Carlos III de França: diferenças entre revisões
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'''Carlos III''' ({{dtlink|17|9|879}} – {{dtlink|7|10|929}}), chamado de '''Carlos, o Simples''',<ref> McDougall, Sara. ''Royal Bastards: The Birth of Illegitimacy, 800-1230''.Oxford University Press, 2017. p 90</ref> foi o [[Lista de monarcas da França|Rei da Frância Ocidental]] de 893 <ref>Bradbury, Jim.''The Capetians: Kings of France 987-1328''. Bloomsbury Publishing, 2007. p 32</ref> até sua deposição em 922<ref> MacLean, Simon. ''Ottonian Queenship.'' Oxford University Press, 2017.p 111 </ref> e [[Rei da Lotaríngia]] de 911 a 923.<ref>David S. Bachrach. ''Warfare in Tenth-Century Germany.'' Boydell & Brewer Ltd, 2014. p 16</ref> Era filho do rei [[Luís II de França|Luís II]] e de sua segunda esposa [[Adelaide de Paris]] <ref>Bradbury, Jim.''The Capetians: Kings of France 987-1328''. Bloomsbury Publishing, 2007. p 26</ref> e irmão dos reis [[Luís III de França]] e [[Carlomano II de França|Carlomano II]].<ref>Riche, Pierre. The Carolingians: A Family Who Forged Europe. University of Pennsylvania Press, 1993. pp 211-215</ref> Em 907 casou-se com [[Frederuna]].<ref>Bradbury, Jim.''The Capetians: Kings of France 987-1328''. Bloomsbury Publishing, 2007. p 34</ref> Após a morte daquela em 917,<ref> Riche, Pierre. ''The Carolingians: A Family Who Forged Europe''. University of Pennsylvania Press, 1993. p 369</ref> Carlos desposou a princesa anglo-saxã [[Edgiva de Wessex]], filha do rei [[Eduardo o Velho]], com quem teve o seu herdeiro [[Luís IV de França]].<ref>Gardiner, Mark. ''Shipping and Trade between England and the Continent during the Eleventh.'' In: Anglo-Norman Studies XXII: Proceedings of the Battle Conference 1999. Boydell & Brewer, 2000. p 71. Editado por Christopher Harper-Bill.</ref><ref>Smyth, Alfred P. ''King Alfred the Great''. Oxford University Press, 1995. p 25</ref><ref>Huscroft, Richard. ''Making England, 796-1042''. Routledge, 2018. Capítulo 2 (Ruling the kingdoms, 796-899)</ref>
== Um herdeiro deposto ==
Carlos foi o terceiro filho de Luís, nascendo depois da morte do pai. Ele não pôde ascender ao trono quando seu meio-irmão Carlomano II morreu em 884,<ref>Blunsom, E.O. ''The Past And Future Of Law''. Xlibris Corporation, 2013. p 163</ref> ou após a deposição de seu primo [[Carlos, o Gordo]] em 888 por causa de sua pouca idade.<ref>Bradbury, Jim. ''The Capetians: Kings of France 987-1328''. Bloomsbury Publishing, 2007. p 30</ref> Os nobres franceses escolheram [[Eudo de França|Eudo de Paris]] como novo soberano, porém Carlos acabou coroado rei em 893 por uma facção contrária a Eudo.<ref> Hjardar, Kim & Vike, Vegard.''Vikings at War''. Casemate Publishers & Book Distributors, LLC, 2016. p 327</ref> Entretanto, ele só conseguiu tornar-se efetivamente rei após a morte de Odão cinco anos depois.<ref>Bradbury, Jim.''The Capetians: Kings of France 987-1328''. Bloomsbury Publishing, 2007. p 32</ref>▼
[[Ficheiro:Denier sous Charles III le Simple.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Moeda de Carlos III, o Simples]]
▲Carlos foi o terceiro filho de Luís, nascendo depois da morte do pai. Ele não pôde ascender ao trono quando seu meio-irmão Carlomano II morreu em 884,<ref>Blunsom, E.O. ''The Past And Future Of Law''. Xlibris Corporation, 2013. p 163</ref> ou após a deposição de seu primo [[Carlos, o Gordo]] em 888 por causa de sua pouca idade.<ref>Bradbury, Jim. ''The Capetians: Kings of France 987-1328''. Bloomsbury Publishing, 2007. p 30</ref> Os nobres franceses escolheram [[Eudo de França|Eudo de Paris]] como novo soberano, porém Carlos acabou coroado rei
No final da trégua, Eudo sitia Reims e força Carlos a escapar secretamente. Carlos ganha a [[Germânia]] e rende-se em [[Worms]], onde Arnulfo da Caríntia detém uma ''plaid'': o jovem príncipe carolíngio obtém o envio oficial de tropas para ajudar a combater o seu rival Robertiano. No entanto, os líderes do exército de Socorro, com o pretexto de que a amizade que os unia a Eudo e que unia seus pais a [[Roberto, o Forte]], duque dos Francos e das fronteiras da Frância, abandonam Carlos ao longo do caminho. Carlos refugia-se então na Borgonha, perto de Richard<ref>Eckel 1977, <abbr>p.</abbr> 11-17.</ref>. Aparecendo como mediador, Arnulfo cita os dois rivais em [[Worms]]. Eudo vai lá e é reconhecido pelo Imperador. Em seu retorno, derrota a embaixada de Carlos, liderada por Foulques. O partido de Carlos, em seguida, aborda seu primo [[Zuentiboldo]], filho de Arnulfo, que concorda em enviar-lhe ajuda, mas Zuentiboldo traiu-o, destacando vários senhores da sua causa e vão tentar conquistar parte do Reino de Eudo.
Durante o seu reinado, assim como nos anteriores, ocorreram invasões viquingues. Um grupo liderado por [[Rollo]] invadiu a França em 910.<ref>Riche, Pierre. ''The Carolingians: A Family Who Forged Europe.'' University of Pennsylvania Press, 1993. pp 247-248</ref> Em 911 Carlos firmou um acordo de paz com o líder normando através do [[Tratado de Saint-Clair-sur-Epte]], no qual as terras ao redor de Ruão foram cedidas para Rollo, dando origem ao [[ducado da Normandia]].<ref>Bradbury, Jim.''The Capetians: Kings of France 987-1328''. Bloomsbury Publishing, 2007. p 33</ref> No mesmo ano [[Luís, a Criança|Luís IV da Germânia]] morreu e seus vassalos declararam Carlos como o novo rei.<ref>Riche, Pierre. ''The Carolingians: A Family Who Forged Europe.'' University of Pennsylvania Press, 1993. p 249</ref>▼
A partir da trégua de [[894]], uma negociação é a única maneira de acabar com esta guerra estéril aos olhos dos grandes. O reconhecimento dos direitos de Eudo por Arnulfo justifica uma solução negociada pelos representantes das duas partes. Hervé, representando Eudo, liderou a negociação em [[896]] sob a arbitragem ambivalente de Foulques. Em [[897]], Carlos e Eudo concluíram o acordo. De acordo com o analista de Saint-Vaast<ref>Hincmar de Reims, Prudence de Troyes, ''Les Annales de Saint-Bertin et de Saint-Vaast ; suivies de Fragments d'une chronique inédite'' (publiée avec des annotations et les variantes des manuscrits pour la Société de l'histoire de France par l'abbé C. Dehaisnes), Paris, Veuve Jules Renouard, 1871, XVIII-472 pages, <abbr>p.</abbr> 352 <small>[archive]</small>, note b ; <abbr>p.</abbr> 353 <small>[archive]</small>, note a ; <abbr>p.</abbr> 354-355 <small>[archive]</small>, note c.</ref>, uma divisão do reino é então decidida, além da promessa de sucessão ao trono com a morte de Eudo<ref>Eckel 1977, <abbr>p.</abbr> 17-26.</ref>, que se torna efetiva a [[3 de janeiro]] de [[898]]. Por seu lado, Carlos concorda em confirmar [[Roberto I de França|Roberto]], o irmão de Eudo, no seu comando neustriano, nas mãos da linhagem robertiana desde [[886]]<ref>Hélène Noizet, « L'ascension du lignage robertien : du Val de Loire à la Francie » (<abbr>p.</abbr> 19-35), ''Annuaire-bulletin de la Société de l'histoire de France'', Librairie Droz, 2005, <small>[lire en ligne <small>[archive]</small>]</small>, <abbr>p.</abbr> 22.</ref>.
No seu leito de morte a [[3 de janeiro]] de [[898]], Eudo, fiel ao seu compromisso, designou Carlos como seu sucessor. Carlos III recebe então a [[homenagem]] dos grandes do reino reunidos e concede a Roberto a livre disposição dos condados neustrianos, além de seu marquesado da Bretanha e vários condados entre o Sena e o Loire. Enquanto a Neustria, termo já obsoleto, não é mais mencionada nos arquivos, a ascensão ao trono de Carlos III é a ocasião do nascimento público de um principado militar, atribuído aos robertianos.
== O rei dos Francos ocidentais ==
Em [[898]], a [[Reino da Lotaríngia|Lotaríngia]] revolta-se contra Zuentiboldo sob o comando de Conde Regnier. Carlos, o Simples, tenta conquistar o reino querido pelos seus antepassados. Os bispos da Lotaringia intervêm e restauram a paz entre os primos discordantes.
=== Os Normandos ===
[[Ficheiro:CharlesIII le simple Jean de Tillet-Recueil des rois de France.jpg|miniaturadaimagem|Retrato de Carlos III, o Simples que figura no ''Recueil des rois de France'' de Jean du Tillet.]]
Durante o seu reinado, assim como nos anteriores, ocorreram invasões viquingues.
A [[28 de dezembro]] de [[898]], com um pequeno número de soldados, Carlos bate no Vimeu um bando de normandos que retorna ao seu acampamento, carregado de espólio<ref>Eckel 1977, <abbr>p.</abbr> 65.</ref>. Mas a situação muitas vezes escapa ao controle real. A área de obediência do ''rex francorum'' é limitada a uma fração da Francia entre o Sena e o Mosa.
A difícil aprendizagem da função real explica o seu recente casamento oficial em [[Laon]], uma das suas cidades favoritas. Liga-se a [[16 de abril]] de [[907]], a [[Frederuna]], filha do conde lotaringío Teodorico II de Rhingelheim e de Ringildim da Frísia<ref>Paule Lejeune, ''Les Reines de France, Vernal/P. Lebaud, 1989, 282 pages,<small>(<nowiki>ISBN 978-2-86594-042-4</nowiki>)</small>, <abbr>p.</abbr> 72 <small>[lire en ligne <small>[archive]</small>]</small>.''</ref>, consagrada a [[18 de abril]] em Saint-Remi de [[Abadia de Saint-Remi|Reims]] por Hervé, arcebispo de Reims<ref>Jean-Pierre Bayard, ''Sacres et couronnements royaux'', Guy Trédaniel, 1984, 375 pages, <small>(<nowiki>ISBN 978-2-85707-152-5</nowiki>)</small>, <abbr>p.</abbr> 343 <small>[lire en ligne <small>[archive]</small>]</small>.</ref>. A [[19 de abril]], Carlos doa-lhe o palácio de [[Attigny]], um dote que inclui o escritório de impostos [[Corbeny]] e o palácio de Ponthion, com todas as suas dependências 27<ref>Philippe Depreux, « Princes, princesses et nobles étrangers auprès des rois mérovingiens et carolingiens : alliés hôtes ou otages? » (<abbr>p.</abbr> 133-154), ''in'' Société des historiens médiévistes de l'enseignement supérieur public, ''L'Étranger au Moyen Âge'', Congrès de la SUMES (Gottingen, juin 1999), Publications de la Sorbonne, 2000, 308 pages, <small>(<nowiki>ISBN 978-2-85944-407-5</nowiki>)</small>, <small>[lire en ligne <small>[archive]</small>]</small>, <abbr>p.</abbr> 145, note 133.</ref>,<ref>Annie Renoux (éd.), ''Palais royaux et princiers au Moyen Âge: actes du colloque international tenu au Mans les 6-7 et 8 octobre 1994'', Publications de l'Université du Maine, 1996, 217 pages, <abbr>p.</abbr> 109 <small>(<nowiki>ISBN 978-2-904037-22-1</nowiki>)</small>.</ref>.
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A partir de 918 o rei passou a favorecer cada vez mais um nobre da Lotaríngia, Hagano, fazendo com que a aristocracia francesa se revoltasse em 920 e novamente em 922.<ref>Riche, Pierre. ''The Carolingians: A Family Who Forged Europe.'' University of Pennsylvania Press, 1993. pp 250-251</ref> Eles coroaram [[Roberto I de França|Roberto]], irmão de Eudo, como novo rei e Carlos foi obrigado a fugir para a Germânia. No ano seguinte ele voltou com um exército, porém, mesmo com a morte de Roberto na Batalha de Soissons, Carlos foi derrotado. Em seguida o rei carolíngio foi capturado por [[Herberto II de Vermandois]] e mantido em cativeiro em [[Péronne (Somme)|Péronne]] até sua morte.<ref>Bradbury, Jim.''The Capetians: Kings of France 987-1328''. Bloomsbury Publishing, 2007. p 34</ref><ref>Riche, Pierre. ''The Carolingians: A Family Who Forged Europe.'' University of Pennsylvania Press, 1993. pp 250-251</ref>
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