Greve geral de 1917: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 15:
 
==Histórico social==
A greve geral de 1917 no Brasil faz parte de um processo de politização dos trabalhadores brasileiros. Esta politização se deu em parte graças às ideias e princípios organizacionais aportados no país junto com trabalhadores europeus [[italianos]]franceses e [[Anarquismo na Espanha|espanhóisportugueses]] que imigraram para o Brasil buscando melhores condições de vida a partir da segunda metade do século [[XIX]]. Enquanto os espanhóis permaneceram no meio urbano, ao aportarem no Brasil, as famílias de imigrantes italianos tiveram destinos diversos. No [[estado de São Paulo]], ainda que em regime assalariado os italianos passaram a substituir a [[escravidão no Brasil|mão de obra escrava]] nas fazendas de café, enquanto no [[Rio Grande do Sul]] e em [[Santa Catarina]] os italianos foram enviados para a região da serra onde receberam lotes de terra não trabalhada para desenvolver atividades produtivas, sem conhecer as especifidades dos solos e do clima da região.
 
[[Oreste Ristori]], importante militante e jornalista libertário, ativista anti-imigração, assinala o tratamento escravista dado aos imigrantes italianos no interior de São Paulo pelos grandes proprietários de terra, fator que fez com que os trabalhadores se dirigissem a capital, quando possível.{{quote|Nas proximidades de Araraquara, existe uma daquelas tantas prisões perpétuas, chamada Fazenda São Luís, da qual é digno proprietário aquela pérola de bandido que responde pelo nome de José de Lacerda Abreu. (...) Nesta prisão perpétua ocorrem frequentemente cenas assustadoras. Os pobres reclusos (é assim que precisamos chamar os colonos porque não podem sair da fazenda, sob pena de serem pegos a pauladas ou assassinados) trabalham anos e anos sem serem pagos. Quando perguntam pelo seu ganho se responde a eles com insultos e com chicotadas (...) Deste lugar de horror nove famílias colonas conseguiram fugir enfrentando perigos de toda a espécie. As outras que permanecem gostariam de seguir o exemplo das primeiras mas, sendo a Fazenda circundada por capangas, não se arriscam.|ROMANI p. 150}}Ainda no inicio do [[século XX]], um número considerável de [[Imigração italiana no Brasil|imigrantes italianos]] abandonou o regime de [[servidão]] imperante nas fazendas de [[café]] do interior paulista para trabalhar em fábricas na capital. No meio urbano, passaram a atuar contra as precárias condições de trabalho nas fábricas, a utilização massiva de [[mão de obra infantil]] e as [[jornada de trabalho|jornadas laborais]] de mais de 13 horas. Em diversas cidades os italianos passaram também a fazer contato com grupos de ativistas libertários brasileiros, mas também espanhóis e portugueses emigrados. Juntos estes trabalhadores de diferentes origens fundaram diversos sindicatos e organizações de trabalhadores que compunham o movimento operário, lutando por direitos laborais básicos, como férias, salários dignos, jornada laboral diária de oito horas e proibição do [[trabalho infantil]].<ref>Ristori, Oreste, Contra a Imigração, 1910</ref>