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O '''Destino''' é geralmente concebido como uma sucessão inevitável de acontecimentos relacionada a uma possível [[ordem cósmica]]. Portanto, segundo essa concepção, o destino conduz a vida de acordo com uma [[ordem natural]], da qual nada que existe pode escapar. Concepção antiga, é presente em algumas [[mitologias]], como por exemplo, na [[mitologia grega]], através das [[Moiras]], mas também em [[correntes filosóficas]], como é o caso do [[fatalismo]]. Ex: se duas pessoas são de mesmo signo, concluiu então que elas são alma gêmea (destino).
 
Segundo Nicola Abbagnano, o destino é a "Ação necessitante que a ordem do mundo exerce sobre cada um de seus seres singulares. Na sua formulação tradicional, esse conceito implica: (1º) necessidade, quase sempre desconhecida e por isso cega, que domina cada indivíduo do mundo enquanto parte da ordem total; (2º) adaptação perfeita de cada indivíduo ao seu lugar, ao seu papel ou à sua função no mundo, visto que, como engrenagem da ordem total, cada ser efeitoé feito para aquilo que faz.
 
O conceito de D. é antiquíssimo e bastante difundido, porque compartilhado por todas as filosofias que, de algum modo, admitem uma ordem necessária do mundo. Aqui só faremos alusão às que designam explicitamente essa ordem com o termo em questão. O D. é noção dominante na filosofia estoica. Crisipo, Posidônio, Zenão, Boeto o reconheceram como a "causa necessária" de tudo ou a "razão" pela qual o mundo é dirigido. Identificavam-no com a providência (DiÓG. L., VII, 149). Os estoicos latinos retomam essa noção e apontam seus reflexos morais (SÊNECA, Natur. quaest., II, 36, 45; MARCO AURÉLIO, Memórias, IX, 15). Segundo Plotino, ao D. que domina todas as coisas exteriores só escapa a alma que toma como guia "a razão pura e impassível que lhe pertence de pleno direito", que haure em si, e não no exterior, o princípio de sua própria ação (Enn., III, 1,9). Para Plotino, a providência é uma só: nas coisas inferiores chama-se D.; nas superiores, providência {ibid., III, 3, 5). De modo análogo, para Boécio (que com a Consolação da filosofia transmitia esses problemas à Escolástica latina), D. e providência só se distinguem porque a providência é a ordem do mundo vista pela inteligência divina e o D. é essa mesma ordem desdobrada no tempo. Mas no fundo a ordem do D. depende da providência (Phil. cons., IV, 6,10). O livre-arbítrio humano subtrai-se da providência e do D. só porque as ações a que dá origem se incluem, exatamente em sua liberdade, na ordem do D. (Ibid., V, 6). Essa solução deveria inspirar todas as soluções análogas da Escolástica, que conserva o mesmo conceito de D. e de providência (cf., p. ex., S. TOMÁS, S. Th., I, q. 116, a. 2). Em sua Teodicéia, Leibniz repropunha a mesma solução (Théod., I, § 62).