António de Oliveira Salazar: diferenças entre revisões

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m Alteração de ordem para bem da existencia de um fio condutor com alguma ordem cronológica.
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Salazar nutria também uma grande admiração por outro ditador fascista, Benito Mussolini, tendo inclusivamente uma fotografía do italiano na sua secretária de trabalho.<ref>{{Citar web|url=https://blasfemias.net/2008/11/21/as-lamentaveis-referencias-da-referencia-de-tantos/|titulo=As lamentáveis referências da referência de tantos|data=2008-11-21|acessodata=2017-04-01|obra=BLASFÉMIAS|ultimo=CAA}}</ref>
 
== Salazar e os Comunistas ==
Em 8 de setembro de 1936, teve lugar em Lisboa a [[Revolta dos Marinheiros de 1936|Revolta dos Marinheiros]], também conhecida como ''[[Motim dos Barcos do Tejo]]'', mais uma aparatosa acção levada a cabo durante a Guerra Civil Espanhola contra a ditadura portuguesa. A acção foi desencadeada pela [[Organização Revolucionária da Armada]] (ORA), estrutura criada em 1932 para agrupar as células do [[Partido Comunista Português]] (PCP) da Marinha. A organização editava um mensário intitulado ''O Marinheiro Vermelho''. Os marinheiros comunistas sublevaram as tripulações dos navios de guerra ''Dão'', ''Bartolomeu Dias'' e ''Afonso de Albuquerque'', procurando sair com eles da Barra do Tejo. Após uma intensa troca de tiros travada entre estes e o Forte de São Julião, que causou a morte de 10 marinheiros, a revolta fracassou e os sublevados foram presos. Foi o último desafio militar ao Estado Novo até aos acontecimentos que em 1974 levaram à sua queda.<ref name="História de Portugal.Info"/>
 
== Salazar e os monárquicos ==
Salazar conseguiu alimentar durante muito tempo a lenda dos seus sentimentos [[monarquia|monárquicos]]. O conhecimento que hoje temos dos seus "escritos de juventude",<ref>{{Citar web |url=http://www.angelfire.com/pq/unica/monumenta_jmq_origens_salazar.htm |título=Publicados por Manuel Braga da Cruz; cf. José Manuel Quintas, "Origens do pensamento de Salazar", ''História'', nº 4/5, Julho / Agosto 1998, pp. 77–83. }}</ref><ref>CUNHA, Carlos Guimarães. ''Salazar e os Monárquicos: A Tentativa Restauracionista de 1951''. Lisboa, Sítio do Livro Lda, 2010. pp. 93-96.</ref> a observação cuidada dos acontecimentos políticos da época e o conteúdo da correspondência entre Salazar e Caetano, revelam que o seu alegado "monarquismo" se inseriu num habilidoso jogo político através do qual Salazar conseguiu obter o apoio de alguns [[monárquicos]] para sustentar o seu "Estado Novo".<ref>Mário Saraiva, ''Sob o Nevoeiro'', Lisboa, 1987, pp. 223–235.</ref><ref>CUNHA, Carlos Guimarães. ''Salazar e os Monárquicos: A Tentativa Restauracionista de 1951''. Lisboa, Sítio do Livro Lda, 2010. pp. 95–96.</ref>
 
O seu [[antimonarquismo]] começou a revelar-se dentro do [[Centro Católico Português]], quando, no seu congresso de [[1922,]] vinga a tese de Salazar de que o Centro deveria aceitar o regime republicano "sem pensamento reservado". Monárquicos católicos, com destaque, entre outros, para [[Fernando de Sousa]] (Nemo), [[Alberto Pinheiro Torres]], [[Diogo Pacheco de Amorim]], abandonaram então o Centro Católico.
 
Ao chegar ao poder, no discurso que proferiu em 9 de junho de [[1928]], a solução do "problema político" do regime (monarquia ou república) surgia ainda em último lugar nas suas prioridades. Uma resolução tomada dois anos depois, porém, revelava a grande distância que ia entre as suas palavras e os seus actos. Após a falhada [[Monarquia do Norte]], em [[1919]], umas centenas de oficiais do exército foram afastados do serviço ou demitidos, quando dominava a cena política o [[Partido Democrático (Portugal)|Partido Democrático]] de [[Afonso Costa]]. Mais tarde, o governo de [[António Maria da Silva]], para amainar os ânimos já muito exaltados contra a [[Primeira República Portuguesa|Primeira República]], apresentou no parlamento e no senado um projecto visando a reintegração no serviço activo daqueles oficiais. O golpe militar de 28 de maio de [[1926]] interrompeu o processo, mas, em [[1930]], o tenente-coronel [[Adriano Strecht de Vasconcelos]] apresentou ao presidente [[Óscar Carmona]] um documento intitulado "A Situação Jurídica dos militares afastados do serviço do Exército em 1919", pedindo justiça.<ref name="História de Portugal.Info"/> Oliveira Salazar reagiu impedindo a reintegração daqueles oficiais monárquicos.
 
Na sequência da morte de dom [[Manuel II de Portugal|Manuel II]], em 2 de julho de [[1932]], a ilusão do "monarquismo" de Salazar caiu por completo quando o seu governo se apropriou dos bens da [[Casa de Bragança]] instituindo a [[Fundação da Casa de Bragança]]. A derradeira prova de que Salazar não queria a monarquia deu-se em [[1951]] no congresso da [[União Nacional]], em [[Coimbra]]. Em discurso encomendado por Salazar, [[Marcello Caetano]] vem a travar naquele congresso as teses da restauração da monarquia.<ref>Marcelo Caetano, ''Minhas Memórias de Salazar'', pp. 391, 581–583</ref>
 
Temos ainda a consciência desse facto, que Salazar não apoiava a monarquia mas que se servia dos monárquicos que o admiravam e perseguia quem não o fazia na história do [[Integralismo Lusitano]].
 
== Os amores de Salazar ==
A imagem de Salazar na opinião pública era de um homem inteiramente dedicado à nação, quase um monge, afastado de tentações femininas, e a censura encarregava-se de manter essa imagem. Contudo isso não corresponde à verdade. Salazar teve vários casos amorosos, embora receasse apaixonar-se. Um dos seus colegas de seminário comentaː ''"Ele nunca pronuncia as palavras que as pessoas esperam, não cede a impulsos, mal deu qualquer coisa de seu coração, ele apressa-se a retirá-lo".''
 
A primeira mulher da sua vida foi uma ruiva, Felismina de Oliveira, uma amiga da sua irmã. Era uma jovem de origem modesta, que a acompanhava aos sábados nas visitas a Salazar no seminário. A oposição da família de Felismina e a carreira religiosa que O. Salazar seguia acabaram com a relação. Porém, Salazar sai do seminário e entra na Universidade de Coimbra, na altura da proclamação da Primeira República de Portugal.
 
Em Coimbra tem um romance com a pianista Glória Castanheira, e depois com a sobrinha desta, Maria Laura Campos, casada, com a qual se encontra várias vezes num hotel - o Hotel Borges, em Lisboa -entre 1931 e 1932, mesmo depois de ela casar pela segunda vez. O caso termina quando Laura , acompanhada do marido, se muda para Sevilha. Também no hotel Borges se encontrará com Mercedes de Castro, rica e filha de um diplomata.
 
Também se relacionou com Maria Emilia Vieira, uma jovem que, antes de conhecer o ditador, já tinha vivido aventuras boémias em Paris, como astróloga e dançarina .
 
O seu último ''affaire'', o mais forte e duradouro, parece ter sido o que manteve com [[Christine Garnier,]] jornalista e escritora francesa. Esta, também casada, tinha-se deslocado, em 1961, propositadamente a Portugal com a ideia de escrever um livro sobre Salazar. Ele convida-a a vir a Portugal nas férias; em Santa Comba Dão; ela espanta-se com a modéstia da casa. Christine torna-se a sua favorita, e a partir daí faz viagens frequentes entre Portugal e França. Salazar abandona por um tempo a sua habitual avareza e enche-a de presentes. O livro é escritoː ''Férias com Salazar'', um sucesso de vendas.<ref>{{citar web|url=https://www.libertaddigital.com/chic/corazon/2014-03-09/antonio-salazar-los-romances-del-seminarista-1276512615/|titulo=Antonio Salazar: los romances del seminarista|data=9 de Março de 2014|acessodata=|publicado=Libertad Digital|ultimo=Ayuso|primeiro=Barbara}}</ref><ref>{{citar livro|título=Femmes de Dictateur (Cap.ː Antonio Salazar, jeux interdits pour un séminariste)|ultimo=Ducret|primeiro=Diane|editora=Perrin|ano=2013|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>
 
Vários historiadores e observadores apontam como provável um amor platónico da sua governanta virgem, Maria de Jesus Caetano Freire, por ele. Ela tinha-o seguido de Coimbra, onde já o servia, para Lisboa, em 1928. Era uma mulher dura e forte, rígida, vingativa, de uma ''"dedicação canina"'' ao ditador - ''"uma personagem importante''", diz ele mesmo.A governanta é ciumenta das atenções que este dispensa, por exemplo, às duas garotas que recebeu em São Bento e que são da família de Maria de Jesus. Micas, (Maria da Conceição Rita) uma das crianças, conta que Salazar era incapaz de se ir deitar sem passar pelo seu quarto a compor-lhe a roupa e afagar-lhe os cabelos; também era ele quem com elas brincava e lhes contava histórias. Salazar, visto como um homem frio e distante, que raramente sorria, era no entanto carinhoso e preocupado com os seus mais íntimos. <ref>{{citar web|url=https://www.dn.pt/gente/interior/a-mulher-que-humaniza-o-ditador-1585883.html|titulo=A mulher que humaniza o ditador|data=5 de Junho de 2010|acessodata=|publicado=Diário de Notícias|ultimo=Raposo|primeiro=Lumena}}</ref>
 
== Atentado ==
 
Emído Santana, anarquista, fundador do Sindicato Nacional dos Metalúrgicos, tentou assassinar Salazar em 4 de Julho de 1937. Este ia a caminho da missa numa capela privada em Lisboa. Quando saía do carro, uma bomba explodiu a cerca de 3 metros , mas Salazar escapou são e salvo. O carro oficial foi então substituído por um Chrysler Imperial blindado. Hitler felicita Salazar por ter escapado e Mussolini envia elementos da sua guarda pretoriana para ajudar nas perseguições que se seguiram. <ref>{{citar web|url=http://www.destak.pt/artigo/1842|titulo=Único atentado contra o ditador Oliveira Salazar foi há 70 anos|data=4 de Julho de 2007|acessodata=|publicado=Destak|ultimo=|primeiro=}}</ref> <ref>{{citar web|url=https://www.dn.pt/media/interior/o-atentado-contra-salazar-em-1937-5320698.html|titulo=O atentado contra Salazar em 1937|data=4 de Agosto de 2016|acessodata=|publicado=Diário de Notícias|ultimo=Ferreira|primeiro=Leonídio Paulo}}</ref> A PIDE lança uma caça ao homem com prisões indiscriminadas e torturas. Emídio Santana fugiu para a Grã-Bretanha, onde foi preso pela polícia britânica e entregue a Portugal. Ele foi então condenado a 16 anos de prisão. <ref>{{citar livro|título=António Guterres: Os segredos do poder (Capː o Homem que quis matar Salazar)|ultimo=Cunha|primeiro=Adelino|editora=Alêtheia Editores|ano=2013|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>
 
Com o apoio da Igreja e dos mais altos clérigos, rezaram-se missas de acções de graças por todo o país; o desfecho do atentado contribuiu, em boa medida, para consolidar a imagem providencialista desde sempre associada à figura de O.Salazar, restaurador das finanças e condutor dos destinos da nação.<ref>{{citar web|url=https://observador.pt/especiais/salazar-a-historia-e-os-detalhes-do-atentado-a-bomba-de-1937-de-que-o-ditador-escapou/|titulo=Salazar. A história e os detalhes do atentado à bomba de 1937 de que o ditador escapou|data=1 de novembro de 2017|acessodata=|publicado=Observador|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
== A Concordata ==
Em 1911 tinha sido publicada a Lei da Separação do Estado das Igrejas, de Afonso Costa. Um documento que o Papa Pio X declarara nulo “como uma lei que despreza a Deus” e que “enxovalha e insulta a majestade do Pontificado Romano, o episcopado, o clero e o povo Lusitano e até os católicos todos do universo”. Se a religião católica tinha deixado de ser a do Estado, não tinha no entanto deixado de ser a de parte do povo, como mostraram fenómenos de religiosidade popular como Fátima, em 1917.
 
Em 1940, depois de aturadas negociações, Salazar assina a [[Concordata entre a Santa Sé e Portugal de 1940|Concordata entre a Santa Sé e Portugal]], o culminar da aproximação entre Portugal e a Santa Sé, que tinha começado logo após o fim da I República. A questão da indemnização da Igreja Católica pela nacionalização dos seus bens durante a Primeira República foi reivindicada pela Santa Sé mas Salazar rejeita porém tal hipótese e adopta um regime de separação de poderes entre o Estado e a Igreja. Salazar impôs os seus pontos de vista, fazendo um acordo cujas benesses para a Igreja ficaram muito aquém das vantagens oferecidas noutras concordatas, como a italiana ou a espanhola, conferindo-lhe uma plasticidade que permitiu a sua persistência no ordenamento jurídico português até 2004 tendo inclusivamente sobrevivido ao 25 de Abri de 1974. No período revolucionário sofreu apenas uma alteração, em 1975, ao artigo 24º, remetendo a indissolubilidade do casamento católico para a esfera do direito canónico e da consciência dos cônjuges, acabando assim com a proibição do divórcio civil para os casamentos católicos.<ref>Decreto 187/75 - Visto e aprovado em Conselho de Ministros. - Vasco dos Santos Gonçalves - Francisco Salgado Zenha - Mário Soares – Promulgado pelo Presidente Francisco da Costa Gomes.</ref>
 
== A Segunda Guerra Mundial ==
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Salazar foi afastado do governo em 27 de setembro de 1968, quando o então presidente da república, [[Américo Tomás]], chamou Marcello Caetano para substituí-lo.<ref>Ver {{citar web | url=http://dre.pt/pdfgratis/1968/09/22900.pdf | título= Decreto N° 48597 | publicado=dre.pt }} da Presidência da República.</ref> A 4 de outubro desse ano (pelo 58.º aniversário da implantação da república) recebeu o grande-colar da [[Ordem do Infante D. Henrique]].<ref name="OHn"/> Até morrer, em [[1970]], continuou a receber visitas como se fosse ainda Presidente do Conselho, nunca manifestando sequer a suspeita de que já o não era − no que não era contrariado pelos que o rodeavam.<ref>{{Citar web |url=http://www.geocities.com/capitolhill/lobby/6559/perfil22.html |título=Salazar, o Príncipe encarcerado, Fundação Oliveira Salazar }}</ref>
 
== Salazar e os Comunistas ==
Em 8 de setembro de 1936, teve lugar em Lisboa a [[Revolta dos Marinheiros de 1936|Revolta dos Marinheiros]], também conhecida como ''[[Motim dos Barcos do Tejo]]'', mais uma aparatosa acção levada a cabo durante a Guerra Civil Espanhola contra a ditadura portuguesa. A acção foi desencadeada pela [[Organização Revolucionária da Armada]] (ORA), estrutura criada em 1932 para agrupar as células do [[Partido Comunista Português]] (PCP) da Marinha. A organização editava um mensário intitulado ''O Marinheiro Vermelho''. Os marinheiros comunistas sublevaram as tripulações dos navios de guerra ''Dão'', ''Bartolomeu Dias'' e ''Afonso de Albuquerque'', procurando sair com eles da Barra do Tejo. Após uma intensa troca de tiros travada entre estes e o Forte de São Julião, que causou a morte de 10 marinheiros, a revolta fracassou e os sublevados foram presos. Foi o último desafio militar ao Estado Novo até aos acontecimentos que em 1974 levaram à sua queda.<ref name="História de Portugal.Info"/>
 
== Salazar e os monárquicos ==
Salazar conseguiu alimentar durante muito tempo a lenda dos seus sentimentos [[monarquia|monárquicos]]. O conhecimento que hoje temos dos seus "escritos de juventude",<ref>{{Citar web |url=http://www.angelfire.com/pq/unica/monumenta_jmq_origens_salazar.htm |título=Publicados por Manuel Braga da Cruz; cf. José Manuel Quintas, "Origens do pensamento de Salazar", ''História'', nº 4/5, Julho / Agosto 1998, pp. 77–83. }}</ref><ref>CUNHA, Carlos Guimarães. ''Salazar e os Monárquicos: A Tentativa Restauracionista de 1951''. Lisboa, Sítio do Livro Lda, 2010. pp. 93-96.</ref> a observação cuidada dos acontecimentos políticos da época e o conteúdo da correspondência entre Salazar e Caetano, revelam que o seu alegado "monarquismo" se inseriu num habilidoso jogo político através do qual Salazar conseguiu obter o apoio de alguns [[monárquicos]] para sustentar o seu "Estado Novo".<ref>Mário Saraiva, ''Sob o Nevoeiro'', Lisboa, 1987, pp. 223–235.</ref><ref>CUNHA, Carlos Guimarães. ''Salazar e os Monárquicos: A Tentativa Restauracionista de 1951''. Lisboa, Sítio do Livro Lda, 2010. pp. 95–96.</ref>
 
O seu [[antimonarquismo]] começou a revelar-se dentro do [[Centro Católico Português]], quando, no seu congresso de [[1922,]] vinga a tese de Salazar de que o Centro deveria aceitar o regime republicano "sem pensamento reservado". Monárquicos católicos, com destaque, entre outros, para [[Fernando de Sousa]] (Nemo), [[Alberto Pinheiro Torres]], [[Diogo Pacheco de Amorim]], abandonaram então o Centro Católico.
 
Ao chegar ao poder, no discurso que proferiu em 9 de junho de [[1928]], a solução do "problema político" do regime (monarquia ou república) surgia ainda em último lugar nas suas prioridades. Uma resolução tomada dois anos depois, porém, revelava a grande distância que ia entre as suas palavras e os seus actos. Após a falhada [[Monarquia do Norte]], em [[1919]], umas centenas de oficiais do exército foram afastados do serviço ou demitidos, quando dominava a cena política o [[Partido Democrático (Portugal)|Partido Democrático]] de [[Afonso Costa]]. Mais tarde, o governo de [[António Maria da Silva]], para amainar os ânimos já muito exaltados contra a [[Primeira República Portuguesa|Primeira República]], apresentou no parlamento e no senado um projecto visando a reintegração no serviço activo daqueles oficiais. O golpe militar de 28 de maio de [[1926]] interrompeu o processo, mas, em [[1930]], o tenente-coronel [[Adriano Strecht de Vasconcelos]] apresentou ao presidente [[Óscar Carmona]] um documento intitulado "A Situação Jurídica dos militares afastados do serviço do Exército em 1919", pedindo justiça.<ref name="História de Portugal.Info"/> Oliveira Salazar reagiu impedindo a reintegração daqueles oficiais monárquicos.
 
Na sequência da morte de dom [[Manuel II de Portugal|Manuel II]], em 2 de julho de [[1932]], a ilusão do "monarquismo" de Salazar caiu por completo quando o seu governo se apropriou dos bens da [[Casa de Bragança]] instituindo a [[Fundação da Casa de Bragança]]. A derradeira prova de que Salazar não queria a monarquia deu-se em [[1951]] no congresso da [[União Nacional]], em [[Coimbra]]. Em discurso encomendado por Salazar, [[Marcello Caetano]] vem a travar naquele congresso as teses da restauração da monarquia.<ref>Marcelo Caetano, ''Minhas Memórias de Salazar'', pp. 391, 581–583</ref>
 
Temos ainda a consciência desse facto, que Salazar não apoiava a monarquia mas que se servia dos monárquicos que o admiravam e perseguia quem não o fazia na história do [[Integralismo Lusitano]].
 
== Os amores de Salazar ==
A imagem de Salazar na opinião pública era de um homem inteiramente dedicado à nação, quase um monge, afastado de tentações femininas, e a censura encarregava-se de manter essa imagem. Contudo isso não corresponde à verdade. Salazar teve vários casos amorosos, embora receasse apaixonar-se. Um dos seus colegas de seminário comentaː ''"Ele nunca pronuncia as palavras que as pessoas esperam, não cede a impulsos, mal deu qualquer coisa de seu coração, ele apressa-se a retirá-lo".''
 
A primeira mulher da sua vida foi uma ruiva, Felismina de Oliveira, uma amiga da sua irmã. Era uma jovem de origem modesta, que a acompanhava aos sábados nas visitas a Salazar no seminário. A oposição da família de Felismina e a carreira religiosa que O. Salazar seguia acabaram com a relação. Porém, Salazar sai do seminário e entra na Universidade de Coimbra, na altura da proclamação da Primeira República de Portugal.
 
Em Coimbra tem um romance com a pianista Glória Castanheira, e depois com a sobrinha desta, Maria Laura Campos, casada, com a qual se encontra várias vezes num hotel - o Hotel Borges, em Lisboa -entre 1931 e 1932, mesmo depois de ela casar pela segunda vez. O caso termina quando Laura , acompanhada do marido, se muda para Sevilha. Também no hotel Borges se encontrará com Mercedes de Castro, rica e filha de um diplomata.
 
Também se relacionou com Maria Emilia Vieira, uma jovem que, antes de conhecer o ditador, já tinha vivido aventuras boémias em Paris, como astróloga e dançarina .
 
O seu último ''affaire'', o mais forte e duradouro, parece ter sido o que manteve com [[Christine Garnier,]] jornalista e escritora francesa. Esta, também casada, tinha-se deslocado, em 1961, propositadamente a Portugal com a ideia de escrever um livro sobre Salazar. Ele convida-a a vir a Portugal nas férias; em Santa Comba Dão; ela espanta-se com a modéstia da casa. Christine torna-se a sua favorita, e a partir daí faz viagens frequentes entre Portugal e França. Salazar abandona por um tempo a sua habitual avareza e enche-a de presentes. O livro é escritoː ''Férias com Salazar'', um sucesso de vendas.<ref>{{citar web|url=https://www.libertaddigital.com/chic/corazon/2014-03-09/antonio-salazar-los-romances-del-seminarista-1276512615/|titulo=Antonio Salazar: los romances del seminarista|data=9 de Março de 2014|acessodata=|publicado=Libertad Digital|ultimo=Ayuso|primeiro=Barbara}}</ref><ref>{{citar livro|título=Femmes de Dictateur (Cap.ː Antonio Salazar, jeux interdits pour un séminariste)|ultimo=Ducret|primeiro=Diane|editora=Perrin|ano=2013|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>
 
Vários historiadores e observadores apontam como provável um amor platónico da sua governanta virgem, Maria de Jesus Caetano Freire, por ele. Ela tinha-o seguido de Coimbra, onde já o servia, para Lisboa, em 1928. Era uma mulher dura e forte, rígida, vingativa, de uma ''"dedicação canina"'' ao ditador - ''"uma personagem importante''", diz ele mesmo.A governanta é ciumenta das atenções que este dispensa, por exemplo, às duas garotas que recebeu em São Bento e que são da família de Maria de Jesus. Micas, (Maria da Conceição Rita) uma das crianças, conta que Salazar era incapaz de se ir deitar sem passar pelo seu quarto a compor-lhe a roupa e afagar-lhe os cabelos; também era ele quem com elas brincava e lhes contava histórias. Salazar, visto como um homem frio e distante, que raramente sorria, era no entanto carinhoso e preocupado com os seus mais íntimos. <ref>{{citar web|url=https://www.dn.pt/gente/interior/a-mulher-que-humaniza-o-ditador-1585883.html|titulo=A mulher que humaniza o ditador|data=5 de Junho de 2010|acessodata=|publicado=Diário de Notícias|ultimo=Raposo|primeiro=Lumena}}</ref>
 
== Atentado ==
 
Emído Santana, anarquista, fundador do Sindicato Nacional dos Metalúrgicos, tentou assassinar Salazar em 4 de Julho de 1937. Este ia a caminho da missa numa capela privada em Lisboa. Quando saía do carro, uma bomba explodiu a cerca de 3 metros , mas Salazar escapou são e salvo. O carro oficial foi então substituído por um Chrysler Imperial blindado. Hitler felicita Salazar por ter escapado e Mussolini envia elementos da sua guarda pretoriana para ajudar nas perseguições que se seguiram. <ref>{{citar web|url=http://www.destak.pt/artigo/1842|titulo=Único atentado contra o ditador Oliveira Salazar foi há 70 anos|data=4 de Julho de 2007|acessodata=|publicado=Destak|ultimo=|primeiro=}}</ref> <ref>{{citar web|url=https://www.dn.pt/media/interior/o-atentado-contra-salazar-em-1937-5320698.html|titulo=O atentado contra Salazar em 1937|data=4 de Agosto de 2016|acessodata=|publicado=Diário de Notícias|ultimo=Ferreira|primeiro=Leonídio Paulo}}</ref> A PIDE lança uma caça ao homem com prisões indiscriminadas e torturas. Emídio Santana fugiu para a Grã-Bretanha, onde foi preso pela polícia britânica e entregue a Portugal. Ele foi então condenado a 16 anos de prisão. <ref>{{citar livro|título=António Guterres: Os segredos do poder (Capː o Homem que quis matar Salazar)|ultimo=Cunha|primeiro=Adelino|editora=Alêtheia Editores|ano=2013|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>
 
Com o apoio da Igreja e dos mais altos clérigos, rezaram-se missas de acções de graças por todo o país; o desfecho do atentado contribuiu, em boa medida, para consolidar a imagem providencialista desde sempre associada à figura de O.Salazar, restaurador das finanças e condutor dos destinos da nação.<ref>{{citar web|url=https://observador.pt/especiais/salazar-a-historia-e-os-detalhes-do-atentado-a-bomba-de-1937-de-que-o-ditador-escapou/|titulo=Salazar. A história e os detalhes do atentado à bomba de 1937 de que o ditador escapou|data=1 de novembro de 2017|acessodata=|publicado=Observador|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
== A Concordata ==
Em 1911 tinha sido publicada a Lei da Separação do Estado das Igrejas, de Afonso Costa. Um documento que o Papa Pio X declarara nulo “como uma lei que despreza a Deus” e que “enxovalha e insulta a majestade do Pontificado Romano, o episcopado, o clero e o povo Lusitano e até os católicos todos do universo”. Se a religião católica tinha deixado de ser a do Estado, não tinha no entanto deixado de ser a de parte do povo, como mostraram fenómenos de religiosidade popular como Fátima, em 1917.
 
Em 1940, depois de aturadas negociações, Salazar assina a [[Concordata entre a Santa Sé e Portugal de 1940|Concordata entre a Santa Sé e Portugal]], o culminar da aproximação entre Portugal e a Santa Sé, que tinha começado logo após o fim da I República. A questão da indemnização da Igreja Católica pela nacionalização dos seus bens durante a Primeira República foi reivindicada pela Santa Sé mas Salazar rejeita porém tal hipótese e adopta um regime de separação de poderes entre o Estado e a Igreja. Salazar impôs os seus pontos de vista, fazendo um acordo cujas benesses para a Igreja ficaram muito aquém das vantagens oferecidas noutras concordatas, como a italiana ou a espanhola, conferindo-lhe uma plasticidade que permitiu a sua persistência no ordenamento jurídico português até 2004 tendo inclusivamente sobrevivido ao 25 de Abri de 1974. No período revolucionário sofreu apenas uma alteração, em 1975, ao artigo 24º, remetendo a indissolubilidade do casamento católico para a esfera do direito canónico e da consciência dos cônjuges, acabando assim com a proibição do divórcio civil para os casamentos católicos.<ref>Decreto 187/75 - Visto e aprovado em Conselho de Ministros. - Vasco dos Santos Gonçalves - Francisco Salgado Zenha - Mário Soares – Promulgado pelo Presidente Francisco da Costa Gomes.</ref>
 
== Salazar na Literatura Portuguesa ==