Conflito árabe-israelense: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Weizmann and feisal 1918.jpg|left|thumb|[[1918]]: [[Chaim Weizmann]] (esq.) e [[Faiçal I do Iraque|Faiçal I]] (dir.).]]
 
As tensões entre judeus e árabes começaram a emergir a partir da [[década de 1880]] do [[século XIX]], quando [[judeus]] provenientes da [[Europa]] começaram a [[emigração|emigrar]], formando e aumentando comunidades judaicas na [[Palestina (região)|Palestina]], quer por compra de terras aos otomanos, quer por compra direta a árabes proprietários de terrenos. Estabeleceram-se assim comunidades agrícolas nas terras históricas da [[Judeia]] e de [[Israel]], que eram então parte do Império Otomano.<ref>{{citar web |url=http://www.ismi.emory.edu/JournalArticles/MESapr84.html |titulo=The Jewish National Fund: Land Purchase Methods and Priorities, 1924 - 1939 |acessodata= |acessomesdia= |acessoano= |autor=STEIN, Kenneth W.|ultimo= |primeiro= |autorlink= |coautores= |data= |ano=1984 |mes=Abril |formato=Volume 20 Número 2 |obra=Middle Eastern Studies |publicado= |paginas=190-205 |lingua=inglês|arquivourl= |arquivodata= |citacao= }}</ref>
 
Historicamente, os antigos [[judeus]] desde os tempos bíblicos chamaram sua terra de [[Terra de Israel|Israel]], [[Canaã]], [[Judeia]], [[Samaria]], [[Galileia]] e outros nomes há muito tempo. Judeus modernos, e alguns cristãos, acreditam que, de acordo com a [[Bíblia]] e a [[Torá]], [[Deus]] deu esta terra para os antigos [[judeus]] (também conhecido como [[hebreus]] ou [[israelitas]]), liderada por homens como [[Abraão]], [[Moisés]], [[David]], e outros. Cerca de 2.000 anos atrás, o [[Império Romano]] dominou esta área, e, ao suprimir várias [[Guerras judaico-romanas|rebeliões judaicas]], destruiu o [[Templo de Jerusalém|templo judaico]] na cidade de [[Jerusalém]], matou um grande número de judeus, e forçou muitos outros a deixar sua terra natal em um êxodo chamado [[Diáspora judaica|diáspora]]. Nesta ocasião, o [[Império Romano]] mudou o nome da [[Terra de Israel]] para [[Palestina (região)|Palestina]]. Alguns judeus permaneceram na área, mas um grande número de judeus não retornou até os séculos XIX e XX. No século VII, os [[árabes]] [[muçulmanos]] invadiram a [[Palestina]].
 
Este é o lugar onde o verdadeiro problema começou entre os judeus, que começaram a chamar a si mesmos "os israelenses", de acordo como o antigo nome de sua antiga pátria de [[Terra de Israel|Israel]], e a população [[Árabes|árabe]] da região que veio a ser conhecido como "palestinos", de acordo com o antigo nome romano e grego da área. Após a [[Diáspora judaica|diáspora]], os [[muçulmanos]] de língua árabe, que invadiram a [[Palestina]] no século VII, durante a [[Expansão islâmica|expansão do Islão]], tornaram-se o grupo étnico dominante. De acordo com registros do [[Império Otomano]], que governou a [[Palestina]] durante vários séculos, no ano de 1900, a população da [[Palestina]] era 600.000, dos quais 94% eram [[árabes]]. Enquanto muitos [[árabes]] estavam dispostos a vender terras aos judeus que chegavam, muitos outros árabes palestinos estavam preocupados com a possibilidade de se tornarem minoria em seu próprio país.
 
Assinado em janeiro de [[1919]], o [[Acordo Faiçal-Weizmann]] promovia a cooperação árabe e judaica para o desenvolvimento de uma [[Terra de Israel]] na [[Palestina (região)|Palestina]] e uma nação árabe numa larga parte do [[Oriente Médio]].
 
[[Ficheiro:1947-UN-Partition-Plan-1949-Armistice-Comparison.png|thumb|As principais diferenças entre a proposta de partição de 1947 e 1949 linhas de armistício estão em destaque nas cores vermelha e magenta.]]
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A [[Guerra árabe-israelense|guerra árabe-israelense de 1948]], também conhecida como a "guerra de independência" ([[Língua hebraica|hebraico]]: מלחמת העצמאות) ou como "a catástrofe" ("''[[Nakba|al Nakba]]''," [[Língua árabe|árabe]]: النكبة), começou após a retirada britânica e com a declaração do [[Israel|Estado de Israel]] a [[14 de Maio]] de [[1948]].
 
Os árabes rejeitaram o [[Plano da ONU para a partição da Palestina de 1947|plano de partilha da Palestina]] (Resolução 181 de [[29 de novembro]] de [[1947]] da [[Assembleia Geral das Nações Unidas]]), que propunha o estabelecimento de um estado árabe e outro judaico na região da [[Palestina]]. Milícias árabes começaram campanhas com vista ao controle de territórios dentro e fora das fronteiras estabelecidas.
 
Tropas da [[Transjordânia]], [[EgiptoEgito]], [[Síria]], [[Líbano]] e [[Iraque]] invadiram a [[Palestina]], ao que [[Israel]], [[Estados Unidos]], [[União Soviética]] e [[Trygve Lie]] ([[Secretário-geral das Nações Unidas]]) consideraram como uma agressão ilegítima. A [[China]] deu o seu apoio às pretensões árabes. Os estados árabes declararam o propósito de proclamar um "Estado Unido da Palestina" <ref>[http://en.wikisource.org/wiki/Cablegram_from_the_Secretary-General_of_the_League_of_Arab_States_to_the_Secretary-General_of_the_United_Nations Telegrama do Secretário-Geral da Liga Árabe ao Secretário-Geral da Nações Unidas] 15 de Maio de 1948 - Wikisource anglófono. Acessado a 13 de Agosto de 2006. (em inglês)</ref> em detrimento de um estado árabe e de um estado judaico. Eles consideravam que o plano das [[Nações Unidas]] era ilegal porque vinha em oposição à vontade da população árabe da [[Palestina]]. Reclamaram também que a retirada britânica tinha deixado um vazio legal em termos de autoridade, tornando necessário a sua atuação com vista à proteção dos cidadãos árabes e das suas propriedades.<ref>{{citar web |url=http://domino.un.org/UNISPAL.NSF/0/d442111e70e417e3802564740045a309?OpenDocument|titulo=The Origins and Evolution of the Palestine Problem: 1917-1988 PART II, 1947-1977 ST/SG/SER.F/1|acessodata= |acessomesdia= |acessoano= |autor=|ultimo= |primeiro= |autorlink= |coautores= |data= 20 de junho de 1990|ano=|mes=|formato=|obra=Sistema de informação das Nações Unidas para a questão da Palestina (UNISPAL) |publicado= |paginas=|lingua=inglês|arquivourl= |arquivodata= |citacao= }}</ref>
 
Cerca de dois terços dos árabes da [[Palestina]] fugiram ou foram expulsos dos territórios que ficaram sob controle judaico; praticamente todos os [[judeus]] (em número muito menor) que habitavam territórios ocupados pelos árabes (como por exemplo na cidade de [[Jerusalém]]) também emigraram. As [[Nações Unidas]] estimam que cerca de 711 mil <ref>{{citar web |url=http://domino.un.org/unispal.nsf/9a798adbf322aff38525617b006d88d7/93037e3b939746de8525610200567883!OpenDocument|titulo=General Progress Report and Supplementary Report of the United Nations Conciliation Commission for Palestine, Covering the Period from 11 December 1949 to 23 October 1950|acessodata= |acessomesdia= |acessoano= |autor=|data=22 de outubro de 1950|ano=|mes=|formato=|obra=U.N. General Assembly Official Records, 5th Session, Supplement No. 18, Document A/1367/Rev. 1 |publicado=''United Nations Concilation Commission'' |paginas=|lingua=inglês|arquivourl= |arquivodata= |citacao= }}</ref> árabes tornaram-se refugiados como consequência do conflito.
 
As lutas terminaram com a assinatura do [[Armistício de Rodes]], que formalizou o controle israelita das áreas alocadas ao estado de [[Israel]] juntamente com mais de metade da [[Estado da Palestina|área alocada ao estado árabe]]. A [[Faixa de Gaza]] foi ocupada pelo [[EgiptoEgito]] e a [[Ocupação da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental pela Jordânia|Cisjordânia foi ocupada pela Transjordânia]] (que passou a se chamar simplesmente de [[Jordânia]]), até junho de [[1967]], altura em que [[Israel]] voltou a tomar posse desses territórios durante a [[Guerra dos Seis Dias]].
 
==== Pós-guerra de 1948 ====
Aos palestinos que abandonaram ou foram expulsos das áreas ocupadas pelos israelitas não foi permitido o regresso às suas casas. Deslocaram-se para campos de refugiados localizados em países vizinhos tais como o [[Líbano]], a [[Jordânia]], a [[Síria]] e para a área que mais tarde se tornaria conhecida como a [[Faixa de Gaza]]. A [[Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente]] foi criada para melhorar as condições destes refugiados.
 
Durante as décadas seguintes ao fim da guerra de [[1948]], entre 700 e 900 mil [[judeus]] abandonaram os países árabes onde viviam. Em muitos casos isto foi devido a um sentimento anti-judeu, ou devido a expulsão (no caso do [[EgiptoEgito]]) ou ainda devido a opressões legais (no [[Iraque]]). Deste número, cerca de dois terços acabaram por se deslocar para [[campo de refugiados|campos de refugiados]] em [[Israel]], enquanto que os restantes migraram para [[França]], [[Estados Unidos da América]] e para outros países ocidentais (incluindo a [[América Latina]]).
 
Até a [[Guerra dos Seis Dias]] a [[Jordânia]] controlou a [[Cisjordânia]] e o [[EgiptoEgito]] controlou a [[Faixa de Gaza]]. Em [[1950]], a [[Transjordânia]] anexou a [[Cisjordânia]], mas tal facto foi reconhecido apenas pelo [[Reino Unido]]. Ambos os territórios foram conquistados (mas não anexados) por [[Israel]] durante a [[Guerra dos Seis Dias]]. Nem a [[Jordânia]] nem o [[EgiptoEgito]] permitiram a criação de um estado palestino nestes territórios.
 
=== Guerra de 1956 ===
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A [[Guerra do Suez]], de [[1956]], foi uma operação conjunta de [[Israel]], [[Reino Unido]] e [[França]], na qual [[Israel]] invadiu a [[Península do Sinai]] e as forças francesas e britânicas ocuparam o porto de [[Suez]] para ostensivamente separar as partes conflituosas, apesar de a real motivação destes dois últimos países ter sido a de proteger os interesses dos investidores no [[Canal do Suez]]. Esses interesses tinham sido afetados devido à decisão do presidente egípcio, [[Gamal Abdel Nasser]] de nacionalizar o canal.
 
[[Israel]] justificou a invasão do [[EgiptoEgito]] pela necessidade de se proteger de ataques à sua população civil pelos ''[[Fedayin palestinos|fedayin]]'' e de restaurar os direitos de navegabilidade pelo [[estreito de Tiro]], que os egípcios reclamavam estar nas suas águas territoriais. As forças invasoras concordaram em se retirar, sob pressão internacional, particularmente dos [[Estados Unidos da América]] e da [[União Soviética]]. [[Israel]] se retirou da [[Península do Sinai]], que foi ocupada por uma força da [[Nações Unidas]] (UNEF), em troca de garantias de utilização e navegabilidade no canal, que afinal ficou sob o controle do [[Egito]].
 
=== Entre 1956 e 1967 ===
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=== Guerra de 1973 ===
{{Artigo principal|[[Guerra do Yom Kippur]]}}
[[Ficheiro:Yom Kippur War map-2.png|right|thumb|250px|Quando o cessar-fogo entrou em vigor, Israel havia perdido território na parte oriental do Canal de Suez para o EgiptoEgito (em vermelho), mas ganhou território a oeste do canal e nos montes Golan (em verde)]]
 
A [[6 de Outubro]] de [[1973]] os exércitos do [[EgiptoEgito]] e da [[Síria]] atacaram de surpresa [[Israel]] durante a celebração do ''[[Yom Kippur]]'', com o objectivo de reconquistarem os territórios que tinham perdido.
 
A [[Guerra do Yom Kippur]] ([[1973]]) começou quando [[Egito]] e [[Síria]] lançaram um ataque surpresa em conjunto, no dia do jejum judeu, no [[Península do Sinai|Sinai]] e nas [[Colinas de Golã]]. Os egípcios e sírios avançaram durante as primeiras 48 horas, após o que o conflito começou a balançar em favor de [[Israel]]. Na segunda semana da guerra, os sírios foram completamente expulsos das [[Colinas de Golã]]. No Sinai ao sul, os israelitas atacaram o ponto de encontro de dois exércitos egípcios invasores, cruzaram o [[Canal de Suez]] (antiga linha de [[cessar-fogo]]), e cortaram todo o exército egípcio assim que um cessar-fogo das [[Nações Unidas]] entrou em vigor. As tropas israelitas finalmente retiraram-se da região oeste do canal e os egípcios mantiveram as suas posições sobre uma estreita faixa no leste permitindo-lhes a reabrir o [[Canal de Suez]] e clamar a vitória.