Império Italiano: diferenças entre revisões

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* '''Europa central e Bálcãs'''
O regime fascista não se limitou a reivindicar o território que era habitado por séculos pelos italianos sob o regime da [[República de Veneza]] na [[Dalmácia]], objetivo dos pais do [[Risorgimento]] no contexto do processo de unificação nacional, mas cultivou projetos imperialistas em territórios habitados por outras etnias visando anexar muitos de seus protetorados e estados fantoches à época da Segunda Guerra Mundial como a [[Albânia]], grande parte da [[Eslovênia]], [[Croácia]], [[Bósnia e Herzegovina]] e [[Grécia]]; usando a antiga [[Império Romano|dominação romana]] como base das reclamações territoriais.<ref name="Robert Bideleux 1998. Pp. 467">Robert Bideleux, Ian Jeffries. ''A history of eastern Europe: crisis and change''. London, England, UK; New York, New York, USA: Routledge, 1998. Pp. 467.</ref> O regime procurou estabelecer relacionamento de proteção do tipo patrono-cliente com a [[Áustria]], [[Hungria]], [[Romênia]] e [[Bulgária]], negligenciando as tensões étnicas históricas entre a Hungria e a Romênia e que a Romênia antes estava sobre proteção francesa e deoisdepois de 1941, controlada pela Alemanha nazista pelas suas matérias primas.<ref name="Robert Bideleux 1998. Pp. 467"/>
 
* '''Malta'''
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A economia das colônias era pobre e atrasada, a [[Eritreia italiana|Eritreia]] e a [[Somália italiana|Somália]] não ofereciam boas oportunidades aos europeus de levarem vidas decentes, a [[Líbia italiana|Líbia]] que também era pobre, ainda não era totalmente controlada pelos italianos. O número de migrantes italianos residentes era pequeno e composto basicamente de homens jovens empregados em algumas empresas comerciais e serviço civil.<ref name="gian-luca">[https://www.cairn.info/revue-annales-de-demographie-historique-2011-2-page-205.htm] Colonists and “Demographic” Colonists. Family and Society in Italian Africa, de autoria de Gian-Luca Podesta</ref> A Eritreia possuía uma sociedade colonial diferente das colônias de exploração comum habitadas em geral por militares, donos de plantações e serventes civis; a colônia italiana por sua vez possuía como colonistas italianos alfaiates, sapateiros, balconistas, mineradores, fazendeiros, comerciantes, mecânicos, trabalhadores qualificados com alguns representantes de advogados, engenheiros, médicos e farmacêuticos.<ref name="gian-luca"/> O governo colonial providenciava a repatriação para italianos pobres sem meios de se sustentar na colônia.<ref name="gian-luca"/>
 
Na Somália, os italianos estabeleceram a base para a agricultura orientada a exportação e sistemas de irrigação em 1919 com a chegada do príncipe [[Luís Amadeu, Duque dos Abruzos|Luís Amadeu de Saboia]]. O Vale do Shebelle foi escolhido como lugar de implantação das plantationsplantações devido a presença do [[rio Shebelle]] que fornecia água para os sistemas de irrigação, produzindo algodão, bananas e cana-de-açúcar.<ref name="somalia">[http://countrystudies.us/somalia/57.htm] Site Countrystudies</ref> As exportações de banana para a Itália começaram em 1927 e se tornarão o principal produto somaliano em 1929 quando o mercado mundial do algodão colapsou. A competição com as bananas das ilhas [[Canárias]] fez com que a Itália adotasse taxas sobre as bananas não-somalianas. Todo o comércio de banana estava sob monopólio da empresa estatal real ''Regia Azienda Monopolio Banane'' (RAMB).<ref name="somalia"/> O algodão demonstrou menos resultados, em 1929 1400 toneladas de algodão foram exportadas para a metrópole, caindo para 400 toneladas em 1937. A cana-de-açúcar obteve mais sucesso e era destinada ao consumo da colônia, sendo organizada sob o monopólio da ''Società Agricola Italo-Somala'' (SAIS, "Sociedade Agrícola ítalo-Somaliana") com sede em [[Gênova]].<ref name="somalia"/> Os somalianos nessa época se tornaram funcionários civis, pequenos comerciantes, soldados, professores e proprietários de pequenos negócios.<ref name="somalia"/> Mesmo com os incentivos da era fascista, os produtos da Somália italiana nunca se tornaram competitivos internacionalmente.<ref name="somalia"/>
 
Em 1929, a [[Grande Depressão]] atingiu duramente a Itália.<ref>{{citar livro|primeiro =William G. |último =Welk |título=Fascist economy policy; an analysis of Italy's economic experiment |publicado=Harvard University Press |ano=1938 |página=166 }}</ref> Tentando lidar com a crise, o governo fascista nacionalizou os ativos dos grandes bancos que asseguraram significantes seguranças industriais.<ref>Gaetano Salvemini, ''"Italian Fascism"''. London: Victor Gollancz Ltd., 1938.</ref> Algumas entidades mistas foram formadas, com objetivos de aproximação dos entes do governo e dos negócios. Esses representantes discutiam políticas econômicas e manipulavam preços e salários para satisfazer tanto ao governo como aos negócios. Esse modelo econômico foi nomeado de [[corporativismo]]. Por volta de 1939, a Itália tinha a maior porcentagem de empresas estatais depois da [[União Soviética]].<ref>Patricia Knight, ''Mussolini and Fascism'', Routledge (UK), {{ISBN|0-415-27921-6}}, p. 65</ref><ref>{{citar periódico|primeiro =Fabrizio |último =Mattesini |primeiro2 =Beniamino |último2 =Quintieri |título=Italy and the Great Depression: An analysis of the Italian economy, 1929–1936 |periódico=Explorations in Economic History |ano=1997 |volume=34 |número=3 |páginas=265–294 |doi=10.1006/exeh.1997.0672 }}</ref><ref>{{citar periódico|primeiro =Fabrizio |último =Mattesini |primeiro2 =Beniamino |último2 =Quintieri |título=Does a reduction in the length of the working week reduce unemployment? Some evidence from the Italian economy during the Great Depression |periódico=Explorations in Economic History |ano=2006 |volume=43 |número=3 |páginas=413–437 |doi=10.1016/j.eeh.2005.04.001 }}</ref> A [[Invasão da Abissínia]] e consequente embargos econômicas da [[Liga das Nações]] pouco afetaram a economia italiana, principalmente por não afetar matérias estratégicas como carvão, aço e petróleo.<ref>[https://www.nuffield.ox.ac.uk/economics/history/paper14/14paper.pdf] 1935 SANCTIONS AGAINST ITALY: WOULD COAL AND CRUDE OIL HAVE MADE A DIFFERENCE? de Cristiano Andrea Ristuccia, página 6, acessado em 20 de julho de 2018.</ref>
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Em 1938, com base no livro de Mark Harrison,<ref name=Harrison3/> o PIB do Império Italiano era estimado em 143,8 bilhões de [[Dólar Geary-Khamis|dólares internacionais de 1990]] (GK$); com a vasta maioria vindo da metrópole europeia com GK$ 140,8 bilhões, enquanto que as colônias representavam apenas GK$ 2,6 bilhões; sendo a menor economia dentre as [[grandes potências]] na véspera da guerra.<ref name=Harrison3/> O PIB per capita estimado para a metrópole são de GK$3244 e GK$304 para as colônias. Em comparação, estima-se em bilhões que o Japão metropolitano à época tivesse PIB de GK$169,4, a França metropolitana GK$ 185,6, o Reino Unido (sem a atual Irlanda) GK$284,2, a Alemanha Nazista (com a Áustria) GK$375,6, URSS GK$359, China (excluindo a Manchúria) GK$320,5 e os EUA GK$ 800.<ref name=Harrison3/>
 
Por fim, o envolvimento na [[Segunda Guerra Mundial]] como um membro do [[Potências do Eixo|Eixo]] transformou a economia italiana em uma [[economia de guerra]]. Isso colocou o modelo corporativista em tensão severa; a guerra não estava produzindo bons resultados para a Itália e se tornou cada vez mais difícil para o governo persuadir os líderes de negócio a financiar o que eles viam como um desastre militar. A [[Invasão Aliada da Itália]] em 1943 causou o rápido colapso da estrutura política e econômica. Ao fim da guerra a economia italiana estava destruída; a renda per capita em 1944 estava no seu mais baixo ponto desde o início do século XX.<ref>{{citar livro|editor-nome =Adrian |editor-sobrenome =Lyttelton |título=Liberal and fascist Italy, 1900–1945 |local= |publicado=Oxford University Press |ano=2002 |página=13 }}</ref> Com a perda das colônias, também chegou ao fim a economia colonial artificial sustentada pelo estado fascista levando ao colapso econômico das colônias e o retorno de milhares de colonistas à Itália metropolitana.<ref name="gian-luca"/> A maioria dos que retornaram a Europa vieram depois de 1936 estimulados pela política fascista; os que migraram antes em geral tinham ocupações mais estáveis e capazes de sobreviver ao mercado, assim outras dezenas de milhares continuaram nas antigas colônias e continuaram proeminentes na vida econômica dos novos países juntamente com as elites locais; ajudando a expandir a economia de mercado, quebrando restrições feudais e monopólios.<ref name="gian-luca"/> Essa presença italiana e das antigas aristocracias locais só seria com o advento de novos regimes nacionalistas na Líbia com [[Kadafi]] e na [[Etiópia]].<ref name="gian-luca"/> Na Somália que continuou como mandato da Itália até 1960, o cultivo de algodão colapsou como produto de exportação com o fim dos incentivos da metrópole,<ref name="somalia"/> o de banana foi reorganizado sob a RAMB que se tornou a ''Azienda Monopolio Banane'' (AMB) enquanto que o cultivo de cana-de -açúcar obteve sucesso; em 1950 a produção foi de 4 mil toneladas responsável por 80% do consumo e em 1957 aumentou para 11 mil toneladas, fornecendo toda a cana necessária para a Somália.<ref name="somalia"/> As exportações de produtos das plantações foram responsáveis por 59% das exportações somalianas em 1957.<ref name="somalia"/>
 
== Símbolos e emblemas do império colonial ==