Frederico II do Sacro Império Romano-Germânico: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Desfeita a edição 53245802 de Stegop
Etiqueta: Desfazer
m revert (vandalism)
Etiqueta: Reversão
Linha 30:
|regente3 = [[Henrique VII da Germânia|Henrique II]] {{small|(1212–1217)}}
|tipo-reg3 = Co-monarca
|cônjuge = Constança de Aragão<br/>[[Isabel II de Jerusalém]]<br/>[[Isabel da Inglaterra (1214–1241)|Isabel da Inglaterra]]
|tipo-cônjuge = Esposas
|descendência = [[Henrique VII da Germânia]]<br/>[[Conrado IV da Germânia]]<br/>Henrique Otão de Hohenstaufen<br/>Margarida de Hohenstaufen
Linha 48:
 
== As coroações de Frederico II ==
Com a morte do imperador [[Henrique VI do Sacro Império Romano-Germânico|Henrique VI]], sua esposa [[Constança da Sicília]], que era por direito próprio rainha da [[Sicília]], mandou coroar rei seu filho Frederico, ficando como [[Regência (governo)|regente]]. Em nome de Frederico, dissolveu os laços da Sicília com o império e dispensou os conselheiros alemães, renunciando ao trono da [[Germânia]]. Depois da morte de Constança, em [[1198]], o papa [[papa Inocêncio III|Inocêncio III]] sucedeu-lhe como guardião de Frederico até à sua maioridade e assegurou a sua educação formal em [[Roma]].
 
[[Otão IV do Sacro Império Romano-Germânico|Otão IV]] tinha sido coroado [[Imperador Romano-Germânico]] por Inocêncio III em [[1209]] mas, em setembro de [[1211]], na [[Dieta de Nuremberga]], Frederico foi eleito ''in absentia'' [[Lista de reis da Germânia|Rei da Germânia]] por uma facção rebelde apoiada por Inocêncio, que tinha entrado em choque pela forma como Otão o [[excomunhão|excomungara]].
 
Frederico foi formalmente eleito em [[1212]] e coroado a [[9 de dezembro]], em [[Mogúncia]]. Uma terceira cerimónia de coroação teve lugar a [[23 de julho]] de [[1215]] em [[Aachen]], a do título de Rei da Germânia, que era tradicionalmente precursor do de imperador. Ele foi ainda pretendente ao título de [[Rei dos Romanos]] desde 1212, o qual assumiu sem oposição a partir de 1215.
 
[[Ficheiro:Frederick is born in Jesi.JPG|thumb|direita|upright=1.0|''Nascimento de Frederico II''<br><small>[[Liber ad honorem Augusti]], 1196</small>]]
A autoridade de Frederico era, contudo, ténue até à [[Batalha de Bouvines]], em 1214, sendo ele reconhecido apenas no sul da Germânia, enquanto que no norte, centro da dinastia dos [[Guelfo]]s, enquanto que Otão continuava com as rédeas do poder real e imperial, apesar de excomungado. A decisiva derrota de Otão em Bouvines fez-lhe perder o poder e ele retirou-se para as terras hereditárias dos Guelfos, para vir a morrer, praticamente sem apoiantes, em 1218.
 
No entanto, só passados cinco anos, depois de demoradas negociações entre Frederico, Inocêncio III e o [[Papa Honório III|Honório III]], que lhe sucedeu depois da sua morte em 1216, é que Frederico foi finalmente coroado imperador, em [[Roma]] a [[22 de novembro]] de [[1220]]. Nessa mesma ocasião, o seu filho mais velho [[Henrique VII da Germânia|Henrique]] tomou o título de Rei dos Romanos.
 
== O reinado de Frederico II ==
Linha 64:
Ao contrário da maioria dos imperadores do Sacro Império, Frederico II passou pouco tempo na [[Germânia]]. Por essa razão, ele promulgou, em 1220, o [[Tratado com os príncipes da Igreja]] (''Confoederatio cum principibus ecclesiasticis''), através do qual dava aos bispos da Germânia poder secular, em troca do seu apoio à coroação de seu filho [[Henrique VII da Germânia|Henrique]], como Rei da Germânia, assegurando assim o domínio daquela parte do império.
 
Depois da coroação, passou os dias ora na [[Sicília]] ora em [[cruzada]]s até 1236, quando fez a sua última viagem à Germânia. Voltou à [[Península Itálica|Itália]] em 1237 e aí permaneceu durante os restantes treze anos da sua vida, representado na Germânia pelo seu filho [[Conrado IV da Germânia|Conrado]].
 
No [[Reino da Sicília]], continuou a reforma das leis iniciada em 1146 pelo seu avô [[Rogério II da Sicília|Rogério II]]. Ele promulgou a [[Constituição de Melfi]] (em 1231, também conhecida como ''Liber Augustalis''), uma coleção de leis que foram fonte de inspiração por muito tempo e se tornaram num precedente para o primado das leis escritas. Com relativamente poucas modificações, o ''Liber Augustalis'' continuou a ser a base das leis Sicilianas até 1819. Ele tornou o Reino da Sicília numa [[absolutismo|monarquia absoluta]], sendo o primeiro estado centralizado da [[Europa]] a emergir do [[feudalismo]].
 
Durante o seu reinado foram construídos o [[Castel del Monte (castelo)|Castel del Monte]] e, em 1224, a [[Universidade de Nápoles Frederico II|Universidade de Nápoles]], atualmente chamada ''Università Federico II'', que permaneceu como o único ''atheneum'' do sul da Itália durante séculos.
 
Em 1226, por meio da [[Bula Dourada de Rimini]], confirmou a legitimidade da administração das terras da [[Prússia]] a leste do [[rio Vístula]] pelos cavaleiros da [[Ordem Teutónica]], comandados por [[Hermann von Salza]]
Linha 75:
Ao contrário de muitos monarcas do seu tempo, muitas vezes analfabetos, sabia expressar-se em nove línguas e correspondia-se por escrito em sete. Era um dirigente moderno, patrono das ciências e das artes: um dos seus conselheiros era o famoso astrólogo [[Guido Bonatti]] de [[Forlì]]. Tinha ideias avançadas sobre economia, abolindo monopólios estatais, tarifas internas e reformando os regulamentos de importação do [[Sacro Império Romano-Germânico]]. Tudo isto estaria provavelmente relacionado com o tempo passado na corte de [[Palermo]], onde influências árabes, germânicas, latinas, [[Império Bizantino|bizantinas]], [[Normandia|normandas]], [[provença]]is e meso-[[Judeu|judias]] se miscigenavam.
 
Foi mestre da [[Escola Siciliana]] de poesia, da qual emergiram, a partir de cerca de 1220, as primeiras formas literárias numa [[Línguas românicas|língua ítalo-românica]], a [[língua siciliana]], o que representou um corte no uso da [[Dialeto toscano|língua toscana]], que tinha sido a [[língua franca]] preferida na [[Península Itálica|Itália]] durante pelo menos um século.
 
Ficaria conhecido como ''Stupor mundi'' ("a maravilha do mundo") e escreveu (ou reescreveu) um manual sobre a arte da [[falcoaria]], ''[[Wikisource:De arte venandi cum avibus|De arte venandi cum avibus]]'' ("Da arte de caçar com aves"), do qual subsistem muitas cópias ilustradas dos séculos XIII e XIV.
Linha 93:
Um novo papa, [[Papa Inocêncio IV|Inocêncio IV]], foi eleito a 25 de junho de 1243, membro da nobre família imperial, com alguns familiares do lado de Frederico II e, por isso, o imperador ficou inicialmente satisfeito com esta eleição, sem suspeitar que Inocêncio viria a ser o seu mais feroz inimigo. No mesmo ano iniciaram conversações com vista à paz, mas a cidade de [[Viterbo]] rebelou-se, por instigação do intriguista cardeal [[Ranieri de Viterbo]]. Frederico não podia perder esta praça-forte próxima de Roma e lançou o [[Cerco de Viterbo]]. Inocêncio convenceu-o a retirar as suas tropas, mas Ranieri, mesmo assim, atacou mortalmente a guarnição imperial a 13 de novembro.
 
O novo papa era um diplomata e assinou com Frederico um tratado de paz, mas Inocêncio mostrou rapidamente a sua verdadeira face de [[guelfo]] e, juntamente com a maioria dos cardeais, fugiu em naves [[República de Gênova|genovesas]] para a [[República da Ligúria]]. O seu objectivo era chegar a [[Lyon]], onde um novo concílio teria início a 24 de junho de 1245. Então, Inocêncio IV destituiu Frederico de imperador, caracterizando-o um "amigo do sultão de [[Babilónia (cidade)|Babilónia]]", "com costumes de [[Sarracenos|sarraceno]]", "mantendo um [[harém]] guardado por [[eunuco]]s" como o [[cisma|cismático]] imperador de [[Império Bizantino|Bizâncio]], em suma, um "[[heresia|herético]]". O papa decidiu então propor [[Heinrich Raspe]], senhor de [[Turíngia]], para a coroa imperial e pôs em marcha um complô para matar Frederico e Enzio, com o apoio do seu cunhado [[Orlando de Rossi]], que era, até essa altura, amigo de Frederico.
 
Os conjurados, no entanto, foram desmascarados pelo conde de [[Caserta]] e a vingança foi terrível: a cidade de [[Altavilla Irpina]], onde eles se tinham escondido, foi arrasada e os implicados foram cegados, mutilados e queimados vivos ou enforcados. Uma tentativa de invadir a [[Sicília]], sob o comando de Ranieri, foi impedida em [[Spello]] por Marino de Eboli, Vigário Imperial de Espoleto.
 
Inocêncio enviou ainda grandes somas de dinheiro para a [[Germânia]] a fim de boicotar o poder de Frederico e os arcebispos de [[colônia (Alemanha)|Colónia]] e [[Mogúncia]] chegaram a declarar Frederico deposto e, em mMaio de 1246, um novo rei foi eleito: Heinrich Raspe.
 
A 5 de agosto, Heinrich, com dinheiro do papa, derrotou uma divisão de [[Conrado IV da Germânia|Conrado]], filho de Frederico, perto de [[Frankfurt am Main|Francoforte]]. No entanto, Frederico fortaleceu a sua posição no sul da Germânia, adquirindo o [[Ducado da Áustria]], cujo titular tinha morrido sem deixar herdeiros e, um ano mais tarde, Heinrich morreu também. O novo "anti-rei" era [[Guilherme II, Conde da Holanda]].
 
Entre fevereiro e março de 1247, Frederico resolveu a situação em Itália durante a [[dieta de Terni]], nomeando familiares ou amigos seus vigários de várias terras, casando o seu filho [[Manfredo da Sicília|Manfredo]] com Beatriz de Saboia, filha de [[Amadeu IV de Saboia]] e, assegurando a submissão do [[marquês de Monferrato]], Frederico conseguiu ainda controlar as passagens dos [[Alpes]] orientais, a caminho de Lyon, onde ele esperava resolver finalmente a disputa com o papa. Por seu lado, Inocêncio pediu a protecção do rei de [[França]], [[Luís IX de França|Luís IX]], mas o rei era amigo do imperador e acreditava no seu desejo de paz. O exército papal sob comando de [[Ottaviano degli Ubaldini]] não conseguiu chegar à [[Lombardia]] e Frederico, acompanhado por um enorme exército, realizou uma dieta em [[Turim]].
Linha 111:
 
[[Ficheiro:Tomb of Frederick II, Holy Roman Emperor - Cathedral of Palermo - Italy 2015.jpg|thumb|direita|upright=1.0|Sarcófago de Frederico II]]
Frederico, doente, não tomou parte nas campanhas. Morreu em [[13 de dezembro]] de [[1250]] em [[Castel Fiorentino]], na [[Apúlia]], usando um hábito de monge [[Ordem de Cister|cisterciense]]. Com a sua morte, a posição proeminente do Sacro Império na [[Europa]] ficou ameaçada, mas não perdida, uma vez que, no seu [[testamento]], deixou ao seu filho legítimo [[Conrado IV da Germânia|Conrado]] as coroas imperial e da Sicília. O testamento indicou também que todas as terras conquistadas à Igreja deveriam ser restituídas, todos os prisioneiros libertados e todos os impostos reduzidos, desde que essas reduções não pusessem em causa o império.
 
Com a morte de Conrado, quatro anos depois, a [[dinastia de Hohenstaufen]] perdeu o poder e o império conheceu um [[interregno]], que durou até 1273, um ano depois da morte na prisão do último Hohenstaufen, Enzio. Durante este período, surgiu uma lenda segundo a qual Frederico não estaria realmente morto, mas apenas adormecido nas montanhas [[Kyffhaeuser]] e um dia iria despertar e reerguer o império. Mais tarde, esta lenda foi transferida para o seu avô, [[Frederico I do Sacro Império Romano-Germânico|Frederico I]], o ''Barbarossa'' ("Barba Ruiva").
Linha 121:
== Descendência ==
Listam-se abaixo alguns dos descendentes mais famosos de Frederico II:
* [[Henrique VII da Germânia]], (não deve confundir-se com o imperador [[Henrique VII do Sacro Império Romano-Germânico|Henrique VII]] da [[dinastia do Luxemburgo]]), nascido na [[Sicília]] em 1211, filho da primeira esposa de Frederico, Constança de Aragão; Henrique teve os títulos de [[Rei da Germânia]], [[Rei dos Romanos]], [[Rei da Sicília]] e foi pretendente ao título [[Sacro Império Romano-Germânico|imperial]]. Depois de se rebelar contra seu pai e aliar-se à [[Liga Lombarda]], Henrique foi capturado e preso em 1236. Morreu em [[Martirano]] em [[1242]], supostamente em consequência duma tentativa de suicídio.
 
* [[Conrado IV da Germânia|Conrado IV]], filho da sua segunda mulher, [[Isabel II de Jerusalém]], nasceu a 25 de abril de 1228, em [[Andria]], [[Apúlia]]. Tornou-se [[Rei de Jerusalém]] à nascença (a mãe morreu no parto) e foi eleito Rei da Germânia e futuro imperador em 1237, em [[Viena]], apesar de não chegar a ser coroado. Em 1250, Conrado sucedeu a seu pai como Rei da Sicília e morreu a 1 de maio de 1254 de malária num acampamento militar em [[Lavello]].
 
* [[Manfredo da Sicília|Manfredo]], Rei da Sicília, nascido em 1231, foi um filho ilegítimo de Frederico e de Bianca, filha do conde Bonifacio Lancia. Manfredo foi regente do filho criança de Conrado, Conradino, e, depois de 1258, como Rei da Sicília, continuou (depois de tentativas iniciais de reconciliação) a luta de Frederico com o papa e foi igualmente colocado sob interdição papal. Manfredo morreu a 26 de fevereiro de 1266 na [[Batalha de Benevento (1266)|Batalha de Benevento]] contra [[Carlos I da Sicília|Carlos de Anjou]], irmão do rei da França, a quem o papa tinha entregue o Reino da Sicília. A sua esposa Helena e também os seus filhos Frederico, Henrique e Enzio morreram na prisão; as crianças tinham vivido em prisão solitária e nunca sequer aprenderam a falar.
 
* [[Enzio da Sardenha|Enzio]] (ou Enzo) teve os títulos de [[Rei da Sardenha]] e de Vigário Imperial para o norte da Itália. Enzio é capturado pelos bolonheses durante a [[Batalha de Fossalta]], a 26 de maio de 1249. Com apenas 25 anos, Enzio foi colocado numa prisão em [[Bolonha]] para o resto da vida, morrendo 24 anos depois, em 1272, e o título de Rei da Sardenha foi-lhe usurpado pelos marquês Palavicino.
 
Linha 136 ⟶ 133:
*[http://www.dw-world.de/dw/article/0,,358537,00.html Deutsche Welle - 1194: Nasce Frederico 2º, "stupor mundi"]
*[http://www.wdl.org/pt/item/10647/ Saltério de Frederico II]
 
 
{{Imperadores romano-germânicos}}
{{Monarcas germânicos}}
 
{{DEFAULTSORT:Frederico 02 Sacro Imperio Romano-Germanico}}
[[Categoria:Reis de Jerusalém]]