase madura, [[Parmigianino]], [[Francesco Salviati]], [[Giulio Romano]], [[Domenico Beccafumi|Beccafumi]], [[Agnolo Bronzino]], [[Alessandro Allori]], [[Jacopino del Conte|Jacopo del Conte]], [[Federico Barocci]], [[Jacopo Tintoretto]], [[Ticiano]], [[Giuseppe Arcimboldo]] e [[Veronese]]. Na França [[François Clouet]] e [[Jean Clouet]] e os integrantes da [[Escola de Fontainebleau]]. Ao norte [[Bartholomäus Spranger]], [[Marten de Vos]], [[Cornelis van Haarlem]] e [[Joachim Wtewael]]. [[William Segar]], [[William Scrots]] e [[Nicholas Hilliard]] na Inglaterra; [[El Greco]] e [[Luis de Morales]] na Espanha; [[Diogo de Contreiras]], o [[Mestre de Abrantes]], [[Gaspar Dias]], [[António Nogueira]] e o [[Grão Vasco]] em Portugal.
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=== Música ===
{{portal-Música erudita}}A música maneirista em linhas gerais mostra, conforme a descrição de Claude Palisca, uma tensão ''"entre o desejo de preservar um elevado nível de habilidade contrapontística e o impulso de acompanhar as imagens, idéias e sentimentos"'' <ref>[{{Citar web |url=http://www.discovery.mala.bc.ca/web/martinar/arts/arts.htm |titulo=Citado por MARTIN, Andrea. In ''Art for Art's Sake'']{{ligação inativa|dataacessodata=2 de dezembro de 20152008 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20081202122529/http://www.discovery.mala.bc.ca/web/martinar/arts/arts.htm |arquivodata=2 de dezembro de 2008 |urlmorta=yes }}</ref> descritos no texto. Contudo, o impacto do Maneirismo sobre as artes musicais é possivelmente menos profundo do que em outros campos. A própria identificação do Maneirismo no terreno musical tem sido matéria de controvérsia, e as tradicionais transferências de conceitos das artes visuais e literatura para a música têm sido vistas muitas vezes como inadequadas. Por outro lado, Maria Maniates defende a ideia de que o Maneirismo pode ser definido na música do fim do século XVI a partir de seus elementos especificamente musicais, quais sejam: o experimentalismo no campo da [[Harmonia (música)|harmonia]], a exploração de intervalos incomuns na linha melódica, ensaios de [[música microtonal]], tentativas de estabelecimento de um sistema de [[temperamento igual]] e a atribuição de novos significados para os elementos da [[retórica]] musical que se praticava.<ref>MANIATES, Maria Rika. ''Mannerism in Italian music and culture, 1530-1630''. Manchester University Press ND, 1979. p. xiv; 120-121 [http://books.google.es/books?hl=pt-BR&lr=&id=s7PmAAAAIAAJ&oi=fnd&pg=PR13&dq=music+mannerism&ots=xjHpbK0LGv&sig=1XZVkKg3Hykfr_P7Stdll_Luo28#PPR14,M1]</ref> Mas não é preciso buscar uma confirmação moderna para detectar o aparecimento um estilo novo na música desse período, pois os próprios músicos da época estavam envolvidos em uma acesa polêmica sobre os novos rumos que sua arte tomava. Em seu ''Compendium Musices'' (1552), Adrianus Coclico descrevia a geração de [[Guillaume Dufay]] como ''musici mathematici'' (músicos matemáticos), a de [[Josquin des Prez]] de ''musici prestantissimi'' (músicos admiráveis), mas chamava os seus contemporâneos de ''musici poetici'' (músicos poéticos), ou seja, era evidente uma nova sensibilidade no ar.<ref>CARTER, Tim. ''Renaissance, Mannerism, Baroque''. In CARTER, Tim & BUTT, John (eds). ''The Cambridge History of Sevententh-Century Music''. Cambridge University Press, 2005. p. 9 [http://books.google.es/books?hl=pt-BR&lr=&id=mHJvKVq0vXoC&oi=fnd&pg=PA1&dq=Claude+Palisca+mannerism&ots=_IxqxW8kBQ&sig=uAnOdpUoMX2L8LmS7U8jHyrRc4g#PPA9,M1]</ref>
[[Ficheiro:Niccolo dell abbate - o concerto.jpg|thumb|Niccolò dell'Abbate: ''O concerto'', c. 1550]]
[[Ficheiro:Luzzaschi title page.jpg|thumb|Capa do livro de madrigais de Luzzasco Luzzaschi, 1601]]