Música do Brasil: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 29:
[[Imagem:Manuel da Costa Ataíde - Anjos músicos.jpg|thumb|Detalhe de pintura de [[Mestre Ataíde]] mostrando anjos músicos. A iconografia fornece informações sobre o instrumental utilizado na época.]]
 
Na segunda metade do século XVIII um grande florescimento musical aconteceu na Capitania das [[Minas Gerais]], especialmente na região de [[Ouro Preto]], [[Mariana]] e [[Diamantina]], onde a extração de grandes quantidades de ouro e diamantes destinados à metrópole portuguesa atraiu uma população considerável que deu origem a uma próspera urbanização. Ali a vida musical, tanto pública como privada, religiosa ou secular, foi muito privilegiada, registrando-se a importação de grandes [[órgão (instrumento musical)|órgão]]s para as igrejas e de partituras europeias pouco tempo após sua publicação em seus países originais. Neste período surgiram as mais antigas orquestras do Brasil ainda em atividade, a [[Lira Sanjoanense]] e a [[Orquestra Ribeiro Bastos]], e os primeiros compositores importantes naturais da terra, muitos deles mulatos. Dignos de nota foram [[Lobo de Mesquita|José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita]], talvez o mais importante deste grupo, [[Manoel Dias de Oliveira]], [[Francisco Gomes da Rocha]], [[Marcos Coelho Neto (pai)]] e [[Marcos Coelho Neto (filho)]], todos muito ativos. Trazem obras suas algumas das mais antigas partituras escritas no Brasil a chegarem até os nossos dias, ainda que a maior parte de sua produção também tenha se perdido. Mas dentre o que restou são exemplos notáveis um ''Magnificat'' de Manuel Dias de Oliveira e a célebre ''Antífona de Nossa Senhora'', de Lobo de Mesquita. Impressionam as estatísticas da época do apogeu mineiro: em Diamantina existiriam dez regentes em atividade, o que implicaria um corpo de músicos profissionais de pelo menos 120 pessoas; em Ouro Preto teriam atuado cerca de 250 músicos, e mais de mil em toda a Capitania, sem contar os diletantes, que deveriam compor uma legião adicional, uma quantidade maior do que a que existia na metrópole portuguesa na mesma época, como informou [[Vasco Mariz]].<ref>Mariz, pp. 35-38</ref>
 
Graças a esta opulência, e à sua consistência e uniformidade estética, justifica-se a denominação do grupo de compositores ativos na região como a "[[Escola Mineira de Música|Escola Mineira]]". Muito já foi publicado sobre ela descrevendo-a como uma escola barroca, já que comparativamente o estilo [[Barroco]] ainda sobrevivia forte nas artes visuais brasileiras, mas atualmente se considera a Escola como fruto da rápida penetração da influência [[neoclassicismo|neoclássica]], derivada especialmente de [[Haydn]], [[Mozart]], [[Pleyel]], [[Boccherini]] e outros, cujas obras circulavam impressas e eram avidamente procuradas e copiadas, e só raramente se percebem ecos da estética que antes prevalecera. Até há pouco tempo em grande parte desconhecido, este acervo de música colonial, quase em totalidade no gênero sacro, vêm recebendo mais atenção no Brasil e também no exterior, especialmente após as pesquisas realizadas por [[Curt Lange|Francisco Curt Lange]] nos anos 40, e hoje está sendo mais amplamente estudado e divulgado.<ref name="Duprat"/><ref>Vasconcellos-Correa, Sérgio de. "Música Colonial Brasileira: Barroco (?) Brasileiro". In: Tirapeli, Percival. ''Arte sacra colonial: barroco memória viva''. UNESP, 2005, pp. 236-240</ref><ref>Mariz, pp. 37-38</ref>