Arquitetura gótica: diferenças entre revisões

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Mais tarde, com o desenvolvimento do arcobotante, os suportes afastaram-se das paredes e as paredes foram construídas muito mais altas. Aos poucos, as tribunas e o trifório desapareceram, e as paredes acima das arcadas foram ocupadas quase inteiramente por vitrais.{{HarvRef|Renault|Lazé|2006|p=33}}
 
O braço oriental mostra uma diversidade considerável. Na Inglaterra, geralmente é longo e pode ter duas seções distintas, tanto o coro quanto o presbitério. Muitas vezes é quadrado ou tem uma proeminente ''Lady Chapel'', uma capela dedicada à [[Maria (mãe de Jesus)|Virgem Maria]]. Na França, o extremo leste é muitas vezes poligonal e cercado por uma passarela chamada [[deambulatório]] e, às vezes, um anel de capelas chamado de "[[Abside|''chevet'']]". Embora as igrejas alemãs sejam frequentemente semelhantes às da França, na Itália, a projeção oriental além do transepto é geralmente apenas uma capela absidal com o santuário, como na [[Santa Maria del Fiore|Catedral de Florença]].<ref name=":0">{{citar livro|título=A History of Architecture on the Comparative Method.|ultimo=FLATCHER|primeiro=Banister|editora=|ano=|local=|páginas=|acessodata=}}</ref><ref name=":1">{{citar livro|título=The Gothic Cathedral|ultimo=SWAAN|primeiro=Wim|editora=|ano=|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>
 
Outra característica do estilo gótico, doméstico e eclesiástico, é a divisão do espaço interior em células individuais de acordo com as nervuras e abóbadas do edifício, independentemente de a estrutura ter ou não um teto abobadado. Esse sistema de células de tamanho e forma variados, justapostos em vários padrões, foi novamente totalmente único na antiguidade e no [[Idade Média|início da Idade Média]] e os estudiosos, inclusive Frankl, enfatizaram a natureza matemática e geométrica desse design. Frankl, em particular, pensou neste layout como "criação por divisão" em vez de "criação por adição" do [[Arquitetura românica|românico]]. Outros, nomeadamente [[Eugène Viollet-le-Duc|Viollet-le-Duc]], [[Wilhelm Pinder]] e [[August Schmarsow]] em vez disso, propuseram o termo "arquitetura articulada".{{HarvRef|Grodecki|1977|p=14}} A teoria oposta, sugerida por [[Henri Focillon]] e [[Jean Bony]], é de "unificação espacial", ou da criação de um interior que é feito para causar sobrecarga sensorial através da interação de muitos elementos e perspectivas.{{HarvRef|Grodecki|1977|pp=14-17}} Partições interiores e exteriores, muitas vezes extensivamente estudadas, foram encontrados, às vezes, com certas características, tais como vias de acesso à altura da janela, que fazem a ilusão de espessura. Além disso, os [[Pilar|pilares]] que separam as ilhas acabaram deixando de fazer parte das paredes, se tornando objetos independentes que se sobressaem da própria parede do corredor.<ref name="lmc2">{{Citar web|url=http://www.lmc.ep.usp.br/people/hlinde/Estruturas/constru3.htm|titulo=Construção de uma Catedral Gótica|acessodata=2018-09-17|obra=www.lmc.ep.usp.br}}</ref>{{HarvRef|Grodecki|1977|p=17}}
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Ficheiro:Picardie Beauvais2 tango7174.jpg|O coro da [[Catedral de Beauvais]]. 48,5 m (159 pés) de altura (1230-1569)
Ficheiro:Interior of Il Duomo, Milan.jpg|Nave da [[Catedral de Milão]]. 45 m (148 pés) de altura (1389-1452)
</gallery>Uma característica importante da arquitetura da igreja gótica é sua altura, tanto absoluta quanto proporcional à sua largura, a verticalidade sugerindo uma aspiração ao céu. A altura crescente das catedrais no período gótico era acompanhada por uma proporção crescente do muro dedicado às janelas, até que, no final do gótico, os interiores se tornaram como gaiolas de vidro. Isto foi possível graças ao desenvolvimento do arcobotante, que transferiu o impulso do peso do telhado para os suportes fora das paredes. Como resultado, as paredes gradualmente se tornaram mais finas e mais altas, e a alvenaria foi substituída por vidro. A elevação de quatro partes das naves das primeiras catedrais, como Notre-Dame (arcada, tribuna, trifório e ''claire-voie'') foi transformada como no coro da [[Catedral de Beauvais]]: as arcadas muito altas, um trifório fino e janelas altas até o teto. [21]{{HarvRef|Wenzler|2018|p=108}}
 
A catedralCatedral de Beauvais chegou ao limite do que era possível com a tecnologia gótica. Uma parte do coro desmoronou em 1284, causando alarme em todas as cidades com catedrais muito altas. Painéis de especialistas foram criados em SiennaSiena e Chartres para estudar a estabilidade dessas estruturas. [22]{{HarvRef|Martindale|1993|p=86}} Apenas o transepto e coro de Beauvais foram concluídos, e no século 21XXI as paredes do transepto foram reforçadas com vigas cruzadas. Nenhuma catedral construída desde queentão excedeu a altura do coro de Beauvais. [21]{{HarvRef|Wenzler|2018|p=108}}
 
Uma seção do corpo principal de uma igreja gótica geralmente mostra a [[Nave (arquitetura)|nave]] como consideravelmente mais alta do que larga. Na Inglaterra, a proporção às vezes é maior que 2: 1, enquanto a maior diferença proporcional alcançada é na [[Catedral de Colônia]], com uma proporção de 3,6: 1. A mais alta abóbada interna fica na [[Catedral de Beauvais]] a 48 metros (157 pés).<ref [15]name=":0" />
 
=== Vitrais e Iluminação ===
Outra característica importante das estruturas eclesiásticas góticas é o verticalismo, ou seja, sua elevada altitude. No interior e exterior das construções góticas, os elementos arquitetônicos apontam para o [[céu]]. Um exemplo conhecido são os arcos ogivais, que são pontiagudos e possuem a impressão de uma seta apontada para cima. Este verticalismo da arquitetura gótica tenta exibir-se [[Arquitetura gótica#Relgiosas|cada vez mais próxima de Deus]] e destacar sua magnificência dentro de sua respectiva [[cidade]] como uma clara referência religiosa. Em uma visão geral, as catedrais sofreram rivalidade entre vários centros urbanos que possuem [[edifício]]s com proporções superiores.<ref name="named">[http://www.nemed.he.com.br/lab/2007_lucas_rabelo.pdf NAMED, site. Definições sobre a Arte Gótica –por Lucas Rabelo]</ref>
<gallery mode="packed" widths="270" heights="210">
Ficheiro:Vitraux Saint-Denis 190110 19.jpg|[[Basílica de Saint-Denis|Abadia de Saint-Denis]], o abade [[Abade Suger de Saint-Denis|Suger]] representado aos pés da Virgem Maria (século XII)
Ficheiro:The south transept rose at Notre-Dame de Chartres.png|Rosácea do Transepto Sul da [[Catedral de Chartres]] (1221-1230)
Ficheiro:Cathédrale de Bourges - Détail du vitrail de l'Apocalypse (début XIIIème siècle).JPG|Detalhe da janela do Apocalipse, [[Catedral de Bourges]], início do século XIII
Ficheiro:Canterbury Cathedral, south Oculus (37582928966).jpg|Óculo sul da [[Catedral de Cantuária]]. Ele contém catorze das seções de vidro originais do século XII
Ficheiro:Gothic-Rayonnant Rose-6.jpg|A [[Rosácea (arquitetura)|rosácea]] norte em estilo [[Gótico radiante|Rayonnant]] da [[Catedral de Notre-Dame de Paris|Notre-Dame de Paris]]
</gallery>{{Artigo principal|vt=s|Vitral|Rosácea (arquitetura)}}Uma das características mais proeminentes da arquitetura gótica era o uso de vitrais, que cresciam em altura e tamanho, enchendo as catedrais de luz e cor. Historiadores como Viollet-le-Duc, Focillon, Aubert e [[Max Dvořák]] afirmaram que esta é uma das características mais universais do estilo gótico.{{HarvRef|Grodecki|1977|p=20}}
 
Ensinamentos religiosos na Idade Média, particularmente os escritos do religioso [[Pseudo-Dionísio, o Areopagita|Pseudo-Dionísio]], um místico do século VI cujo livro, ''A Hierarquia Celestial'', era popular entre os monges na França, pois ensinava que toda a luz era divina. Quando o Abade [[Abade Suger de Saint-Denis|Suger]] ordenou a reconstrução da [[Basílica de Saint-Denis]], ele instruiu que as janelas do coro admitissem o máximo de luz possível.
 
Muitas igrejas românicas anteriores tinham vitrais, e muitas tinham janelas redondas, chamadas ''oculi'', mas essas janelas eram necessariamente pequenas, devido à espessura das paredes. As decorações interiores primárias das catedrais românicas foram pintadas com murais. No período gótico, as melhorias nas arcadas e arcobotantes permitiram que as muralhas da Catedral fossem mais altas, mais finas e mais fortes, e as janelas eram consequentemente consideravelmente maiores. As janelas das igrejas no final do período gótico, como a [[Sainte-Chapelle|Sainte Chapelle]] em Paris, enchiam a parede inteira entre as nervuras de pedra. Janelas enormes também eram um elemento importante da [[Catedral de Iorque|York Minster]] e da [[Catedral de Gloucester]].<ref name=":1" />
 
A principal ameaça às janelas da catedral era o vento; as molduras precisavam ser extremamente fortes. As primeiras janelas estavam encaixadas em aberturas cortadas na pedra. Os pequenos pedaços de vidro colorido foram unidos com pedaços de chumbo, e suas superfícies foram pintadas com rostos e outros detalhes; então as janelas foram montadas nos caixilhos de pedra. Finas barras verticais e horizontais de ferro, chamadas de ''vergettes'' ou ''barlotierres'', foram colocadas dentro da janela para reforçar o vidro. Para obter-se um vitral na época, era necessário que um [[artesão]] realizasse um processo de coloração da peça de vidro. Durante este processo, o vidro cru era misturado a outros [[Substância|componentes químicos]] que determinavam a respectiva tonalidade, durante a fase de derretimento. Este processo mantinha o vidro com um tom de cor sem que bloqueasse os raios solares. Após este procedimento o vidro era aquecido e moldado.<ref name="b-escola">{{Citar web|url=http://www.brasilescola.com/historiag/os-vitrais-goticos.htm|titulo=Os vitrais góticos - Brasil Escola|acessodata=2018-10-13|obra=Brasil Escola|lingua=pt-BR}}</ref>
 
As histórias contadas no vidro eram geralmente episódios da Bíblia, mas às vezes também ilustravam as profissões das guildas que financiavam as janelas, como os vendedores, os pedreiros ou os fabricantes de barris.{{HarvRef|Wenzler|2018|p=28}}
 
Grande parte dos vitrais nas catedrais góticas de hoje datam de restaurações posteriores, mas algumas catedrais, como a [[Catedral de Chartres]] e a [[Catedral de Bourges]], ainda têm muitas de suas janelas originais.{{HarvRef|Wenzler|2018|p=28}}
=== Iluminação ===
{{Artigo principal|vt=s|Vitral|Rosácea (arquitetura)}}
[[Imagem:Verriere ouest.jpg|upright|esquerda|thumb|Raios solares filtrados pelas rosáceas da [[Catedral de Metz]], França. Os vitrais também são fundamentais para uma boa iluminação no interior das catedrais.]]
 
Assim como os vitrais, as rosáceas visam estabelecer um ambiente iluminado no interior das estruturas góticas, porém possuem algumas características diferentes. Estão localizadas, geralmente, em um local alto nos estabelecimentos eclesiásticos, geralmente em regiões próximas ao portal dasda fachada principal a Oeste ou mesmo no [[transepto]], em pelo menos um de seus extremos. Assim como a arquitetura gótica no geral possui uma relação com a [[religião|religiosidade]], asAs rosáceas fazem alusão à [[:Categoria:Personagens do Novo Testamento|personagens cristãos]] como [[Jesus|Jesus Cristo]] (que é representado pelo [[sol]]) e [[Maria (mãe de Jesus)|Maria]] (representada pela [[rosa]]).<ref name="doc3">[http://www.willians.pro.br/disciplinas/hist_arte/Equipe4.doc WILLIANS, site. Documento textual sobre características da Arte Gótica]</ref>
Considerada uma arquitetura 'de paredes transparentes, luminosas e coloridas', a arquitetura gótica considera o vitral um importante elemento, pois cria uma atmosfera mística que deveria sugerir, na visão do povo medieval, as visões do [[Paraíso (religião)|Paraíso]], a sensação de purificação. Os [[Radiação solar|raios solares]] são filtrados pelos vitrais e rosáceas, criando no interior da estrutura gótica, um ambiente iluminado e colorido e também, transmitindo aos fiéis religiosos uma sensação de êxtase. Os vitrais apresentavam simples formas geométricas ou mesmo imagens de [[santo]]s ou [[Passagens Bíblicas|passagens bíblicas]]. Para obter-se um vitral na época, era necessário que um [[artesão]] realizasse um processo de coloração da peça de vidro. Durante este processo, o vidro cru era misturado a outros [[Substância|componentes químicos]] que determinavam a respectiva tonalidade, durante a fase de derretimento. Este processo mantinha o vidro com um tom de cor sem que bloqueasse os raios solares. Após este procedimento o vidro era aquecido e moldado.<ref name="b-escola">[http://www.brasilescola.com/historiag/os-vitrais-goticos.htm BRASIL ESCOLA, site. Os vitrais góticos – por Rainer Sousa]</ref><ref name="s-unicanto">SUPLETIVO UNICANTO, site. Documento apresentado de forma resumidamente sobre a Arte Gótica [http://www.supletivounicanto.com.br/docs/artes/art_arte_gotica_em.pdf]</ref>
 
=== Portais e Tímpano ===
Assim como os vitrais, as rosáceas visam estabelecer um ambiente iluminado no interior das estruturas góticas, porém possuem algumas características diferentes. Estão localizadas, geralmente, em um local alto nos estabelecimentos eclesiásticos, geralmente em regiões próximas ao portal das fachada principal a Oeste ou mesmo no [[transepto]], em pelo menos um de seus extremos. Assim como a arquitetura gótica no geral possui uma relação com a [[religião|religiosidade]], as rosáceas fazem alusão à [[:Categoria:Personagens do Novo Testamento|personagens cristãos]] como [[Jesus|Jesus Cristo]] (que é representado pelo [[sol]]) e [[Maria (mãe de Jesus)|Maria]] (representada pela [[rosa]]).<ref name="doc3">[http://www.willians.pro.br/disciplinas/hist_arte/Equipe4.doc WILLIANS, site. Documento textual sobre características da Arte Gótica]</ref>
 
=== Suportes exteriores ===