Crucificação: diferenças entre revisões

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Crê-se que o método tenha sido criado na [[Pérsia]]<ref>{{Citar livro|título=Crucifixion: In the Ancient World and the Folly of the Message of the Cross|ultimo=Hengel|primeiro=Martin|editora=Fortress Press|ano=1977|local=Minneapolis|isbn=9780800612689}}</ref> e trazido no tempo de [[Alexandre, o Grande|Alexandre]] para o [[Ocidente]]. Os itálicos copiaram a prática dos [[cartagineses]]. Neste ato se combinavam os elementos de [[vergonha]] e [[tortura]], e por isso o processo de crucificação era olhado com profundo horror. O castigo da crucificação começava com a [[flagelação]], depois do criminoso ter sido despojado de suas vestes. No [[azorrague]] os [[soldado]]s fixavam os [[wikt:prego|pregos]], pedaços de [[wikt:osso|ossos]], e coisas semelhantes, podendo a tortura do açoitamento ser tão forte que às vezes o flagelado morria em consequência do [[wikt:açoite|açoite]]. O flagelo era cometido ao réu estando este preso a uma coluna.
 
No ato de crucificação a [[vítima]] era pendurada de braços abertos em uma [[cruz]] de [[madeira (material)|madeira]], amarrada ou, raramente{{Carece de fontes|geo|si|data=abril de 2013}}, presa a ela por pregos perfurantes nos [[punho]]s e [[pé]]s. O peso das [[perna]]s sobrecarregava a musculatura abdominal que, cansada, tornava-se incapaz de manter a [[respiração]], levando à [[morte]] por [[asfixia]]. Para abreviar a morte os torturadores às vezes [[:wikt:fratura|fratura]]vam as pernas do condenado, removendo totalmente sua capacidade de sustentação, acelerando o processo que levava à morte. Mas era mais comum{{Carece de fontes|geo|si|data=abril de 2013}} a colocação de "bancos" no crucifixo, que foi erroneamente interpretado como um pedestal. Essa prática fazia com que a vítima vivesse por mais tempo. Nos momentos que precedem a morte, falar ou gritar exigia um enorme esforço.
 
O termo vem do [[Latim]] ''crucifixio'' ("fixar a uma cruz", do prefixo ''cruci-'', de ''crux'' ("cruz"), + verbo ''figere'', "fixar ou prender".)<ref>{{citar web|url=http://dictionary.reference.com/browse/crucify |título=Dictionary.com |editora=Ask.com |acessodata=2018-05-04}}</ref>
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Embora o antigo historiador Josefo (e também outras fontes,{{quais}}) tenha registrado a crucificação de milhares de pessoas pelos romanos, há somente uma única descoberta arqueológica de um [[Jehohanan|corpo crucificado]] datado por volta do período de vida de Jesus. Ela foi descoberta em [[Givat HaMivtar]], Jerusalém em 1968.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Tzaferis|primeiro=Vassilios|data=|ano=1970|titulo=Jewish Tombs at and near Giv'at ha-Mivtar, Jerusalem|url=http://www.jstor.org/stable/27925208|jornal=Israel Exploration Journal|volume=20|numero=1/2|paginas=18-32|acessodata=24/05/2018}}</ref> Não é necessariamente surpresa haver somente uma descoberta como essa, porque o corpo crucificado era normalmente deixado para apodrecer na cruz e logo não seria preservado. A única razão destes restos arqueológicos terem sido preservados foi porque membros da família deste indivíduo em particular o deram um enterro tradicional.
 
Os restos foram encontrados acidentalmente em um [[ossuário]] com o nome do homem crucificado, '[[Jehohanan]], o filho de Hagakol'.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Tzaferis|primeiro=Vassilios|ano=1985|titulo=Crucifixion &nbsp;– The Archaeological Evidence|jornal=Biblical Archaeology Review|numero=11|paginas=44–53}}</ref><ref>{{citar livro|título=Crucifixion: In the Ancient World and the Folly of the Message of the Cross|ultimo=Hengel|primeiro=Martin|editora=Augsburg Fortress Publishing|ano=1977|local=Minneapolis|isbn=978-0800612689|autorlink=Martin Hengel|acessodata=}}</ref><ref name=":11">{{citar periódico|ultimo=Zias|primeiro=Joseph|ultimo2=Sekeles|primeiro2=Eliezer|ano=1985|titulo=The Crucified Man from Giv'at ha-Mivtar: A Reappraisal|url=http://www.jstor.org/stable/27925968|jornal=Israel Exploration Journal|volume=35|numero=1|paginas=22-27|acessodata=24/05/2018}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Haas|primeiro=Nicu|data=|ano=1970|titulo=Anthropological Observations on the Skeletal Remains from Giv'at ha-Mivtar|url=http://www.jstor.org/stable/27925210|jornal=Israel Exploration Journal|volume=20|numero=1/2|paginas=38-59|acessodata=24/05/2018}}</ref><ref>{{citar livro|url=https://books.google.com/?id=Hnb67CuoHugC&pg=PA265&lpg=PA265&dq='Yehohanan+crucified|título=In the Fullness of Time: A Historian Looks at Christmas, Easter, and the Early Church|autorlink=Maier|primeiro=Paul L.|editora=Kregel Publications|ano=1997|local=Grand Rapids, Michigan|páginas=364|isbn=9780825496042|acessodata=24/05/2018}}</ref><ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=__IOAAAAQAAJ&redir_esc=y|título=Spectacles of Death in Ancient Rome|ultimo=Kyle|primeiro=Donald G.|editora=Routledge|ano=1998|local=Florence, Kentucky|isbn=9780415096782|acessodata=24/05/2018}}</ref> Nicu Haas, um antropólogo na Universidade Hebraica de Medicina de Jerusalém, examinou a ossada e descobriu que ela possuía um osso do calcanhar com um prego na sua lateral, indicando que o homem fora crucificado. A posição do prego em relação ao osso indica que os pés foram pregados pela lateral e não pela frente; várias hipóteses foram cogitadas sobre se os pregos eles tivessem sido fixados juntos na frente da cruz, ou um no lado direito e outro do lado esquerdo. A ponta do prego possuía fragmentos de madeira de oliveira indicando que ele fora crucificado em uma cruz de desse tipo de madeira em uma oliveira de fato. Uma vez que [[Oliveira#Descrição|oliveiras]] não são muito altas, isso sugere que o condenado foi crucificado na altura da vista.
 
Adicionalmente, um fragmento de madeira de acácia foi encontrado entro os ossos e a cabeça do prego, possivelmente para impedir o condenado de deslizar seu pé sobre o prego. Suas pernas foram encontradas quebradas, possivelmente para acelerar sua morte. Achava-se que porque no período romano o ferro era raro, os pregos seriam removidos dos corpos para economizar. De acordo com Hass, isso poderia explicar porque somente um prego foi encontrado, já que a cabeça do prego em questão fora dobrada de maneira que não poderia ser removido.
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A hipótese de que a forma adaptada de crucificação dos [[Roma Antiga|Romanos Antigos]] pode ter sido originada do costume primitivo ''arbori suspendere''—pendurar em ''arbor infelix'' ("árvore maldita") dedicada aos deuses do mundo inferior — é rejeitada por William A. Oldfather, que mostrou que esta forma de execução (o ''supplicium more maiorum'', castigo de acordo com os modos dos ancestrais) consistia em suspender alguém em uma árvore, sem dedicação a nenhum deus em particular, e açoitando-o até a morte.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Oldfather|primeiro=William A.|data=|ano=1908|titulo=Livy i, 26 and the Supplicium de More Maiorum|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Journals/TAPA/39/Supplicium_de_More_Maiorum*.html|jornal=Transactions and Proceedings of the American Philological Association|lingua=en|volume=39|paginas=49-72|doi=10.2307/282675|acessodata=26/05/2018}}</ref> [[Tertuliano]] mencionou um caso no século I no qual árvores foram usadas para crucificação,<ref>{{citar web|url=http://www.tertullian.org/brazilian/apologia.html#9|título=Tertuliano:Apologia, IX|acessodata=26/05/2018|publicado=The Tertullian Project|ultimo=Tertuliano|autorlink=Tertuliano}}</ref> mas [[Sêneca]] previamente utilizou a frase ''infelix lignum'' (madeira infeliz) para a estaca ("patibulum") ou para a cruz toda.<ref>Após citar um poema de [[Caio Cílnio Mecenas|Mecenas]] que fala sobre preferir vida à morte mesmo quando a vida é sofrida com todas as dificuldades da idade avançada ou mesmo com tortura pesada ("vel acuta si sedeam cruce"), Sêneca discorda do sentimento, dizendo que a morte seria melhor para uma pessoa crucificada dependurada no ''patibulum'': "Eu deveria julgá-lo mais desprezível se eu quisesse viver ao ponto da crucificação &nbsp;... Vale muito a pena sentir a própria ferida a pendurar-se de um patibulum??&nbsp;... Alguém já foi encontrando, após ser amarrado àquela madeira amaldiçoada, já enfraquecido, já deformando, com inchaços terríveis nos ombros e peito, com muitas razões para morrer mesmo antes de chegar à cruz, desejaria prolongar a vida que está prestes a sofrer tantos tormentos?" ("Contemptissimum putarem, si vivere vellet usque ad crucem&nbsp;... Est tanti vulnus suum premere et patibulo pendere districtum&nbsp;... Invenitur, qui velit adactus ad illud infelix lignum, iam debilis, iam pravus et in foedum scapularum ac pectoris tuber elisus, cui multae moriendi causae etiam citra crucem fuerant, trahere animam tot tormenta tracturam?" - {{citar web | url=http://www.thelatinlibrary.com/sen/seneca.ep17-18.shtml | título= Letter 101, 12-14 | publicado=www.thelatinlibrary.com }})</ref> [[Platão]] e [[Plutarco]] são as duas fontes principais de criminosos carregando seu próprio patíbulo à execução.<ref>Titus Maccius Plautus ''Miles gloriosus'' Mason Hammond, Arthur M. Mack - 1997 Page 109, "O patíbulo (na próxima linha) era uma viga a qual o criminoso condenado carregava nos seus ombros, com seus braços amarrados nela ao lugar para&nbsp;... içado à viga vertical, o patíbulo se tornava a viga cruzada da cruz."</ref>
 
Famosas crucificações em massa se seguiram à [[Terceira Guerra Servil]] in 73-71{{Nbsp}}AEC (a rebelião de escravos sob o comando de [[Espártaco]]), outras às [[guerras civis romanas]] nos séculos II e I{{Nbsp}}AEC., e à [[Destruição de Jerusalém]] em 70{{Nbsp}}EC. [[Crasso]] crucificou 6.000 dos seguidores de Espártaco caçados e capturados após sua derrota em batalha.<ref>{{Citar web|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Appian/Civil_Wars/1*.html#120|titulo=Appian • The Civil Wars — Book &nbsp;I|acessodata=2018-05-24|obra=penelope.uchicago.edu}}</ref> Josefo registrou a história dos Romanos crucificando pessoas ao longo das muralhas de Jerusalém. Também registrou que os soldados romanos se deliciavam crucificando criminosos em diferentes posições.
 
[[Constantino]], o primeiro [[Imperador Romano|imperador]] cristão, aboliu a crucificação no Império Romano em 337 devido à veneração por [[Jesus Cristo]], sua mais famosa vítima.<ref name="britannica">{{citar web|url=https://www.britannica.com/biography/Jesus/The-picture-of-Christ-in-the-early-church-The-Apostles-Creed#ref1228719|título=Encyclopædia Britannica Online: crucifixion|autor =Encyclopædia Britannica|publicado=Britannica.com|acessodata=2018-05-12}}</ref><ref>[https://books.google.com/books?id=GGJmFIf6mtIC Dictionary of Images and Symbols in Counselling By William Stewart] 1998 {{ISBN|1-85302-351-5}}, p. 120</ref><ref>{{citar web|url=https://veja.abril.com.br/mundo/crucificacao-a-abominavel-humilhacao-retomada-pelo-estado-islamico/|título=Crucificação: a abominável humilhação retomada pelo Estado Islâmico|publicado=Veja.com|acessodata=2018-02-12}}</ref>