Batalha de Stalingrado: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m
Linha 14:
|for1 = 1 143 500 soldados<br /><small>(no auge)</small>
|for2 = ~ 1 000 000 de soldados <small>(incluindo 400 mil alemães)</small>
|baixas1 = 1 129 619 perdas<br /><small>(mortos, feridos ou desaparecidos)</small><br />4, 341 tanques destruidos<br />2, 769 aeronaves abatidas<br /> cercamais de 40 mil civis mortos<ref>Geoffrey Roberts (2002). [https://books.google.com/books?id=OWOQAv01lYEC ''Victory at Stalingrad: the battle that changed history'']. Pearson Education. p.77. ISBN 0-582-77185-4</ref>
|baixas2 = 728647 000300 perdas<br– 868 374 /><small>(mortos, feridos ou, desaparecidos)</small><br />1ou 500 tanques destruídos<br />900 aeronaves abatidas<br />91 mil prisioneiros alemãescapturados<ref>Craig, William (1973). ''Enemy at the Gates: the Battle for Stalingrad''. New York: Penguin Books (ISBN 0-14-200000-0 & ISBN 1-56852-368-8).</ref><br />900 aeronaves destruídas<br />1 500 tanques destruídos<br />6 000 canhões e armas pesadas destruídas
|nome_cat = Stalingrado
|campanha =
Linha 63:
O peso da defesa inicial da cidade caiu em cima de um regimento de artilharia antiaérea, composto por jovens mulheres voluntárias, sem treinamento específico de tiro para alvos terrestres. Apesar disto, e sem nenhum apoio de outras unidades soviéticas, suas atiradoras continuaram em seus postos disparando contra os tanques [[panzer]]s. O comando da divisão panzer que as enfrentou, comunicou que foi necessário eliminar uma a uma até que todas as baterias estivessem destruídas. Neste começo da batalha, os soviéticos se valeram de [[milícia]]s de trabalhadores que não estivessem diretamente envolvidos na produção de guerra. Por algum tempo, tanques continuaram a ser produzidos nas fábricas e a ser tripulados por operários. Eles eram transportados direto da fábrica para a frente de combate, muitas vezes sem pintura nem aparelho de mira do [[canhão]].<ref name="ReferenceA">Beevor, Antony [1999]. Stalingrad (in English). Viking Press, Penguin Books. ISBN 0-14-024985-0 (Pbk).</ref>
 
[[Ficheiro:24. PzD Stalingrad 15 09 1942.jpg|250px|esquerda|miniaturadaimagem|Militares alemães da 24ª Divisão Panzer, em setembro de 1942.]]
No fim de agosto, o Grupo de Exércitos Sul (B) havia finalmente atingido o [[rio Volga]], ao [[norte]] de Stalingrado, seguido de outro avanço pelo rio até o sul da cidade. No começo de setembro, os soviéticos podiam apenas reforçar e realimentar suas tropas dentro da cidade por perigosos caminhos ao longo do Volga, sob constante bombardeio aéreo e de artilharia terrestre alemã. Em [[5 de setembro]], dois exércitos soviéticos organizaram um ataque maciço contra o ''Panzerkorps'' – as divisões blindadas [[nazista]]s, mas foram contidos pela [[Luftwaffe]], que bombardeou a artilharia soviética de apoio ao ataque e as linhas defensivas. Dos 120 tanques usados na ofensiva, 30 foram perdidos nos bombardeios.<ref>Bergström 2007, p. 75</ref> Nos dias seguintes, ataques de [[Stuka]]s alemães ajudaram a destruir mais tanques russos da contra-ofensiva blindada soviética.
 
[[Ficheiro:Bundesarchiv Bild 183-E0406-0022-001, Russland, Kesselschlacht Stalingrad.jpg|left|thumb|200px|Posição defensiva soviética.]]
Na cidade em ruínas, dois exércitos russos estabeleceram suas linhas de defesa entre casas e fábricas destruídas, numa luta dura e desesperada. A expectativa de vida de praças recém-chegados à batalha era de menos de 24 horas e a dos oficiais, três dias. Em [[27 de julho]], [[Josef Stalin]] havia baixado a [[ordem número 227]], decretando que todos os comandantes locais que aprovassem uma retirada não-autorizada em sua área devessem ser levados imediatamente a um tribunal militar. O slogan soviético era: "''Nenhum passo para trás!''". Isto fez com que o avanço alemão para dentro de Stalingrado lhes custasse pesadas baixas.
 
Linha 72:
== Combates corpo a corpo ==
A luta na proeminente colina [[Mamayev Kurgan]], que se ergue sobre a cidade, era particularmente sem piedade. A posição mudava de mãos diversas vezes.<ref name="Craig 1973">Craig 1973</ref> Durante um contra-ataque soviético, eles perderam uma [[Divisão (militar)|divisão]] inteira de 10 mil homens num único dia, a [[13ª Divisão de Guardas de Rifle]], que matou número aproximado de inimigos alemães. Em [[1944]], durante o começo da restauração da cidade, dois corpos foram encontrados na colina: um alemão e um soviético, que, aparentemente, se haviam matado um ao outro simultaneamente a golpes de [[baioneta]] no peito e que haviam sido sepultados por tiros de artilharia na colina.
[[Ficheiro:GermansBundesarchiv inBild 183-E0406-0022-001, Russland, Kesselschlacht Stalingrad.jpg|250px|miniaturadaimagem|Soldados alemães lutando250px|Posição emdefensiva Stalingradosoviética.]]
No "Grain-Silo", um grande complexo de processamento de grãos encimado por um grande [[silo]], o combate era tão próximo que soldados podiam ouvir a respiração do inimigo lutando. Quando os alemães finalmente tomaram a posição, apenas quarenta corpos soviéticos foram encontrados, apesar do número muito maior de combatentes estimado pelos alemães devido à ferocidade e à demora do combate, que havia perdurado por semanas. Todos os grãos estocados foram queimados pelos soviéticos quando se retiraram.
 
Em outra parte da cidade, um [[pelotão]] de soldados, sob o comando do sargento [[Yakov Pavlov]], transformou um edifício de apartamentos numa [[Fortaleza (arquitetura militar)|fortaleza]] impenetrável. O prédio, mais tarde conhecido como a "[[Casa de Pavlov]]", dominava uma praça no centro da cidade. Seus soldados a cercaram com [[Mina terrestre|minas]], montaram [[metralhadora]]s nas janelas e selaram as janelas no porão para melhor comunicação.<ref>Beevor, Antony [1999]. Stalingrad (in English). Viking Press, Penguin Books. ISBN 0-14-024985-0 (Pbk)</ref> Eles não tiveram substituição nem reforços por dois meses e aguentaram a posição até o fim do conflito. Muito tempo depois, o general [[Vassili Chuikov|Chuikov]] brincava que talvez mais alemães tenham morrido tentando capturar a ''Casa de Pavlov'' que tentando tomar [[Paris]]. Após cada onda de ataques, durante todo o segundo mês da batalha, os russos tinham que sair do prédio e chutar e empurrar as pilhas de corpos dos alemães mortos, de maneira a que a linha de tiro para a praça das metralhadoras e armas antitanques ficasse livre. Após a batalha, o sargento Pavlov recebeu a medalha e o título de [[Herói da União Soviética]], maior condecoração militar da [[União Soviética]], por sua bravura e heroísmo.
[[Ficheiro:Bundesarchiv Bild 101I-617-2571-04, Stalingrad, Soldaten beim Häuserkampf Recolored.jpg|esquerda|250px|miniaturadaimagem|Uma posição de militares alemães no subúrbio de Stalingrado.]]
 
Sem possibilidade de vitória rápida à vista, os nazistas começaram a transferir artilharia pesada para a cidade, incluindo o gigantesco canhão de 800&nbsp;milímetros, transportado por [[estrada de ferro]], [[Schwerer Gustav|Dora]]. Os atacantes, entretanto, não fizeram grandes esforços para mandar tropas através do Volga, permitindo aos soviéticos instalar um grande número de baterias de artilharia ao longo do rio, que continuava a bombardear as posições alemãs. Os defensores, na cidade, usavam as ruínas resultantes destes bombardeios como posições de defesa. Os ''panzers'' se tornavam inúteis no meio de montes de destroços que chegavam a formar pilhas de oito metros de altura e eram varridos pela artilharia antitanque inimiga.
 
Linha 130:
 
== Operação Saturno ==
[[Ficheiro:Germans in Stalingrad.jpg|250px|miniaturadaimagem|Soldados alemães lutando em Stalingrado.]]
As forças soviéticas consolidaram suas posições ao redor de Stalingrado e os esforços alemães para romper o bolsão começaram. Uma tentativa de romper o cerco do exército cercado no sul da cidade foi impedida em dezembro. O impacto do rigoroso inverno russo começou a fazer efeito em favor dos atacantes. O [[rio Volga]] congelou, o que permitiu aos soviéticos transportar suprimentos para suas forças em Stalingrado de maneira mais rápida e segura. Os alemães cercados rapidamente começaram a ficar sem combustível e suprimentos médicos e milhares começaram a morrer de fome, doenças, e congelamento.
 
Linha 141 ⟶ 142:
 
== A vitória soviética ==
[[Ficheiro:62. armata a Stalingrado.jpg|250px|miniaturadaimagem|Soldados soviéticos avançando numa posição entrincheirada.]]
[[Ficheiro:Bundesarchiv Bild 183-E0406-0022-011, Russland, deutscher Kriegsgefangener.jpg|thumb|250px|Soldado russo armado com um prisioneiro de guerra alemão.]]
Os alemães presos no cerco na área de Stalingrado se retiraram para os subúrbios da cidade. A perda de dois aeroportos, em janeiro, pôs um fim à ponte aérea e a evacuação de feridos.<ref>MacDonald 1986, p. 98.</ref> A partir daí não houve mais pousos da Luftwaffe em Stalingrado, que, entretanto, continuou a jogar sobre a parte da cidade ocupada por suas tropas, comida e [[munição]] até a rendição final. De qualquer maneira, mesmo com poucos meios, eles continuaram resistir, em parte por não querer cair prisioneiros nas mãos dos soviéticos, acreditando que seriam executados sumariamente. Em particular, os ''[[hiwis]]'' (voluntários soviéticos anticomunistas lutando ao lado dos alemães) não tinham a menor ilusão sobre seu destino se fossem capturados.
 
Os soviéticos, por seu lado, ficaram surpresos com o grande número de soldados que eles haviam cercado e tiveram que reforçar suas tropas no cerco. A guerra urbana recomeçou com fúria, mas desta vez eram os nazistas que eram empurrados para as margens do Volga. Eles fortificaram suas posições nos distritos industriais e os soviéticos encontraram a mesma dificuldade para desalojá-los, numa luta casa-a-casa, que haviam causado aos invasores no começo da batalha. Os alemães usaram uma defesa que consistia em fixar redes de arame na janela dos edifícios e casas onde se escondiam, para se proteger das [[Granada (arma)|granadas]] lançadas. Os soviéticos responderam fixando ganchos de anzol nas granadas, que prendiam nas redes e explodiam as janelas. Sem combustível, os tanques dos alemães eram inúteis na cidade, sendo usados como canhões imóveis, alvos fáceis para as armas antitanques soviéticas.
[[Ficheiro:Bundesarchiv Bild 183-E0406-0022-001011, Russland, Kesselschlachtdeutscher StalingradKriegsgefangener.jpg|left|thumb|200px250px|PosiçãoSoldado russo armado com um prisioneiro de defensivaguerra soviéticaalemão.]]
 
No dia [[24 de janeiro]], foi enviada a [[Adolf Hitler]] mais uma mensagem desesperada assinada por Von Paulus que traduzia a real situação do 6º Exército:
 
Linha 166 ⟶ 167:
Os remanescentes do exército alemão renderam-se a [[2 de fevereiro]]; 91 mil homens esfomeados, doentes e exaustos foram feitos prisioneiros, entre eles 22 generais, para comemoração dos soviéticos.
 
[[Ficheiro:Paulus POW2.jpg|thumb|left|350px250px| Marechal Friedrich Paulus (centro) e seus oficiais após a rendição.]]
De acordo com o documentário alemão ''Stalingrad'', cerca de 11 mil alemães e soldados do [[Potências do Eixo|Eixo]] recusaram a rendição oficial, achando que lutar até a morte seria melhor que uma morte lenta no [[campos de concentração]] soviéticos. Estas forças continuaram a lutar em pequenas unidades até o começo de março de 1943, escondidos em porões e sótãos, com seu número diminuindo enquanto as tropas soviéticas iam fazendo a limpeza da cidade. De acordo com documentos mostrados no documentário, 2418 destes homens foram mortos e 8646 capturados.