Manifestações contra o encontro da OMC em Seattle: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Seattle queen anne.jpg|thumb|left|Vista do centro da cidade de [[Seattle]] do bairro Queen Anne.]][[Seattle]] é uma cidade de 600 mil habitantes, no Estado de [[Washington]] (noroeste dos [[Estados Unidos]]), e possui um movimento sindical extremamente organizado e desenvolvido. À época os trabalhadores estadunidenses começavam a sentir o que consideravam ser as consequências negativas do [[NAFTA]] e às medidas desregulatórias destinadas a impulsionar o livre comércio mundial, acarretando em sérios problemas sociais como a perda de empregos e a precarização das condições de trabalho nos chamados 'países de primeiro mundo'.
 
Grupos de ativistas que participaram da campanha vitoriosa de [[1998]] contra o Acordo Multilateral sobre Investimentos (MAI) estavam convencidos que a OMC poderia ser utilizada como mecanismo de tráfico transnacional de influência por corporações. Na perspectiva destes grupos tais corporações buscavam constituir um fórum onde o avanço da agenda [[corporação|corporativa]] global fosse colocada em primeiro plano, em detrimento das [[sociedade civil|sociedades civis]] por todo o mundo, em especial desrespeito aos interesses dos chamados '[[terceiro mundo|países de terceiro mundo]]'. Em [[12 de abril]] de [[1999]], juntando-se a inúmeras cidades tanto nos Estados Unidos como em outros países do mundo, Seattle se declarou parte da área livre MAI por unanimidade dos votos no conselho da cidade. Este fato político foi encarado como um símbolo da efetividade do ''lobby'' democrático em um nível local.<ref>{{citar web | url=http://www.twnside.org.sg/title/zone-cn.htm | título=Seattle declara a si mesma "Area-Livre MAI"! | acessodata=19 de outubro de 2008 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20081203141710/http://www.twnside.org.sg/title/zone-cn.htm# | arquivodata=3 de dezembro de 2008 | urlmorta=yes }} (Rede Terceiro Mundo)</ref>
 
Em [[12 de julho]], o ''Financial Times'' reporta que no último relatório de Desenvolvimento Humano das [[Nações Unidas]] defenderam os "princípios de performance para multinacionais em assuntos trabalhistas, negociações e proteção ambiental" indo de encontro com os efeitos negativos da globalização sobre as nações mais pobres". No próprio relatório argumentava que "um aspecto essencial da governança global é a responsabilidade dos povos - na [[igualdade]], por [[justiça]], e pela ampliação das escolhas para todos".<ref name=autogenerated3 />
 
[[Ficheiro:WA State Convention Center 04A.jpg|thumb|right|O ''Washington State Convention and Trade Center'' foi o palco da reunião e dos inícios dos protestos de 1999.]]Em [[16 de julho]], a jornalista Helene Cooper do ''Wall Street Journal'' alertou para a possibilidade de uma "mobilização maciça contra a globalização" que estava sendo planejada para acontecer durante a conferência da OMC em Seattle no final do ano.<ref>[{{Citar web |url=http://www.globalexchange.org/campaigns/wto/wsj071699.html# |titulo=''Oponentes da globalization planejam protestar na reunião da OMC em Seattle''] |acessodata=19 de outubro de 2008 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090804174410/http://www.globalexchange.org/campaigns/wto/wsj071699.html# |arquivodata=4 de agosto de 2009 |urlmorta=yes }}</ref> No dia seguinte, o jornal ''Sunday Independent'' publicou uma matéria reportando que a OMC teria que lidar com uma tempestade de protestos:
 
''<blockquote>A forma como [a OMC] tem utilizado [seu] poder está levando a uma suspeita crescente de que suas iniciativas realmente têm como intenção controlar todo o mundo. Várias decisões vão de encontro com medidas destinadas a auxiliar as populações carentes do mundo, proteger o meio ambiente, a saúde global, colocando em primeiro plano a salvaguarda dos interesses dos setores privados, geralmente de empresas estadunidenses.'' ''"A OMC parece estar em uma cruzada para aumentar o lucro privado à custa de toda e qualquer outra consideração, incluindo o bem-estar e qualidade de vida de grande parte da população mundial", afirma Ronnie Hall, secretário de assuntos econômicos da ONG internacional Amigos da Terra. "parece que ela possui um desejo implacável por ampliar seu poder".<ref>{{citar web | url=Http://groups.yahoo.com/group/StopWTORound/message/56 | título=Os tentáculos escondidos do corpo mais oculto do mundo }} ''Sunday Independent'', 17 de julho 1999</ref> </blockquote>
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|primeiro=Margot
}}</ref> (onde [[anarquista]]s já haviam protestado no verão anterior),<ref name="eugeneriot">{{citar web
|url = http://rgweb.registerguard.com/news/2007/07/01/a1.arsonbookclub.0701.p1.php?section=cityregion
|titulo = Local unrest followed cycle of social movements
|publicado = The Register-Guard
|acessodata = 2008-02-28
|data = 2007-07-01
|primeiro = Bill
|último = Bishop
}}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref> que optaram por táticas de confronto direto, planejando e conduzindo atos de destruição a propriedade corporativas no centro da cidade de Seattle. Em um comunicado posterior, seriam listadas as corporações que foram alvos em potenciais, bem como os motivos destes atos considerados pelos manifestantes como ''[[corporação|crimes corporativos]]'':
 
''<blockquote>[[Fidelity Investments]] (maior investidor na [[Occidental Petroleum]], o carrasco da tribo U'wa na [[Colômbia]]); [[Bank of America]], U.S. Bancorp, KeyBank e Washington Mutual Bank (um dos principais financiadores da repressão corporativa); Old Navy, Banana Republic e a [[GAP (vestuário)|GAP]] (com negócios relacionados a família Fisher, são estupradores da floresta do noroeste e exploram [[Escravidão do salário|trabalho semi-escravo]]); [[Nike Inc.|NikeTown]] e [[Levi's]] (cujos caros produtos são fabricados por [[Escravidão do salário|mão de obra semi-escrava]]); [[McDonald's]] (traficantes de [[fast-food]] que pagam [[Escravidão do salário|salários miseráveis]] e são responsáveis pela destruição das [[floresta tropical|florestas tropicais]] para pasto e matança de animais); [[Starbucks]] (traficantes de uma substância viciante cujos produtos são ceifados a um salário abaixo da miséria por agricultores que são forçados a destruir suas próprias florestas para o cultivo); [[Warner Bros.]] (monopolistas midiáticos); Planet Hollywood (por serem Planet Hollywood).<ref>{{citar web | url=http://www.insurgentdesire.org.uk/blackbloc.htm | título=Coletivo ACME, ''Comunicado de um Black bloc que participou do N30 em Seattle'' | acessodata=20 de outubro de 2008 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20081006060554/http://www.insurgentdesire.org.uk/blackbloc.htm# | arquivodata=6 de outubro de 2008 | urlmorta=yes }}.</ref></blockquote>''
 
== N30 ==
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Enquanto isso, no fim da manhã uma marcha sindical saída de um comício de dezenas de milhares de pessoas se dirigiu para o centro de convenções. Ao chegarem aos locais onde estavam os outros manifestantes, os [[sindicato|sindicalizados]] se dividiram: enquanto alguns dispersaram sob as ordens da polícia, outros ignorando as ordens das autoridades se juntaram aos demais às manifestações que deram o aspecto de um carnaval de rua para o centro da cidade.<ref name="Black Block p.224"/>
 
À tarde a situação se complicou, quando anarquistas com máscaras negras (em uma formação conhecida como [[black bloc]] começaram a destruir vitrines, [[vandalismo|vandalizando]] as fachadas de lojas, começando com a Fox's Gem Shop. Os atos dos black bloc produziram algumas das mais famosas e controversas imagens dos protestos. Desencadeando uma reação em cadeia em vários sentidos, com manifestantes unindo-se a eles e arrastando latas de lixo para o meio das esquinas ateando fogo sobre elas, com carros de polícia virados, e não-black-blocs se juntando a destruição da propriedade corporativa, impedindo completamente qualquer atividade comercial no centro da cidade.<ref name=autogenerated1>[{{Citar web |url=http://www.infoshop.org/octo/wto_blackbloc.html# |titulo=N30 Black Bloc Communique, peace police] |acessodata=3 de dezembro de 2008 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20080516124347/http://infoshop.org/octo/wto_blackbloc.html# |arquivodata=16 de maio de 2008 |urlmorta=yes }}</ref><ref>[http://woody8858.blogspot.com/2008/11/this-is-what-democracy-looks-like.html This is what democracy looks like]</ref>
 
Outros manifestantes geralmente defendendo posições reformistas e legalistas, tentaram impedir as atividades dos [[black bloc]]. Alguns deles até mesmo ameaçando fisicamente os anarquistas.<ref name=autogenerated1 /> Por sua vez a polícia de Seattle liderada pelo chefe Norm Stamper, não reagiu imediatamente, já que havia sido convencida por alguns organizadores de manifestações durante o processo de permissão que organizadores pacíficos poderiam impedir este tipo de atividade. Rapidamente a polícia acabou sendo suplantada por uma multidão de manifestantes no centro da cidade.<ref name="ReferenceA"/>
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Na óptica de muitos manifestantes, bem como na de alguns observadores da imprensa, estaria em andamento um [[censura|cerco midiático]] elaborado pelos meios de comunicação que alguns classificam como ''corporativos''. Houve coberturas jornalísticas distintas do mesmo evento. Uma parte da imprensa teria, segundo os críticos, minimizada ou mesmo ocultada a existência de manifestações nas ruas de Seattle em suas reportagens, enquanto outra parte divulgou informações sem fundamentos relatando a ocorrência de atentados contra a vida de delegados e policiais.<ref name=autogenerated2 /><ref>Pilger, John. The siege of Seattle marked the rise of a popular resistance to the evils of globalisation. New Statesman; 12/13/99, Vol. 128 Issue 4466, p17, 1p.</ref><ref>[http://www.oikos.org/ecology/seatcom.htm A Brief Comment - What’s Happening in Seattle and Why, por By Michael Albert]</ref>
 
Equivocadamente o jornal ''[[New York Times]]'' publicou um artigo afirmando que os manifestantes contrários à reunião da OMC estavam atirando [[Coquetel Molotov|coquetéis molotov]] contra a polícia.<ref>[http://query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=9A07EFD81E3CF937A35755C0A9669C8B63&partner=rssnyt&emc=rss Police Brace For Protests In Windsor And Detroit]</ref> Dois dias depois o ''New York Times'' publicou uma correção dizendo que os protestos foram pacíficos em sua maioria e que não havia manifestantes sendo acusados de atirar objetos contra os delegados ou contra a polícia, mas o erro original persistiu e foi reproduzido em diversos meios midiáticos corporativos.<ref>[{{Citar web |url=http://www.de-fact-o.com/fact_read.php?id=12# |titulo=De-Fact-o.com: "Origens do Mito do Molotov"] |acessodata=19 de outubro de 2008 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090804145722/http://www.de-fact-o.com/fact_read.php?id=12# |arquivodata=4 de agosto de 2009 |urlmorta=yes }}</ref>
 
A Câmara da cidade de Seattle também desmentiu rumores lançados pelo ''New York Times'' através de investigações próprias:<blockquote>''"O nível de pânico entre a polícia é evidente pela comunicação via rádio e por seu tratamento inflamado para com a multidão, que excedeu em diversas ocasiões o que foi mostrado nos noticiários. Os investigadores da ARC concluíram que os rumores de que "coquetéis molotov" estavam sendo vendidos em um supermercado e utilizados contra a polícia não tinham qualquer base nos fatos. Mas rumores são importantes para contribuir para o sentimento de perseguição dos policiais que passam a se ver em constante perigo."''<ref>[{{Citar web |url=http://www.cityofseattle.net/wtocommittee/arcfinal.pdf# |titulo=Seattle City Council findings] |acessodata=19 de outubro de 2008 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20060107103808/http://www.cityofseattle.net/wtocommittee/arcfinal.pdf# |arquivodata=7 de janeiro de 2006 |urlmorta=yes }}</ref></blockquote>
 
Um editorial publicado no jornal ''The Nation'' afirmou que coquetéis molotov jamais foram atirados em um protesto antiglobalização dentro dos Estados Unidos.<ref>{{citar web | url=http://portland.indymedia.org/en/2004/08/295733.shtml | título=David Graeber ''O Mito dos Protestos Violentos'' }} The Nation.</ref>
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[[Ficheiro:Imclogo2.gif|thumb|right|Logotipo do [[Centro de Mídia Independente]].]]
 
Indignados com o que consideravam uma cobertura distorcida dos meios de comunicação sobre as manifestações, anarquistas e ativistas com conhecimentos tecnológicos criaram durante os protestos de Seattle o projeto Indymedia. Seu objetivo era de oferecer uma cobertura jornalística alternativa dos acontecimentos que não apareciam nos meios de comunicação convencionais a ser veiculada pela internet, e constituída colaborativamente por qualquer um que se voluntariasse.<ref name="1aNot">[{{Citar web |url=http://seattle.indymedia.org/en/1999/11/2.shtml# |titulo=Primeira notícia publicada no site do Indymedia, em 24 de novembro de 1999] |acessodata=19 de outubro de 2008 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20141203013029/http://seattle.indymedia.org/en/1999/11/2.shtml# |arquivodata=3 de dezembro de 2014 |urlmorta=yes }}</ref>
 
O projeto original consistia em um [[website]] para a publicação livre, no qual diferentes órgãos de [[imprensa]] alternativa publicariam relatos, entrevistas, análises e imagens em [[copyleft]], promovendo o intercâmbio de informações e a cooperação mútua. Durante os protestos, no entanto, não apenas jornalistas independentes, mas os próprios ativistas se manifestaram, publicando seus pontos de vista, fotos e depoimentos. A junção da cobertura dos meios jornalísticos independentes e com os relatos diretos dos participantes provocou um crescimento do site, com mais de um milhão de acessos.<ref>[{{Citar web |url=http://web.archive.org/web/20050508150407/daysofdissent.org.uk/j18.ht# |titulo=Anonymous, "June 18th 1999 Carnival Against Capital", in Days of Dissent!, 2004] |acessodata=8 de maio de 2005 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20050508150407/http://daysofdissent.org.uk/j18.ht# |arquivodata=8 de maio de 2005 |urlmorta=no }}</ref>
 
Como consequência do êxito alcançado nas comunicações durante os protestos de Seattle rompendo o suposto cerco midiático, o projeto Indymedia que era temporário transformou-se numa iniciativa permanente. Em [[2002]], já existiam 89 sites do Indymedia em 31 países e em janeiro de [[2006]] já eram 150 sites. Atualmente o Indymedia constitui uma das maiores redes globais voluntárias e horizontais de notícias capaz de rivalizar com as coberturas de grandes conglomerados midiáticos na divulgação de informações.<ref>[http://www.indymedia.org/pt/static/about.shtml Sobre o Indymedia]</ref>
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* {{Citar livro
| autor = Parrish, Geov.
| url = http://www.seattleweekly.com/features/9935/features-parrish.shtml
| titulo = ''The new anarchists: In Eugene, a youth-fueled movement breaks windows to ask the big questions''
| data = setembro de 1999
| publicação = ''Seattle Weekly''
|lingua = en}}
|acessodata = 19 de outubro de 2008
|arquivourl = https://web.archive.org/web/20060101092826/http://www.seattleweekly.com/features/9935/features-parrish.shtml#
|arquivodata = 1 de janeiro de 2006
|urlmorta = yes
}}
 
* {{Citar livro
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* {{Citar livro
| autor = Zimmerman, Stephanie
| url = http://www.zmedia.org/WTO/N30.htm
| titulo = ''WTO Protest Diary''
| ano = 1999
| publicação = ''ZMedia.org''
|lingua = en}}
|acessodata = 19 de outubro de 2008
|arquivourl = https://archive.is/20130416065547/http://www.zmedia.org/WTO/N30.htm#
|arquivodata = 16 de abril de 2013
|urlmorta = yes
}}
 
== Ligações externas ==
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* {{citar web
|url = http://www.infoshop.org/no2wto.html
|titulo = Não à OMC = Não à OMC
|acessodata = 20 de novembro de 2008
|publicado = No Infoshop.org
|lingua = inglês
|arquivourl = https://web.archive.org/web/20050207023054/http://www.infoshop.org/no2wto.html#
|arquivodata = 7 de fevereiro de 2005
|urlmorta = yes
}}
 
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* {{citar web
|url = http://www.daysofdissent.org.uk/berlin.htm
|titulo = Documentação referente às Manifestações Antiglobalização pressedentes contra o FMI e o Banco Mundial em Berlin 1988.
|acessodata = 20 de novembro de 2008
|publicado = No Dias de Dissenso
|lingua = inglês
|arquivourl = https://web.archive.org/web/20051219063747/http://www.daysofdissent.org.uk/berlin.htm#
|arquivodata = 19 de dezembro de 2005
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}}