Indonésia: diferenças entre revisões

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== História ==
{{artigo principal|História da Indonésia}}
[[Imagem:Borobudur ship.JPG|thumb|esquerda|Um navio esculpido em [[Borobudur]] aproximadamente no ano 800. Barcos indonésios podem ter feito viagens comerciais para a costa oriental da [[África]] no {{séc|I}}.{{sfn|Brown|2003|p=13}}]]
[[Imagem:Prambanan Complex 1.jpg|thumb|esquerda|O [[Conjunto de Prambanan]], construído pela dinastia Sanjaya.]]
 
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[[Imagem:Indonesian flag raised 17 August 1945.jpg|thumb|Bandeira indonésia levantada logo após a declaração de independência.]]
 
Os [[Europa|europeus]] chegaram à zona nos princípios do {{séc|XVI}}. Em 1511, os navegadores portugueses [[Francisco Serrão]] e [[António de Abreu]] aportaram às [[ilhas Molucas]] e procuraram dominar os reinos que ali existiam tendo em vista [[monopólio|monopolizar]] o [[comércio]] das [[especiaria]]s.{{sfn|Ricklefs|1993|p=22-24}} A história da colonização neerlandesa da Indonésia começou com a expedição de [[Cornelis de Houtman]]. No {{séc|XVII}}, os [[Países Baixos|neerlandeses]], através da [[companhia Holandesa das Índias Orientais]], estabeleceram na região a sua [[colónia (história)|colónia]] das "[[Índias Orientais Neerlandesas]]"{{sfn|Ricklefs|1993|p=24}}</ref> (sem, no entanto, conseguirem ocupar a colónia portuguesa de [[Timor]]). Durante a maior parte do período colonial, o controle neerlandês sobre o arquipélago ficou restrito às zonas costeiras, em uma ocupação que durou até o {{séc|XX}}. As tropas neerlandesas estavam constantemente envolvidas em sufocar [[rebelião|rebeliões]].<ref name="Schwartz">Schwartz, p. 3-4</ref> A influência de líderes locais, tais como o príncipe Diponegoro no centro de Java, Bonjol Imam em Samatra central e Pattimura nas Molucas e uma sangrenta guerra em [[Aceh]], que durou trinta anos, debilitaram e reduziram as forças [[militar]]es neerlandesas.<ref name="Schwartz"/>
 
Durante a [[Segunda Guerra Mundial]], os Países Baixos, que haviam sido ocupados pela [[Alemanha Nazista]], perderam a sua colónia para os [[Japão|japoneses]].{{sfn|Dower|1986}} Com o fim da guerra, [[Sukarno]], que tinha cooperado com os japoneses, declarou a [[independência]] da Indonésia, mas os [[aliados]] apoiaram o [[exército]] neerlandês a tentar recuperar a sua colónia. A guerra pela independência, denominada [[revolução Nacional da Indonésia]], durou mais de quatro anos e envolveu um esporádico, mas sangrento [[Conflito armado|conflito armado interno]], levantes políticos e duas grandes intervenções diplomáticas internacionais. As forças neerlandesas não conseguiram prevalecer aos indonésios, sendo expulsos após muita resistência{{sfn|Friend|2003|p=35}}. Embora as forças neerlandesas controlassem as vilas e cidades em redutos republicanos em [[Java]] e [[Samatra]], não controlavam as aldeias e o campo. Assim, a república da Indonésia acabou por prevalecer, tanto através da diplomacia internacional, como através da determinação da Indonésia em conflitos armados em Java e em outras ilhas. A revolução terminou em dezembro de 1949, quando, após pressões internacionais, os Países Baixos reconheceram formalmente a independência da Indonésia.<ref>({{citar web|url=http://www.globalsecurity.org/military/world/war/indo-inde.htm|título=Indonesian War of Independence|autor=John Pike|data=2005|publicado=Global Security.org|acessodata=6 de abril de 2011}} {{en}}{{harvsp|Taylor|2003|p=325}})</ref>
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[[Imagem:Soeharto.jpg|thumb|upright|esquerda|[[Suharto]], o presidente do país entre 1967 e 1998]]
 
Entre os anos de 1963 e 1965, o Partido Comunista da Indonésia, que mantinha relações secretas com a [[China]] comunista de [[Mao Tsé Tung]], elaborou um plano para fortalecer o governo pró-Pequim de Sukarno. A ideia era decapitar o alto comando anticomunista do exército para manter mais da metade do Exército, dois terços da Aeronáutica e um terço da Marinha alinhados ao partido Comunista da Indonésia. Em 30 de setembro de 1965, o plano foi colocado em prática e o chefe do Exército e outros cinco generais foram presos e executados.{{sfn|Friend|2003|p=107-109}} Contudo esse plano fracassou, pois [[Suharto]], um general até então de pouca expressão, estava informado sobre esse plano, esperou a prisão e execução dos generais para rapidamente tomar o poder.{{sfn|Chang|2006}} O golpe de Estado do general [[Suharto]], apoiado pelos [[Estados Unidos]]<ref>{{citar web | titulo = Golpe na Indonésia: 1 milhão de mortos CIA preparou "listas de execução" para Suharto | url = http://www.horadopovo.com.br/2003/outubro/03-10-03/pag7d.htm | autor = Carlos Lopes | publicado = Jornal Hora do Povo |data= 3 de outubro de 2003 | acessodata = 19 de julho de 2009}}</ref> e seus aliados, derrubou o governo do líder populista [[Sukarno]] em 1965, sob o pretexto de deter o avanço comunista. Foi um banho de sangue que vitimou mais de 500 mil de indonésios supostamente comunistas.<ref>{{citar web | titulo = A morte de um ex-ditador | url = http://web.archive.org/web/20090813231032/http://www.folhape.com.br/folhape/materia.asp?data_edicao=20/09/2006&edt=10&mat=79765 | publicado = Folha de Pernambuco |data= 29/01/2000 | acessodata = 19 de julho de 2009}}</ref> De caráter agressivo, militarista e essencialmente corrupto, a ditadura de Suharto promoveu a repressão e a opressão da população.{{sfn|Vickers|2011|p=163}} David Slater, ''Geopolitics and the Post-Colonial: Rethinking North-South Relations,'' London: Blackwell, p. 70 {{en}}</ref> Reforçou, também, a centralização política e o expansionismo. Assim, poderiam impedir a diversidade existente no país e reforçar as tensões autônomas opositoras à constituição de uma "Grande Indonésia". Com isso, houve conflitos autônomos nas [[ilhas Molucas]], em [[Samatra]], na [[Nova Guiné]], em [[Celebes]] e [[Bornéu]] e fronteiriços com a Malásia e Papua-Nova Guiné.
 
Suharto foi reeleito cinco vezes<ref name="suharto">{{citar web|url=http://www.cbv.ns.ca/dictator/Suharto.html|título=Suharto|data=|acessodata=30 de março de 2011}} {{en}}</ref> e governou o país com a ajuda dos militares mas, com a crise económica asiática de 1997, o país voltou à rebelião e o presidente foi obrigado a renunciar e entregou o poder ao seu Vice-Presidente, [[B. J. Habibie]].<ref name="suharto"/> No entanto, as eleições de 1999 foram perdidas por Habibie para [[Megawati Sukarnoputri]], filha de Sukarno, que não chegou a ser empossada, tendo sido substituída pelo seu [[partido político]] por [[Abdurrahman Wahid]]. A [[Independência de Timor-Leste|crise de Timor-Leste]] virou as cartas e Megawati voltou à presidência em 2001. Em 2004, nas primeiras eleições directas, foi eleito presidente [[Susilo Bambang Yudhoyono]].<ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/susilo-bambang-yudhoyono/|título=Será que, nesta 3ª feira, o novo presidente dos EUA — Obama ou Romney — conseguirá bater o campeão mundial de votos, o presidente da Indonésia, Susilo Yudhoyono?|autor=Ricardo Setti|autorlink=Ricardo Setti|data=2 de novembro de 2011|publicado=[[Revista Veja]]|acessodata=23 de novembro de 2013}}</ref><ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/susilo-bambang-yudhoyono/|título=Quem baterá o campeão mundial de votos, o presidente da Indonésia, Susilo Yudhoyono?|autor=Ricardo Setti|data=23 de março de 2011|publicado=Veja.abril.com|acessodata=30 de março de 2011}}</ref>
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O tamanho, o clima tropical e a geografia do arquipélago da Indonésia são a base para o segundo [[País megadiverso|maior nível de biodiversidade]] do mundo (depois do [[Brasil]]){{sfn|Lester|1997|p=7}} e sua [[fauna]] e [[flora]] são uma mistura de espécies provenientes da [[Ásia]] e da [[Australásia]].<ref>{{Citar web|título=Indonesia's Natural Wealth: The Right of a Nation and Her People |publicado=Islam Online |data=22 de maio de 2003 |url=http://www.islamonline.net/English/Science/2003/05/article13.shtml |arquivourl=https://web.archive.org/web/20061017034459/http://www.islamonline.net/English/Science/2003/05/article13.shtml |arquivodata=17 de outubro de 2006 |acessodata=6 de outubro de 2006}}</ref> As ilhas da Plataforma Sunda ([[Sumatra]], [[Java]], [[Bornéu]] e [[Bali]]) foram uma vez ligadas ao continente asiático e tem parte da riqueza da fauna asiática. Grandes espécies de [[tigre]]s, da [[rinoceronte]]s, [[orangotango]]s, [[elefante]]s e [[leopardo]]s eram abundantes no país, mas a população e a distribuição desses animais diminuíram drasticamente. As florestas cobrem cerca de 60% do território do país.<ref>{{Citar web|título=Globalis-Indonesia |publicado=Global Virtual University |obra=Globalis, an interactive world map |url=http://www.globalis.no/Land/Indonesia|acessodata=14 de maio de 2007}}</ref>
 
Em Sumatra e [[Bornéu|Kalimantan]], estas florestas são predominantemente de espécies asiáticas. No entanto, as florestas da ilha de Java, que é menor e mais densamente povoada, foram em sua maioria removidas para a habitação humana e [[agricultura]]. As ilhas de [[Sulawesi]], [[Nusa Tenggara]] e [[Ilhas Molucas|Molucas]], por serem separadas de massas continentais, desenvolveram suas próprias flora e fauna.{{sfn|Whitten|Henderson|Mustafa|1996}}; {{harvspsfn|Monk|Fretes|Reksodiharjo-Lilley|1996}})</ref> A [[Papua]] fazia parte do [[continente australiano]] e é o lar de uma [[Fauna da Nova Guiné|fauna e flora únicas]] estreitamente relacionadas com a [[Austrália]], incluindo mais de 600 espécies de aves.<ref>{{Citar web|título=Indonesia |publicado=InterKnowledge Corp. |url=http://www.geographia.com/indonesia/indono02.htm |acessodata=6 de outubro de 2006}}</ref>
 
A Indonésia é o segundo país (apenas atrás da Austrália) em número de espécies [[Endemismo|endêmicas]], sendo que 36% das 1531 espécies de aves e 39% das 515 espécies de mamíferos do país são endêmicas.<ref>{{Citar web|url=http://www.press.uchicago.edu/Misc/Chicago/468283.html |título=Lambertini, A Naturalist's Guide to the Tropics, excerpt |publicado=Press.uchicago.edu|acessodata=10 de abril de 2011}}</ref> O litoral indonésio de mais de 80 mil quilômetros é cercados por mares [[Clima tropical|tropicais]] que contribuem para o alto nível de [[biodiversidade]] do país, além de conter uma variedade de [[ecossistema]]s costeiros, como [[praia]]s, [[duna]]s, [[estuário]]s, [[Manguezal|manguezais]], [[recife]]s de [[coral]], bancos de [[algas marinhas]], lodaçais costeiros, planícies de [[maré]], leitos de algas e ecossistemas de pequenas ilhas.{{sfn|Tomascik|Mah|Nontji|Moosa|1996}} A Indonésia é um dos países do chamado "triângulo de corais" com um dos maiores níveis de diversidade mundial de peixes de recife de corais, com mais de {{formatnum:1650}} espécies registradas apenas no leste do país.<ref>{{citar notícia|url=http://www.antaranews.com/en/news/71545/coral-reef-destruction-spells-humanitarian-disaster |título=Coral reef destruction spells humanitarian disaster |publicadopor=Antara news |último =Tamindael |primeiro =Otniel |data=17 de maio de 2011 |acessodata=30 de maio de 2011}}</ref>
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Embora a [[liberdade religiosa]] seja garantida pela constituição indonésia,<ref>{{Citar web|título=The 1945 Constitution of the Republic of Indonesia |obra=US-ASEAN |url=http://www.us-asean.org/Indonesia/constitution.htm |acessodata=2 de outubro de 2006|arquivourl = https://web.archive.org/web/20060109203358/http://www.us-asean.org/Indonesia/constitution.htm |arquivodata = 9 de janeiro de 2006}}</ref> o governo reconhece oficialmente apenas seis religiões: [[islamismo]], [[protestantismo]], [[catolicismo]], [[hinduísmo]], [[budismo]] e [[confucionismo]].<ref name="Yang">{{citar periódico |último =Yang |primeiro =Heriyanto |título=The History and Legal Position of Confucianism in Post Independence Indonesia |periódico=Religion |volume=10 |issue=1 |página=8 |data=agosto de 2005 |url=http://archiv.ub.uni-marburg.de/mjr/pdf/2005/yang2005.pdf |acessodata=2 de outubro de 2006}}</ref> A Indonésia é o mais populoso país de maioria [[muçulmana]] do mundo (87,2% da população em 2010), sendo a maioria de muçulmanos sem denominação.<ref>[http://www.pewforum.org/Muslim/the-worlds-muslims-unity-and-diversity-1-religious-affiliation.aspx#identity The World's Muslims: Unity and Diversity]</ref><ref name="sp2010">{{Citar web|url=http://sp2010.bps.go.id/index.php/site/tabel?tid=321&wid=0 |título=Penduduk Menurut Wilayah dan Agama yang Dianut |data=15 de maio de 2010 |obra=Sensus Penduduk 2010 |publicado=Badan Pusat Statistik |local=Jakarta, Indonesia |trans_title=Population by Region and Religion |acessodata=20 de novembro de 2011}}</ref> Em 21 de maio de 2011, o Conselho de [[Sunita]]s e [[Xiita]]s da Indonésia (''muhsin'') foi estabelecido. O conselho pretende realizar reuniões, diálogos e atividades sociais. Era uma resposta para atos de violência cometidos em nome da religião.<ref>{{citar notícia|url=http://www.thejakartapost.com/news/2011/05/21/ri-sunni-shia-council-established.html |título=RI Sunni-Shia Council established |obra=The Jakarta Post |data=21 de maio de 2011 |acessodata=17 de julho de 2011}}</ref> Cerca de 9% da população é [[Cristianismo|cristã]], 3% hindus e 2% budista ou outro. A maioria dos hindus indonésios estão em Bali {{sfn|Oey|1997}} e a maioria dos budistas do país são de etnia chinesa.<ref>{{Citar web|título=Indonesia&nbsp;– Buddhism |publicado=U.S. Library of Congress |url= http://countrystudies.us/indonesia/40.htm |acessodata=15 de outubro de 2006}}</ref>
 
Apesar de agora serem religiões minoritárias, o hinduísmo e o budismo permanecem definindo influências na cultura indonésia. O islamismo foi adotado pela primeira vez por indonésios no norte da ilha de Sumatra durante o {{séc|XIII}}, pela influência de comerciantes [[árabes]], e tornou-se a religião dominante no país por volta do {{séc|XVI}}.<ref name="csi">{{Citar web|título=Indonesia&nbsp;– Islam |publicado=U.S. Library of Congress|url=http://countrystudies.us/indonesia/37.htm |acessodata=15 de outubro de 2006}}</ref> O [[catolicismo romano]] foi trazido para a Indonésia por colonos e missionários [[portugueses]]<ref>Ricklefs (1991), pp. 25, 26, 28</ref><ref>{{Citar web| título =1500 to 1670: Great Kings and Trade Empires | publicado = Sejarah Indonesia | url =http://www.gimonca.com/sejarah/sejarah02.shtml | acessodata =25 de abril de 2007 }}</ref> e as denominações [[protestantes]] são em grande parte resultado dos esforços de missionários [[holandeses]] [[calvinistas]] e [[luteranos]] durante o período colonial do país.<ref>(Ricklefs, 1991, pp. 28, 62; {{harvsp|Vickers|2011|p=22}} ;{{harvsp|Goh|2005|p=80}}</ref> Uma grande parte dos indonésios praticam uma forma [[Sincretismo|sincrética]] menos ortodoxa de sua religião, que se baseia em costumes e crenças locais.{{sfn|Magnis-Suseno|1997|p=15–18}} ; <ref>{{citar comunicado de imprensa|título= Indonesia Annual International Religious Freedom Report 2003|publicadopor= Bureau of Democracy, Human Rights and Labor, Embassy of the United States|data= 18 de dezembro de 2003|local= Jakarta, Indonesia|url = http://web.archive.org/web/20040313045358/http://www.usembassyjakarta.org/press_rel/religious_report2003.html|acessodata= 25 de abril de 2007}}</ref>
 
=== Urbanização ===