Dialeto da costa norte: diferenças entre revisões

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Acrescenta os diferentes sons para a letra s no dialeto da costa norte.
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* '''Glotalização do "r":''' Assim como na maior parte do Nordeste, os cearenses tendem a usar a letra "r" de uma maneira bem forte ([ɦ]), o qual é dado o nome de "r" sonoro, em qualquer situação, até mesmo no dígrafo "rr", como em "carro" ['kaɦu], "verso" ['vɛɦsu] e "ramo" ['ɦɐmu], porém, iniciando sílabas e formando encontros consonantais se usa [ɾ], como em boa parte dos falantes da língua portuguesa: "grito" ['gɾitu] e "aranha" [a'ɾɐɲɐ]. Outra característica marcante de vários dialetos nordestinos, em particular o cearense, é o desuso do som da letra "r" em palavras que terminam com "r", ou seja, o "r" é comumente mudo no fim de palavras, como em "andar" [ɐ̃ 'da] e "caviar" [kavi'a].No entanto,assim como em outros dialetos brasileiros,é comum a sua pronúncia como [ɾ] quando precedendo uma palavra que se inicia com vogal.
* '''Neutralização de [v], [ʒ] e [z]:''' Um fenômeno típico do falar cearense, muito usado em imitações humorísticas do dialeto, é a neutralização dos fonemas [v], [ʒ] e [z] como [ɦ], variante do fonema /r/ típico do Nordeste brasileiro, em várias situações, por exemplo: "estava" ([iʃ'tahɐ]); "mesmo" ([meɦmu] ou até ['meɦum]); e "gente" ([ɦẽt(ʃ)i]). De início, via-se esse fenômeno como típico da fala plebéia e rural, gerando estigmatização do falante. Mais tarde, segundo alguns autores, essa transformação passa a ser vista como ocorrendo principalmente na linguagem rápida e descontraída, para fins de facilitar a articulação, representando assim uma variante dialetal usada em situações de familiaridade e relaxamento. Outros, contudo, consideram que ela é causada principalmente por fatores lexicais e interacionais. Assim, as causas que influenciaram essa mudança seriam a natureza da consoante ou da vogal seguinte e a presença do morfema do pretérito imperfeito "ava".<ref>{{Citar periódico|ultimo=Aragão|primeiro=Maria do Socorro Silva de|url=http://www.profala.ufc.br/Trabalho3.pdf|título=A neutralização dos fonemas / v – z - Z / no falar de Fortaleza|acessadoem=23 de abril de 2012}}</ref>
*'''A letra s com três sons distintos''': Antes das consoantes b, d, g, l, m, n, v o som da letra s é de /z/. Antes da consoante t, o som é palatizado /ʃ'/ e antes das demais consoantes o somo do s é de /s/, assim como no final das palavras.<ref name=":0" />
* '''Palatalização das fricativas /s/ e /z/:''' Quanto a isso, o dialeto da costa norte nem se configura como o sulista, nem como o carioca, mas num meio termo. As fricativas nunca são palatalizadas em final de palavra nem, no geral, antes de consoantes, mas apenas quando se seguem a elas consoantes alveolares dentais (/t/ e /d/). Assim, diz-se sempre "aspa" [aspɐ] e "mesmas" [mezmɐs], mas "estrela" [iʃ'tɾelɐ] e "desdém" [dɛʒ'dẽj̃].{{carece de fontes|data=abril de 2017}}
* '''Palatalização dos grupos /di/ e /ti/:''' Preferencialmente, na [[Região Metropolitana de Fortaleza]] e microrregiões adjacentes ([[Mesorregião do Noroeste Cearense|Noroeste Cearense]], [[Microrregião do Sertão de Crateús|Sertão de Crateús]] e algumas cidades do Sertão Central e do Baixo Jaguaribe), assim como no norte do Piauí e no nordeste do Maranhão (e suas respectivas capitais, [[Teresina]] e [[São Luís]]) ocorre a presença de palatalização das consoantes alveolares /d/ e /t/, onde são realizadas africadas pós-alveolares surdas /tʃ/ e sonoras /dʒ/ antes do som da vogal /i/, mesmo nas sílabas "te" e "de", ficando os sons [tʃi] e [dʒi], assim como ocorre em boa parte do [[português brasileiro]]. Acredita-se que o fenômeno da palatalização, no estado do Ceará, deve-se à influência do [[dialeto nortista]] (pela proximidade regional). Porém, há algumas distinções fonéticas de região para região do estado com relação à presença ou não de palatalização das consoantes dentais e alveolares "d" e "t", particularmente com relação às microrregiões do [[microrregião do Médio Jaguaribe|Médio Jaguaribe]] e do [[microrregião do Sertão de Senador Pompeu|Sertão de Senador Pompeu]], além de algumas cidades fronteiriças com o estado do [[Rio Grande do Norte]] (como [[Limoeiro do Norte]], [[Tabuleiro do Norte]] e [[Alto Santo]]), que assim como no [[português europeu]] e nas outras regiões do [[Nordeste brasileiro]], que vão do [[Rio Grande do Norte]] a [[Alagoas]], também por influência do [[dialeto nordestino]] dada a proximidade regional, o /t/ e /d/ podem ser dentais como ocorre no dialeto citado ou palatalizados antes do som de /i/.
 
==== Traços arcaizantes ====
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=== Lexicais ===
O dialeto cearense possui grande quantidade de palavras e expressões populares usadas largamente pela população e que lhe são peculiares, dando ensejo até mesmo à publicação de vários dicionários de ''cearês'' catalogando essas expressões. Há termos no dialeto cearense com função expressiva e criados a partir de associações sensoriais ou imaginativas com o seu significado, como: ''bafafá'', ''estrovenga'', ''espilicute'', ''mamimolência'', ''escalafobético''..<ref name=":0">{{citar periódico|ultimo=Monteiro|primeiro=José Lemos|título=Fontes bibliográficas para o estudo do dialeto cearense|jornal=Revista da Academia Cearense da Língua Portuguesa|cidade=Fortaleza|volume=9|paginas=68-94|ano=1995}}</ref> Ademais, há termos relacionados com a cultura e a economia locais, como ''alfinim'' ou ''alpercata'', assim como derivações de corruptelas ou arcaísmos, como ''bribado'' e ''bêbo'' ("bêbado", decorrente de ''briba'', corruptela de "víbora") ou ''canelal'' (derivado de "canela", significando um agrupamento de pessoas da ralé), ''ruma'' e ''arruma'' (que significa monte 'de objetos, pessoas'), assim como palavras formadas por derivação regressiva ou prefixação, como "eguar" (andar a ermo, vagar) ou, pelo contrário, "estrompa" (sujeito violento) e ''mucheada'' (corruptela de mancheia, punhado). Por fim, há diversas palavras usadas em sentido diverso do original, como ''branca'' em sentido de "cachaça" e ''amarelo'' como sinônimo de "pálido", e uma série de arcaísmos do português que persistiram no dialeto cearense, principalmente rural, como ''malino'' e ''assoprar''.<ref>{{Citar web|url=http://dicionarioceares.vilabol.uol.com.br/ca.html|arquivourl=http://web.archive.org/web/20090118211046/http://dicionarioceares.vilabol.uol.com.br/ca.html|arquivodata=18 de janeiro de 2009|título=Avexado Dicionário Cearês|publicado=web.archive.org|acessodata=23 de abril de 2012}}</ref>
 
Algumas marcas do dialeto cearense, mas não necessariamente exclusivas dele, são as interjeições usadas frequentemente para dar expressividade às frases, tais como: ''eita!'', ''arre égua!'', ''ave!'' ou ''ave maria!'', ''vixe!'' (que vem de virgem) ou ''ixe!'', ''oxe!'' (mas raramente ''oxente''), ''diab'é isso'', ''pera hóstia'' (corruptela de ''pela hóstia''). Há também formas regionais de termos para serem usados como vocativo, como macho e suas variantes (''má'', ''mancho'', manch, mach, ''macho véi''), assim como ''cabra'' (ou mais comumente ''caba''), ''marminino'' (típico do Cariri e Centro-Sul cearenses).