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=== Civilização Romana ===
{{artigo principal|[[Roma Antiga]]}}
{{Expandir}}
 
A [[Península Itálica|Itália]] é uma península ao sul da [[Europa]], que invade o mar Mediterrâneo em direção à [[África]]. É cercada pelos mares [[mar Jônico|Jônico]], [[mar Tirreno|Tirreno]] e [[mar Adriático|Adriático]]. A Itália é montanhosa, tendo os Alpes ao norte e sendo percorrida de norte a sul pela cadeia dos [[montes Apeninos]]. O [[litoral]] costeiro italiano não é favorável à [[navegação]]. Esse fator geográfico fez com que os primitivos povos da Itália se dedicassem ao [[pastoreio]] e à agricultura.<ref name="CANTELE 124">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=124|id=}}</ref>
 
[[Ficheiro:Italy 400bC es.svg|thumb|direita|<center>[[Itália]] Romana.]]
 
A Itália foi invadida por vários povos, como a denominação geral de [[italiotas]], que se subdiviram em [[sabinos]], [[latinos]], [[samnitas]] e [[úmbrios]]. Habitavam inicialmente a Itália central.<ref name="CANTELE 124" />
 
Os gregos, localizados próximo da [[Itália]], ocuparam muitas regiões do sul da Itália e aí fundaram prósperas colônias, como [[Siracusa]], [[Agrigento]], [[Síbaris]], [[Taranto]] e [[Nápolis]]. Os italiotas aproveitaram muito da [[cultura grega]], como o uso do [[alfabeto]], técnicas agrícolas, noções [[ciência|científicas]], o gosto pela [[arte]] e adotaram a [[religião grega]], com muitos de seus deuses.<ref name="CANTELE 124" />
 
Também os cartagineses, vindos do norte da África ([[Cartago]]), fundaram suas colônias ao sul da Itália (na [[Sicília]], na [[Sardenha]] e na [[Córsega]]) e mantiveram relacionamento comercial e cultural com os italiotas.<ref name="CANTELE 124" />
 
==== Fundação de Roma ====
[[Ficheiro:She-wolf suckles Romulus and Remus.jpg|thumb|esquerda|<center>De acordo com a lenda, [[Fundação de Roma|Roma foi fundada]] em [[753 a.C.]] por [[Rômulo]], que foi criados por uma [[loba]]junto de seu irmão Remo.]]
De acordo com a '''[[lenda]]''', a cidade de Roma foi fundada em [[753 a.C.]] por '''[[Rômulo]]''', na região do '''[[Lácio]]'''.<ref name="CANTELE 125">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=125|id=}}</ref>
 
O poeta romano [[Virgílio]], em seu livro [[Eneida]], narra que um bravo combatente da guerra de Troia, chamado [[Eneias]], fugiu para a região do Lácio, e entre seus colocados num cesto nas águas correntes do [[rio Tibre]]. O cesto parou numa das margens e as crianças foram recolhidas pelos pastores e amamentadas por uma [[loba]]. Quando grandes, fundaram Roma, que teve [[Rômulo]] como primeiro rei. Na realidade, as escavações arqueológicas demonstraram que já tinha existido no local uma aldeia de pastores há uns milênios a.C.<ref name="CANTELE 125" />
 
Fundada ou não pelos gêmeos, o certo é que esta cidade (Roma) dominou povos vizinhos e se tornou a '''principal cidade do Lácio'''. Conta-se que logo no início a cidade precisava de mais habitantes, e os romanos de Rômulo resolver raptar numa festa muitas filhas dos sabinos ([[rapto das sabinas]]). Assim, os [[sabinos]] foram o primeiro povo a se unir aos romanos.<ref name="CANTELE 125" />
 
[[Latinos]] e [[sabinos]] tiveram quatro reis que se alternaram, sendo dois romanos e dois sabinos. Depois desses reis, os romanos foram dominados, no [[século VII a.C.]], por um povo mais adiantado, os [[etruscos]], que estavam conquistando povos vizinhos. Três reis etruscos governaram Roma.<ref name="CANTELE 125" />
 
===== Etruscos =====
Os etruscos, de origem desconhecida, ocuparam grande parte da [[Itália]]. Eram um povo de civilização adiantada, mas, inflelizmente, pouco conhecemos de sua cultura, por falta de [[documentação]] e porque a sua escrita ainda não foi decifrada.<ref name="CANTELE 125" />
 
Eram hábeis marinheiros, desenvolveram técnicas de trabalho com metais, como bronze, ferro, ouro e prata. Formaram cidades-estados e chegaram a formar uma forte confederação. Tiveram bom relacionamento comercial e cultural com [[fenícios]] e cartagineses. Mas encontraram forte resistência de sólidas colônias gregas da [[Magna Grécia]].<ref name="CANTELE 125"/>
 
==== Períodos históricos ====
A [[História]] da [[Roma Antiga]] pode ser dividida em três períodos:<ref name="CANTELE 125" />
* [[Reino de Roma|Monarquia]] (de [[753 a.C.]] até [[509 a.C.]])
* [[República Romana|República]] (de [[509 a.C.]] até [[27 a.C.]])
* [[Império Romano|Império]] ([[27 a.C.]] até [[476 d.C.]])
 
===== Monarquia (753 a.C.-509 a.C.) =====
{{AP|Reino de Roma}}
Durante a [[monarquia]], Roma foi governada por sete reis, sendo dois romanos, dois [[sabinos]] e três etruscos. Havia duas [[classe social|classes]] principais, em constante rivalidade, que eram os [[patrício]]s e os [[plebeu]]s. Havia também os [[Cliente (Roma Antiga)|clientes]] e os [[Escravidão na Roma Antiga|escravos]].<ref name="CANTELE 125" />
 
Os patrícios eram os proprietários das terras, do gado, tinham muitos direitos e participavam ativamente do governo.<ref name="CANTELE 127">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=127|id=}}</ref>
 
Os plebeus formavam aquela parte da [[população]] que não tinha origem nobre, com pouca participação política, que se dedicava aos mais variados afazeres no [[zona rural|campo]], no [[artesanato]] e no comércio. Com o decorrer do tempo, os [[plebeu]]s lutaram por melhores condições sociais e conseguiram dos patrícios maior participação na [[política]] e mais direitos como [[cidadão]]s.<ref name="CANTELE 127" />
 
Os clientes formavam uma camada intermediária entre os patrícios e os plebeus. Eles viviam na dependência dos patrícios. A maioria dessa classe era formada por [[agricultor|trabalhadores agrícolas]], que dependiam dos grandes [[fazendeiro|proprietários rurais]]. Havia também nesta classe os estrangeiros, os [[doente|filhos ilegítimos]], os libertos. O cliente recebia a terra para cultivar e algumas cabeças de gado, tinha proteção contra [[violência]]s e defesa nos tribunais. Em troca desses favores, os clientes deviam prestar o serviço militar, ajudar os patrícios na vida [[política]] e seguir suas ordens.<ref name="CANTELE 127" />
 
Os escravos, inicialmente em número pequeno, foram empregados nos serviços mais pesados. O patrão tinha sobre o escravo [[Direito romano|direito]] de vida e morte, podendo vendê-lo ou libertá-lo. Tornavam-se escravos os prisioneiros de guerra, os que não podiam pagar suas dívidas ou os que desertavam do exército.<ref name="CANTELE 127" />
 
Os reis na [[Reino de Roma|monarquia]] tinham vários poderes: o poder religioso (como [[Pontifex maximus|sumo sacerdote]]), o poder militar (comandante do exército) e o poder de juiz supremo do povo. Faziam as leis ([[poder legislativo]]) e as aplicavam ([[poder executivo]]).<ref name="CANTELE 127" />
 
O rei exercia o governo com auxílio do [[Senado romano|senado]] e das [[assembleias romanas]]. O senado era um conselho de anciãos (''senes'' = [[idoso|anciãos]]) que o rei consultava sobre os mais importantes problemas a serem resolvidos. As assembleias eram formados de [[patrício]]s, que se reuniam em 30 cúrias, cada uma com seu representante. A [[assembleia curiata]] podia declarar guerra, aprovar ou vetar as [[lei]]s propostas.<ref name="CANTELE 127" />
 
A monarquia teve fim no reinado de [[Tarquínio, o Soberbo]], por causa de uma revolta popular. Roma havia se tornado, por volta de [[500 a.C.]], a cidade mais importante do [[Lácio]]. A população aumentava, os problemas sociais e políticos se tornavam difíceis e o rei se mostrava autoritário ([[tirania]]).<ref name="CANTELE 127" />
 
Os patrícios resolveram dar um [[golpe de Estado]], tomaram o poder e proclamaram a [[república]], que era uma forma de governo democrático. República vem de ''res publica'', que significa "coisa do povo").<ref name="CANTELE 127" />
 
===== República (509 a.C.-27 a.C.) =====
Inicialmente, na [[República Romana]] havia muita [[aristocracia]] (os poderes políticos eram de exclusividade dos nobres). Depois, seu caráter era mais [[democracia|democrático]], no qual participava a [[plebe]] no poder.<ref name="CANTELE 127" />
 
Foi feita pelos republicanos a [[Teoria da separação dos poderes|divisão de poderes]]. Anteriormente, os poderes tiveram maior concentração nas mãos do chefe de Estado da monarquia, ou seja, o rei. O caráter dos [[cargo]]s passou a ser temporário.<ref name="CANTELE 127" />
 
O poder era dividido em três órgãos legislativos:<ref name="CANTELE 127" />
* Senado
* Magistraturas
* Assembleias populares
 
O senado era um conselho de anciãos (no começo [[trezentos|300]], posteriormente [[seiscentos|600]]), que os [[patrício]]s escolhiam. Tinham como função o recebimento de [[embaixada]]s de outros países, o tratamento com países do exterior, a nomeação de [[governador]]es provinciais, o controle da administração pública e a criação do [[decreto-lei|decretos-leis]] (os ''senatus consultus'' = decisões tomadas).<ref name="CANTELE 128">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=128|id=}}</ref>
 
Devido aos elementos que muito experientes e autoritários, o [[Senado romano]] foi por muito tempo o principal órgão governamental da República Romana. Um [[magistrado]] exercia a [[presidência]] do senado. O magistrado podia ser um [[cônsul]], um [[pretor]] ou mesmo um [[tribuno]].<ref name="CANTELE 128" />
 
As magistraturas eram cargos de importância que os patrícios exerciam. Para a evitação de abusos no poder, os patrícios exerciam as magistraturas apenas por um ano. Havia dois ou mais magistrados para cada cargo.<ref name="CANTELE 128" />
 
===== Política romana =====
[[Ficheiro:Maccari-Cicero.jpg|thumb|esquerda|<center>[[Afresco]] ''Cícero denuncia Catilina'' que representa o senado romano reunido na [[Cúria Hostília]]. [[Palazzo Madama (Roma)|Palazzo Madama]], [[Roma]].]]
A seguir é listado a política romana:<ref name="CANTELE 129">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=129|id=}}</ref>
* O [[Senado romano|senado]] aconselha os [[magistrado]]s, controle e administração pública. Cargo vitalício.
* Os [[Cônsul|cônsules]], eleitos em número de 2, presidiam o Senado e os comícios em tempo de paz, propunham leis, comandavam o exército e indicavam um ditador em tempos de guerra.
* Os [[pretor]]es cuidavam da justiça, com funções parecidas com a de nossos [[ministro]]s de hoje. Cuidavam do governo dos territórios.
* Os [[Censor romano|censores]] faziam o censo dos cidadãos para as listas eleitores ou para a cobrança de [[imposto]]s, de acordo com a riqueza de cada um. Controlavam a moral (os [[costume]]s) dos cidadãos (entregavam ao Senado as listas com os nomes dos cidadãos de maus costumes ou indignos). Escolhiam os senadores entre os chefes das melhores famílias patrícias.
* Os [[Edil|edis]] cuidavam da conservação da cidade ([[Abastecimento de água|abastecimento]], [[Policiamento ostensivo|policiamento]], espetáculos públicos, manutenção dos templos, das [[Rodovia|estradas]]).
* Os [[questor]]es, encarregados das finanças, cuidavam do tesouro público, dos impostos, dos pagamentos.
* A assembleia da plebe e os [[Tribunos da plebe|Tribunos da Plebe]] eram os defensores da [[plebe]]. Podiam propor leis e vetar leis que fossem contra os direitos do povo. Não podiam se ausentar de Roma e as portas de suas casas deviam estar sempre abertas ao povo.
 
O [[Ditador romano|ditador]] era um magistrado especial, eleito por 6 meses apenas nos momentos de crise e de guerra. Nessa temporada, reunia poderes absolutos.<ref name="CANTELE 129" />
 
As assembleias populares, também chamadas comícios, eram três:<ref name="CANTELE 130">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=130|id=}}</ref>
* Comícios Curiatos
* Comícios Tributos
* Comícios Centuriatos
 
Essas assembleias populares tinham grande força de decisão [[política]] sobre assuntos importantes, como a guerra e a [[pena de morte]]. Elegiam os representantes que iriam ocupar os cargos da [[magistratura]].<ref name="CANTELE 130" />
 
==== Lutas sociais ====
===== Patrícios e plebeus =====
 
Os [[patrício]]s eram a [[classe dominante]], tinham as melhores terras, privilégios e direitos políticos. Eram grandes as diferenças sociais entre a classe dos patrícios e plebeus. Os [[plebeu]]s, pequenos agricultores, artesãos e comerciantes, [[eleição|eram eleitores, mas não podiam ser eleitos]]. Eram obrigados ao serviço militar, mas no caso de vitória não tinham direito de receber do governo as partilhas de terras (''[[ager publicus]]) e não podiam casar com pessoas da classe patrícia.<ref name="CANTELE 130" />
 
Além do mais, como pequenos [[fazendeiro|proprietários]], tinham de abandonar por longo tempo suas propriedades para servir ao exército e quando voltavam não recebiam apoio do [[Estado]] para se refazerem dos prejuízos, sendo muitas vezes obrigados a contrair dívidas com os [[patrício]]s. Muitos se arruinavam de vez, passando à condição de [[escravo]]s.<ref name="CANTELE 130" />
 
Por esses e outros motivos, durante dois séculos houve rivalidades e lutas entre [[patrício]]s e [[plebeu]]s, até que os patrícios reconheceram vários direitos para a [[plebe]].<ref name="CANTELE 130" />
 
===== Conquistas da plebe =====
 
No início das lutas, pelo ano [[494 a.C.]], os plebeus chegaram a formar um exército e se retiraram para o monte Sagrado (perto de Roma), onde pretendiam fundar uma cidade independente. Recusaram-se a defender Roma nas guerras contra outros povos que a estavam ameaçando.<ref name="CANTELE 130" />
 
O forte do exército romano era formado por [[soldado]]s [[plebeu]]s e, assim, os [[patrício]]s foram obrigados a negociar com eles para que voltassem a Roma. Concederam a eles o direito de terem seus tribunos (os tribunos da plebe) para defenderem seus direitos e terem voz ativa nas decisões políticas.<ref name="CANTELE 130" />
 
Os tribunos da plebe eram invioláveis, isto é, não podiam ser presos pelo [[Senado romano|senado]]. Mas os [[direito]]s de patrícios e plebeus ainda não eram iguais, pois as leis romanas não eram escritas (eram orais) e os patrícios é que interpretavam as leis nos tribunais, geralmente a seu favor. Os plebeus exigiram [[lei]]s escritas, ameaçando de novo se retirar para o Monte Sagrado. Os patrícios enviaram à Grécia legisladores para estudar as leis gregas. O resultado foi que as leis romanas foram '''escritas''' em doze tábuas de bronze ([[Lei das Doze Tábuas]]).<ref name="CANTELE 130" />
 
Mas os plebeus perceberam que quase nada mudou, pois as leis escritas eram as mesmas de antes, que os colocavam numa [[preconceito|posição de inferioridade]] diante dos patrícios (o poder nas mãos dos [[patrício]]s, [[escravidão]] por dívida e proibição de [[casamento]] entre as duas classes).<ref name="CANTELE 130" />
 
Diante de novas pressões da [[plebe]], foi criada a [[lei Canuleia]], em [[445 a.C.]], permitindo os casamentos mistos entre patrícios e plebeus. A próxima conquista da plebe foi a [[Lex Licinia Sextia|Lei Licínia Sextia]]. Essa lei proibia a [[escravidão]] por dívida e determinava a distribuição das terras com mais critério. Dava também aos plebeus o direito de serem eleitos para o [[Cônsul|consulado]].<ref name="CANTELE 131">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=131|id=}}</ref>
 
Daí por diante, os plebeus foram conseguindo o direito de participação política em vários cargos, mas isso fez com que a plebe se dividisse em plebe rica e plebe pobre, pois as campanhas políticas eram caras e os cargos não eram remunerados. Com o tempo, uma parte dos plebeus adquiriu condições elevadas e se misturou com os patrícios, enquanto a camada mais pobre continuou simplesmente a '''[[plebe]]''' romana.<ref name="CANTELE 131" />
 
==== Lutas por melhorias sociais ====
===== Irmãos Graco =====
 
* [[Tibério Graco]]: Eleito tribuno da plebe no [[133 a.C.]], propôs uma [[reforma agrária]]. Cada [[Fazendeiro|proprietário de terra]] estatal (''[[ager publicus]]'') não podia receber mais de 500 [[jeira]]s de terra e o restante devia ser dividido entre os camponeses [[Pobreza|pobres]]. <br /> Em torno de suas [[ideia]]s formou-se um [[Partido político|partido]] que podemos chamar de [[Democracia|democrático]]. Essa tentativa de redistruibição de terras era uma ideia corajosa, mas difícil de se realizar, porque logo encontrou oposição dos grandes [[Fazendeiro|proprietários de terras]], que dominavam o [[Senado romano|senado]]. <br /> Os inimigos de Tibério provocaram um tumulto e aproveitaram a ocasião para assassina-lo juntamente com mais de trezentos senadores que o apoiavam. Seus corpos foram jogados no [[rio Tibre]].<ref name="CANTELE 131" />
* [[Caio Graco]]: Alguns anos depois, o programa de Tibério foi seguido por seu irmão [[Caio Graco]], eleito tribuno em [[123 a.C.]] Caio era [[orador]] convincente e apaixonado e um dos grandes [[político]]s de Roma. Fez a '"lei dos grãos de trigo"', para qual deveriam ser vendidos a [[preço]] bem baixo dos grãos de trigo, de modo a favorecer os [[pobre]]s, para que o [[alimento]] não lhes faltasse. Logo após, exigiu a aplicação da [[lei]] agrária, que já havia sido aprovada por seu irmão Tibério. Fundou colônias, onde os camponeses podiam obter a distribuição de terras para trabalhar e sobreviver. <br /> Como seu irmão, foi assassinado num tumulto provocado por seus inimigos.<ref name="CANTELE 131" />
* [[Espártaco]]: No ano [[73 a.C.]], um grupo de gladiadores da cidade de [[Cápua]] se rebelou. À frente deles estava um valoroso escrabo de nome [[Espártaco]]. Sob sua liderança, milhares de [[escravo]]s se revoltaram.<ref name="CANTELE 131" /><br /> Nessa época, havia mais escravos na [[Península Itálica|Itália]] que homens livres. Eram comuns as [[revolta]]s de protesto e muitos [[plebeu]]s arruinados migravam para Roma, onde recebiam do governo [[pão e circo]] para controlar a situação.<ref name="CANTELE 131" /> <br /> Espártaco desafiou o exército romano e pretendia atravessar os [[Alpes]], levando seus seguidores fora da [[Itália]] e libertá-los. Entre eles, porém, houve discórdia e foram facilmente abatidos pelo exército romano. Ao fim de desesperada batalha na [[Apúlia]], caiu valorosamente à frente de 60&nbsp;000 companheiros que lutavam pela liberdade. Outros 6&nbsp;000 [[escravo]]s foram capturados e sacrificados, alguns sacrificados ao longo da [[estrada]] de [[Cápua]] e Roma ([[Via Ápia]] - 71 a.C.).<ref name="CANTELE 131" />
 
=== Expansão romana ===
[[Imagem:Punic wars-pt.svg|thumb|direita|<center>Mapa das [[Guerras Púnicas]].]]
Concluída a [[unificação da Itália]], os romanos se voltaram para as conquistas do Mediterrâneo, como Cartago, Grécia e suas colônias, Egito, Síria e [[Judeia]]. Os romanos chamavam os cartagineses de "''punis''", [[Língua grega|palavra grega]] que significa fenícios, daí o nome de "''guerras púnicas''". De fato, segundo a tradição, Cartago foi fundada por mercadores fenícios vindos da cidade de [[Tiro]] por volta de 814 a.C. A [[Localização geográfica|posição geográfica]] de Cartago era formidável. Na encruzilhada das rotas ocidentais e orientais do Mar Mediterrâneo, os seus portos movimentavam intenso comércio. Cartago expandiu-se tornando-se uma colônia que fundou várias outras colônias em seu redor, mais além no [[Gibraltar]] e na [[Espanha]], como [[Sagunto]], onde se exploravam minas de prata. A expansão e o progresso de Cartago causou inveja aos romanos, que começaram a bloquear o comércio cartaginês no [[Mediterrâneo]]. Houve três guerras entre Roma e Cartago.<ref name="CANTELE 136">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=136|id=}}</ref>
==== Primeira Guerra Púnica ====
Foram 23 anos de lutas, e tudo começou quando os romanos tomaram uma boa parte da [[Sicília]], que era de domínio cartaginês. O Senado romano mandou uma potente frota com mais de 100 navios. O [[exército romano]] não estava habilitado a combater no mar, mas tinha espírito prático e firmeza.<ref name="CANTELE 137">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=137|id=}}</ref>
 
Os [[cartagineses]], sob o comando do general [[Amílcar Barca]], após anos de lutas, deixaram a Sicília para os romanos. Perderam a guerra e foram obrigados a pagar alta quantia em dinheiro. Nos anos seguintes, os romanos dominaram as ilhas Sardenha e Córsega, que passaram a fazer parte do mundo romano. Depois dessas vitórias no mar, os romanos resolveram invadir o território africano para invadir [[Cartago]].<ref name="CANTELE 137" />
 
==== Segunda Guerra Púnica ====
[[Imagem:Second Punic War full-es.svg|thumb|esquerda|<center>Segunda Guerra Púnica.]]
Foram 16 anos de lutas. Morto Amílcar, assumiu o comando seu filho [[Aníbal Barca]], que planejou atacar os romanos não mais por matar e sim, desta vez, por terra. O plano de Aníbal era atacar a Itália vindo pela Espanha e atravessando os [[Alpes]]. Organizou poderoso exército com trinta mil soldados e dezenas de elefantes adestrados. Chegando à Itália, teve uma primeira vitória em [[Trebbia|Trébia]] e daí marchou para Roma. O Senado nomeou [[Cipião Africano|Cipião]] para organizar a defesa contra o invasor. Cipião atacou Cartago, obrigando Aníbal deixar a Itália e defender seu povo. Mas foi vencido em [[Batalha de Zama|Zama]], perto de Cartago, no ano 202 a.C.<ref name="CANTELE 137" />
 
==== Terceira Guerra Púnica ====
Foram quatro anos de lutas, que terminaram com a destruição de Cartago. Sem domínio marítimo nem comercial, os cartagineses, mesmo assim, continuavam a preocupar os romanos. No Senado romano, o censor [[Catão, o Censor|Catão]] insistia em seus discursos que "Cartago devia ser destruída", pois sempre representava uma ameaça. Por fim, os romanos se decidem a destruir totalmente Cartago e proibir qualquer tentativa de reconstruir a cidade. Isso ocorreu no ano de [[146 a.C.]], quando [[África Proconsular|Cartago]] passou a ser uma simples [[Províncias romanas|província romana]] na África.<ref name="CANTELE 137" />
 
Vencida Cartago, os romanos se lançaram à conquista do [[Mediterrâneo oriental]], dominando a Grécia, o Egito, a Síria e a [[Judeia (província romana)|Judeia]]. E se tornaram senhores absolutos do Mediterrâneo, que passaram a chamar de ''[[Mare Nostrum]]'' (Nosso Mar).<ref name="CANTELE 138">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=138|id=}}</ref>
 
==== Consequências das Guerras Púnicas ====
Após as [[Guerras Púnicas]] e as outras conquistas, grandes dificuldades se abateram sobre Roma:<ref name="CANTELE 138"/>
 
* considerável aumento do número de escravos;
* lutas internas pelo poder;
* dificuldades administrativas;
* altos impostos pelo governo.
 
Com as conquistas, [[Roma]] se tornou uma potência mundial e a sociedade romana sofreu profundas transformações. De um lado, os nobres, os cavaleiros, latifundiários e novos ricos criaram novas formas de riqueza, fundadas na especulação comercial, financeira e nas conquistas e posses de terras. De outro lado, os pequenos camponeses, clientes e parasitas se tornaram ainda mais pobres.<ref name="CANTELE 138" />
 
As [[Classe social|classes sociais]] se distanciavam cada vez mais. Os ricos tinham em mãos o poder e a maioria das terras. Os pequenos [[Camponês|camponeses]] perdiam suas terras, que eram doadas aos oficiais que voltavam vitoriosos das conquistas. Outros se endividavam e perdiam tudo. Desse modo, Roma começou a receber uma enorme população de desempregados e falidos que reclamavam do governo moradia e comida. As autoridades romanas passaram a controlar os ânimos e a situação distribuindo gratuitamente alimentação e preenchendo o tempo vazio dos desocupados oferecendo muita diversão ([[pão e circo]]).<ref name="CANTELE 138" />
 
Os [[escravo]]s, considerados coisas e provenientes de guerras e dívidas, em número maior do que o dos homens livres, eram quem executava todos os tipos de serviços e sustentava o restante da população. Em número superior, tentaram até várias rebeliões, sendo a mais importante liderada por [[Espártaco]].<ref name="CANTELE 138" />
 
Essas diferenças sociais, as dificuldades administrativas e as lutas internas pelo poder vão levar a [[República romana]] a um enfraquecimento e decadência, finalizando com a volta ao sistema do Império.<ref name="CANTELE 138" />
 
==== Lutas pelo poder ====
[[File:Marius Glyptothek Munich 319.jpg|thumb|<center>Busto de Mário]]
Além das lutas dos irmãos [[Irmãos Graco|Graco]] (Tibério e Caio) por reformas agrárias e melhorias sociais, a República romana foi agitada por lutas internas pelo poder e lutas entre [[classes sociais]].<ref name="CANTELE 138"/>
 
Em [[106 a.C.]], [[Caio Mário]], um general vitorioso nas conquistas militares, tornou-se cônsul por seis vezes consecutivas e reuniu em torno de si um forte partido democrático. Mário e o seu partido apoiavam as reformas populares e promoviam leis que eram contrárias aos interesses da aristocracia.<ref name="CANTELE 138" />
 
A aristocracia, sentindo-se prejudicada, procurou organizar-se e reforçar o partido dos nobres. No ano [[88 a.C.]], um general bem-sucedido, foi eleito cônsul. Sila, um aristocrata, toma a liderança liderança do seu partido. No [[83 a.C.]], estoura uma guerra social entre os partidários de Mário e Sila. Várias cidades em volta de Roma apoiaram as reformas sociais de Mário, mas foram dominadas pelas tropas de Sila em violentos combates. Por fim, Sila domina a situação e se proclama ditador perpétuo.<ref name="CANTELE 138" /> Entre as suas reformas estão: aumento do número de senadores, diminuição do poder dos tribunos da plebe, premiação de muitos soldados com terras confiscadas e organização de uma lista de adversários políticos ou pessoais que deveriam ser assassinados ou desterrados.<ref name="CANTELE 138-139">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=138-139|id=}}</ref>
 
No ano [[79 a.C.]] Sila se retira da política e o poder passa a ser disputado pelos partidos durante vários anos. Nessa época, a [[República Romana]] não teve paz. Além das lutas por conquistas externas, surgiram problemas de fome, [[carestia]] e [[desemprego]]. Entre os políticos que disputavam o poder, três fizeram uma aliança para governar o mundo romano.<ref name="CANTELE 139">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=139|id=}}</ref>
 
==== Triunviratos ====
[[Imagem:Roma-Statua di cesare.jpg|thumb|esquerda|<center>Estátua de Júlio César no Fórum Imperial, Roma, Itália. Trata-se de uma obra moderna, em bronze.]]
Formou-se o que se chamou de [[primeiro triunvirato]] (três no poder), formado por [[Pompeu]], [[Crasso]] e [[Júlio César]]. Cada um passou a administrar uma parte do grande domínio romano: Pompeu ficou em Roma, Crasso foi para o Oriente e César ficou com o governo das [[Gália]]s. Crasso morreu em combate no Oriente ([[53 a.C.]]). Júlio César, ambicioso e já com grande popularidade em Roma, ganhou a desconfiança do Senado romano, que passou a apoiar Pompeu. Mas César marchou sobre Roma e dominou as tropas de Pompeu, que fugiu para o Egito, onde foi assassinado. César tornou-se, então, senhor absoluto do poder, ditador vitalício, e aspirava também ao título de rei.<ref name="CANTELE 139"/>
 
No curto espaço de tempo do seu governo, César realizou um grande programa de reforma:<ref name="CANTELE 139" />
 
* pôs ordem na [[cidade]];
* reduziu o número de pessoas que recebiam gratuitamente do governo [[alimentação]] e diversão (pão e circo);<ref name="CANTELE 140">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=140|id=}}</ref>
* fez com que os [[agricultor]]es voltassem aos [[Estepe|campos]];
* cada cidadão romano só podia ter de 1 a 2 [[escravo]]s;
* aumentou o número de [[funcionário]]s;
* deu início a grandes obras públicas;
* diminuiu o poder do Senado e reuniu os poderes nas próprias mãos.<ref name="CANTELE 140" />
 
O Senado Romano, sentindo-se muito diminuído nos seus poderes e temendo que César voltasse ao sistema de realeza, conspirou contra a sua vida. No dia [[15 de março]] de [[44 a.C.]], em pleno Senado, conspiradores cercaram o ditador e o apunhalaram.
Entre os assassinos estava Bruto, filho adotivo de César.<ref name="CANTELE 140" />
 
Mas as coisas não aconteceram como o senado esperava, isto é, mais poder para os senadores e para a aristocracia. De fato, um grupo de políticos assumiu o poder, formando o [[segundo triunvirato]], com [[Marco António|Marco Antônio]], [[Augusto|Otaviano]] e [[Lépido]], no ano [[43 a.C.]]<ref name="CANTELE 140" />
 
Como no primeiro triunvirato, os líderes dividiram o domínio romano: Otávio ficou com o Ocidente, Marco Antônio com o Oriente e Lépido com a África.<ref name="CANTELE 140" />
 
Lépido acabou sendo afastado da política e os dois outros entraram em choque. Marco Antônio, apaixonado por [[Cleópatra]] (rainha do Egito), prometeu-lhe territórios da República romana. O Senado romano autorizou Otávio a declarar guerra a Marco Antônio e Cleópatra. Marco Antônio, vencido, suicidou-se e Otávio assumiu como senhor absoluto de Roma. Terminava a República romana e tinha
início o Império, no ano [[27 a.C.]]<ref name="CANTELE 140" />
 
=== Império Romano ===
{{AP|Império Romano}}
 
==== Augusto (27 a.C. a 14 d.C.) ====
[[File:Augustus Bevilacqua Glyptothek Munich 317.jpg|thumb|direita|Busto de [[Augusto]], na [[Gliptoteca de Munique]].]]
Com ele teve fim a república e iniciou-se o [[Império Romano]], em {{AC|27|x}}. [[Augusto]] governou até o ano {{AC|14|x}}. O período do seu governo foi considerado um ponto alto do Império Romano. Segundo a tradição cristã, foi nessa época que nasceu [[Jesus Cristo]], personagem cujo nascimento serviu de base para nova contagem de tempo na História.<ref name="CANTELE 143">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=143|id=}}</ref>
 
Seu governo foi marcado pela paz, pela ordem, pela prosperidade econômica e intelectual. Augusto e [[Caio Cílnio Mecenas]], um rico cidadão romano, auxiliaram financeiramente muitos artistas, como os poetas [[Virgílio]], [[Horácio]], [[Ovídio]] e o historiador [[Tito Lívio]]. Augusto ampliou as fronteiras do império e embelezou a cidade de Roma.<ref name="CANTELE 143" />
 
O senado lhe deu o título de [[Augusto (título)|augusto]], que quer dizer "divino". Com a morte de Augusto, assumiu seu filho adotivo [[Tibério]].<ref name="CANTELE 143" />
 
==== Imperadores romanos ====
Desde [[Augusto]] até o ano {{DC|395|x}}, vários imperadores administraram o Império Romano. Inicialmente, houve quatro famílias (dinastias) de imperadores: a [[dinastia júlio-claudiana]] (14-69), a [[dinastia flaviana]] (69-96), a [[dinastia antonina]] (96-192), a [[dinastia severa]] (192-235). De 235 a 284, houve um período de anarquia militar, em que se sucederam 26 imperadores. Daí até 395 d.C., governaram [[Diocleciano]], [[Constantino I|Constantino]], [[Juliano (imperador)|Juliano]] e [[Teodósio I]]. Este, no ano 395, dividiu o Império Romano entre seus dois filhos, ficando [[Honório]] com o Ocidente (capital Roma) e [[Acádio]] com o Oriente (capital Constantinopla). O último imperador do Ocidente foi [[Rômulo Augusto]], deposto pelos bárbaros de Odoacro no ano [[476 d.C.]], quando então começa a [[Idade Média]]. O [[Império Romano do Oriente]] ainda durou mil anos, terminando no ano de [[1453]], quando os turcos otomanos dominaram a cidade de [[Constantinopla]], acabando definitivamente o Império Romano e tendo início a [[Idade Moderna]].<ref name="CANTELE 143"/>
 
Alguns imperadores e fatos de seus governos:<ref name="CANTELE 144">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=144|id=}}</ref>
 
<center><gallery>Ficheiro:Tiberius palermo.jpg|Tibério
Ficheiro:Claudius Gabies Louvre Ma1231.jpg|Cláudio
Ficheiro:Vespasianus03 pushkin.jpg|Vespasiano
Ficheiro:Traianus Glyptothek Munich 336.jpg|Trajano
Ficheiro:Caligula bust.jpg|Calígula
Ficheiro:Nero_Glyptothek_Munich_321.jpg|Nero
Ficheiro:Titus_Bust.jpg|Tito
Ficheiro:Bust Hadrian Musei Capitolini MC817.jpg|Adriano
Ficheiro:Constantine II.jpg|Constantino.</gallery></center>
 
*[[Tibério]] (14-37): Sucedeu Augusto. Foi bom administrador, melhorou as finanças e deu continuidade às obras de Augusto. Perseguiu os inimigos e tornou-se antipático ao povo, que gritava nas ruas: "''Vamos jogar Tibério no Tibre''". Acabou assassinado.<ref name="CANTELE 144" />
 
*[[Cláudio]] (41-54): Colocado no poder pela poderosa [[guarda pretoriana]]. Homem culto, deixou obras escritas. Fez bom governo. Mandou matar sua mulher Messalina e casou com Agripina, que o envenenou para por no trono seu filho Nero.<ref name="CANTELE 144" />
 
*[[Vespasiano]] (69-79): Era honesto, trabalhador, inteligente e autoritário. Com ele iniciou-se um longo período de paz e prosperidade no Império. Deu emprego a grande número de proletários aproveitados nas grandes construções e estradas. Mandou construir o famoso [[Coliseu de Roma|Coliseu]], em Roma.<ref name="CANTELE 144" />
 
*[[Trajano]] (98-117): De família [[Romanização|romanizada]] da [[Hispânia]], Trajano fez ótima administração, diminuindo os impostos e mesmo assim aumentando os rendimentos do governo. Estabeleceu o crédito agrícola, deu assistência aos pobres. Embelezou a cidade com obras públicas, como o [[Fórum de Trajano]], uma das mais belas construções do mundo romano.<ref name="CANTELE 144" />
 
*[[Calígula]] (37-41): Assumiu apoiado pelo povo e pelo Senado. Sofria de desequilíbrio mental, chegando mesmo a levar seu cavalo Incitatus ao Senado e nomeá-Io senador. Obrigou os judeus a adorarem sua imagem. Acabou assassinado.<ref name="CANTELE 144" />
 
*[[Nero]] (54-68): Filho de Agripina. Muito jovem no poder, fez inicialmente boa administração. Muito cedo deu vazão a seus instintos perversos. Mandou matar a mãe [[Agripina]], o irmão e todos aqueles que criticassem suas loucuras. Em 64, houve um incêndio em Roma atribuído a Nero. Mas ele acusou os cristãos pelo fato, mandando matar grande número deles. Acabou abandonado por todos, fazendo-se matar por um escravo.<ref name="CANTELE 145">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=145|id=}}</ref>
 
*[[Tito (imperador)|Tito]] (79-81): Filho de [[Vespasiano]], combateu uma revolta dos judeus ainda no governo do pai. Pacífico e generoso, foi apelidado de "''Delícias do Gênero Humano''". Teve seu curto governo marcado por desgraças: incêndio em Roma, uma peste e a erupção do Vesúvio, que soterrou de lava as cidades de [[Pompeia]] e [[Herculano]].<ref name="CANTELE 145" />
 
*[[Adriano]] (117-138): Imperador pacífico e culto. Amante da cultura helenística, ele sabia escrever, era poeta e cantor. Costumava viajar e resolver pessoalmente os problemas das províncias. Manteve a unidade do império e construiu uma [[Muralha de Adriano|muralha]] de 100&nbsp;km para dificultar a penetração de povos bárbaros vindos do Norte.<ref name="CANTELE 145" />
 
*[[Constantino II|Constantino]] (312-337): Um dos mais importantes imperadores romanos, Constantino fez ótima administração e reconstruiu Bizâncio como [[Constantinopla]] para ser a nova capital do império. Em 313, com o [[Édito de Milão]], deu liberdade de culto religioso aos cristãos.<ref name="CANTELE 145" />
 
==== Religião romana ====
{{AP|Religião Romana}}
 
Os romanos, como a maioria dos povos antigos, eram [[Politeísmo|politeístas]]. Eles eram originariamente um povo de pastores e camponeses e, portanto, voltados ao culto e adoração das forças da natureza. Entre as divindades ligadas à agricultura, estavam [[Saturno (mitologia)|Saturno]] (protetor dos plantios), [[Flora (mitologia)|Flora]] (protetora das flores), Pamona (protetora dos frutos e colheitas) e [[Ceres (mitologia)|Ceres]] (deusa da fecundidade dos campos). Dentro das casas, os romanos tinham um altar próprio para o culto aos familiares e antepassados, chamados deuses lares. Os cultos eram familiares ou públicos.<ref name="CANTELE 145-146">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=145-146|id=}}</ref> O culto doméstico era celebrado pelo ''[[pater familias]]'' e o culto público pelo [[pontífice máximo]], pelos sacerdotes e sacerdotisas. Em Roma, ficaram famosas as sacerdotisas chamadas [[Vestal|vestais]], virgens que dedicavam parte de sua vida ao culto da deusa Vesta, protetora de Roma.<ref name="CANTELE 146">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Renata|título=História dinâmica antiga e medieval: 7ª série|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989|língua=português|página=146|id=}}</ref>
 
Em contato com outras culturas, os romanos importaram vários deuses, principalmente da Grécia, que receberam nomes latinos. Veja, a seguir, um quadro de correspondência entre as divindades gregas e romanas.<ref name="CANTELE 146" />
 
{| class="wikitable"
|-
! Deuses gregos !! Deuses romanos<ref name="CANTELE 146" />
|-
| Zeus || [[Júpiter (mitologia)|Júpiter]]
|-
| Hera || [[Juno (mitologia)|Juno]]
|-
| Afrodite || [[Vênus (mitologia)|Vênus]]
|-
| Apolo || [[Febo]]
|-
| Ares || [[Marte (mitologia)|Marte]]
|-
| Hermes || [[Mercúrio (mitologia)|Mercúrio]]
|-
| Posidão || [[Netuno (mitologia)|Netuno]]
|-
| Atena || [[Minerva]]
|-
| Dionísio || [[Baco (mitologia)|Baco]]
|-
| Hades || [[Plutão (mitologia)|Plutão]]
|-
| Héstia || [[Vesta]]
|-
| Deméter || [[Ceres (mitologia)|Ceres]]
|-
| Ártemis || [[Diana (mitologia)|Diana]]
|-
| Hefaístos || [[Vulcano (mitologia)|Vulcano]]<ref name="CANTELE 146" />
|-
|}
 
Os romanos eram supersticiosos, procuravam ver o futuro e o destino através da análise do voo dos pássaros, de suas vísceras e das forças da natureza. O [[Estado]] dava grande importância aos deuses e atos religiosos, que recebiam proteção do próprio [[Senado romano|senado]].<ref name="CANTELE 146" />
 
[[Ficheiro:Michelangelo Caravaggio 038.jpg|thumb|direita|200px|Martírio de [[São Pedro]], por [[Caravaggio]].]]
No governo do imperador Augusto, nasceu [[Jesus Cristo]], que fundou o [[cristianismo]], uma religião que em pouco tempo atraiu milhares de seguidores fervorosos. A nova religião trazia novos valores morais, como o amor e o respeito ao próximo de qualquer condição social, e prometia aos bons uma recompensa numa vida após a morte, pois a alma era imortal. O imperadores viram o culto aos seus deuses enfraquecer e notaram na nova religião uma ameaça ao próprio império (porque para os cristãos os deuses não tinham valor e o imperador era simplesmente um mortal, não uma pessoa divina). Assim, desencadearam uma violenta perseguição aos cristãos, que preferiam morrer estraçalhados nos circos e arenas a renunciar à fé em Jesus Cristo. No [[Coliseu]], enorme praça de espetáculos, os pagãos se divertiam lançando centenas de homens, mulheres e crianças para serem devorados vivos pelas feras. Foi a chamada "época dos mártires", entre eles [[São Pedro]] e [[São Paulo Apóstolo|São Paulo]], que foram crucificados.<ref name="CANTELE 146" />
 
Os cristãos formaram comunidades locais, denominadas Igrejas, sob a autoridade pastoral de um bispo. O bispo de Roma, sucessor do apóstolo Pedro, exercia o primado sobre todas as Igrejas. A vida cristã estava centralizada em torno da [[Eucaristia]] e o repúdio do [[gnosticismo]] <ref>O [[gnosticismo]], que constituía uma verdadeira escola intelectual - apresentava-se como sendo uma sabedoria superior, apenas ao alcance de uma elite minoritária de iniciados, o representante mais notável deste corrente foi Marcião, que fundou uma pseudo-igreja, que procurava imitar a Igreja cristã na sua organização e liturgia - vide ORLANDIS, José. História breve do Cristianismo. Tradução de Osvaldo Aguiar - Lisboa: Rei dos Livros, 1993.</ref> foi a grande vitória doutrinal da primitiva Igreja.<ref>ORLANDIS, José. História breve do Cristianismo. Tradução de Osvaldo Aguiar - Lisboa: Rei dos Livros, 1993, pgs. 23/27.</ref>
 
Durante três séculos o Império Romano perseguiu os [[cristão]]s, porque a sua religião era vista como uma ofensa ao Estado, pois representava outro [[universalismo]] e proibia os fiéis de prestarem [[culto]] religioso ao soberano imperial. Durante a perseguição, e apesar dela, o cristianismo propagou-se pelo império. Neste período os únicos lugares relativamente seguros em que se podiam reunir eram as [[catacumba romana|catacumbas]], cemitérios subterrâneos. O cristianismo teve de se converter numa espécie de sociedade secreta, com os seus sinais convencionais de reconhecimento. Para saber se outra pessoa era cristã, por exemplo, desenhava-se um peixe , pois a palavra grega ''ichtys'' (peixe) era o anagrama da frase ''Iesos Christos Theou Hyios Soter'' (Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador).<ref>WOHL, Louis de. Fundada sobre a rocha, história breve da Igreja. Tradução de Teresa Jalles - Lisboa: Rei do Livros, 1993, pgs.46/47.</ref>
 
As principais e maiores perseguições foram as de [[Nero]], no [[século I]], a de [[Décio]] no ano [[250]], a de [[Valeriano]] ([[253]]-260) e a maior, mais violenta e última a de [[perseguição de Diocleciano|Diocleciano]] entre [[303]] e [[304]], que tinha por objetivo declarado acabar com o cristianismo e a Igreja. O balanço final desta última perseguição constituiu-se num rotundo fracasso. Diocleciano, após ter renunciado, ainda viveu o bastante para ver os cristãos viverem em liberdade graças ao [[Édito de Milão]], iniciando-se a [[Paz na Igreja]]. A perseguição de Diocleciano ou "grande perseguição" foi a última e talvez a mais sangrenta [[perseguição aos cristãos]] no [[Império Romano]].
 
Em 303, o [[Imperador romano|imperador]] [[Diocleciano]] e seus colegas [[Maximiano]], [[Galério]] e [[Constâncio Cloro]] emitiram uma série de [[édito]]s em que revogavam os direitos legais dos [[Cristianismo primitivo|cristãos]] e exigiam que estes cumprissem as [[Religião na Roma Antiga|práticas religiosas tradicionais]]. Decretos posteriores dirigidos ao [[clero]] exigiam o [[sacrifício]] universal, ordenando a realização de sacrifícios às divindades romanas. A perseguição variou em intensidade nas várias regiões do império: as repressões menos violentas ocorreram na [[Gália]] e [[Britânia (província romana)|Britânia]], onde se aplicou apenas o primeiro édito; enquanto que as mais violentas se deram nas províncias orientais. Embora as leis persecutórias tenham indo sendo anuladas por diversos imperadores nas épocas subsequentes, tradicionalmente o fim das perseguições aos cristãos foi marcado pelo [[Édito de Milão]] de [[Licínio|Valério Licínio]] e [[Constantino I|Constantino, o Grande]].<ref>{{citar web |url=http://ec.aciprensa.com/c/constantino.htm |titulo=Constantino o Grande|acessodata=14 de julho de 2010 |autor=VV.AA. | data=1907 |obra=[[Enciclopédia Católica]] | editora=ACI Prensa (trad.)}}</ref>
 
A grande perseguição não logrou controlar o crescimento da Igreja. Em 324, Constantino era o único governante do império e o cristianismo era agora a religião por ele mais favorecida. Embora a perseguição tenha resultado nas mortes de 3000 cristãos — de acordo com estimativas recentes.<ref>{{citar web|url=http://www.clerus.org/clerus/dati/2007-11/23-13/15PERSEGUICOES.html |titulo=As perseguições |autor=clerus.org |lingua=português |acessodata=1-11-2010}}</ref>
 
==== Cultura romana ====
===== Direito romano =====
O mais importante legado que os romanos deixaram para a humanidade foram suas conquistas no campo do [[direito]].<ref name="CANTELE 146">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Cantele|título=História dinâmica antiga e medieval|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989?|página=146|língua=português|id=}}</ref> No [[direito romano]] encontram-se as raízes do direito e da legislação dos países modernos.<ref name="CANTELE 146-147">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Cantele|título=História dinâmica antiga e medieval|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989?|página=146-147|língua=português|id=}}</ref> Assim como os [[gregos]] deixaram ao mundo a filosofia e a arte de organizar o pensamento, os [[Roma Antiga|romanos]] deixaram para a humanidade a ciência do direito. O direito é fundamental para garantir a ordem, o relacionamento social, a liberdade e os bens.<ref name="CANTELE 147">{{citar livro|autor=CANTELE, Bruna Cantele|título=História dinâmica antiga e medieval|local=São Paulo|editora=IBEP|ano=1989?|página=147|língua=português|id=}}</ref>
 
===== Literatura e filosofia romanas =====
Na poesia, distinguiram-se os poetas [[Virgílio]] (autor de ''[[Eneida]]'', que narra a vinda de [[Eneias]] de [[Troia]] para a [[península Itálica]]), [[Ovídio]] (autor de ''Arte de amar'' e de ''[[Metamorfoses]]''), [[Horácio]] (autor de ''[[Odes]]''). Entre os historiadores destacaram-se [[Júlio César]] (autor de ''A Guerra das Gálias''), [[Tito Lívio]] (autor de ''História de Roma'', em 142 livros), [[Suetónio|Suetônio]] (autor de ''[[Vida dos Doze Césares]]''), [[Tácito]] (autor de [[Histórias (Tácito)|Histórias]] e [[Anais (Tácito)|Anais]]). Outros nomes das letras romanas: Paluto e [[Terêncio]] foram teatrologos; [[Cícero]], grande orador romano, autor de ''[[Catilinárias]]'': contra [[Catilina]], traidor da república; [[Séneca|Sêneca]] e o imperador [[Marco Aurélio]] foram filósofos; [[Plutarco]] escreveu ''Vidas paralelas'' e [[Petrônio]] escreveu ''[[Satiricon]]''.<ref name="CANTELE 147" />
 
===== Arte romana =====
Os romanos tinham espírito prático e não desenvolveram as artes à maneira dos gregos, espíritos mais sensíveis. Sobressaíram-se na arquitetura. Grandes estádios, circos e anfiteatros, como o [[Coliseu]], que era uma construção circular, com uma arena no centro e alojamentos para atores, gladiadores e feras, com condições até de acumular água para batalhas navais. Nos circos havia competições
de carros puxados por cavalos, como as bigas e quadrigas. Construíram [[aqueduto]]s, para levar água potável a longas distâncias. O aqueduto ''Aqua Claudia'', por exemplo, levava água para Roma numa distância de 69&nbsp;km. Construíram-se grandes e belíssimas [[Termas romanas|termas]] para banhos públicos ou particulares. Edifícios públicos como o fórum, palácios, templos e casas artisticamente construldas. Famosas também foram as enormes colunas, como a de [[Coluna de Trajano|Trajano]], em Roma. A engenharia e a arquitetura romanas deixaram obras de alto valor arquitetônico, como pontes, arcos e pórticos.<ref name="CANTELE 147" />
 
===== Um romano fala dos romanos =====
{{Quote2|Acredito que os outros povos são mais hábeis que nós para dar ao bronze o sopro da vida e fazer sair do mármore figuras vivas. Outros, ainda, saberão melhor investigar e medir com o compasso os movimentos do céu e o curso dos astros. Mas tu, romano, sabes como impor aos povos o teu império. Tuas verdadeiras artes são ditar leis e administrar as nações, poupar os vencidos e dominar os soberbos.|Virgílio<ref name="CANTELE 147" />|Virgílio, poeta latino, na obra Eneida}}
 
=== Expansão romana ===