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Faziam farinha de milho verde e de milho seco. A primeira era feita deixando as espigas secarem um pouco antes de serem raladas e depois de peneirada era misturada à farinha de [[mandioca]]. A de milho seco implicava em debulhar as espigas, torrar e pilar os grãos, acrescentar amendoim torrado e pilado e, finalmente, farinha de mandioca. Era consumida com [[peixe]] ou [[caça]].<ref name="ribeiro"/>
 
A quirera (milho moido), a [[pamonha]] e a pipoca eram os derivados de milho usados pelos indígenas do litoral [[Paraná|paranaense]].<ref name="gimenes">GIMENES, Maria Henriqueta Sperandio Garcia. '''Cozinhando a tradição: festa, cultura e história no litoral paranaense'''. 2008, 393p. Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em História, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em História. Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Antunes dos Santos. Disponível em http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/handle/1884/17775/MARIA%20HENRIQUETA%20GIMENES.pdf;jsessionid=C48603F9DCFC3E4D00BE2E40E467800B?sequence=1 Consulta em 22/08/2012</ref> Os [[Araweté]] do [[Pará]] tinham como principal alimento o milho, que era consumido como mingau de milho verde, mingau doce, farinha de milho, [[paçoca]] e [[cauim]]. Eles davam mais importância à roça de milho do que à de mandioca.<ref name="pib">POVOS INDÍGENAS NO BRASIL (S/DATA). '''Araweté. Atividades produtivas'''. Disponível em http://pib.socioambiental.org/es/povo/arawete/99 Consulta em 05/09/2012</ref> Milho assado ou cozido e também em forma de bolo era ingerido pelos [[Guaranis|Guarani]] de [[São Paulo (estado)|São Paulo]].<ref name="rigo">RIGO, Neide. '''Oficina culinária dos guaranis'''. 2008. Fonte: Come-se blog spot. Disponível em http://pib.socioambiental.org/es/noticias?id=53167 Consulta em 07/09/2012</ref> Os [[Paranakã]] do [[Pará]] ingeriam o milho assado e um alimento semelhante ao [[curau]].<ref name="rai">REVISTA DE ATUALIDADE INDÍGENA. '''Aventuras de um índio que se tornou sertanista'''. p. 50-58. In: Revista de Atualidade Indígena. Brasília, Fundação Nacional do Índio. 1979, ano III, nº 19, 64p.</ref> Um mingau de milho moído semelhante à pamonha e o milho torrado acompanhado por [[banana]], [[castanha]], peixe ou [[carne]] eram consumidos pelos [[Caiapós-xicrins|Xicrin]] do [[Pará]].<ref name="léry2">LÉRY, Jean de (1534-1611). '''Viagem à terra do Brasil'''. Belo Horizonte, Edit. Itatiaia; São Paulo, Edit. da Universidade de São Paulo. 1980, 303 p.</ref>
 
[[Imagem:Macaco roubando milho , carregando uma espiga na boca, uma em cada mão e uma debaixo de cada braço..pdf|thumb|Macaco roubando milho, carregando uma espiga na boca, uma em cada mão e uma debaixo de cada braço.]]
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No início da colheita do milho os indígenas norte-americanos faziam festas que duravam vários dias, com muita comida e bebida. Para os [[Creek]] o início do amadurecimento do milho era tão importante que era considerado o início do [[Ano-novo|Ano-Novo]]. Os [[Hurões|Hurons]], da região norte do [[Lago Ontário]], no [[Canadá]], faziam sopa com espigas imaturas de milho que haviam ficado na água até ter início o processo de [[putrefação]]. Faziam [[canjica]] deixando os grãos de milho imersos em solução de [[sal]] de cinza para remover o [[pericarpo]] (parte externa e dura da semente) e depois os ferviam. Podiam depois ser secos, tostados e moídos e consumidos secos ou em forma de mingau. Tribos do sudoeste faziam o [[pinole]], uma farinha grossa feita de grãos de milho torrados e moídos, geralmente misturada com [[erva]]s e [[tempero]]s e que podia ser ingerida diretamente ou em forma de bebida. Acredita-se que os índios norte-americanos não conheciam nenhuma [[bebida alcoólica]] de milho antes da colonização, enquanto os sul-americanos as conheciam há séculos.<ref name="BÉLANGER">BÉLANGER, Claude (2004) . '''QUEBEC HISTORY'''. L’Encyclopédie de l’histoire du Québec / The Quebec Encyclopedia - Food and the Indians of Canada Disponível em http://faculty.marianopolis.edu/c.belanger/quebechistory/encyclopedia/foodindians.htm Consulta em 04/03/2013</ref>
 
Os [[Iroqueses]] do norte do estado de [[Nova York]] e sul do [[Quebec]] cozinhavam o milho com carne, feijão e vegetais. Os [[Índios pueblo|Pueblos]] do [[Novo México]] e [[Arizona]] faziam o ''paper bread'', um tipo de [[tortilha]] feita com farinha de milho, cinza de madeira e água, que era assado em finas camadas sobre uma pedra chata disposta sobre uma fogueira.<ref name="BÉLANGER" /> Os [[Wampanoag]] da [[Nova Inglaterra]], nordeste dos Estados Unidos, cultivavam uma grande variedade de milhos, o branco, o negro, o amarelo, o vermelho, o azul, o bege, o esverdeado, e outros. Utilizavam todas as partes da espiga do milho; o grão era comido; da [[palha]] faziam [[esteiraEsteira (artesanato)|esteiras]]s, [[cesto]]s e [[boneca]]s; o [[sabugo]] era usado como [[combustível]], como [[dardo]] para jogos e como [[chocalho]] em cerimônias.<ref name="CLINE">CLINE, Duane A. (2003) '''The pilgrims & Plymoutu colony: 1620'''. Indian foods. Disponível em http://www.rootsweb.ancestry.com/~mosmd/foods.htm Consulta em 17/03/2013</ref>
 
O milho era empregado como alimento de várias outras maneiras por tribos norte-americanas: os [[Abnaki]] do [[Canadá]] e os [[Chippewa]] do [[Ontário]] faziam sopa com os grãos; os [[Delawe]] de [[Oklahoma]] cozinhavam a espiga, secavam os grãos e os comiam; os [[Havasupai]] do [[Arizona]] moíam os grãos secos, os misturavam com água salgada, faziam uma massa mole e assavam em forma de [[panqueca]]; Os [[Hopis]] do [[Arizona]] imergiam os grãos em água com cinzas de [[zimbro]], cozinhavam e faziam canjica; os [[iroqueses]] do [[Quebec]] moíam os grãos, misturavam com água quente, faziam bolinhos que eram cozidos em água fervente; os [[Povo Isleta|Isletas]] do [[Novo México]] faziam papa com a farinha de milho e a secavam para uso no inverno; os [[Keres]], Western assavam a espiga para uso imediato ou futuro; os [[Tribo Menominee|Menominee]] de [[Wisconsin]] torravam os grãos, moíam, misturavam com [[banha]] de [[urso]] e usavam como ração em rastreamentos; os [[Meskwaki]] de [[Iowa]] assavam ou cozinhavam os grãos e os guardavam para o inverno; os [[NavajoNavajos]] do [[Arizona]], [[Novo México]] e [[Utah]] assavam os grãos, removiam a casca ([[pericarpo]]), moíam o [[endosperma]], secavam, embrulhavam na palha verde e levavam em viagens; os [[Ojibwa]] de [[Ontario]] secavam os grãos para uso no inverno; os [[Povo Omaha|Omaha]] de [[Nebraska]] moíam os grãos verdes e faziam uma massa usada como alimento; os [[Papagos]] do [[Arizona]] e [[México]] assavam as espigas, removiam os grãos, peneiravam e cozinhavam com carne; os [[Zuni]] do [[Novo México]] moíam os grãos crus ou assados e faziam pães usados em viagens.<ref name="MOERMAN">MOERMAN, Daniel E. (2010). '''Native American Ethnobotany'''. Ninth edition, 927p. Portland; London, Timber Press. 2010, Ninth edition, 927 p.</ref>
 
== Usos ==
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A planta é especialmente resistente às principais doenças foliares do milho, em diferentes altitudes e épocas de plantio. Podem ser colhidas até duas safras de milho branco por ano. Em algumas épocas e regiões do Brasil, a cotação da saca de milho branco pode ser até cinquenta por cento superior à do milho tradicional. O auge da demanda ocorre no período imediatamente anterior à [[quaresma]], pois a canjica é um prato típico destas festividades.
 
No Brasil, o milho branco é bastante difundido nos estados do [[Paraná]] e [[São Paulo (estado)|São Paulo]], mas há também plantações isoladas nos estados de [[Santa Catarina]], [[Minas Gerais]] e [[Mato Grosso]]. Entre os principais municípios produtores, estão [[Londrina]], [[Irati (Paraná)|Irati]] e [[Pato Branco]] no Paraná e [[Quadra (São Paulo)|Quadra]] (que é considerada a "Capital do Milho Branco"), [[Tatuí]] e [[Itapetininga]], em [[São Paulo (estado)|São Paulo]]. Nos [[Estados Unidos]], a produção de milho branco em 2004 correspondia a três por cento do total. Embora ainda minoritário, o milho branco tem ganho espaço no mercado nos últimos anos, e a área plantada tem refletido o aumento na demanda. Um dos motivos é que o mercado reconhece que ainda não existem variedades [[transgênicos|transgênicas]] de milho branco, o que automaticamente aumenta seu valor de mercado em nichos específicos.
 
=== Milho transgênico ===