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'''Lisboa''' <small>[[Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito|GCTE]]</small> é a [[capital]] de [[Portugal]] e a cidade mais populosa do país. Tem uma população de 506 892 habitantes,<ref>[http://mapas.ine.pt/map.phtml Mapas segundo INE - Censos 2011]. Consultado em 12/06/2016.</ref> dentro dos seus limites administrativos. Na [[Área Metropolitana de Lisboa]], residem 2 821 697 pessoas (2011), sendo por isso a maior e mais populosa área metropolitana do país. Lisboa é o centro político de Portugal, sede do Governo e da residência do [[chefe de Estado]]. É o "farol da [[lusofonia]]" ([[Ronald Daus|Daus]]): a [[Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]] (CPLP) tem a sua sede na cidade. É ainda a capital mais a ocidente do [[Europa continental|continente europeu]] na [[Oceano Atlântico|costa atlântica]].
 
O estatuto administrativo da cidade foi originalmente concedido pelo ditador [[Júlio César]] enquanto [[município romano]]. O [[imperador]] acrescentou orgulhosamente à palavra “Olisipo”, que deu origem ao nome de Lisboa, a designação "[[Olisipo|Felicidade Júlia]]" (''Felicitas Julia''), em sua memória.
 
Lisboa é considerada como [[cidade global]] devido à sua importância em aspectos financeiros, comerciais, mediáticos, artísticos, educacionais e turísticos.<ref name=GAWC>{{Citar web|url=http://www.lboro.ac.uk/gawc/world2010t.html|título=The World According to GaWC 2010 |publicado=Globalization and World Cities Study Group and Network, [[Loughborough University]] |acessodata=3 de março de 2009}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.lboro.ac.uk/gawc/citylist.html |título=Inventory of World Cities |publicado=Globalization and World Cities (GaWC) Study Group and Network |acessodata=27 de outubro de 2013}}</ref> É um dos principais centros económicos do continente europeu, graças a um progresso financeiro crescente favorecido pelo maior porto de [[contentor (transporte)|contentor]]es da costa atlântica da Europa<ref>[http://www.garraioak.ejgv.euskadi.net/r41-430/es/contenidos/informacion/2935/es_4078/adjuntos/7_avanceplan.pdf "Avance del Plan Territorial Sectorial de la Red Intermodal y Logística del Transporte de la Comunidad Autónoma del País Vasco"] – Eusko Jaurlaritza – Gobierno Vasco. Acessado em 27 de outubro de 2013</ref> e mais recentemente pelo [[Aeroporto Humberto Delgado]], que recebe mais de 20 milhões de passageiros anualmente (2015). Lisboa conta com uma [[Plano Rodoviário Nacional|rede de auto-estradas]] e um sistema de [[Comboiotrem de alta velocidade|ferrovias de alta velocidade]] ([[Alfa Pendular (CP)|Alfa Pendular]]), que liga as principais cidades portuguesas à capital.<ref>{{Citar web|url=http://www.rave.pt/tabid/233/Default.aspx |título=Alta Velocidade em Síntese |publicado=Rave.pt |acessodata=27 de outubro de 2013}}</ref> A cidade é a sétima mais visitada do [[Europa meridional|sul da Europa]], depois de [[Istambul]], [[Roma]], [[Barcelona]], [[Madrid]], [[Atenas]] e [[Milão]], com {{formatnum:1740000}} de turistas em 2009, tendo em 2014 ultrapassado a marca dos 3,35 milhões. A nível global, Lisboa foi a 35.ª cidade com maior destino turístico em 2015, cerca de 4 milhões de visitantes.<ref>{{Citar web|título = Lisboa é a 15ª cidade mais visitada da Europa. Londres continua a liderar a lista|url = http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/turismo___lazer/detalhe/lisboa_e_a_15_cidade_mais_visitada_da_europa_londres_mais_uma_vez_lidera_a_lista.html|obra = www.jornaldenegocios.pt|acessadoem = 2016-02-01}}</ref><ref name="Caroline Bremner">{{Citar web|url = http://blog.euromonitor.com/2015/01/top-100-city-destinations-ranking.html|título = Euromonitor International's Top City Destination Ranking|publicado = [[Euromonitor International]]|primeiro = Caroline|último = Bremner|data = 10 de janeiro de 2011|acessodata = 27 de outubro de 2013}}</ref> Em 2015, foi considerada a 11.ª cidade turística mais popular, à frente de [[Madrid]], [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[Berlim]] e [[Barcelona]].<ref>{{Citar web|título = Lisboa é a 11ª cidade turística mais popular do mundo|url = http://economico.sapo.pt/noticias/lisboa-e-a-11-cidade-turistica-mais-popular-do-mundo_229778.html|obra = Económico|acessadoem = 2016-02-01}}</ref>
 
A [[região de Lisboa]] é a mais rica do país, com um [[Produto interno bruto|PIB]] [[Paridade do poder de compra|PPC]] ''[[per capita]]'' de {{formatnum:26100}} [[euroseuro]]s (4,7% maior do que o PIB per capita médio da União Europeia). A sua área metropolitana é a vigésima mais rica do continente, com um PIB-PPC no valor de 58 mil milhões de euros, o que equivale a cerca de 35% do PIB-PPC total do país.<ref name="pricewater">{{Citar web|url=https://www.ukmediacentre.pwc.com/Content/Detail.asp?ReleaseID=3421&NewsAreaID=2|título=Global city GDP rankings 2008–2025|publicado=Pricewaterhouse Coopers|acessodata=27 de outubro de 2013}}</ref> Lisboa ocupa o 122.º lugar entre as cidades com maiores receitas brutas do mundo.<ref>[http://www.citymayors.com/economics/richest_cities.html "Ranking: The richest cities in the world"] – City Mayors.com</ref> A maioria das sedes das [[Empresa transnacional|multinacionais]] instaladas em Portugal encontram-se na região de Lisboa, a nona cidade do mundo com maior número de conferências internacionais.<ref>[http://www.agencialusa.com.br/index.php?iden=7832 "Lisboa é 9ª cidade que mais recebe congressos internacionais"] – Agência LUSA. Acessado em 27 de outubro de 2013.</ref>
 
== Etimologia e gentílico ==
Para Samuel Bochart, um francês do {{séc|XVII}} que se dedicou ao estudo da Bíblia, o nome Olisipo é uma designação pré-romana de "Lisboa" que remontaria aos [[Fenícia#Os_fenícios|Fenícios]].<ref name="Fenícios">{{Citar web|url=http://ciberduvidas.com/pergunta.php?id=19409|título=Qual a origem da palavra '''Lisboa'''?|publicado=Ciberdúvidas da Língua Portuguesa|acessodata=3 de Junho de 2009|último=Rocha|primeiro=Carlos}}</ref> Segundo ele, a palavra “Olisipo” deriva de "Allis Ubbo" ou "Porto Seguro" em fenício, porto esse situado no [[Estuário do Tejo]].<ref>[http://books.google.com/books?id=5XqQvq8b9kEC&source=gbs_navlinks_s Le rivage des mythes: une géocritique méditerranéenne, le lieu et son mythe], Bertrand Westphal, Presses Univ., Limoges, 2001</ref> Não existe nenhum registo que possa comprovar tal teoria. Segundo Francisco Villar,<ref>[https://dialnet.unirioja.es/servlet/libro?codigo=201875 Los indoeuropeos y los orígenes de Europa], [https://dialnet.unirioja.es/ Dial.net], base de dados</ref><ref>[https://es.wikipedia.org/wiki/Francisco_Villar_Li%C3%A9bana Francisco Villar] na Wikipédia espanhola</ref> “Olisipo” seria uma palavra de origem [[tartesso|tartessa]] sendo o sufixo ''ipo'' usado em territórios de influência Turdetano-Tartessica.<ref>[https://books.google.pt/books?id=G7zC8UCvmo0C&dq=tovar+olisipo+ipo&source=gbs_navlinks_s%7Csobrenome%3DVillar&redir_esc=y Indoeuropeos y no indoeuropeos en la Hispania prerromana]</ref> O prefixo "Oli(s)" não seria único visto estar associado a outra cidade lusitana de localização desconhecida, que [[Pompônio Mela|Pomponius Mela]] dizia chamar-se "Olitingi".<ref>[http://books.google.com/books?id=_KsTAAAAYAAJ&pg=PT538&dq=olitingi&hl=en&ei=qY-mTIuyMYPGswa3-by6CA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCUQ6AEwAA#v=onepage&q=olitingi&f=false A classical dictionary: containing a copious account of all the proper names]</ref>
 
Os autores da [[Antiguidade]] conheciam uma [[lenda]] que atribuía a fundação de Olisipo ao [[mitologia grega|herói grego]] [[Odisseu|Ulisses]]<ref>[http://www.thelatinlibrary.com/solinus3a.htmlCAII JULII SOLINI DE MIRABILIBUS MUNDI. CAPITULA XXIII - XXXIV]</ref>, provavelmente baseando-se em [[Estrabão]]<ref>[http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Strabo/3B*.html Geografia de Estrabão, Vol. II, Livro 3, capítulo 2]</ref>: [[Odisseu|Ulisses]] teria fundado em local incerto da Península Ibérica uma cidade chamada Olisipo (''Ibi oppidum Olisipone Ulixi conditum: ibi Tagus flumen'').<ref>[http://www2.dlc.ua.pt/classicos/7.Puga.pdf A odisseia de um mito: diálogos intertextuais em torno da fundação de Lisboa por Ulisses nas literaturas anglófonas] – artigo de Rogério Miguel Puga, CETAPS, FCSH, Universidade Nova de Lisboa</ref><ref>[http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/zips/salves4.rtf O mito de Ulisses ou a queda da História] – artigo de Manuel Alves publicado no volume colectivo Literatura Comparada: Os Novos Paradigmas, Porto, Associação Portuguesa de Literatura Comparada, 1996, pp. 569-574 (download)</ref> Posteriormente, o nome latino teria sido corrompido para "Olissipona". [[Ptolomeu]] deu a Lisboa o nome de "Oliosipon". Os [[Visigodos]] chamaram-na ''Ulishbon''.<ref>Francisco Azevedo, ''Once Upon a Time in Rio: A Novel''; Simon and Schuster, 2014. pp. 299. ISBN 1451695578</ref> e os [[mouros]], que conquistaram Lisboa no ano [[714]], deram-lhe em [[língua árabe|árabe]] este nome {{lang|ar|اليكسبونا}} (''al-Lixbûnâ'') ou ainda {{lang|ar|لشبونة}} (''al-Ushbuna'').
 
Na [[gíria]] popular, os naturais ou habitantes de Lisboa são chamados "alfacinhas". A origem da palavra é desconhecida. Supõe-se que o termo se explica pelo facto de existirem hortas nas colinas da primitiva cidade de Lisboa, onde verdejavam "plantas hortenses utilizadas na culinária, na perfumaria e na medicina", vendidas na cidade. A palavra [[lactuta sativa|alface]] provem do árabe e poderá indicar que o cultivo da planta começou aquando da ocupação da Península Ibérica pelos [[Islão|Muçulmanos]]. Há também quem sustente que, num dos cercos de que a cidade foi alvo, os habitantes da capital portuguesa tinham como alimento quase exclusivo as alfaces das suas hortas. O certo é que a palavra ficou consagrada e que os grandes da literatura portuguesa convencionaram tomar por ''alfacinha'' um lisboeta.<ref>[http://ciberduvidas.com/pergunta.php?id=12601 Alfacinha = lisboeta] in [https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/ Ciberdúvidas da Língua Portuguesa]</ref>
 
== História ==
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=== Neolítico e fundação ===
Em Lisboa encontram-se vestígios do [[Neolítico]], Eneolítico e Neo-neolitico.<ref>[http://revelarlx.cm-lisboa.pt/gca/?id=1466 Neolítico - 5.000 anos A. C.]</ref> Durante o [[Neolítico]], a região de Lisboa foi habitada por povos que também viveram neste período noutros espaços da [[Europa atlântica]]. Estes povos construíram vários [[Monumento megalítico|monumentos megalíticos]]<ref>{{Citar livro|autor=Ana Araújo, Susana Correia, Fernando Lourenço e Maria Teresa Marques |título=Roteiros da Arqueologia Portuguesa|subtítulo=Lisboa e Arredores, francês, inglês|local=Lisboa|editora=I.P.P.C. Depart. Arqueologia|ano=1986|páginas= 64|volume=I}}</ref>. É ainda possível encontrar alguns [[dólmen]]s<ref>{{Citar web|url=http://caldeiraodabruxa.homestead.com/Escola4.html|título=Em Homenagem às Origens da Lusitaneidade|publicado=Escola4|acessodata=4 de Junho de 2009|último=Daehnhardt|primeiro=Rainer}}</ref> e [[menir]]es<ref>{{Citar web|url=http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/73615|título=Conjunto Megalítico de Barreira|publicado=Instituto Português do Património Arquitectónico|acessodata=2009-06-04|último=|primeiro=}}</ref> nos campos em redor da cidade. Situado no [[Estuário do Tejo|estuário do rio Tejo]], o excelente porto de Lisboa tornou-a cidade ideal para abastecer de alimentos os navios que rumavam para as [[Cassitérides|Ilhas do Estanho]] (actuais [[Ilhas Scilly]]) e para a [[Cornualha]]. O [[proto-indoprotoindo-europeus|povo]] [[celtas|celta]] invadiu a Península no {{AC|primeiro milénio|x}}.<ref>{{Citar web|url=http://www.dalmeida.com/ensino/historia.htm| titulo= Evolução histórica da agricultura| autor=Domingos Almeida]}}</ref> Graças a casamentos tribais com os [[povos ibéricos pré-romanos]], aumentou significativamente na região o número de falantes da [[línguas celtas|língua celta]]. O povoado pré-romano de Olisipo, com origem nos séculos {{AC|VIII-VII|nl}}, assentava no morro e na encosta do [[Castelo de LisboaSão Jorge|Castelo]]. A Olisipo pré-romana foi o maior povoado orientalizante de Portugal. Estima-se que a sua população rondasse entre {{fmtn|2500}} e {{fmtn|5000}} pessoas.<ref>{{Citar livro|url=http://books.google.com/books?id=7ev-DW7WEaAC&dq=olisipo&source=gbs_navlinks_s|nome=Carlos Gómez|sobrenome= Bellard|título=Ecohistoria del paisaje agrario|subtítulo=la agricultura fenicio-púnica en el Mediterráneo|idioma=espanhol|edição=1|local=València|editora=Universitat de València|ano=2003|páginas=270|volume=1}}</ref> Olisipo seria um bom fundeadouro para o tráfego marítimo e para o comércio com os fenícios.<ref>[http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/12125.pdf Os Primeiros Momentos da Colonização Fenícia na Península Ibérica: uma visão síntese das realidades socioeconómicas de Gadir em contacto com os indígenas] – texto de João Pedro Oliveira e Silva, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa</ref><ref>[http://www.museudacidade.pt/Esposicoes/Permanente/Paginas/Olisipo%E2%80%93A-Cidade-Romana-sec-II-ac%E2%80%93sec-IV-dc.aspx Olisipo – A Cidade Romana (séc. II a.C. – séc. V d.C.)]</ref>
[[Imagem:Escavações no Claustro da Sé de Lisboa.jpg|thumb|Achados arqueológicos fenícios debaixo dos claustros da [[Sé de Lisboa]].]]
 
Achados [[arqueologia|arqueológicos]] sugerem que já havia trocas comerciais com os [[fenícios]] na região de Lisboa em {{AC|1200}} <ref>[https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/24204/1/O%20povoamento%20pr%C3%A9-romano%20de%20Freiria%20-%20Cascais.pdf O Tejo, palco de interação entre Indígenas e Fenícios] – texto de Guilherme Cardoso e José d’Encarnação em [https://estudogeral.sib.uc.pt/ Estudo Geral nº 2, setembro 2013]</ref>, levando alguns historiadores a admitir que teriam habitado o que é hoje o centro da cidade, na parte sul da colina do [[Castelo de São Jorge|castelo]].<ref>Lisboa, artigo publicado na pág. da [[Universidade Nova de Lisboa]] (lisboafenicia.blogspot.pt)</ref> Na praça de D. Luís, em Lisboa, foram localizados vestígios de um fundeadouro com mais de 2000 anos, remontando ao {{-séc|I}} e ao {{DC|V|x}}, onde os navios ancoravam para fazer descargas e reparações e também para o trânsito de passageiros e carga.<ref>[http://sol.sapo.pt/inicio/Cultura/Interior.aspx?content_id=68811 Fundeador romano encontrado em Lisboa é achado extraordinário]</ref> Além de viajarem daí para o Norte, os fenícios também aproveitaram o facto de estarem na desembocadura do maior rio da [[Península Ibérica]] para fazerem comércio de metais preciosos com as tribos locais.<ref>[http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/12125.pdf Os Primeiros Momentos da Colonização Fenícia na Península Ibérica: uma visão síntese das realidades socioeconómicas de Gadir em contacto com os indígenas] – artigo de João Pedro Oliveira e Silva, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa</ref> Outros importantes produtos aí comercializados eram o [[sal]], o peixe salgado e os [[puro -sangue lusitano|cavalos puros-sangue lusitanos]], bem conhecidos na Antiguidade.<ref>{{Citar web|url=http://www.cavalo-lusitano.com/historial|título=Historial do Cavalo Puro Sangue Lusitano|publicado=Associação Portuguesa do Cavalo Puro Sangue Lusitano|acessodata=4 de Junho de 2009}}</ref>
 
Recentemente (1990/94)<ref>, [http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/?sid=sitios.resultados&subsid=56204 Sé de Lisboa], CNS:3229, [http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/ Portal do Arqueólogo]</ref> vestígios fenícios do {{-séc|VIII}} foram encontrados sob a [[Sé de Lisboa]]. Não obstante, alguns historiadores modernos<ref>[[José Mattoso|Mattoso, José]] (dir.), ''História de Portugal. Primeiro Volume: Antes de Portugal'', Lisboa, Círculo de Leitores, 1992.</ref> consideram que a ideia da fundação fenícia é irreal, convictos que Lisboa era uma antiga civilização autóctone (chamada pelos romanos de [[ópido]]) que se limitava a estabelecer relações comerciais com os fenícios, o que explicaria a presença de cerâmicas e de outros artefactos com tal origem. Uma velha [[lenda]] refere que a cidade de Lisboa foi fundada pelo [[mitologia grega|herói grego]] [[Odisseu]] (Ulisses),{{Carece de fontes|Portugal=sim|data=agosto de 2014}} e que, tal como [[Roma]], o seu povoado original era rodeado por [[Sete Colinas de Lisboa|sete colinas]]. Se todas as viagens de Ulisses através do Atlântico tivessem ocorrido como [[Théophile Cailleux]] as descreveu,<ref>Pays Atlantiques décrits par Homère, Théophile Cailleux, 1879, Paris</ref> isso significaria que Ulisses fundou a cidade vindo do Norte, antes de dar a volta ao Cabo Malea, (que Cailleux diz ser o [[Cabo de São Vicente]]), na sua viagem para Sudeste, rumo a [[Ítaca]]. No entanto, a presença dos fenícios, mesmo ocasional, é anterior à presença [[Grécia Antiga#Cultura da Grécia Antiga|helénica]] neste território. Posteriormente, o nome grego da cidade teria sido corrompido em [[latim]] para Olissipona. Outros [[MitologiaLista Lusitanade entidades da mitologia lusitana|deuses pré-romanos]] da [[Lusitânia]] <ref>[http://historia-portugal.blogspot.pt/2008/02/provincia-da-lusitania-45ac-411dc.html A Província da Lusitânia – 45aC-411dC]</ref> são ''Aracus'', ''[[Carióceco|Cariocecus]]'', ''[[Bandua]]'' e ''[[Trebaruna]]''.<ref>{{Citar web|url=http://morganalefay.br.tripod.com/morganalefay/id11.html|título=Deuses da Lusitânia|publicado=Morgana LeFay|acessodata=3 de Junho de 2009}}</ref>
 
=== Período romano ===
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[[Ficheiro:Cerca Velha - Portas do Sol.JPG|thumb|esquerda|Parte das antigas muralhas romanas.]]
 
Presume-se que os [[Grécia antigaAntiga|gregos antigos]] tiveram na foz do [[rio Tejo]] um posto de comércio durante algum tempo,{{Carece de fontes|Portugal=sim|data=setembro de 2010}} mas os conflitos que grassavam por todo o Mediterrâneo levaram sem dúvida ao seu abandono, devido sobretudo ao poderio de [[Cartago]] nessa época. Parece certo no entanto que
o território de Lisboa é primordialmente ocupado por populações [[Mar Mediterrâneo|mediterrânicas]] organizadas em torno de uma [[família nuclear]]. As influências civilizacionais desta região [[saloio|saloia]] da [[Estremadura]] é [[fenícia]], [[Civilização cartaginesa|púnica]] e, sobretudo, em termos estruturais, [[berberes|berbere]]-[[mouros|moura]] e latino-romana.<ref>[https://documentariofundeadouroromano.files.wordpress.com/2015/02/vista_olisipo6.jpg Lisboa romana] – ilustração: O porto de Olisipo. Reconstituição virtual 3D por César Figueiredo</ref> Esta última, exógena, mais requintada, dominará enquanto cultura de poder, nas estruturas administrativas e do ensino, quando os legados do [[Império Romano]] são apropriados pela [[Igreja Católica]].<ref>[http://www.museudodinheiro.pt/uploads/2015/12/a-muralha-de-d-dinis-e-a-cidade-de-lisboa.pdf A Muralha de D. Dinis e a Cidade de Lisboa - Fragmentos arqueológicos e evolução histórica] – texto de Artur Rocha em [http://www.museudodinheiro.pt/ Museu do Dinheiro]</ref><ref>[http://www.patrimoniocultural.pt/media/uploads/revistaportuguesadearqueologia/8_2/5/12.p.313-334.pdf Novos dados sobre a ocupação pré-romana da cidade de Lisboa: as ânforas da sondagem n.º 2 da Rua de São João da Praça] – artigo em [http://www.patrimoniocultural.pt/ Património Cultural]</ref>
 
Após a conquista de [[Cartago]], os [[Roma Antiga|romanos]] iniciam as [[InvasãoConquista romana da Península Ibérica|guerras de pacificação do ocidente]]. Cerca de {{AC|139/138|nl}}, conquistaram Olisipo, durante a campanha de [[Décimo Júnio Bruto Galaico]], que reforçou as muralhas da cidade para se defender das tribos hostis. A Lisboa de então foi depois anexada ao [[Império Romano|império]] e recompensada com a atribuição de ''[[cidadania romana]]'', privilégio então raríssimo para povos não romanos.{{Carece de fontes|Portugal=sim|data=junho de 2010}} ''[[Felicitas Julia]]'' beneficia assim do estatuto de [[município romano|município]], juntamente com os territórios em seu redor, num raio de 50&nbsp;[[Quilômetro|km]], não pagando impostos a [[Roma]], ao contrário do que se passava com quase todos os outros [[castro]]s e povoados [[indígenas|autóctones]] conquistados. A cidade foi por fim integrada, com larga autonomia, na [[província romana|província]] da [[Lusitânia]], cuja capital era [[Emerita Augusta|Emeritas Augusta]], a actual [[Mérida (Espanha)|Mérida]], situada na [[Estremadura (Espanha)|Estremadura espanhola]]. A Olisipo romana dispunha-se em anfiteatro desde a colina do [[Castelo de São Jorge]] até ao Terreiro do Trigo, o Campo das Cebolas, a antiga Ribeira Velha e a [[Rua Augusta (Lisboa)|Rua Augusta]].<ref>{{Citar livro|url= http://books.google.com/books?id=RT9K8cek_HwC&dq=olisipo&source=gbs_navlinks_s|nome= |sobrenome= |título=IV Reunió D'Arqueología Cristiana Hispànica|subtítulo= Lisboa, 28-30 de Setembre/1-2 D'octubre de 1992 = Lisboa, 28-30 Setembro/1-2 Outubro 1992 |idioma=catalão |edição= 4|local=Barcelona |editora=Institut d'Estudis Catalans |ano= 1995|páginas=546 |volume=1}}</ref> Um dos mais antigos e importantes vestígios da presença romana em Lisboa são as [[ruínas do teatro romano de Lisboa|ruínas de um magnífico teatro]] ({{séc|I}}) então construído no local que hoje corresponde ao nº 3A da Rua de São Mamede, em [[Alfama]], muito frequentado pelas elites da época.<ref>[http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/teatro-romano-reabre-para-nos-dar-mais-um-pouco-da-historia-de-lisboa-1709657 Teatro Romano reabre para nos dar mais um pouco da história de Lisboa], artigo de Cláudia Carvalho no jornal Público de 30 de setembro 2015</ref><ref>[http://www.dn.pt/artes/interior/museu-do-teatro-romano-conta-23-seculos-da-vida-de-lisboa--4806080.html Museu do Teatro Romano conta 23 séculos da vida de Lisboa], artigo de Filipe Amorim no Diário de Notícias, 30 de setembro 2015</ref><ref>[http://www.agendalx.pt/local/museu-de-lisboa-teatro-romano Museu de Lisboa – teatro romano] em [http://www.agendalx.pt/ Agenda Cultural de Lisboa]</ref><ref>[http://www.rtp.pt/play/p2002/e216675/visita-guiada Visita Guiada (V), RTP2] – programa de [[Gabriela Canavilhas]] em 5 de março 2016</ref>
 
No tempo dos romanos, a cidade era famosa pelo fabrico de [[garum]], alimento de luxo feito de pasta de peixe, conservado em [[ânfora]]s e exportado para Roma e todo o império. Outros produtos comercializados eram o [[vinho]] e o [[sal]]. [[Ptolemeu|Ptolomeu]] designava essa primordial Lisboa como sendo a cidade de [[Odisseu|Ulisses]]. No seu tempo, para além exploração das minas de ouro e prata, a maior receita provinha de tributos, impostos, resgates e saques, que incluíam [[ouro]] e [[prata]] dos tesouros públicos dos povos da Lusitânia e de outras [[feitoria]]s peninsulares.<ref>{{Citar web|url= http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/09253885489847339647857/014845.pdf |título=Fuentes literarias griegas y romanas referentes a las explotaciones mineras de la Hispania romana |autor=José María Blázquez Martínez|obra=Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref><ref>{{Citar web|url= http://descargas.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/12604174228150424198846/020226.pdf?incr=1 |título=Roma y la explotación económica de la Península Ibérica |autor=José María Blázquez Martínez|obra=Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref><ref>{{Citar web|url= http://descargas.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/13559953901917940700080/025178.pdf?incr=1 |título=Mineros antiguos españoles |autor= Antonio Blanco Freijeiro e José M. Luzón Nogué|obra=Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref><ref>{{Citar web|url= http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/8325/2/2022.pdf |título=A Actividade Mineira em Portugal durante a Idade Média |autor= Luís Miguel Duarte|obra=Faculdade de Letras do Porto |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref> No finais do império romano, Olisipo seria um dos primeiros agregados que espontaneamente acolheram o [[cristianismo]]. O primeiro [[Patriarcado de Lisboa|bispo da cidade]] foi [[São Gens de Lisboa|São Gens]]. Em consequência da queda do império, Lisboa foi vítima de [[Migrações dos povos bárbaros|invasões bárbaras]], dos [[Alanos]], dos [[Vândalos]] e dos [[Reino Suevo|suevos]], tendo sido parte do seu reino. Foi tomada pelos [[visigodos]] de [[Reino de ToledoVisigótico|Toledo]], que lhe chamavam “Ulishbona”.<ref name="História">{{citar web|url=http://www.cm-lisboa.pt/?idc=4 |titulo=Pequeno Resumo Histórico de Lisboa|publicado=Câmara Municipal de Lisboa|acessodata=2 de janeiro de 2009}}</ref>
 
=== Presença muçulmana ===
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Na versão da conquista, ano de 714, Lisboa é tomada por [[mouros]] do [[norte de África]], chamados Aluxbuna (''al-Lixbûnâ'') em [[língua árabe|árabe]], cujo antigo nome teria sido Cudia (Kudia ou ainda Kudiya).<ref>{{Citar livro|url= http://books.google.com/books?id=Rvo38d3SGvUC&dq=Textos+medievales&source=gbs_navlinks_s|autores= Company, Concepción; González, Aurelio e Moheno, Lillian von der Walde |título=Textos medievales|subtítulo= recursos, pensamiento e influencia : trabajos de las IX Jornadas Medievales |idioma= espanhol|local= México|editora= Universidade Nacional Autónoma do México|ano= 2005|páginas= 421 |volume=10}}</ref> Construiu-se neste período a cerca moura.
 
Lisboa pertenceu à primeira [[Reino de Badajoz|taifaTaifa de Badajoz]] no ano de [[1013]], criada pelo [[eslavos|eslavo]] liberto Sabur Al-Amiri (1013-1022), um [[saqaliba]], antigo súbdito de [[Aláqueme II]].<ref>{{Citar web|url= http://michalw.narod.ru/SlavicSpain.html |título=Slavs of Muslim Spain|autor=Michal Warczakowski |obra=Site de Michal Warczakowski |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref><ref>{{Citar livro|url=http://books.google.com/books?id=s-YxL2tIbEgC&dq=taifas+eslavas&as_brr=3&source=gbs_navlinks_s |nome=Vicente Salas |sobrenome=Merino |título=La Genealogía de Los Reyes de España |idioma= espanhol|edição= 4|local= Madrid|editora= Editorial Visión Libros|páginas=340 |volume= 1}}</ref>
 
Enquanto se fragmentavam as [[Taifas]] islâmicas do Sul, no Norte o [[Condado Portucalense]] separava-se do [[Reino de Leão]], já em plena [[Reconquista]] da [[Península Ibérica]]. Apesar de estabelecida em [[Guimarães]], a força económica e a autonomia do Condado Portucalense residia no [[Porto]], i.e. em [[Portucale]], no porto da cidade de Cale, em [[Vila Nova de Gaia|Gaia]]. Bem podemos imaginar como seria o novo reino, movido pelo dinamismo comercial da jovem cidade de mercadores que, na foz do segundo maior rio da Península Ibérica, o [[rio Douro]], usufruía então de importância semelhante à de Lisboa no [[rio Tejo]], e que acabaria também por ser conquistada.
 
Diz o geógrafo árabe [[Muhammad Al-IdrisiDreses|Edrisi]] que em Lisboa
:: "o mar lança palhetas de ouro pela praia fora". No Inverno " os habitantes da cidade vão até ao rio em busca desse metal e a isso se dedicam enquanto o frio dura".
 
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[[Imagem:Peste obrigando os Castelhanos a levantar o Cerco a Lisboa (1901) - Constantino Fernandes.png|thumb|esquerda|''A Peste obrigando os Castelhanos a levantar o Cerco a Lisboa'' (1901), por Constantino Fernandes. Quadro alusivo a um dos episódios ocorridos durante a [[Crise de 1383-1385]].]]
 
Diz-nos a historiografia tradicional portuguesa que al-Ushbuna foi conquistada aos mouros por [[Afonso I de Portugal|Afonso Henriques]]. Sabe-se hoje que foram as classes senhoriais [[marrano|marranas]] do [[Entre- Douro- e- Minho]], cujo patrono era [[Santiago Maior|São Tiago]], os obreiros da conquista e que Afonso Henriques pertence ao grupo desses noroestinos cristãos de língua portuguesa que dominarão o Centro e o Sul [[pagão]] de Portugal e se perpetuarão deixando descendência.<ref>[http://www.academia.edu/9956834/Novas_ideias_sobre_a_Batalha_de_Campo_de_Ourique Novas ideias sobre a Batalha de Campo de Ourique] – artigo de [https://plus.google.com/111771783381888269675/posts Fernando Almeida] em [http://www.academia.edu Academia.edu]</ref>
 
A primeira tentativa de reconquista de Lisboa ocorre em [[1137]]. Fracassa frente às [[Castelo de São Jorge|muralhas da cidade]]. Em 1140, acorrem aos sediantes [[segunda Cruzada|cruzados]] em trânsito por [[Portugal]]. Juntos, empreendem novo ataque, que também falha. Só sete anos depois, os cristãos [[Cerco de Lisboa (1147)|reconquistariam]] a povoação dando graças ao primeiro [[Lista de reismonarcas de Portugal|rei de Portugal]], [[Afonso I de Portugal|Dom Afonso Henriques]]. O rei concede-lhe [[foral]] em [[1179]]. Em [[1255]], graças à sua localização estratégica, Lisboa torna-se a capital do reino. Terminada a [[reconquista]], consolidada a religião [[cristão|cristã]] e instituída a [[língua portuguesa]], é criada a [[Patriarcado de Lisboa|diocese de Lisboa]] que, no {{séc|XIV}}, será elevada a [[metrópole]] ([[arquidiocese]]).
 
Nos últimos séculos da [[Idade Média]] a cidade expandiu-se e tornou-se um importante [[porto (transporte)|porto]], com comércio estabelecido com o norte da Europa e com as cidades costeiras do [[Mar Mediterrâneo]]. Em [[1290]] o rei [[Dinis I de Portugal|Dom Dinis]] criou a primeira [[universidade]] portuguesa em Lisboa que, por causa de um incêndio, foi transferida para [[Coimbra]] em (1308), quando a cidade já dispunha de grandes edifícios religiosos e conventuais.
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[[Fernando I de Portugal|Dom Fernando I]], ''o Formoso'', construiu a famosa Muralha Fernandina<ref>[http://geo.cm-lisboa.pt/fileadmin/GEO/Imagens/GEO/Livro_do_mes/Vieira_da_Silva/Cerca_Fernandina/AU31_P2_51-84.pdf Descrição] em [http://geo.cm-lisboa.pt/ Gabinete de Estudos Olissiponenses] (CML)</ref>, já que a cidade crescia rapidamente para fora do perímetro inicial. Começando pelo lado dos bairros mais pobres e acabando nos bairros da [[burguesia]], a maior parte do [[dinheiro]] utilizado na execução do projeto veio desta última. Esta estratégia mostrou-se conveniente, já que de outra forma a burguesia deixaria de financiar a obra.
 
O novo capítulo da história de Lisboa é iniciado com a revolução motivada pela [[Crise de 1383–1385 em Portugal|Crise de 1383-85]]. Após a morte de Fernando de Portugal, o Reino deveria passar a ter como soberano nominal o [[Lista de reismonarcas de Castela|Rei de Castela]], [[João I de Castela]], e ser regido por [[Leonor Teles|Leonor Teles de Menezes]]. Porém o rei castelhano quis ser soberano efectivo ou, como se costuma dizer, "rei e senhor", persuadindo a sogra e rainha regente a renunciar ao governo e a ceder-lho. Isto, sem o consentimento das Cortes, constituía uma usurpação de poder, o que deu guerra. Depois de cerca de ano e meio de luta, a [[burguesia]] da cidade, com as suas ligações inglesas e capitais avultados, seria um dos vencedores: o [[João I de Portugal|Mestre de Avis]] é aclamado [[João I de Portugal]], depois de levar a bom termo o [[Cerco de Lisboa (1384)|cerco de Lisboa de 1384]] e antes de ganhar, em 1385, a [[Batalha de Aljubarrota]], sob a liderança de [[Nuno Álvares Pereira|Nun'Álvares Pereira]], contra as forças castelhanas reforçadas com miltares franceses e apoiadas pelos [[fidalgo]]s portugueses que prestavam vassalagem ao rei de [[região histórica de Castela|Castela]].
 
Em [[1385]] Lisboa substitui Coimbra como capital do reino.<ref>[http://books.google.com/books?id=9cy_MXlxqFYC&printsec=frontcover&dq=Camillo+Castello+Branco++By+Anonymous&hl=en&ei=je4XTc6qFcma8QPBqfz9Bg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCcQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false Camillo Castello Branco pg54]</ref>
 
=== Era das Navegações ===
{{Artigo principal|Era dasdos Navegaçõesdescobrimentos|Descobrimentos portugueses}}
[[Imagem:Lisboa 1500-1510.jpg|thumb|A mais antiga representação de Lisboa (1500–1510) da ''Crónica de Dom Afonso Henriques'', por [[Duarte Galvão]]]]
[[Imagem:City of Lisbon, 1572.jpg|thumb|Lisboa em 1572.]]
[[Imagem:Joyeuse Entrée (Entrada de D. Filipe II em Lisboa).jpg|thumb|Entrada de [[D. Filipe II]] em Lisboa em 1613.]]
 
Os [[descobrimentos portugueses|descobrimentos marítimos portugueses]] eram, nos finais do {{séc|XV}}, uma das prioridades estratégicas de [[João II de Portugal|D.João II]], que ascendeu ao trono em [[1481]] e que mudou a sua residência do Castelo de São Jorge para o Terreiro do Paço ([[Paço da Ribeira]]) que, por esse motivo, assim ficou conhecido : o grande “terreiro” onde e em redor do qual se concentravam os grandes estaleiros de construção naval de Lisboa e onde ficou instalado o [[Palácio|paço]] real, no lado ocidental da “praça do comércio”.<ref>[http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2014/10/arsenal-da-marinha.html Ribeira das Naus] – Arsenal da Marinha, Restos de Colecção, 6 de outubro 2014 (restosdecoleccao.blogspot.pt/2014/10/arsenal-da-marinha.html)</ref> Seria esse o melhor local para o jovem soberano vigiar o Tejo, lá do alto de uma fina torre, ali mesmo a dois passos das ruelas de fama duvidosa por ele preferidas em escapadelas nocturnas.
 
Portugal fica na vanguarda dos países seus contemporâneos ao ser o primeiro a transformar a pesquisa tecnológica e científica em política de Estado e ao abrir as portas a especialistas aragoneses, catalães, italianos e alemães com o objectivo de aumentar e enriquecer os conhecimentos náuticos de oficiais e simples marinheiros. Esta política seria incrementada com o saber de pilotos orientais.<ref>{{Citar web|url= http://veja.abril.com.br/historia/descobrimento/naus-caravelas-portuguesas.shtml |título= Descobrimento: As naus e caravelas portuguesas |obra=Revista Veja |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref><ref>{{Citar web|url= http://www.museudaciencia.pt/gfx//bd/100323152805_leitao_barata2.pdf |autor=José Alberto Leitão Barata |título= Navegando as Margens: Os Limites da Expansão Oriental Portuguesa |obra=Museu da Ciência da Universidade de Coimbra |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref><ref>{{Citar web|url= http://www.arscives.com/bladesign/history.htm |título=Untold History of Portuguese: Men, Weapons and Balls|autor=António Conceição Júnior |obra=arscives.com |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref><ref>{{Citar livro|url= http://books.google.com/books?id=Klp8i0nSoH4C&dq=genoveses+portugueses+mediterraneo&as_brr=3&source=gbs_navlinks_s |título=El món urbà a la Corona d'Aragó de 1137 als decrets de nova planta |subtítulo= XVII Congrés d'Història de la Corona d'Aragó |idioma= espanhol|edição= 1|local= Barcelona|editora= Edicions Universitat Barcelona|ano= 2003|volume= 1}}</ref>
 
Várias expedições se fazem com tripulações portuguesas integrando expatriados de outros reinos que levarão à descoberta dos arquipélagos dos [[Açores]], [[Arquipélago da Madeira|Madeira]] e [[Canárias]]. Com sérios argumentos, afirmam alguns historiadores que [[caravela]]s portuguesas terão entretanto alcançado o [[Brasil]]. Relacionam-se tais argumentos com projectos secretos de João II que, antes do [[Tratado de Tordesilhas]] contratou navegantes e [[cartografia|cartógrafo]]s. Um destes, alemão, chamava-se [[Martin Behaim]]. Num dos seus mapas, desenhado pouco antes da descoberta "oficial" da [[América]], destaca-se a sul um vasto território no prolongamento da Ásia. Seria intenção do rei ocultar a sua existência com vista a garantir, perante as ambições de [[Castela]], o predomínio de uma área colonial de vital importância para Portugal.<ref>[http://ecotretas.blogspot.pt/2012/01/cartografia-antes-de-melgueiro.html Mapa] de [[Martin Behaim]]</ref>
 
Permite o povoamento das ilhas atlânticas a oeste e sudoeste de Portugal fundar cidades-portos necessários para a exploração de novos mercados. De Lisboa partem inúmeras expedições nessa época dos [[Descobrimentos portugueses|descobrimentos]] (séculos XV a XVII), como a de [[Vasco da Gama]], em 1497-1498, fazendo melhorar o porto de Lisboa, centro mercantil da [[Europa]], ávida por ouro e especiarias.<ref>{{Citar livro|url= http://books.google.com/books?id=w41UcD6ImZYC&dq=portugueses+descobertas+ouro+africa+asia+-brasil&as_brr=3&source=gbs_navlinks_s|autores= Rodrigues, Jorge Nascimento e Devezas, Tessaleno |título=Portugal:o pioneiro da globalização|subtítulo=a Herança das descobertas |edição= 1|local= Vila Nova de Famalicão|editora= Centro Atlântico|ano= 2009|páginas= 606|volume= 1}}</ref>
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[[Imagem:A View of the City of Lisbon the Capital of the Kingdom of Portugal (séc. XVIII).png|thumb|esquerda|Representação da cidade no [[século XVIII]].]]
 
Os problemas do comércio aumentam quando, em 1636, os [[Catalunha|Catalães]] se revoltam, povo mercador como o de Lisboa também oprimido pelas taxas castelhanas. É a Portugal que Madrid vem reclamar homens e fundos para submeter a Catalunha. É então que os mercadores da cidade se aliam à pequena e média nobreza. Tentam convencer o [[Duque de Bragança]], Dom João, a aceitar o trono, mas este, como o resto alta nobreza, é favorecido por Madrid e só a intenção de o tornar rei o convence. Os conspiradores assaltam o Palácio do Governador e aclamam o novo rei ([[João IV de Portugal|D. João IV]]), primeiramente com o apoio do Cardeal [[Cardeal de Richelieu|Richelieu]], francês, e depois recorrendo à [[aliançaAliança lusoLuso-britânicaBritânica|velha aliança]] com a [[Inglaterra]], processo este designado como [[Restauração da Independência]] (1640).
 
A Lisboa da pós-Restauração será uma cidade cada vez mais dominada pelas [[ordem religiosa|ordens religiosas]] [[Igreja Católica|católicas]]. Mais de quarenta conventos são fundados na cidade, para além dos trinta já existentes. Religiosos ociosos, cujo sustento é assegurado por esmolas e expropriações, contam-se aos milhares, somando mais de 5% da população da cidade. O clima político torna-se cada vez mais conservador, mais autoritário. Reprimindo a classe mercadora, concentra-se a [[Inquisição]] no controlo das mentalidades, vigiando ideias e a criatividade, que suprime em nome da “pureza” da fé. Filhos indignos da herança paterna, que antes se dedicavam ao comércio e às empresas de além-mar, refugiam-se nas ordens religiosas e passam a viver à conta de outrem, na maioria dos casos sem convicção religiosa.
 
Lisboa seria então o grande palco de [[auto- de- fé|autos-de-fé]] movidos pela [[Igreja católicaCatólica|Igreja]] contra [[apostasia|apóstata]]s, [[heresia|herético]]s, [[cristão-novo|cristãos-novos]], [[judeujudeus]]s em particular, acusados de desvios do [[cristianismo]].<ref>[http://lisboa.do.sapo.pt/PortJudeusHist.html Judaísmo em Portugal] – artigo de [http://www.filorbis.pt/ Carlos Fontes] sobre a Inquisição]</ref> Além destes, qualquer cidadão podia ser sacrificado por “pecados” irrisórios denunciados por vinganças mesquinhas. A [[denúncia|delação]] era elevada a virtude. Na maior parte dos casos por falsas razões ou por motivos fúteis, as vítimas eram queimadas vivas em aparatosas fogueiras acendidas em locais como o Rossio e a Praça do Comércio, perante multidões excitadas que à vezes apaziguavam a vergonha com churrascadas e vinho.<ref>[http://www.diario-universal.com/2009/08/aconteceu/o-ultimo-auto-de-fe/ O Último Auto-de-Fé] em [http://www.diario-universal.com/ Diário Universal]</ref><ref>[https://www.yumpu.com/pt/document/view/12995520/episodios-dramaticos-da-inquisicao-portuguesa/19 Episódios dramáticos da Inquisição portuguesa] – livro de [[António Baião]]</ref> Tais espectáculos, animados por hábeis [[carrasco]]s da Coroa, em que participavam representantes das autoridades eclesiástica e [[Secularismo|secular]], duraram até 1821. Eram regularmente honrados com a presença do rei [[João V de Portugal|D. João V]], que se empenhava em não ficar aquém da vizinha Espanha e de outros países europeus em obras grandiosas, notáveis feitos e grandes medidas como as do [[Congregação para a Doutrina da Fé|Santo Ofício]]. Tais práticas repressivas, cultivando o medo, suscitando um [[estigma social|estigma]] na alma de um povo, serviriam de modelo a governantes vindouros, que delas souberam tirar bom partido.<ref>[http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/7084.pdf A Inquisição como saber] – artigo de Sónia Siqueira em [http://ler.letras.up.pt/ Biblioteca digital], [[Faculdade de Letras da Universidade do Porto]]</ref><ref>[https://www.publico.pt/temas/jornal/quem-tem-medo-da-inquisicao-portuguesa-26331005 Quem tem medo da Inquisição portuguesa?] – artigo de Isabel Salema, jornal Público, 12 abril 2013</ref> Foi ele quem ordenou em 1731 a construção do [[Aqueduto das Águas Livres]].
 
=== Terramoto de 1755 e a Lisboa Pombalina ===
[[Imagem:Lissabon-3.jpg|thumb|Representação do [[Terramoto de Lisboa]], um dos mais fortes [[sismo]]s da história.]]
[[Imagem:Gaiola pombalina.jpg|thumb|Maquete de uma [[gaiola pombalina]].]]
{{Artigo principal|Sismo de Lisboa de 1755|Terramoto de Lisboa}}
 
Lisboa foi quase na totalidade destruída a 1 de Novembro de 1755 por um [[TerramotoSismo de Lisboa de 1755|terrível terramoto]]. Foi reconstruída segundo os planos traçados pelo [[Sebastião José de Carvalho e Melo|Marquês de Pombal]] (Sebastião José de Carvalho e Melo), [[Ministério da Guerra (Portugal)|Ministro da Guerra]] e [[MinistroMinistério dos Negócios Estrangeiros (Portugal)|Negócios Estrangeiros]]. Oriundo da baixa [[Nobreza]], depressa reagiu perante as ruínas do [[Terramoto de 1755|terramoto]] logo depois de ter dito ser necessário ''enterrar os mortos, cuidar dos vivos e reconstruir a cidade''. A parte central reconstruida terá o nome de [[Baixa de Lisboa|Baixa Pombalina]]. A quadrícula adoptada nos planos de reconstrução permitiria desenhar as praças do [[Praça de D. Pedro IV|Rossio]] e [[Praça do Comércio|Terreiro do Paço]], esta com uma belíssima [[arcada]] aberta em frente do [[rio Tejo]].<ref name="Terramoto">{{citar web |url=https://www.britannica.com/event/Lisbon-earthquake-of-1755 |titulo=Lisbon earthquake of 1755 |editor=[[Enciclopédia Britânica]] |acessodata=27 de agosto de 2018}}</ref>
 
Ainda no {{séc|XVIII}} e a instâncias de [[João V de Portugal|D. João V]], o Papa concederá ao arcebispo da cidade o título honorífico de Patriarca e a nomeação automática como Cardeal (daí o título de "Cardeal Patriarca de Lisboa"). Nos primeiros anos do {{séc|XIX}} Portugal foi [[Guerra Peninsular|invadido]] pelas tropas de [[Napoleão Bonaparte]], obrigando o rei [[João VI de Portugal|Dom João VI]] a deslocar-se temporariamente para o [[Brasil]]. Lisboa ressentiu-se. Muitos bens foram saqueados pelos invasores.<ref name="Terramoto"/>
 
A cidade viveu intensamente as [[Guerras LiberaisCivil Portuguesa|lutas liberais]]. Teve início uma época de florescimento dos [[Cafeeiro|cafés]] e [[teatro]]s. Mais tarde, em 1879, foi aberta a [[Avenida da Liberdade (Lisboa)|Avenida da Liberdade]] que iniciou a expansão citadina para além da [[Baixa de Lisboa|Baixa]].<ref name="Terramoto"/>
 
O centro cultural e comercial da cidade passou para o [[Chiado]] durante o {{séc|XIX}} (cerca de 1880). Com as velhas ruas da Baixa já ocupadas, os donos de novas lojas e clubes estabeleceram-se na colina anexa, que rapidamente se transformou. Aqui são fundados clubes célebres, como o [[Grémio Literário de Lisboa|Grémio Literário]], afamado pelas histórias de [[Eça de QueirósQueiróz]], frequentado por [[Almeida Garrett]], [[Ramalho Ortigão]], [[Guerra Junqueiro]], [[Joaquim Pedro de Oliveira Martins|Oliveira Martins]] e [[Alexandre Herculano]]. Surgiram no Chiado lojas de roupas da moda, em particular de Paris, e outros produtos de [[Luxúria (pecado)|luxo]], grandes armazéns no estilo do [[Harrods]] de [[Londres]] ou das Galerias Lafayette de [[Paris]], novos cafés de luso-Italianos, como ''O Tavares'' e o ''Café do Chiado''.<ref name="Terramoto"/>
 
=== Século XX ===
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Espectáculo típico de tavernas e pequenos recintos dos bairros populares de Lisboa, o [[fado]] <ref name="Etnográfica">[http://ceas.iscte.pt/etnografica/docs/vol_03/N1/Vol_iii_N1_5-20.pdf O fado é o coração: o corpo, as emoções e a performance no fado] – [http://ceas.iscte.pt/etnografica/ Etnográfica]</ref><ref name="encontro2014.rj.anpuh.org">[http://www.encontro2014.rj.anpuh.org/resources/anais/28/1400527819_ARQUIVO_GASPAROTTO_Lucas_Andre_final.pdf Eu sou em quase tudo um francês: o rechaço de Eça de Queiroz ao Fado português na formulação de um projeto político para a nação]</ref>, a partir do início do século, «… conhece uma gradual divulgação e consagração popular, através da publicação de periódicos que se consagram ao tema e da consolidação de novos espaços performativos numa vasta rede de recintos …».<ref>[http://www.museudofado.pt/gca/?id=17 História do Fado] ([[Museu do Fado]])</ref>
 
Ao mesmo tempo, em espaços amplos como a [[Praça de Touros do Campo Pequeno]], a [[tauromaquia|tourada]] torna-se um dos divertimentos populares preferidos. O teatro popular ou [[teatro de revista]], pegando em temas de velhas comédias e dramas eruditos, ocupa novas salas da capital. Outro passatempo, tipicamente português, é a [[Oratória]], praticada por actores que, comentando temas em moda, imitam o [[António Vieira|Padre António Vieira]] com uma retórica cheia de floreados, com argumentos superficiais, por vezes cantando, em espetáculos onde se disputa prémios. Matam ainda os alfacinhas os seus ócios em grandes jardins públicos que surgem em Lisboa imitando o [[Hyde Park]] de Londres e jardins das cidades alemãs. O primeiro é o [[Jardim da Estrela]].
[[Imagem:Murder of Sidonio Pais at Lisboa-Rossio Railway Station.jpg|thumb|upright|Assassinato de [[Sidónio Pais]] na [[Estação do Rossio]]]]
 
É então, em 1907, que, alarmadas, as elites impõem a ditadura com [[João Franco]], mas é tarde de mais. Em 1908 a [[Casa de Bragança|família real]] sofre um [[Regicídio de 1908|atentado]] (no [[Terreiro do Paço]]) em que morrem [[ReiLista de monarcas de Portugal|El-Rei]] Dom [[Carlos I de Portugal|Carlos de Portugal]] e o herdeiro do trono, o [[Príncipe Real de Portugal|Príncipe Real]] Dom [[Luís Filipe, DuquePríncipe Real de BragançaPortugal|Luís Filipe de Bragança]], numa acção provavelmente executada pelos [[anarquistaanarquismo|anarquistas]]s (que neste período atacam figuras públicas em toda a Europa). Em 1909, os operários de Lisboa organizam [[greve]]s frequentes. Em 1910, em Lisboa, dá-se a [[ProclamaçãoImplantação da República Portuguesa|revolta que implantaria a república em Portugal]]. Uma grande quantidade de habitantes da cidade, incitados pelo [[Partido Republicano Português]], formam barricadas nas ruas e são distribuídas armas. Os exércitos ordenados a reprimir a revolução são desmembrados pelas deserções. O resto do país é obrigado a seguir a capital, apesar de continuar profundamente rural, católico e conservador. É proclamada a [[Primeira República Portuguesa|Primeira República]]. Em 1912 os monárquicos do norte aproveitam o descontentamento com as leis liberais dos republicanos e tentam um [[Golpe de Estado|golpe de estado]], que falha.
 
Em 1916 Portugal entra, por via da [[Aliados (da Primeira Guerra Mundial)|Aliança]], na [[Primeira Guerra Mundial]]. Em plena crise nacional, mobiliza homens e recursos consideráveis. São muitas as baixas. Perante o desastre do [[Corpo Expedicionário Português]], Sidónio Pais é um dos que se opõem ao Governo do [[Partido Democrático (Portugal)|Partido Democrático]] acabando por liderar novo golpe em dezembro de 1917, protagonizado pela Junta Militar Revolucionária, de que era Presidente. No dia oito é demitido o Governo da [[13.º governo republicano (Portugal)|União Sagrada]] chefiado por [[Afonso Costa]] e o poder transferido para a Junta. Destituído [[Bernardino Machado]], Afonso Costa assume provisoriamente o cargo de Presidente da República. Emite uma série de decretos ditatoriais que mudam a Constituição e lhe dão poderes acumulados de Presidente e chefe do Governo, fundando uma [[Sidonismo|República Nova]] que antecipará o [[Estado Novo (Portugal)|Estado Novo]]. A política torna-se mais tensa. Há fome no país.{{carece de fontes|data=abril de 2017}}
[[Imagem:Vue de Lisbonne (1454114200).jpg|thumb|esquerda|Vista da [[Torre Vasco da Gama]] no [[Parque das Nações]], local onde foi realizada a [[Exposição Mundial de 1998]]]]
[[Imagem:Vista de Lisboa.jpg|thumb|esquerda|Lisboa a partir do [[Castelo de São Jorge]], com a [[Ponte sobre o Tejo]] ao fundo]]
 
Sidónio será morto a tiro em dezembro de 1918. O fim da Primeira República tem lugar em 1926, quando a direita conservadora antidemocrática (largamente liderada pelos descendentes da antiga Nobreza do norte do país e pela [[Igreja Católica]]) toma por fim o poder, após duas outras tentativas em 1925. Alega pretender acabar com a anarquia, que ela própria tinha criado. Liderado pelo General [[Manuel Gomes da Costa|Gomes da Costa]], o novo governo adota uma ideologia [[fascismo|fascista]], sob a liderança do [[ditador]] [[António de Oliveira Salazar|Salazar]]. O [[Estado Novo (Portugal)|novo regime]] governaria impunemente o país durante quatro décadas. Essa impunidade seria justificada pelas muitas e generosas ‘’ofertas” de Salazar ao “bom povo português”, alardeadas pelos meios de comunicação e ilustradas em cerimónias solenes frequentadas pelas elites da época. A maior delas foi a Ponte Salazar (hoje [[Ponte 25 de Abril]]), inaugurada em 1966 com toda a pompa e circunstância : tornava real um velho sonho, unia o Norte e o Sul através da capital, era a maior do continente.{{carece de fontes|data=abril de 2017}}
 
O Estado Novo foi derrubado pela [[Revolução de 25 de Abril de 1974|Revolução dos Cravos]], a 25 de Abril de 1974. Ao golpe militar seguiu-se o período conturbado do [[Processo Revolucionário em Curso|PREC]], marcado particularmente em Lisboa pela propaganda e acção da esquerda, da mais moderada à mais radical. O Comício da Fonte Luminosa seria evento decisivo para o futuro político do país<ref>[http://www.dn.pt/arquivo/2005/interior/o-discurso-da-vida-de-soares-no-comicio-da-fonte-luminosa-616941.html O discurso da vida de Soares no comício da Fonte Luminosa], artigo no jornal Diário de Notícias, 19 de julho, 2005</ref><ref>[http://media.rtp.pt/memoriasdarevolucao/ Arquivo] na RTP Memória</ref><ref>[http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=th8 OS CINQUENTA MOMENTOS POLÍTICOS MAIS IMPORTANTES DEPOIS DO 25 DE ABRIL (1974-2005)] – no arquivo do [http://www1.ci.uc.pt/ Universidade de Coimbra]</ref> A agitação é ao mesmo tempo agravada por grupos de extrema direita que chegam ao ponto de bloquear os acessos à cidade e de levar a cabo acções terroristas no norte do país com o intuito de travar os progressos da revolução. Durante dois anos, em 1974 e 1975, Lisboa foi invadida por jornalistas estrangeiros e esteve nas luzes da ribalta dos principais meios de comunicação internacionais. O repórter [[Horst Hano]] da televisão alemã [[ARD]] foi um dos mais importantes, dando cobertura particularmente completa aos principais eventos políticos em Portugal e em Espanha entre 1975 e 1979.<ref>[http://www.jugendopposition.de/index.php?id=1933 Horst Hano, repórter da ARD na Península Ibérica] entre 1974 e 1979 (em alemão). Ver todas as fontes no artigo [[Horst Hano]]</ref>
 
Dez anos após a queda do regime fascista, já longe dos dramas do [[Processo Revolucionário em Curso]], é assinado em Lisboa em 1985 o Tratado de Adesão à Comunidade Económica Europeia, no [[Mosteiro dos Jerónimos]] pelo então Presidente da República, [[Mário Soares]]. Desde então Lisboa e o país têm sido governados, em alternância partidária, por um regime democrático.<ref name="Cronologia">{{citar web|url=http://www.cm-lisboa.pt/index.php?id_item=10566&id_categoria=26|titulo= Cronologia de Lisboa|publicado=Câmara Municipal de Lisboa |acessodata= 2 de janeiro de 2009}}</ref> Lisboa continua a desenvolver-se ao ritmo das mais importantes capitais europeias, melhorando as suas infraestruturas e construindo novas, remodelando o sistema de transportes urbanos, de segurança e saúde. Em 1994 é [[Capital Europeia da Cultura]]. Em 1998 inaugura a sua segunda ponte, na altura a mais longa de toda a [[Europa]] e a quarta maior do mundo, a [[Ponte Vasco da Gama]]. Nesse mesmo ano organiza a [[Exposição Mundial de 1998|EXPO 98]], no [[Parque das Nações]], com o tema ''Oceanos''. O actual Presidente da Câmara de Lisboa (C.M.L), é [[Fernando Medina]], do [[Partido Socialista (Portugal)|Partido Socialista]] (''PS'').
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Em temos de qualidade do ar, apresenta níveis progressivamente descendentes de [[poluição atmosférica]], embora ainda com partículas NO2 claramente superiores ao limite legal.<ref>{{Citar web|título = Lisboa tem melhor qualidade do ar, mas ainda é muito poluída, dizem indicadores {{!}} O Corvo {{!}} sítio de Lisboa|url = http://ocorvo.pt/2015/09/28/lisboa-tem-melhor-qualidade-do-ar-mas-ainda-e-muito-poluida-dizem-indicadores/|acessadoem = 2016-01-24}}</ref> Estes valores de partículas decorrem da utilização acima da média europeia de tráfego automóvel, por contraponto à utilização de transportes públicos, o que distingue Lisboa de outras capitais europeias. Em anos recentes, têm sido feitas melhorias dentro e fora de Lisboa no planeamento da rede de transportes públicos ferroviária <ref>{{Citar web|título = CP com novos horários e linhas a partir de domingo|url = http://observador.pt/2015/06/12/cp-com-novos-horarios-e-linhas-a-partir-de-domingo/|obra = Observador|acessadoem = 2016-01-24}}</ref> e rodoviária <ref>{{Citar web|título = CARRIS lança 3ª Fase Rede 7 - Renovação da Rede|url = http://carris.transporteslisboa.pt/pt/noticias/2010/carris-lanca-3-fase-rede-7-renovacao-da-rede/|obra = carris.transporteslisboa.pt|acessadoem = 2016-01-24|último = Seara.com}}</ref>, permitindo uma utilização mais eficiente e eficaz e, por consequência, menos poluição emitida.
 
Existem em Lisboa mais de uma centena de [[parquesparque]]s, [[jardins]], [[quinta (propriedade)|quintas]] e [[tapadas]], entre eles o [[Parque Eduardo VII]], o [[Parque Florestal de Monsanto]], o [[Jardim Botânico da Ajuda]], o [[Jardim Botânico de Lisboa]], o [[Jardim da Estrela]], a [[Tapada da Ajuda]], entre muitos outros. O Parque Florestal de Monsanto é o maior e mais importante parque da cidade, chamado o seu "Pulmão Verde",<ref>{{Citar web|url= http://www.lifecooler.com/Portugal/natureza/ParqueFlorestaldeMonsanto@1 |título=Parque Florestal de Monsanto - Lisboa|obra=Lifecooler |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref> ao ser a única grande floresta em Lisboa (as outras mais próximas são a [[Tapada Nacional de Mafra|Tapada de Mafra]], a Tapada da Ajuda e a [[Serra de Sintra]]). Por sua vez, destacam-se entre os jardins o Parque Eduardo VII, o Jardim Botânico da Ajuda e o Jardim Botânico de Lisboa. O primeiro por ser a maior zona verde no centro antigo de Lisboa, e os outros dois por possuírem uma variadíssima colecção de espécies arborícolas. Possui um aquário: o [[Aquário Vasco da Gama]]; e um oceanário: o [[Oceanário de Lisboa]]. A cidade também possui diversos jardins, sendo de destacar o [[Jardim Zoológico de Lisboa]], o Jardim da Estrela, o Jardim Botânico da Ajuda e o [[Campo dos Mártires da Pátria|Campo de Santana]]. Existem ainda importantes parques urbanos como o Parque Eduardo VII, o [[Parque da Bela Vista]] e o [[Parque José Gomes Ferreira]].
 
{{panorama|Lisbon panorama from Castle (cropped).jpg|1400px|Vista panorâmica de Lisboa a partir do [[Castelo de São Jorge]].}}