Orestes (Eurípides): diferenças entre revisões

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== Contexto ==
Tendo concordado com o consehoconselho do deus [[Apolo]], Orestes matou a sua mãe [[Clitemnestra]] para vingar a morte do pai dele, [[Agamemnon]], morto pela esposa. Apesar da anterior profecia de Apolo, Orestes passa a ser atormentado pelas [[Erínias]], ou Fúrias, pelo sentimento de culpa do seu [[matricídio]]. A única pessoa capaz de acalmar Orestes da sua loucura é a sua irmã Electra. Para complicar mais a situação, uma importante facção política de [[Argos (Grécia)|Argos]] pretende punir com a morte Orestes pelo seu crime. A única esperança de Orestes para salvar a sua vida reside no seu tio [[Menelau]], que havia regressado com Helena após uma ausência de dez anos na guerra[[Guerra de [[Troia]] e mais alguns anos a acumular riqueza no [[Antigo Egito|EgiptoEgito]]. Na cronologia do que aconteceu a Orestes, esta peça situa-se após os acontecimentos relatados em peças como a ''[[Electra (Eurípides)|Electra]]'' de Eurípides ou a ''[[Coéforas]]'' de [[Ésquilo]], e antes dos acontecimentos contidos em peças como a ''[[Eumênides (peça)|Eumênides]]'' de Ésquilo e ''[[Andrômaca (Eurípides)|Andrômaca]]'' de Eurípides.
 
==Enredo==
A peça começa com um monólogo de [[Electra]] que descreve o enquadramento geral e os eventos que levaram até aquela situação, estando Orestes a dormir junto de si. Pouco depois, Helena sai do palácio sob o pretexto de que deseja fazer uma oferenda no túmulo de sua irmã Clitemnestra. Após a saída de Helena, um coro de mulheres de Argos entra para ajudar a avançar o enredo. Então Orestes, ainda enlouquecido pelas Fúrias, acorda.
 
[[Menelau]] chega ao palácio e ele e Orestes discutem o assassinato e a loucura resultante. Chega então [[Tíndaro]], avô de Orestes e sogro de Menelau, que repreende severamente Orestes, levando a uma conversa entre os três homens sobre o papel dos seres humanos na aplicação da justiça divina e da lei natural. Quando sai, Tíndaro adverte Menelau de que este vai precisar do ancião como aliado. Orestes suplica a Menelau, esperando ganhar a compaixão que Tíndaro não lhe concederia, na tentativa de convencê-lo a deixá-lo falar perante a assembleia dos homens de Argos. No entanto, Menelau, acaba por evitar o seu sobrinho, optando por não comprometer o seu poder ténue junto dos gregos, que o culpam a ele e a sua esposa pela [[Guerra de TróiaTroia]].
 
[[Pílades]], o melhor amigo de Orestes e o seu cúmplice no assassinato de Clitemnestra, chega depois de Menelau ter saido. Ele e Orestes começam a formular um plano, acusando políticos e líderes populares que manipulam as massas para resultados contrários ao melhor interesse do estado. Orestes e Pílades saem depois para que possam apresentar o seu caso perante a assembleia da cidade, num esforço para salvar Orestes e Electra da execução, esforço que resulta infrutífero.
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Como em grande parte da sua obra, [[Eurípides]] usa a mitologia da [[idade do Bronze]] para defender uma ideia sobre a política de Atenas clássica durante a [[guerra do Peloponeso]]. ''Orestes'' foi apresentada pela primeira vez na [[Festas dionisíacas|Grande Dionísia]] nos anos de declínio da guerra, tendo tanto [[Atenas]] como [[Esparta]] como todos os seus aliados sofrido perdas tremendas.
 
Eurípides desafia o papel dos deuses, e talvez mais propriamente a interpretação pelo homem da vontade divina. Orestes e outros notam o papel subordinado do homem face aos deuses, mas a superioridade dos deuses não os torna particularmente justos ou racionais. Até mesmo Apolo, o Deus sinónimo da lei e da ordem, dá em última análise um argumento insatisfatório. Por exemplo, ele cita a razão para a guerra de TróiaTroia como o método que os deuses decidiram para limpar a terra de excesso de população. Isto nos leva a questionar por que razão os deuses (ou os líderes políticos) usariam a guerra como um instrumento para atingir um bem maior e, sendo este o caso, por que razão esses deuses/líderes são dignos da nossa admiração e louvor?
 
William Arrowsmith elogiou a peça enquanto condenação aguda da sociedade de [[Atenas Antiga|Atenas]], afirmando: