O Hobbit: diferenças entre revisões

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''E descendo descendo para a cidade-orc''<br />''Você vai, meu rapaz!''{{Nota de rodapé|Traduzido livremente do original em inglês: ''Clap! Snap! the black crack!/Grip, grab! Pinch, nab!/And down down to Goblin-town/You go, my lad!''.}}''</blockquote>
 
Este canto [[Onomatopeia|onomatopeico]] enfraquece a cena perigosa com um senso de humor. Tolkien alcança equilíbrio de humor e perigo por outros meios também, como visto no tolo e ''cockney''{{Nota de rodapé|''Cockney'' é um dialeto comum dos bairros pobres de [[Londres]].}} dialeto dos trolls e na embriaguez dos elfos captores.<ref name="Helms">{{Citar livro|nome=Randel |sobrenome=Helms Randel|título=Myth, Magic and Meaning in Tolkien's World |ano=1976|língua=inglês|editora=Granada|página=45-55|isbn=0415921503}}</ref> A forma geral — de uma viagem em terras estranhas, contada com um estado de espírito alegre e intercalado com canções — pode estar seguindo o modelo de ''[[The Icelandic Journals]]'' de [[William Morris]], uma importante influência literária sobre Tolkien.<ref>{{citar web|url=http://www.mythsoc.org/mythlore/95-96/|titulo=An unexpected Guest. influence of William Morris on J. R. R. Tolkien's works |ultimo=Amison |primeiro=Anne |data=|publicado=''Mythlore''|lingua=inglês|acessodata=11 de abril de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20121103123557/http://www.mythsoc.org/mythlore/95-96/|arquivodata=3 de Novembro de 2012|urlmorta=yes}}</ref>
 
O romance baseia-se no conhecimento de Tolkien sobre literatura histórica, mitos e linguagens [[Europa Setentrional|norte-europeias]].<ref name="Sullivan" /> Os nomes de Gandalf e de todos, exceto um, dos treze anões foram tomados diretamente a partir do poema ''[[Völuspá]]'' da [[Edda em verso|Edda Poética]].<ref>{{citar web|url=http://www.houghtonmifflinbooks.com/features/lordoftheringstrilogy/lessons/two/handouts.jsp|titulo=Unit Two: Runes, Riddles, and a Ring of Power|ultimo= |primeiro= |data=|publicado=''Houghton Mifflin''|lingua=inglês|acessodata=11 de abril de 2012}}</ref> Várias das ilustrações do autor (incluindo o mapa dos anões, o frontispício e a sobrecapa) fazem uso de runas anglo-saxônicas. Os nomes dos corvos amigos do anões também são derivados do nórdico antigo para corvo e torre,<ref name="Myth" /> mas seus personagens são diferentes do típico guerra-carniça da antiga literatura nórdica e anglo-saxônica.<ref>{{harvnb|St. Clair|2000|p=39}}</ref> Tolkien, entretanto, não está simplesmente copiando fontes históricas para obter este efeito: os estilos linguísticos, especialmente a relação entre o moderno e o antigo, foram vistos como um dos principais temas explorados pela história.<ref name="Century">{{Citar livro|nome=Tom |sobrenome=Shippey Randel|título=J. R. R. Tolkien: Author of the Century |ano=2001|língua=inglês|editora=[[HarperCollins]]|página=41|isbn=0261104012}}</ref>
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=== Interpretação ===
''O Hobbit'' pode ser visto como uma exposição criativa do trabalho teórico e acadêmico de Tolkien. Temas encontrados na antiga [[Anglo-saxônico|literatura anglo-saxônica]], e especificamente no poema ''[[Beowulf]]'', têm uma forte presença na definição do mundo antigo em que Bilbo entrou. Tolkien, um talentoso conhecedor de ''Beowulf'', afirmou que o poema estava entre suas "fontes mais valiosas" ao escrever ''O Hobbit''.<ref name="Carpenter 1981 page=31">{{harvnb|Carpenter|1981|p=31}}</ref> Tolkien é creditado como sendo o primeiro crítico a discorrer sobre ''Beowulf'' como uma obra literária com valor além do meramente histórico, e sua palestra de 1936 intitulada ''Beowulf: The Monsters and the Critics'' ainda é leitura obrigatória para estudantes de anglo-saxão. O poema ''Beowulf'' contém vários elementos que Tolkien emprestou para ''O Hobbit'', incluindo um dragão monstruoso e inteligente.<ref name="Dragons">{{citar web|url=http://www.mythsoc.org/mythlore/95-96/|titulo=Dreaming of dragons: Tolkien's impact on Heaney's Beowulf |ultimo=Steele|primeiro=Felicia Jean |data=2006|obra=|publicado=''Mythlore''|lingua=inglês|acessodata=17 de abril de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20121103123557/http://www.mythsoc.org/mythlore/95-96/|arquivodata=3 de Novembro de 2012|urlmorta=yes}}</ref> Certas descrições em ''O Hobbit'' parecem ter sido levantadas diretamente de ''Beowulf'' com alguma pequena reformulação, como quando cada dragão estende o seu pescoço para farejar intrusos.<ref>{{Citar livro|nome=Mary|sobrenome=Faraci |título=I wish to speak' (Tolkien's voice in his Beowulf essay)|ano=2002|língua=inglês|editora=Routledge|páginas=58-59|isbn=0415289443}}</ref> Da mesma forma, as descrições de Tolkien sobre o covil ser acessado através de uma passagem secreta num espelho é semelhante à ''Beowulf''. Tolkien refinou partes do enredo de ''Beowulf'' que ele parece ter encontrado de forma menos satisfatoriamente descritas, como detalhes sobre o copo do ladrão e o intelecto e personalidade do dragão.<ref>{{Citar livro|nome=Richard L|sobrenome=Purtill |título=Lord of the Elves and Eldils|ano=2006|língua=inglês|editora=Ignatius Press|páginas=53-55|isbn=1586170848}}</ref>
 
Outra influência anglo-saxônica é o aparecimento de denominadas lâminas de renome, adornadas em runas. É fazendo uso de sua lâmina élfica que vemos Bilbo finalmente tomando sua primeira ação independente e heróica. Ao nomear a lâmina como "[[Ferroada]]", vemos a aceitação de Bilbo dos tipos de práticas culturais e linguísticos encontrados em ''Beowulf'', significando sua entrada no mundo antigo em que ele se encontrava.<ref name="TCompass">{{Citar livro|nome=Jared|sobrenome=Lobdell |título= A Tolkien Compass|ano=1975|língua=inglês|editora=Open Court Publishing|páginas=106|isbn=0875483038}}</ref> Esta progressão culmina em Bilbo roubar um copo do tesouro do dragão, despertando-lhe a ira, um incidente diretamente espelhado em ''Beowulf'', e uma ação inteiramente determinada por padrões narrativos tradicionais. Como Tolkien escreveu: "... O episódio do roubo surgiu naturalmente (e quase inevitavelmente) a partir das circunstâncias. É difícil pensar em qualquer outra forma de conduzir a história neste momento. Imagino que o autor de ''Beowulf'' diria o mesmo".<ref name="Carpenter 1981 page=31"/>
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Smaug é o principal antagonista. De muitas maneiras o episódio de Smaug reflete e faz referência ao dragão de ''Beowulf'' e Tolkien usa-o para colocar em prática algumas das inovadoras teorias literárias que desenvolveu sobre o poema anglo-saxão e sua representação medieval do dragão como tendo inteligência bestial.<ref name="Dragons" /> Tolkien prefere grandemente este tema sobre a antiga tendência medieval de utilizar o dragão como uma figura simbólica ou alegórica, como na [[São Jorge#Lenda do drag.C3.A3o e da princesa|lenda de São Jorge]].<ref>{{harvnb|Rateliff|2007|p=534}}</ref> Smaug, o dragão com seu tesouro em ouro, pode ser visto como um exemplo da relação tradicional entre mal e metalurgia como coligidos na representação do [[Pandæmonium (Paradise Lost)|Pandaemonium]] com seu "fogo e fumaça rolante" em ''[[Paraíso Perdido]]'' de [[John Milton]].<ref name="TCompass" /> De todos os personagens, a fala de Smaug é a mais moderna, usando expressões como "Não deixe que sua imaginação tome conta de você!".
 
Uma vez que as teorias literárias de Tolkien têm sido vistas a influenciar a trama, o livro possui experiências do escritor. ''O Hobbit'' pode ser lido como uma parábola de Tolkien da [[Primeira Guerra Mundial]], com o herói sendo arrancado de sua casa rural e jogado em uma guerra distante, onde os tipos tradicionais de heroísmo são mostrados como fúteis.<ref>{{citar web|url=http://www.thetimes.co.uk/tto/public/sitesearch.do?querystring=Cover+book%3A+Tolkien+and+the+Great+War&p=tto&pf=all&bl=on |url=Review: Cover book: Tolkien and the Great War by John Garth |ultimo=Carpenter|primeiro=Humphrey |data=23 de novembro de 2003|publicado=''[[The Sunday Times]]''|lingua=inglês|acessodata=23 de abril de 2012}}</ref> O conto, como tal, explora o tema do heroísmo. Como observa Janet Croft em um artigo sobre Tolkien, a reação literária de Tolkien para a guerra neste momento difere da maioria dos escritores pós-guerra, abstendo-se a ironia como um método para distanciar acontecimentos ao invés de usar a mitologia para mediar suas experiências.<ref name="Myth">{{citar web|url=http://www.thefreelibrary.com/%22The+young+perish+and+the+old+linger,+withering%22%3A+J.R.R.+Tolkien+on...-a0149176346|titulo=The young perish and the old linger, withering': J. R. R. Tolkien on World War II |ultimo=Croft|primeiro=Janet |data=2004|publicado=''Mythlore''|lingua=inglês|acessodata=23 de abril de 2012}}</ref> Semelhanças com obras de outros escritores que enfrentaram a Grande Guerra são vistas em ''O Hobbit'', inclusive retratando a guerra como antipastoral: as terras de "A desolação de Smaug" — área sob influência de Smaug antes de sua morte e posteriormente cenário da batalha dos Cinco Exércitos — são descritas como paisagens estéreis, danificadas.<ref name="Myth2">{{citar web|url=http://www.mythsoc.org/mythlore/90/|titulo=The Great War and Tolkien's Memory, an examination of World War I themes in The Hobbit and The Lord of the Rings |ultimo=Croft|primeiro=Janet |data=2002|publicado=''Mythlore''|lingua=inglês|acessodata=23 de abril de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20111017121000/http://www.mythsoc.org/mythlore/90/|arquivodata=17 de Outubro de 2011|urlmorta=yes}}</ref> ''O Hobbit'' faz uma advertência contra a repetição das tragédias da I Guerra Mundial,<ref name="Dreams">{{Citar livro|nome=Jack David|url=http://books.google.com.br/books?id=AkTKEJyfYLIC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false|sobrenome=Zipes|título=When Dreams Came True: Classical Fairy Tales and Their Tradition|ano=1999|língua=inglês|editora=Routledge|páginas=24|isbn=0415921503}}</ref> e atitude de Tolkien como um veterano pode muito bem ser resumida pelo comentário de Bilbo: "A vitória depois de tudo, suponho! Bem, parece um negócio muito triste".<ref name="Myth" />
 
== Traduções ==
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''[[O Hobbit (1977)|O Hobbit]]'', uma [[desenho animado|versão animada]] da história produzida por [[Rankin/Bass]], estreou como um filme de televisão nos Estados Unidos em 1977. Em 1978, [[Romeo Muller]] ganhou um prêmio [[Peabody Award]] por seu roteiro para ''O Hobbit''. O filme também foi indicado para o [[Prêmio Hugo de Melhor Apresentação Dramática]], mas perdeu para ''[[Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança|Star Wars]]''. A adaptação tem sido chamada de "execrável"<ref name="Anderson 2003 page=23" /> e confusa para quem não está familiarizado com o enredo.<ref>{{Citar livro|nome=T. J|sobrenome=Kask|título="NBC's The Hobbit" (Dragons Magazine III)|editora=[[TSR, Inc.]]|ano=dezembro de 1977|páginas=736|id=}}</ref> Uma [[O Hobbit (série de filmes)|adaptação cinematográfica dividida em três partes]] está sendo co-produzida pela [[Metro-Goldwyn-Mayer]] e pela New Line Cinema, produzida e dirigida por [[Peter Jackson]].<ref>{{citar web|url=http://www.usatoday.com/life/movies/news/2007-12-18-hobbit_N.htm|titulo=Peter Jackson to produce 'The Hobbit'|ultimo=Coyle|primeiro=Jake|data=18 de dezembro de 2007|publicado=''[[USA Today]]''|lingua=inglês|acessodata=20 de junho de 2012}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.thewrap.com/movies/column-post/breaking-hobbit-gets-its-greenlight-21749?page=0,0|titulo='The Hobbit' Gets Its Greenlight, With Jackson Directing (Updated)|ultimo=Waxman|primeiro=Sharon|data=16 de outubro de 2010|publicado=''The Wrap''|lingua=inglês|acessodata=20 de junho de 2012}}</ref> Intitulados ''An Unexpected Journey'', ''The Desolation of Smaug'' e ''The Battle of the Five Armies'', os longas-metragens foram lançados em 14 de dezembro de 2012, 13 de dezembro de 2013 e 11 de dezembro de 2014, respectivamente.<ref>{{citar web|url=http://omelete.uol.com.br/hobbit/cinema/o-hobbit-desolacao-de-smaug/|titulo=O Hobbit - A Desolação de Smaug será o segundo filme|ultimo=Borgo|primeiro=Érico|data=31 de agosto de 2012|publicado=''[[Omelete (site)]]''|lingua=português|acessodata=2 de setembro de 2012}}</ref> [[Martin Freeman]] retrata Bilbo nos filmes.<ref>{{citar web|url=http://www.bbc.co.uk/news/entertainment-arts-11604193|titulo=Martin Freeman to play Bilbo Baggins in The Hobbit|ultimo=|primeiro=|data=22 de outubro de 2010|publicado=''[[BBC News]]''|lingua=inglês|acessodata=20 de junho de 2012}}</ref>
 
Uma adaptação em quadrinhos em três partes com roteiro de [[Chuck Dixon]] e [[Sean Deming]] e ilustrada por [[David Wenzel]] foi publicada pela [[Eclipse Comics]] em 1989. Em 1990 uma edição em volume único foi lançada pela [[Unwin Paperbacks]]. A arte da capa era do ilustrador original David Wenzel. Uma reimpressão em um único volume foi lançada pela [[Del Rey Books]] em 2001. Sua capa, ilustrada por [[Donato Giancola]], foi premiada com o Association of Science Fiction Artists Award for Best Cover Illustration em 2002.<ref>{{citar web|url=http://www.locusmag.com/SFAwards/Db/Chesley2002.html|titulo=2002 Chesley Awards |ultimo=|primeiro=|data=2002|publicado=''Locus Publications''|lingua=inglês|acessodata=25 de junho de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20121016222837/http://www.locusmag.com/SFAwards/Db/Chesley2002.html|arquivodata=16 de Outubro de 2012|urlmorta=yes}}</ref>
 
[[Middle-earth PBM|ME Games Ltd]] (anteriormente ''Middle-earth Play-by-Mail''), que ganhou vários prêmios [[Origin Awards]], utiliza a Batalha dos Cinco Exércitos como um cenário introdutório para uma versão completa do jogo e inclui personagens e exércitos do livro.<ref>{{citar web|url=http://middleearthgames.com/index.html|titulo=Home of Middle-earth Strategic Gaming|ultimo=|primeiro=|data=|publicado=''ME Games Ltd''|lingua=inglês|acessodata=25 de junho de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080516192023/http://www.middleearthgames.com/index.html|arquivodata=16 de Maio de 2008|urlmorta=yes}}</ref>
 
Vários [[jogos de computador]] e ''videogames'', ambos licenciados e não licenciados, têm sido baseados na história. Um dos mais bem-sucedidos foi ''[[The Hobbit (videogame)|The Hobbit]]'', um premiado jogo de computador lançado em 1982 pela [[Beam Software]], e lançado pela [[Melbourne House]] com compatibilidade para a maioria dos computadores disponíveis na atualidade. Uma cópia do livro foi incluída em cada pacote do jogo.<ref>{{Citar livro|título=Using Computers in English: A Practical Guide|sobrenome=Moore|nome=Phil|ano=1986|editora=Routledge|isbn=0-416-36180-3|página=44}}</ref> O jogo não reconta a história, mas se coloca ao lado dela, usando tanto a narrativa quanto a estrutura do romance para motivar a jogabilidade.<ref>{{Citar livro|título=Narrative Across Media: The Languages of Storytelling|sobrenome=Ryan|nome=Marie-Laure|ano=2004|editora=University of Nebraska Press|isbn=0803289936|página=366}}</ref> Ele ganhou o [[Golden Joystick Award]] na categoria Jogo de Estratégia do Ano em 1983<ref>{{citar web|url=http://www.worldofspectrum.org/showmag.cgi?mag=Crash/Issue04/Pages/Crash0400043.jpg|titulo=Playing the game|ultimo=Uffindell|primeiro=Matthew|data=1984|publicado=''[[Crash Magazine|Crash]]''|lingua=inglês|acessodata=25 de junho de 2012}}</ref> e foi responsável por popularizar a expressão "Thorin sits down and starts singing about gold".<ref>{{citar web|url=http://www.ysrnry.co.uk/articles/ystop100_3.htm|titulo=Playing the game|ultimo=Campbell|primeiro=Stuart|data=1991|publicado=''[[Your Sinclair]]''|lingua=inglês|acessodata=25 de junho de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080509183458/http://www.ysrnry.co.uk/articles/ystop100_3.htm|arquivodata=9 de Maio de 2008|urlmorta=yes}}</ref>{{Nota de rodapé|Traduzindo livremente do inglês: "Thorin se senta e começa a cantar sobre o ouro".}}
 
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