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== História ==
{{AP|História da Maurícia}}
A ilha de Maurício era desabitada antes de sua primeira visita registrada durante a [[Idade Média]] pelos [[árabes]], que a chamaram de Dina Arobi. No entanto, a ilha pode ter sido visitada muito antes por marinheiros dos tempos antigos; tabuletas de cera foram encontradas nas costas da Maurícia pelos holandeses, mas como as tábuas não foram preservadas, não se pode dizer se eram de origem grega, fenícia ou árabe.<ref>A short History of Mauritius, P.J. Barnwell & A. Toussaint</ref>
A ilha foi descoberta pelos portugueses, em 1505. Foi primeiro colonizada pelos holandeses, em 1638, e nomeada em honra ao príncipe [[Maurício, príncipe de Orange|Maurício de Nassau]]. Os franceses controlaram a ilha durante o {{séc|XVIII}} e a renomearam para Ilha de França (''Îlle de France''). A ilha foi tomada pelos britânicos em 1814, que restauraram seu nome anterior.
 
Em [[1507]], os navegadores portugueses chegaram à ilha desabitada e estabeleceram uma base de visitantes. Diogo Fernandes Pereira, navegador português, foi o primeiro europeu conhecido a desembarcar nas Maurícias. Ele nomeou a ilha de "Ilha do Cirne". Os portugueses não ficaram muito tempo porque não estavam interessados nessas ilhas.<ref>http://www.govmu.org/English/ExploreMauritius/Pages/History.aspx#dutch</ref>
A [[independência]] aconteceu em 1968, mas a Maurícia manteve como [[chefe de Estado]] o [[Rei do Reino Unido|monarca do Reino Unido]] e apenas se tornou uma [[república]] em 1992, sendo membro da [[Commonwealth]]. A ilha tem um governo democrático estável com eleições livres e regulares, e direitos humanos positivos. Consequentemente, atraiu grande investimento estrangeiro, ganhando assim a maior [[renda per capita]] da [[África]].
 
Em [[1598]], uma esquadra holandesa comandado pelo almirante Wybrand Van Warwyck desembarcou em Grand Port e nomeou a ilha de "Maurício" em homenagem ao príncipe [[Maurício de Nassau]], da República Holandesa, governante de seu país. Os holandeses estabeleceram uma pequena colônia na ilha em [[1638]], da qual exploraram árvores de ébano e introduziram cana-de-açúcar, animais domésticos e veados. Foi a partir daqui que o navegador holandês [[Abel Tasman]] partiu para descobrir a parte ocidental da Austrália. O primeiro assentamento holandês durou vinte anos. Várias tentativas foram feitas posteriormente, mas os assentamentos nunca se desenvolveram o suficiente para produzir dividendos, fazendo com que os holandeses abandonassem as Ilhas Maurício em [[1710]].
Em [[1992]], o governo reivindica à [[Corte Internacional de Justiça]], em [[Haia]], [[Países Baixos|Holanda]], a posse do [[Arquipélago de Chagos]], incluindo o [[atol]] [[Diego Garcia]], parte do [[Território Britânico do Oceano Índico]].
 
===Colonização francesa===
Em [[1995]], uma coalizão de esquerda obtém maioria no parlamento e elege [[primeiro-ministro]] [[Navinchandra Ramgoolam]], do Partido Trabalhista de Maurício (MLP), com a promessa de maior distribuição da riqueza gerada pela prosperidade no turismo e nas finanças.
A França, que já controlava a vizinha Île Bourbon (atual Reunião), assumiu o controle da ilha em [[1715]] e a renomeou como Isle de France. Em 1723, o Code Noir (Código Vermelho, em francês) foi estabelecido para categorizar um grupo de seres humanos como "bens", para que o proprietário desses bens pudesse obter dinheiro do seguro e compensação em caso de perda de seus "bens". A chegada do governador francês Bertrand-François Mahé de La Bourdonnais, em 1735, coincidiu com o desenvolvimento de uma economia próspera baseada na produção de açúcar. Mahé de La Bourdonnais estabeleceu Port Louis como uma base naval e um centro de construção naval.<ref>http://www.govmu.org/English/ExploreMauritius/Pages/History.aspx#dutch</ref><ref>http://www.usip.org/sites/default/files/ROL/TJC_Vol1.pdf</ref>
 
Sob seu governo, numerosos edifícios foram erguidos, alguns dos quais ainda estão de pé. Estes incluem parte da Sede do Governo e o Château de Mon Plaisir. A ilha estava sob a administração da [[Companhia Francesa das Índias Orientais]], que manteve sua presença até 1767.<ref>http://www.govmu.org/English/ExploreMauritius/Pages/History.aspx#dutch</ref>
Em novembro de [[2000]], a aliança oposicionista, formada pelos Movimento Socialista Mauriciano (MSM) e Movimento Militante Mauriciano (MMM), conquista 54 das 62 cadeiras no [[Parlamento]]. ''Sir'' [[Anerood Jugnauth]] (MSM) é nomeado primeiro-ministro.
 
De 1767 a 1810, exceto por um breve período durante a Revolução Francesa, quando os habitantes estabeleceram um governo virtualmente independente da França, a ilha era controlada por funcionários nomeados pelo governo francês. Jacques-Henri Bernardin de Saint-Pierre viveu na ilha de 1768 a 1771, depois voltou para a França, onde escreveu Paul et Virginie, uma história de amor que tornou a Ilha de França famosa onde quer que a língua francesa fosse falada. Dois famosos governadores franceses foram o visconde de Souillac (que construiu o Chaussée em Port Louis e encorajou os fazendeiros a se estabelecerem no distrito de Savanne), e Antoine Bruni d'Entrecasteaux (que cuidava para que os franceses no Oceano Índico tivessem sua sede na Maurícia em vez de Pondicherry na Índia).<ref>Port Louis, A tropical City, Auguste Toussaint. ISBN 0 04 969001 9</ref>
 
Charles Mathieu Isidore Decaen foi um general de sucesso nas [[Guerras Revolucionárias Francesas]] e, de certa forma, um rival de [[Napoleão Bonaparte]]. Governou a Ilha de França e a Reunião de 1803 a 1810. O cartógrafo e explorador naval britânico [[Matthew Flinders]] foi preso e detido pelo General Decaen na ilha, em violação de uma ordem de Napoleão. Durante as [[Guerras Napoleônicas]], Maurício tornou-se uma base a partir da qual os corsários franceses organizaram ataques bem-sucedidos a navios comerciais britânicos. Os ataques continuaram até 1810, quando uma expedição da [[Marinha Real Britânica|Marinha Real]] liderada pelo Comodoro Josias Rowley, R.N., um aristocrata anglo-irlandês, foi enviada para capturar a ilha. Apesar de vencer a Batalha de Grand Port, a única vitória naval francesa sobre os britânicos durante essas guerras, os franceses não conseguiram impedir que os britânicos pousassem em Cap Malheureux três meses depois. Eles formalmente entregaram a ilha no quinto dia da invasão, em 3 de dezembro de 1810, em termos que permitiam aos colonos manter suas terras e propriedades e usar a língua francesa e a lei da França em questões criminais e civis. Sob o domínio britânico, o nome da ilha foi revertido para Maurício.<ref>http://www.govmu.org/English/ExploreMauritius/Pages/History.aspx#dutch</ref>
 
===Colônia britânica===
A administração britânica, que começou com Sir Robert Farquhar como governador, levou a rápidas mudanças sociais e econômicas. No entanto, foi contaminado pelo episódio Ratsitatane. Ratsitatane, sobrinho do rei Radama de Madagascar, foi trazido para a Maurícia como prisioneiro político. Ele conseguiu escapar da prisão e traçou uma rebelião que libertaria os escravos da ilha. Ele foi traído por um associado e foi pego pelas forças britânicas, sumariamente julgado e condenado à morte. Ele foi decapitado em Plaine Verte em 15 de abril de 1822, e sua cabeça foi exibida como um impedimento contra futuras revoltas entre os escravos.<ref>A New Comprehensive History of Mauritius, Sydney Selvon, 2012. ISBN 978-99949-34-91-1</ref>
 
Em 1832, Adrien d'Épinay lançou o primeiro jornal mauriciano (''Le Cernéen'') que não era controlado pelo governo. No mesmo ano, houve um movimento do procurador-geral para abolir a escravidão sem compensação aos proprietários de escravos. Isso deu origem ao descontentamento e, para verificar uma eventual rebelião, o governo ordenou que todos os habitantes entregassem suas armas. Além disso, uma fortaleza de pedra, Fort Adelaide, foi construída em uma colina (agora conhecida como a colina Citadel) no centro de Port Louis para reprimir qualquer levante.<ref>Port Louis, A tropical City, Auguste Toussaint. ISBN 0 04 969001 9</ref>
 
A [[escravidão]] foi abolida em 1835, e os donos das ''[[plantations]]'' finalmente receberam dois milhões de libras esterlinas em compensação pela perda de seus escravos que haviam sido importados da África e Madagascar durante a ocupação francesa. A abolição da escravatura teve importantes impactos na sociedade, economia e população da ilha. Os fazendeiros trouxeram um grande número de trabalhadores contratados da Índia para trabalhar nos campos de cana-de-açúcar. Entre 1834 e 1921, cerca de meio milhão de trabalhadores contratados estavam presentes na ilha. Eles trabalhavam em fazendas de açúcar, fábricas, em transporte e em canteiros de obras. Além disso, os britânicos trouxeram 8.740 soldados indianos para a ilha. [[Aapravasi Ghat]], na baía de Port Louis e agora um patrimônio da humanidade pela UNESCO, foi a primeira colônia britânica a servir como um importante centro de recepção de escravos e servos para o trabalho de plantação britânico.<ref>http://www.govmu.org/English/ExploreMauritius/Pages/History.aspx#dutch</ref>
 
Uma figura importante do século XIX foi Rémy Ollier, jornalista de origem mista. Em [[1828]], a barreira racial foi oficialmente abolida nas Maurícias, mas os governadores britânicos deram pouco poder às pessoas de cor e nomearam apenas brancos como altos funcionários. Rémy Ollier fez uma petição à rainha Vitória para permitir que os coros no conselho de governo se tornassem possíveis alguns anos depois. Ele também fez Port Louis se tornar um município para que os cidadãos pudessem administrar a cidade através de seus próprios representantes eleitos. Uma rua foi nomeada em sua homenagem em Port Louis, e seu busto foi erguido no Jardin de la Compagnie em 1906. Em 1885, uma nova constituição foi introduzida nas Ilhas Maurício. Criou posições eleitas no conselho de governo, mas a franquia restringia-se principalmente às classes francesa e crioula.<ref>A short History of Mauritius, P.J. Barnwell & A. Toussaint</ref>
 
Os trabalhadores trazidos da índia nem sempre eram tratados de forma igualitária, e um alemão, Adolph von Plevitz, fazia-se o protetor não oficial desses imigrantes. Ele misturou-se com muitos dos trabalhadores e, em 1871, ajudou-os a escrever uma petição que foi enviada ao governador Gordon. Uma comissão foi designada para investigar as queixas feitas pelos imigrantes indianos, e em 1872 dois advogados, nomeados pela Coroa Britânica, foram enviados da Inglaterra para fazer uma investigação. Esta Comissão Real recomendou várias medidas que afetariam a vida dos trabalhadores indianos durante os próximos cinquenta anos.<ref>A short History of Mauritius, P.J. Barnwell & A. Toussaint</ref>
 
Em novembro de 1901, [[Mahatma Gandhi]] visitou a Maurícia, a caminho da África do Sul para a Índia. Ele permaneceu na ilha por duas semanas e instou a comunidade indo-mauriciana a se interessar por educação e a ter um papel mais ativo na política. De volta à Índia, ele enviou um jovem advogado, Manilal Doctor, para melhorar o sofrimento dos indo-mauricianos. Durante o mesmo ano, ligações mais rápidas foram estabelecidas com a ilha de Rodrigues graças ao wireless.<ref>Mauritius in the making across the censuses 1846–2000, Monique Dinan. ISBN 99903-904-6-0</ref>
 
Os anos 1910 foram um período de agitação política. A crescente classe média (composta de médicos, advogados e professores) começou a desafiar o poder político dos proprietários de cana-de-açúcar. O Dr. Eugène Laurent, prefeito de Port Louis, era o líder desse novo grupo; seu partido, a Action Libérale, exigiu que mais pessoas pudessem votar nas eleições. A ação Libérale foi oposta pelo Parti de l'Ordre, liderado por Henri Leclézio, o mais influente dos magnatas do açúcar.<ref>A short History of Mauritius, P.J. Barnwell & A. Toussaint</ref> Em 1911 houve motins em Port Louis devido a um falso rumor de que o Dr. Eugène Laurent havia sido assassinado pelos oligarcas em Curepipe. Lojas e escritórios foram danificados na capital e uma pessoa foi morta. No mesmo ano, 1911, as primeiras mostras do cinema público ocorreram em Curepipe, e, na mesma cidade, um edifício de pedra foi erigido para abrigar o Royal College.<ref><ref>Mauritius in the making across the censuses 1846–2000, Monique Dinan. ISBN 99903-904-6-0</ref></ref>
 
A [[Primeira Guerra Mundial]] estourou em agosto de 1914. Muitos mauricianos se ofereceram para lutar na Europa contra os alemães e na Mesopotâmia contra os turcos. Mas a guerra afetou muito menos as Maurícias do que as guerras do século XVIII. Pelo contrário, a guerra de 1914-18 foi um período de grande prosperidade devido a um boom nos preços do açúcar. Em 1919, surgiu o Sindicato de Açúcar da Maurícia, que incluía 70% de todos os produtores de açúcar.
 
A década de 1920 assistiu ao surgimento de um movimento "retrocessionista" que favoreceu a retrocessão das Maurícias para a França. O movimento entrou em colapso rapidamente porque nenhum dos candidatos que queria que Maurício fosse devolvido à França foi eleito nas eleições de 1921. Devido à recessão do pós-guerra, houve uma queda acentuada nos preços do açúcar. Muitos latifúndios fecharam e marcou o fim de uma era para os magnatas do açúcar, que não apenas controlavam a economia, mas também a vida política do país. Raoul Rivet, o editor do jornal Le Mauricien, fez campanha para uma revisão da constituição que daria à classe média emergente um papel maior na administração do país. Os princípios de Arya Samaj começaram a se infiltrar na comunidade hindu, que clamava por mais justiça social.<ref>Mauritius in the making across the censuses 1846–2000, Monique Dinan. ISBN 99903-904-6-0</ref>
 
Os anos 30 viram o nascimento do Partido Trabalhista, lançado pelo Dr. Maurice Curé. Emmanuel Anquetil reuniu os trabalhadores urbanos enquanto Pandit Sahadeo se concentrava na classe trabalhadora rural. O Dia do Trabalho foi celebrado pela primeira vez em 1938. Mais de 30.000 trabalhadores sacrificaram o salário de um dia e vieram de toda a ilha para participar de uma reunião gigantesca no Champ de Mars.<ref>L'ile Maurice: Vingt-Cinq leçons d'Histoire (1598–1998), Benjamin Moutou. ISBN 99903-929-1-9</ref>
 
No início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, muitos mauricianos se ofereceram para servir sob a bandeira britânica na África e no Oriente Próximo, lutando contra os exércitos alemão e italiano. Alguns foram para a Inglaterra para se tornarem pilotos e pessoal de terra na Royal Air Force. Maurício nunca foi realmente ameaçado, mas vários navios britânicos foram afundados fora de Port Louis por submarinos alemães em 1943.
 
Durante a Segunda Guerra Mundial, as condições eram difíceis no país; os preços das commodities dobraram, mas os salários dos trabalhadores aumentaram apenas de 10 a 20%. Houve agitação civil e o governo colonial esmagou todas as atividades sindicais. No entanto, os trabalhadores da Belle Vue Harel Sugar Estate entraram em greve em 27 de setembro de 1943. Policiais finalmente atiraram contra a multidão e mataram três trabalhadores, incluindo um menino de dez anos e uma mulher grávida, Anjaly Coopen.<ref>Our Struggle, 20th Century Mauritius, Seewoosagur Ramgoolam, Anand Mulloo</ref><ref>http://www.lexpress.mu/node/203804/</ref>
 
As primeiras eleições gerais foram realizadas em 9 de agosto de 1948 e foram vencidas pelo Partido Trabalhista. Este partido, liderado por Guy Rozemont, melhorou sua posição em 1953 e, com base nos resultados eleitorais, exigiu o [[sufrágio universal]]. Conferências constitucionais foram realizadas em Londres em 1955 e 1957, e o sistema ministerial foi introduzido. A votação ocorreu pela primeira vez com base no sufrágio universal adulto em 9 de março de 1959. A eleição geral foi novamente vencida pelo Partido Trabalhista, liderado desta vez por Sir Seewoosagur Ramgoolam.<ref>http://www.lemauricien.com/article/histoire-mauritius-independence-1961-1968</ref>
 
Uma Conferência de Revisão Constitucional foi realizada em Londres em 1961, e um programa de avanço constitucional foi estabelecido. A eleição de 1963 foi ganha pelo Partido Trabalhista e seus aliados. O Departamento Colonial observou que a política de natureza comunitária estava ganhando terreno nas Ilhas Maurício e que a escolha dos candidatos (pelos partidos) e o comportamento eleitoral (dos eleitores) eram governados por considerações étnicas e de casta.<ref>http://www.lemauricien.com/article/histoire-mauritius-independence-1961-1968</ref> Naquela época, dois eminentes acadêmicos britânicos, Richard Titmuss e [[James Meade]], publicaram um relatório sobre os problemas sociais da ilha causados pela superpopulação e a monocultura da cana-de-açúcar. Isto levou a uma intensa campanha para deter a explosão populacional, e a década registrou um declínio acentuado no crescimento populacional.
 
===Independência===
Na Conferência de Lancaster de 1965, ficou claro que a Grã-Bretanha queria a colônia de Maurício independente. Em 1959, Harold Macmillan fez seu famoso discurso Winds of Change, onde reconheceu que a melhor opção para a Grã-Bretanha era dar total independência às suas colônias. Assim, desde o final dos anos 50, o caminho foi preparado para a independência.<ref>http://www.lexpress.mu/node/243359/</ref>
 
Mais tarde, em 1965, após a Conferência de Lancaster, o Arquipélago de Chagos foi extirpado do território de Maurício para formar o [[Território Britânico do Oceano Índico]]. Uma eleição geral ocorreu em [[7 de agosto]] de [[1967]], e o Partido Trabalhista e seus dois aliados obtiveram a maioria dos assentos. As Maurícias adotaram uma nova constituição e a independência foi proclamada em 12 de Março de 1968. Sir Seewoosagur Ramgoolam tornou-se o primeiro primeiro ministro de uma Maurícia independente com a Rainha Elizabeth II a ser chefe de estado. Em 1969, o movimento militante mauriciano (MMM), partido de oposição liderado por Paul Bérenger, foi fundado. Mais tarde, em 1971, o MMM, apoiado por sindicatos, convocou uma série de greves no porto que causaram um estado de emergência no país. O governo de coalizão do Partido Trabalhista e o Partido Social Democrata reagiram reduzindo as liberdades civis e restringindo a liberdade de imprensa. Duas tentativas frustradas de assassinato foram feitas contra Paul Bérenger. O segundo levou à morte de Azor Adélaïde, trabalhador portuário e ativista, em 25 de novembro de 1971. As eleições gerais foram adiadas e as reuniões públicas foram proibidas. Membros da MMM, incluindo Paul Bérenger, foram presos em 23 de dezembro de 1971. O líder da MMM foi libertado um ano depois.<ref>"Why are we not taught our own history? (by K. A. Cassimally), Weekly Magazine, 17–23 March 2016".</ref><ref>Mauritius in the making across the censuses 1846–2000, Monique Dinan. ISBN 99903-904-6-0</ref><ref>https://www.bbc.co.uk/news/world-africa-13882731</ref>
 
Em maio de 1975, uma revolta estudantil que começou na Universidade de Maurício varreu o país. Os estudantes estavam insatisfeitos com um sistema educacional que não atendia às suas aspirações e dava perspectivas limitadas para um futuro emprego. Em 20 de maio, milhares de estudantes tentaram entrar em Port-Louis pela ponte Grand River North West e entraram em confronto com a polícia. Um ato do Parlamento foi aprovado em 16 de dezembro de 1975 para estender o direito de voto a jovens de 18 anos. Isso foi visto como uma tentativa de apaziguar a frustração da geração mais jovem.<ref>A New Comprehensive History of Mauritius, Sydney Selvon, 2012. ISBN 978-99949-34-91-1</ref><ref>http://www.lemauricien.com/article/histoire-des-hommes-derriere-20-mai-75-raconte</ref>
 
A próxima eleição geral ocorreu em 20 de dezembro de 1976. O Partido Trabalhista ganhou 28 assentos de 62, mas o primeiro-ministro Sir Seewoosagur Ramgoolam conseguiu permanecer no cargo, com maioria de dois assentos, depois de formar uma aliança com o Partido Social-Democrata de Gaetan Duval.<ref>Untold Stories, A Collection of Socio-Political Essays, 1950–1995, Sir Satcam Boolell, EOI. ISBN 99903-0-234-0</ref>
 
Em 1982, um governo da MMM liderado pelo Primeiro Ministro Anerood Jugnauth e Paul Bérenger como Ministro das Finanças foi eleito. No entanto, diferenças ideológicas e de personalidade surgiram dentro da liderança da MMM. A luta pelo poder entre Bérenger e Jugnauth atingiu o auge em março de 1983. Jugnauth viajou para Nova Delhi para participar de uma cúpula do Movimento dos Países Não-Alinhados; Em seu retorno, Bérenger propôs mudanças constitucionais que tirariam o poder do primeiro-ministro. A pedido de Jugnauth, [[Indira Gandhi]], primeira-ministra da Índia, planejou uma intervenção armada envolvendo a Marinha Indiana e o Exército Indiano para impedir um golpe sob o nome de código de Operação Lal Dora.<ref>http://www.thehindu.com/todays-paper/when-india-drew-top-secret-red-line-in-mauritius/article4493495.ece</ref><ref>http://thediplomat.com/flashpoints-blog/2013/03/19/when-india-almost-invaded-mauritius/</ref><ref>https://www.academia.edu/7992843/Extract_from_Indias_Ocean_-_Operation_Lal_Dora</ref>
 
O governo da MMM se separou nove meses após a eleição de junho de 1982. Segundo um funcionário do Ministério da Informação, os nove meses foram uma "experiência socialista". O novo partido MSM, liderado por Anerood Jugnauth, foi eleito em 1983. Gaëtan Duval tornou-se vice-primeiro ministro. Ao longo da década, Anerood Jugnauth governou o país com a ajuda do PMSD e do Partido Trabalhista.<ref>https://www.nytimes.com/1987/12/28/world/port-louis-journal-land-of-apartheid-befriends-an-indian-ocean-isle.html</ref>
 
Esse período viu um crescimento no setor de ZPE (Zona de Processamento de Exportação). A industrialização começou a se espalhar para as aldeias e atraiu jovens trabalhadores de todas as comunidades étnicas. Como resultado, a indústria do açúcar começou a perder sua influência sobre a economia. As grandes cadeias de varejo iniciaram a abertura de lojas abertas em 1985 e ofereceram linhas de crédito a pessoas de baixa renda, o que lhes permitiu comprar eletrodomésticos básicos. Houve também um boom na indústria do turismo e novos hotéis surgiram em toda a ilha. Em 1989 a bolsa de valores abriu suas portas e em 1992 o porto franco começou a operar. Em 1990, o primeiro-ministro perdeu a votação sobre a alteração da Constituição para tornar o país uma república com Bérenger como presidente.<ref>https://www.nytimes.com/1990/08/27/world/mauritius-political-quarrel-saves-the-queen.html</ref><ref>Mauritius in the making across the censuses 1846–2000, Monique Dinan. ISBN 99903-904-6-0</ref>
 
===República===
Em 12 de março de 1992, vinte e quatro anos depois da independência, as Maurícia foram proclamadas uma república dentro da Commonwealth. O último governador geral, Sir Veerasamy Ringadoo, tornou-se o primeiro presidente. Isto foi sob um arranjo transitório, no qual ele foi substituído por Cassam Uteem mais tarde naquele ano. O poder político permaneceu com o primeiro-ministro.<ref>AAPS Newsletter, Volume 1, Issues 5–19, African Association of Political Science, 1992, p. 20</ref><ref>http://www.govmu.org/English/ExploreMauritius/Pages/History.aspx#dutch</ref><ref>Country Profile: Mauritius, Seychelles, Economist Intelligence Unit, 2001, p. 8</ref>
 
Apesar de uma melhora na economia, que coincidiu com uma queda no preço da gasolina e uma taxa de câmbio favorável do dólar, o governo não desfrutou de plena popularidade. Já em 1984, houve descontentamento. Através da Lei de Emenda de Jornais e Periódicos, o governo tentou fazer com que todos os jornais fornecessem uma garantia bancária de meio milhão de rúpias. Quarenta e três jornalistas protestaram participando de uma manifestação pública em Port Louis, em frente ao Parlamento. Eles foram presos e libertados sob fiança. Isso causou protestos públicos e o governo teve que rever sua política.<ref>Mauritius in the making across the censuses 1846–2000, Monique Dinan. ISBN 99903-904-6-0</ref>
 
Houve também insatisfação no setor de educação. Não havia faculdades secundárias de alta qualidade suficientes para atender à crescente demanda de pessoas que abandonaram a escola primária que haviam obtido o CPE (Certificado de Ensino Fundamental). Em 1991, um plano mestre para a educação não conseguiu apoio nacional e contribuiu para a queda do governo.<ref>Mauritius in the making across the censuses 1846–2000, Monique Dinan. ISBN 99903-904-6-0</ref>
 
Em fevereiro de 1999, o país passou por um breve período de agitação civil. Tumultos surgiram depois que o popular cantor Kaya, preso por fumar [[maconha]] publicamente em um show, foi encontrado morto em sua cela na prisão. O presidente Cassam Uteem e o cardeal Jean Margéot percorreram o país e, após quatro dias de turbulência, a calma foi restaurada. Uma comissão de inquérito foi criada para investigar as causas profundas do distúrbio social. O relatório resultante investigou a causa da pobreza e qualificou muitas crenças tenazes como percepções.<ref>Rapport du Juge Matadeen sur les émeutes de 1999, Imprimerie du Gouvernement, 2000</ref><ref>L'Express, Vendredi 26 février 1999</ref>
 
Anerood Jugnauth, do MSM, voltou ao poder em 2000 depois de fazer uma aliança com o MMM, que incluía figuras proeminentes como Anil Bachoo, Pravind Jugnauth e Sangeet Fowdar, entre outros. Em 2002, a ilha de Rodrigues tornou-se uma entidade autônoma dentro da república e assim pôde eleger seus próprios representantes para administrar a ilha. Em 2003, o primeiro-ministro foi transferido para Paul Bérenger da MMM, e Anerood Jugnauth foi para Le Réduit para servir como presidente.{{carece de fontes}}
 
Nas eleições de 2005, Navin Ramgoolam, líder do Partido Trabalhista, foi levado ao poder depois de fazer uma aliança com o Parti Mauricien Xavier-Luc Duval (PMXD) e outros partidos menores. Navin Ramgoolam foi novamente eleito em maio de 2010. Desta vez, o Partido Trabalhista uniu forças com o PMSD e o MSM. Sob o novo governo, o país continuou com seu projeto MID (Maurice Ile Durable), iniciado em 2008, para tornar a economia menos dependente de combustíveis fósseis. O cenário político permaneceu bastante confuso. O Partido Trabalhista acabou com o MSM e depois com o PMSD, cujo líder havia atuado como ministro da Fazenda. O MMM fez uma aliança (conhecida como Remake) com os MSM, mas rompeu com o último para se tornar o aliado do Partido Trabalhista. O parlamento permaneceu fechado durante a maior parte de 2014. Uma segunda república foi proposta (pelos líderes do Partido Trabalhista e MMM) pela qual um presidente, eleito pela população, teria mais poder e governaria o país em colaboração conjunta com o Primeiro Ministro. O dia da nomeação ocorreu em 24 de novembro de 2014 e, pela primeira vez, os candidatos eleitorais tiveram a opção de não proclamar seu grupo étnico. Apenas alguns optaram por fazê-lo. As eleições gerais foram realizadas em 10 de dezembro de 2014, e a aliança Lepep composta pelo MSM, PMSD e Movimento Liberador (liderado por um dissidente da MMM) foi eleito ao poder com 47 cadeiras em 60. O sistema Westminster foi assim mantido e Anerood Jugnauth tornou-se o primeiro ministro pela sexta vez.{{carece de fontes}}
 
Logo após a posse do novo governo, o ex-primeiro ministro foi interrogado pela polícia sobre acusações relacionadas a lavagem de dinheiro. A licença do Bramer Bank foi revogada devido a alegada falta de liquidez, e o BAI (British American Insurance) foi suspenso da negociação e colocado em concordata. Um tribunal das Nações Unidas determinou que a Grã-Bretanha agiu ilegalmente quando criou uma área marinha protegida ao redor do rio Chagos sem o consentimento das Ilhas Maurício, privando o país de seus direitos de pesca. Novas negociações começaram com Jin Fei em vista de reviver o projeto iniciado em 2006. As Maurícias deterão daqui em diante 80% das ações, enquanto o resto irá para os promotores chineses.
 
O turismo continuou a ser a principal fonte de divisas, e o número de visitantes à ilha atingiu 1,1 milhões em 2015. Apesar deste boom na indústria do turismo, o Ministro do Turismo Xavier-Luc Duval colocou uma moratória de dois anos na construção de novas hotéis.{{carece de fontes}}
 
Em dezembro de 2016, o PMSD deixou o governo de coalizão em protesto contra a decisão do governo de introduzir uma lei de comissão de acusação. O projeto de lei tinha a intenção de transferir o poder de processar do DPP (Diretor do Ministério Público) para uma comissão nomeada composta de três juízes. Por causa da saída do PMSD, a conta não terminou e o líder do PMSD, Xavier Luc Duval, substituiu Paul Bérenger como líder da oposição.
 
Em 21 de janeiro de 2017, [[Anerood Jugnauth]] anunciou que, em dois dias, renunciaria em favor de seu filho, o ministro das Finanças, [[Pravind Jugnauth]], que assumiria o cargo de primeiro-ministro. A transição ocorreu conforme planejado em 23 de janeiro.<ref>https://www.bbc.com/news/world-africa-38709203</ref><ref>https://www.reuters.com/article/us-mauritius-politics-idUSKBN15715K</ref>
 
== Geografia ==