António de Oliveira Salazar: diferenças entre revisões

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m Movendo a "capa da time" de 1946 para a secáo de pós-guerra
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Movendo artigo da Life de 1940 para lugar mais apropriado na ordem cronológica. Acrescentando "honoris causa" por Oxford.
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Na imprensa, que era controlada pela censura, Salazar seria muitas vezes retratado como "salvador da pátria". Mas também alguma imprensa internacional, que não era controlada pela censura, apontava méritos a Salazar; em Março de 1935 a revista [[Time (revista)|Time]] afirmou que "é impossível negar que o desenvolvimento económico record registado em Portugal não só não tem paralelo em qualquer outra parte do mundo como também é um feito para o qual a história não tem muitos precedentes”. {{sfn|Derrick|1938| p=39}}
 
Também em 1940, ''[[LIFE (revista)|a Life]]'' considerou Salazar como ''"o maior português desde Henrique o Navegador"'' e o “''melhor ditador de sempre''”, um "''dirigente benevolente''" dum povo que é apresentado como preguiçoso e apático, bebendo vinho barato noite dentro enquanto ouve o Fado.<ref name="Life">{{citar jornal |data=29 de julho de 1940 |título=Portugal: The War Has Made It Europe's Front Door |url=http://books.google.com/books?id=xz8EAAAAMBAJ&pg=PA65&source=gbs_toc_r&cad=2#v=onepage&q&f=false |jornal=[[Life (magazine)|Life]] |acessodata= 8 de agosto de 2014}}</ref> O prestígio ganho, a propaganda, a habilidade política na manipulação das correntes da direita republicana, de alguns sectores monárquicos e dos católicos consolidavam o seu poder. A Ditadura dificilmente o podia dispensar e o presidente da república consultava-o em cada remodelação ministerial. Enquanto a [[oposição à ditadura portuguesa|oposição democrática]] se desvanecia em sucessivas revoltas sem êxito, procurava-se dar um rumo à Revolução Nacional imposta pela ditadura. Salazar, que havia sido agraciado com a grã-cruz da [[Ordem Militar de Sant'Iago da Espada]] a 15 de abril de 1929,<ref name="OHn" /> recusando o regresso ao [[parlamentarismo]] e à [[democracia]] da Primeira República, cria a [[União Nacional]] em [[1930]], visando o estabelecimento de um regime de partido único.
 
Em junho de 1929 Salazar volta a demitir-se. [[Mário de Figueiredo]], Ministro da Justiça e dos Cultos, amigo de Salazar, publica a célebre Portaria nº 6 259 que permite manifestações públicas do culto católico, com procissões e toques de sinos (a realização de procissões religiosas e o toque de sinos nas igrejas tinham sido proibidos pela república). O ministro da guerra Júlio Morais Sarmento comanda protestos anticlericais e a portaria é anulada em Conselho de Ministros. Figueiredo comunica a Salazar a sua intenção de se demitir e Salazar diz-lhe que embora não concorde com ele, caso Figueiredo se demita, então ele, Salazar, solidariamente, também apresentará a sua demissão. Figueiredo demite-se e no dia 3 de julho Salazar entrega o seu pedido de Exoneração. No dia seguinte Carmona visita Salazar, que se encontrava hospitalizado, e tenta demove-lo da sua Intenção de se demitir. O episódio termina com um novo governo, presidido por Ivens Ferraa, com Salazar a continuar na pasta das finanças.{{sfn|Menezes|2009|p=64}}
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Com este tratado assim reforçado, os dois países que se encontravam ideologicamente em campos opostos, a Espanha como simpatizante da Itália e da Alemanha, e Portugal como simpatizante da Grã Bretanha, conseguem encontrar uma formula de manter a sua neutralidade na guerra. No caso de Portugal o tratado também funcionou como um travão para aqueles que em Espanha aventavam a hipótese de Espanha ocupar Portugal, como era o caso do Ministro dos Assuntos Exteriores Espanhol e cunhado de Franco, Ramon Serrano Suñer.{{sfn|Tusell|1995|pp=123-130}}
 
Este feito de Salazar e do Embaixador Teotónio Pereira na manutenção de um bloco Ibérico neutro é reconhecido pelos aliados{{sfn|Meneses|2010|p=250}} e é objecto de copiosos elogios por parte de Carlton Hayes, o historiador e Embaixador Americano em Madrid durante a guerra no seu livro Wartime mission in Spain,1942-1945{{sfn|Hayes|1945|p=36 e 119}} e por parte do Embaixador Britânico, Samuel Hoare, no seu livro “Ambassador on a Special Mission”.{{sfn|Hoare|1946|pp=124-125}} EM 1940, ''[[LIFE (revista)|a Life]]'' considerou Salazar como ''"o maior português desde Henrique o Navegador"'' e o “''melhor ditador de sempre''”.<ref name="Life">{{citar jornal |data=29 de julho de 1940 |título=Portugal: The War Has Made It Europe's Front Door |url=http://books.google.com/books?id=xz8EAAAAMBAJ&pg=PA65&source=gbs_toc_r&cad=2#v=onepage&q&f=false |jornal=[[Life (magazine)|Life]] |acessodata= 8 de agosto de 2014}}</ref> Os Britânicos nao escondem as suas simpatias pelo regime de Salazar e informam-no que a Universidade de Oxford tinha decidido conferir-lhe o grau de doutor "honoris causa". Passado pouco tempo Winston Churchill escreve a Salazar felicitando-o pela sua capacidade de manter Portugal fora da guerra acrescentando que "tal como em muitas outras ocasiões ao longo dos muitos séculos da aliança anglo-portuguesa, os interesses britânicos e portugueses são idênticos nesta questão vital".{{sfn|Meneses|2007|p=266}} Em visita a Lisboa o diplomata Britânico, Sir George Rendell, que havia estado em Lisboa durante a primeira guerra mundial, faz um balanço entre o Portugal das duas guerras e afirma que tinha sido bem mais difícil lidar com o Portugal aliado da primeira guerra mundial do que com o Portugal ordeiro e neutro do Professor Salazar.<ref>{{cite book |last= [[George William Rendel|Rendel]] |first=Sir George |date=1957 |title= The Sword and the Olive – Recollections of Diplomacy and Foreign Service 1913–1954|url= |edition=First |location= |publisher=John Murray |page= |isbn= |asin= B000UVRG60|ref=harv}}</ref>
 
A estratégia de neutralidade é um imperativo da diplomacia por forma a não provocar a hostilidade nos beligerantes e Salazar não tolerou desvios dos diplomatas que arriscaram a sua política externa. Quando o [[cônsul (serviço exterior)|cônsul]] português, [[Aristides de Sousa Mendes]], em [[Bordéus]] concedeu indiscriminadamente vistos em grande quantidade, sem a prévia consulta a Lisboa, ignorando instruções do [[Ministério dos Negócios Estrangeiros]], e na sequencia de uma queixa formal da Embaixada Britânica segundo a qual o cônsul português estava a protelar a passagem de vistos para fora do horário de expediente, para poder receber mais emolumentos e que, adicionalmente, em pelo menos um caso tinha exigido uma contribuição indevida para um fundo de caridade.{{sfn|Milgram|1999|p=}}{{Nota de rodapé|O texto original da Aide Memoire enviada pela Embaixada Britânica diz: "''The Portuguese Consul at Bordeaux has been deferring until after office hours all applications for visas and has then been charging them at a special rate; in at least one case the applicant has also been requested to contribute to a Portuguese charitable fund before the visa was granted''". }}Salazar foi implacável com ele e chamou-o a Lisboa.