Jean-Paul Sartre: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Resgatando 1 fontes e marcando 0 como inativas. #IABot (v2.0beta10)
Dbastro (discussão | contribs)
m →‎Críticas ao existencialismo sartriano: correção de texto extra em parâmetro página e edição
Linha 175:
Sartre responde a isso na conferência "O existencialismo é um [[humanismo]]" em que afirma que o existencialismo não pode ser refúgio para os que procuram o escândalo, a inconsequência e a desordem. O movimento, segundo este texto, não defende o abandono da moral, mas a coloca em seu devido lugar: na responsabilidade individual de cada pessoa. O existencialismo reconhece, assim, a possibilidade de uma moral [[laica]] em que os valores humanos existem sem a necessidade da existência de Deus. A moral existencialista pretende que as escolhas morais não sejam determinadas pelo medo da punição divina, mas pela consciência da responsabilidade.
 
No meio acadêmico, o existencialismo foi criticado por tratar exclusivamente de questões [[Ontologia|ontológicas]], e por sua defesa da autodeterminação. O existencialismo seria uma filosofia excessivamente preocupada com o indivíduo, sem levar em conta os fatores socioeconômicos, culturais e os movimentos históricos coletivos que, segundo o marxismo e o [[estruturalismo]], determinam as escolhas e diminuem a liberdade individual. Em uma relação da história do pensamento, há uma crítica sobre as estruturas estabelecidas entre o em-si e o para si. Para alguns críticos, Sartre estaria fazendo uma retomada do pensamento proposto pelos modernos, na separação da estrutura ontológica em uma nova roupagem da já estabelecida entre sujeito e objeto.<ref>{{citar livro|título=Sartre: O homem como criador do seu próprio mundo|ultimo=BÓZIO|primeiro=Leonid|editora=Amazon|ano=2016|local=Brasília|páginas=p.45|isbn=978-85-923882-0-1|acessodata=1 de junho de 2017}}</ref>
 
Em resposta a esta crítica, Sartre fez alterações ao seu sistema, e escreveu "A crítica da razão dialética" como tentativa de compatibilizar o existencialismo ao marxismo.
Linha 188:
Sartre influenciou do mesmo modo o famoso psiquiatra [[David Cooper]], que foi um psiquiatra sul-africano, notável teórico e líder do movimento anti-psiquiatria, ao lado de R. D. Laing, Thomas Szasz e Michel Foucault. A influência da filosofia de Sartre, especialmente com a obra "Crítica da Razão Dialética", segundo a qual Laing e Cooper compuseram um notável texto com o título ''Raison et violence,'' fez Cooper lutar contra a repressão manicomial que se encontra associada a outras lutas anti-repressivas e se soma às reivindicações por um mundo melhor e mais livre<ref>{{Citar periódico|ultimo=Christian|primeiro=Delacampagne,|data=June 2004|titulo=A contestação antipsiquiátrica|url=http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-44272004000100003|jornal=Mental|volume=2|numero=2|issn=1679-4427}}</ref>.
 
Um grande intelectual brasileiro que também sofre influência de Sartre, é o [[Paulo Freire]]. Ainda na sua obra ''Pedagogia do Oprimido'', Paulo Freire cita diretamente o Sartre: “Na verdade, não há eu que se constitua sem um não-eu. Por sua vez, não-eu constituinte do eu se constitui na constituição do eu constituído. Desta forma, o mundo constituinte da consciência se torna mundo da consciência, um percebido objetivo seu, ao qual se intenciona. Daí, a afirmação de Sartre, anteriormente citada: ‘consciência e mundo se dão ao mesmo tempo’” (Freire, 1987, p. 71)<ref>{{citar livro|título=Pedagogia do oprimido|ultimo=FREIRE|primeiro=Paulo|editora=Paz e Terra|ano=1987|local=Rio de Janeiro|páginas=|acessodata=}}</ref>. O pensamento existencialista sartriano enquanto se ocupa do ser humano, tem importância para a educação, na medida em que esclarece a condição dele no mundo. "Paulo Freire (1996) sofre influências desta corrente e a desenvolve em sua Pedagogia. Se por um lado, uma educação é possível a partir do pensamento de Sartre (1987), de outro, encontra-se a humanização na pedagogia de Freire" (MENDONÇA, 2006, p. 161)<ref name=":02">{{citar web|url=http://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/4507|titulo=A humanização na pedagogia de Paulo Freire|data=2006|acessodata=|publicado=Repositório Institucional da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)|ultimo=Mendonça|primeiro=Nelino}}</ref>, que objetiva, finalmente, a humanização das relações no processo de ensino/aprendizagem<ref>{{citar web|url=http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000039/000039C5.pdf|titulo=O existencialismo de Jean Paul Sartre e a Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire|data=2008|acessodata=|publicado=Unesc - Universidade do Extremo Sul Catarinense|ultimo=GARCIA|primeiro=Marcio|arquivourl=https://web.archive.org/web/20171029065357/http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000039/000039C5.pdf#|arquivodata=29 de outubro de 2017|urlmorta=yes}}</ref>.
 
Sartre ainda prova sua relevância até na TV contemporânea, onde o cultuado produtor [[Joss Whedon]] costuma inserir o existencialismo em seus projetos [[Buffy the Vampire Slayer|Buffy, a Caça Vampiros]], [[Angel]] e [[Firefly]] - o que, através da repetição descontextualizada dos jargões existencialistas, acaba por contribuir para a incompreensão e reforça preconceitos já existentes. Através de suas contribuições à arte, Sartre conseguiu inserir a filosofia na vida das pessoas comuns.