Pardos: diferenças entre revisões

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Uma consequência dessa nova metodologia que reúne pardos e pretos como negros é que na lei nº 12.990/2014, que reserva 20% das vagas nos concursos públicos federais para candidatos "negros", os "pardos", juntos aos "pretos", estão explicitamente sendo contados como "negros" e, portanto, fazendo jus a concorrer às vagas reservadas para os negros. Embora o texto da lei fale que basta a "autodeclaração" do candidato como preto ou pardo para concorrer às vagas,<ref>[http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12990.htm LEI Nº 12.990, DE 9 DE JUNHO DE 2014]</ref> haja vista supostas "fraudes" nas autodeclarações terem ocorrido, uma Instrução Normativa do Ministério do Planejamento e Gestão (MPOG) de 2016 estabeleceu que todos os candidatos cotistas, em concursos de âmbito federal, deverão ser submetidos a uma "comissão", com o objetivo de averiguar a sua aparência física ("''aspectos fenotípicos do candidato, os quais serão verificados obrigatoriamente com a presença do candidato''").<ref>[http://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2016/08/candidato-concurso-que-se-declarar-negro-tera-de-provar-presencialmente.html Candidato a concurso que se declarar negro terá de provar presencialmente]</ref> Isso, sem dúvida, suscita polêmicas, como ocorreu no concurso de 2016 para o [[Itamaraty]], em que diplomatas ouvidos pela [[Folha de S. Paulo]] afirmaram que os candidatos classificados como "pardos" foram eliminados do concurso pela comissão verificadora.<ref>[http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/09/1812385-itamaraty-exclui-de-concurso-47-candidatos-autodeclarados-negros.shtml Itamaraty exclui de concurso 47 candidatos autodeclarados negros]</ref>
 
Outra consequência é o possível uso da soma de pretos e pardos como negros para produzir estatísticas enganosas. Segundo a jurista Roberta Kaufmann, existe uma "grotesca manipulação dos índices relacionados aos negros". Ela cita que muitos ativistas contam os pardos como negros para dizer que a maioria da população brasileira é negra, mas excluem os pardos quando afirmam, por exemplo, que há apenas 3% de negros nas universidades brasileiras.<ref name="Kaufmann">{{citar web|título=A Desconstrução do Mito da Raça e a Inconstitucionalidade de Cotas Raciais no Brasil|data=2007|url=http://dspace.idp.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/720/Direito%20Publico%20n362010_Roberta%20Fragoso%20Menezes%20Kaufmann.pdf?Sequence=1&isAllowed=y|acessodata=27.06.2018}}</ref> O escritor [[Leandro Narloch]] denomina essa estratégia de "pardo de Schrödinger", que ocorre quando os pardos ora são contados como negros e ora não, comfato o objetivo deque produzirproduz dados estatísticos distorcidosconflitantes, como em relação ao número da população carcerária ou de vítimas de [[homicídio]]s.<ref>[https://www1.folha.uol.com.br/colunas/leandro-narloch/2018/08/nao-o-brasil-nao-e-o-pais-mais-racista-do-mundo.shtml Não, o Brasil não é o país mais racista do mundo]</ref> Por exemplo, quando brancos, pretos e pardos são contados separadamente, encontra-se que a maioria dos presos no Brasil são pardos (43,7%) ou brancos (35,7%), sendo os pretos uma minoria (17%);<ref>[https://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-07-15/estado-de-sao-paulo-tem-mais-de-um-terco-dos-presos-do-pais.html Massa carcerária brasileira é formada na maioria por homens, jovens, pardos e com baixa escolaridade]</ref> por sua vez, quando pretos e pardos são contados juntos, encontra-se uma maioria de presos "negros". <ref>[https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/01/18/Qual-o-perfil-da-popula%C3%A7%C3%A3o-carcer%C3%A1ria-brasileira Qual o perfil da população carcerária brasileira]</ref>
 
=====Comparação com os Estados Unidos=====