Reino de Portugal: diferenças entre revisões

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Este [[monarquia|reino]] localizava-se no oeste da [[Península Ibérica]], [[Europa]]. Existiu de [[1139]] a [[1910]], tendo 771 anos de duração, 35 monarcas e 4 dinastias, tendo a primeira (Afonsina ou Borgonha): 9; a de Avis: 9; a Filipina: 3 e a de Bragança: 14.
 
Após a [[implantação da república portuguesa]] em [[5 de outubro]] de [[1910]], foi substituído por uma [[república]], pelaa denominada [[Primeira República Portuguesa]], implantada após a [[Revolução de 5 de Outubro de 1910|revolução de 5 de outubro de 1910]].
 
==Origens e fim==
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* O primeiro em 26 de julho de 1139 quando [[Afonso I de Portugal|Dom Afonso Henriques de Borgonha]], então [[conde de Portucale]], foi aclamado [[Lista de reis de Portugal|Rei de Portugal]] internamente.<ref>Wilner, Hero, Weiner, p. 190</ref>
* O segundo com o [[Tratado de Zamora]], em 5 de outubro de 1143, pelo qual os [[Reino de Leão|reinosreino de Leão]] reconhecemreconhece Dom Afonso como Rei.
* Mas só com a Bula ''[[Manifestis Probatum]]'' de 1179 é que é definitivamente reconhecida a [[independência de Portugal]] pelo Papado, a autoridade máxima nas relações internacionais na altura. Por esta bula, o Papa reconhece o rei de Portugal como seu vassalo directo.
 
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Por oitocentos anos, [[rei]]s comandaram Portugal e conquistaram diversos territórios formando o vasto [[Império Português|império ultramarino português]]. A classe dominante e abastada por todo este período, foi a [[nobreza portuguesa]], que gozava de diversos privilégios.
 
Em 1908, o rei [[Carlos I de Portugal|D. Carlos I de Portugal]] foi assassinado em [[Lisboa]]. A monarquia portuguesa durou até 5 de outubro de 1910, quando, através de uma revolução, foi derrubada a [[monarquia]], exilado o rei [[Manuel II de Portugal|D. Manuel II]] e [[Proclamação da República Portuguesa|proclamada a república portuguesa]]. O derrube da monarquia em 1910 conduziu a dezesseisdezasseis anos de luta para sustentar a [[democracia parlamentar]] no âmbitode docariz republicanismorepublicano.
 
== Os descobrimentos ==
{{Artigo principal|[[Descobrimentos portugueses]]}}
A partir da conquista de [[Ceuta]] em 1415, iniciaram-se várias campanhas além-mar, na conquista de praças em [[África]], como [[Ceuta]] e [[Tânger]]. Vendo a riqueza com que se vivia na região, os portugueses empenharam-se em descobrir mais e mais territórios. O pretexto inicial da [[Conversão (religião)|conversão]] [[Igreja Católica|cristã]] começava a revelar-se agora um verdadeiro espírito aventureiro, o gosto por ''descobrir'' e, ao mesmo tempo, enriquecer. Portugal inicia uma longa caminhada pela [[África Ocidental|costa Africana]], redescobrindo a [[Região Autónoma da Madeira|Madeira]], [[Açores]] e descobrindo [[São Tomé e Príncipe]], [[Cabo Verde]], [[Angola]] e a [[Guiné]] até que [[João II de Portugal|D. João II]], baseado em boatos que procurou esclarecer, inicia o planeamento de um projeto que iria lançar Portugal entre as potências mundiais: uma [[Descoberta do caminho marítimo para a Índia|rota comercial marítima para a Índia]]. O projeto passa a empreendimento, e eis que: [[Vasco da Gama]], já no tempo de [[Manuel I de Portugal|D. Manuel I]], vê a luzchega ao [[oceano Índico]] e espalha a presença portuguesa pela [[África oriental|costa oriental africana]], até a [[Índia]]. Para alicerçar esse fundamento segue-se o [[Tratado de Tordesilhas]], com [[Coroa de Castela|Castela]], que resolve a bem antecipadamente uma fricção que se antevia entre estas as duas super-potências em crescimento, para a partilha desse mundo que passava a ser alcançado por mar. Entretanto tomava-se conhecimento, através de [[Cristóvão Colombo]], de novo território a oeste, as mais tarde chamadas [[Índias ocidentais]], as [[Américas]], portanto. E seria [[Pedro Álvares Cabral]] que traria para a coroaCoroa, o maior e mais importante de todos os domínios [[império português|ultramarinos portugueses]] em toda a história, a porção da [[América do Sul]] depois denominada [[Brasil]] (ver [[Brasil colônia]]), em 1500.
 
Com todas as suas colónias estabelecidas, Portugal tornou-se rapidamente um importante explorador comercial, tornando-se a maior potência mundial da época.
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O Reino de Portugal nunca foi designado oficialmente como [[império]], sendo, portanto uma categoria de análise para designar o período em que Portugal obteve o domínio de regiões fora do continente europeu. Considera-se marco inicial do [[Império Português|império português]] a [[conquista de Ceuta]], ocorrida em 1415.
 
Com o tempo algumas colónias foram conquistando a sua independência, como o [[Brasil]], equiparado a Portugal em 1815, come amais elevaçãotarde doelevado [[Reino do Brasil|Brasil]] aà condição de [[Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves|reino]],; e que desde 7 de setembro de 1822 [[Independência do Brasil|tornou-se independente]], formando o [[Império do Brasil]], tendo sido governado pela [[família imperial brasileira]], um ramo da [[Casa de Bragança]].
 
Em 5 de outubro de 1910, com a [[proclamação da república portuguesa|proclamação da república em Portugal]], o restante do império passou para o controle da atual [[Portugal|República Portuguesa]]. Isso acaba nos finais do {{séc|XX}}, quando o último território ultramarino de Portugal foi entregue ([[Macau]], em 1999), ficando Portugal apenas com dois territórios ultramarinos (depois regiões autónomas): Açores e Madeira.
 
==Dinastia Filipina==
{{Artigos principais|[[Dinastia Filipina]] e [[Guerra Luso-Holandesa]]}}
Em 1580, com a morte do rei [[Sebastião de Portugal|D. Sebastião]] na [[Batalha de Alcácer-Quibir]], Portugal enfrenta uma [[Crise de sucessão de 1580|crise dinástica]] cuja [[Cortes de Lisboa de 1579|análise]] se mostrou complexa. Apesar dos esforços de [[António I de Portugal|D. António, o Prior do Crato]], o trono passa a ser partilhado com [[Coroa de Castela|Castela]], sob a forma de [[Dinastia Filipina|monarquia dual]] – dois reinos, um rei. Contudo, note-se que D. António pouco fez para evitar que o Portugal caísse em mãos espanholas: podia ter nomeado um herdeira, mas nunca o fez, como concluiu o historiador espanhol Rafael Valladares<ref>{{citar livro|título=A conquista de Lisboa: 1578-1580|ultimo=VALLADARES|primeiro=Rafael|editora=Texto Editora|ano=2010|local=Lisboa|páginas=|acessodata=}}</ref>.
 
Durante a dinastia Filipina, o império português sofreu grandes reveses ao ser envolvido nos conflitos de Espanha com a [[Inglaterra]], a [[França]] e a [[Países Baixos|Holanda]]. Os confrontos foram iniciados a pretexto da [[Guerra dos Oitenta Anos]]. Entre 1595 e 1663 foi travada a [[Guerra Luso-Holandesa]] com as [[Companhia Holandesa das Índias Ocidentais|Companhias Holandesas das Índias Ocidentais]] e [[Companhia Holandesa das Índias Orientais|Orientais]], que tentavam tomar as redes de comércio portuguesas de especiarias asiáticas, escravos da África ocidental e açúcar do Brasil. Portugal foi envolvido no conflito por estar unificado sob a coroa dos [[Habsburgos]], mas os confrontos perduraram vinte anos após a [[Restauração da Independência]] em 1 de dezembro de 1640.
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{{Principal|Império Português|História de Portugal (1640-1777)}}
No princípio do {{séc|XVIII}}, D. [[Sebastião José de Carvalho e Melo]], o [[Marquês de Pombal|1º Marquês de Pombal]], assume o cargo de Secretário de Estado do Reino (o que hoje chamaríamos de [[Lista de chefes de governo de Portugal|primeiro-ministro de Portugal]]), e torna-se responsável por reformas em várias áreas. Introduziu em Portugal a doutrina do "direito divino dos reis", revelando-se um [[déspota esclarecido]] ao serviço de um apagado rei absoluto, [[José I de Portugal|Dom José I]]. Os [[jesuíta]]s, defensores do pacto de sujeição do rei à república, foram naturalmente expulsos. As cortes nunca se reuniram. Foi muito contestado pela sua crueldade e rigidez, evidente no [[processo dos Távora]]. A reconstrução da baixa de [[Lisboa]], após o [[terramoto de 1755]], expressa os conceitos urbanos e estéticos do [[iluminismoIluminismo]]. Relativamente ao [[Brasil]], o marquês considerava-o uma colónia estritamente dependente de Lisboa e aoextremamente serviçoimportante dopara a prosperidade enriquecimentoeconómica do Reino de Portugal.
 
==As invasões francesas==
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Nos inícios do {{séc|XIX}} Portugal vivia uma crise motivada pela partida da família real para o Brasil, pelas consequências destrutivas das [[Invasões Napoleónicas]], pelo domínio dos ingleses sobre Portugal e pela abertura dos portos do Brasil ao comércio mundial, o que tinha provocado a ruína de muitos comerciantes portugueses. Ao mesmo tempo, a ideologia liberal implantava-se em pequenos grupos da [[burguesia]].
 
No dia 24 de agosto de 1820 eclodiu no [[Porto]] uma [[Revolução liberal do Porto|revolução]]revolta cujo objectivo imediato era convocar Cortes que dotassem Portugal de um [[Constituição|texto constitucional]].
 
[[Ficheiro:Portuguese Cortes 1822.jpg|thumb|upright=0.6|esquerda|Cortes portuguesas]]
Esta revolução não encontrou oposição. Tendo a cidade de Lisboa aderido ao movimento, formou-se uma junta provisória cujo objectivo era organizar as eleições para eleger as [[Cortes (política)|cortes]]. Os deputados eleitos, oriundos de todo o território controlado por Portugal ([[Brasil]], [[Madeira]], [[Açores]], [[Império Português|dependências da África e Ásia]]) formaram as cortes constituintes.
 
O rei [[João VI de Portugal|D. João VI]] foi intimado pelas cortes a regressar a Portugal. Antes de voltar nomeia o seu filho, o [[Pedro IV de Portugal|príncipe D. Pedro de Alcântara]], regente do [[reino do Brasil]], o que desagradou às cortes constituintes que entendiam que a soberania só poderia residir em Portugal continental. As cortes ordenaram também que D. Pedro deixasse o Brasil parae seregressasse educarimediatamente naà [[Europa]]Metrópole. Estas atitudes geraram o descontentamento dos 65 deputados brasileiros nas cortes constituintes, que deixam o país em direcção ao Brasil. No dia 7 de setembro de 1822, o príncipe D. Pedro recebe mais uma mensagem das cortes, que rasga diante dos seus companheiros, exclamando: "Independência ou morte!". Este acto, conhecido como o [[grito de Ipiranga]], marcaria a data da [[independência do Brasil]].
 
No mesmo ano, as cortes aprovaram a [[Constituição portuguesa de 1822|constituição]]. Inspirada na constituição francesa de 1791 e na [[Constituição de Cádis]] de 1812 , consagra a divisão tripartida dos poderes - [[legislativo]], [[executivo]] e [[Poder Judiciário|judicial]], limita o poder do [[Lista de reis de Portugal|rei português]], colocando a maior parte no governo e num [[parlamento]] [[Unicameralismo|unicamaral]] eleito por [[sufrágio]] directo. Isso mostra a forte influência [[Iluminismo|iluminista]] na época.
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{{Principal|Império Português|Casa de Bragança-Saxe-Coburgo-Gota|História de Portugal (1777-1834)|História de Portugal (1834-1910) }}
Durante o reinado de [[D. Maria II]], Portugal experimentou um desenvolvimento educacional impulsionado pela rainha que construiumandou construir escolas e universidades, também reformulou o sistema educacional português,. quandoQuando faleceu em 1853, foi sucedida pelo filho [[Pedro V de Portugal|D. Pedro V]], considerado como um grande monarca por sua generosidade e bondade visitando doentes, ajudando os necessitados, construindo hospitais e instituições de caridade, foi no seu reinado que em 1855, foi inaugurado o primeiro telégrafo elétricoeléctrico do país e em 1856, a primeira ferrovia ligando [[Lisboa]] à [[Carregado]].
 
Em 1861, amorreu morterepentinamente repentina,o vítima de [[febre tifoide]], derei D. Pedro V, aos 24 anos, vítima de idade[[febre feztifoide]]. comRei quemorto, rei posto: o seu irmão, [[D. Luís I]] assumissefoi oaclamado trono,rei. noRefira-se seuque durante o reinado de D. Pedro V surgiram dois importantes partidos políticos que, ofuturamente, se revelariam bastante importantes na trama política portuguesa oitocentistas: falo-vos do [[Partido Regenerador]] e odo [[Partido Progressista (Portugal)|Partido Progressista]],. queEstes sedois órgãos partidários revezavam-se no poder, iniciandodando origem a um período conhecidoconvencionalmente comopor [[Rotativismo]],. sobSob oa comandochefia do primeiro-ministro [[Fontes Pereira de Melo]], surgiu um período de desenvolvimento foique impulsionado,impulsionou ferrovias foramcusta construídasde um enorme endividamento externo) ferrovias, fábricas, portos, estradas, também ocorreu a abolição da escravatura em Portugal, o fim da [[Pena de morte em Portugal|pena de morte]] para alguns crimes, a promulgação do primeiro código civil. Em 1884, Portugal propôsfoi proposta a criação da [[Conferência de Berlim]] para definir os territórios europeus na [[África]], resultando no [[Mapa Cor-de-Rosa]] que pretendia unir as colônias portuguesas de [[Angola]] e [[Moçambique]], entretanto a oposição britânica obrigou os portugueses a desistirem do seu projeto no [[Ultimato Britânico de 1890]], pois os britânicos desejavam construir uma ferrovia que ligasse o [[Cairo]] à [[Cidade do Cabo]]. Foi também no reinado de Luís I que foi criado o [[Partido Republicano Português]] que era composto por membros da [[Maçonaria]] e da [[Carbonária]], além disso surgiu movimentos intelectuais como o [[Realismo]] tendo [[Eça de Queiroz]] como grande escritor português do {{séc|XIX}}. O rei financiou expedições e pesquisas oceanográficas utilizando boa parte da sua fortuna nisso, além de construiu um dos primeiros aquários do mundo. O rei morreu em 19 de outubro 1889, sendo sucedido pelo filho [[Carlos I de Portugal|D. Carlos I]].
 
==Ultimato britânico de 1890==
O rei [[D. Carlos I de Portugal|D. Carlos I]] assumiu o trono em 1889, no mesmo ano o imperador [[D. Pedro II do Brasil|D. Pedro II]] do [[Brasil]] era deposto sendo padrinho de baptizado do infante D. Manuel nascido em 15 de novembro de 1889. Em 1890, os britânicos através do [[ultimato britânico de 1890]] impedem a anexação portuguesa de territórios africanos que permitiria a ligação entre as colónias portuguesas de [[Angola]] e [[Moçambique]], pois os britânicos desejavam construir uma linha férrea que ligaria suas colónias do [[Cairo]] à [[Cidade do Cabo]].
 
Apesar de se tratar de uma questão bastante complexa, sintetizar-se-à o essencial: Portugal não tinha forças terrestres e marítimas para uma eventual guerra contra a [[Inglaterra]], o governo cede à pressão britânica desistindo dos novos territórios preferindo fortalecer e aumentar a sua influência nas suas antigas colónias expandindo-as para o interior<ref>{{citar livro|título=História de Portugal|ultimo=MATTOSO|primeiro=José (Dir.)|editora=Estampa|ano=1995|volume=6|local=Lisboa|páginas=|acessodata=}}</ref>.
 
[[Ficheiro:Mapa Cor-de-Rosa.svg|thumb|upright=1.4|esquerda|Os territórios sob o interesse português em rosa.]]