Afrodite: diferenças entre revisões

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{{quote2|''Foi ela que deu o germe das plantas e das árvores, foi ela que reuniu nos laços da sociedade os primeiros homens, espíritos ferozes e bárbaros, foi ela que ensinou a cada ser a unir-se a uma companheira. Foi ela que nos proporcionou as inúmeras espécies de aves e a multiplicação dos rebanhos. O carneiro furioso luta, às chifradas, com o carneiro. Mas teme ferir a ovelha. O touro cujos longos mugidos faziam ecoar os vales e os bosques abandona a ferocidade, quando vê a novilha. O mesmo poder sustenta tudo quanto vive sob os amplos mares e povoa as águas de peixes sem conta. Vênus foi a primeira em despojar os homens do aspecto feroz que lhes era peculiar. Dela foi que nos vieram o atavio e o cuidado do próprio corpo.''|[[Ovídio]].<ref name="Afrodite na Arte">{{citar web|url=http://www.mundodafilosofia.com.br/page68.html|titulo=Atributos a Vênus|acessodata=17/10/2014|língua=português|arquivourl=https://web.archive.org/web/20141205101048/http://www.mundodafilosofia.com.br/page68.html|arquivodata=05/12/2014|urlmorta=yes}}</ref>}}
 
A citação de [[Ovídio]] mostra que Afrodite era vista como a responsável pela perpetuação da vida, abrangendo toda a [[Natureza]]. De acordo com os pontos de vista [[Cosmogênese|cosmogênicos]] da natureza de Afrodite, ela era a [[personificação]] dos poderes generativos da natureza e mãe de todos os [[seres vivos]]. Um traço dessa noção parece estar contido na tradição no concurso de [[Tifão]] com os deuses, onde Afrodite [[Metamorfose|metamorfoseou-se]] em um peixe, animal que foi considerado possuindo as maiores potências geradoras.<ref name=":15">{{Citar livro|autor=Ovídio|autorlink=Ovídio|título=[[Metamorfoses]]|páginas=318}}</ref> Mas de acordo com a [[crença]] popular dos gregos e suas descrições poéticas, ela era a deusa do amor, que colocou a paixão nos corações dos deuses e dos homens, e por este poder reinou sobre toda a criação viva.<ref>{{Citar livro|autor=Homero|autorlink=Homero|título=Hinos Homéricos |subtítulo=Afrodite|páginas=5}}</ref>
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É de notar que por Afrodite ter sido considerada nascendo do mar, ela foi venerada desde tempos remotos como deusa do [[mar]] e da [[navegação]]. No entanto, ela não é uma [[divindade]] [[marinha]] no sentido em que o são [[Posídon]] e outros senhores do mar. A mesma majestade com que ela enche toda a natureza fez do mar o local de sua aparição. Seu advento aplaina as ondas e faz a superfície das águas fulgir como uma joia. Ela é o divino encanto do mar calmo e da feliz travessia, assim como é o encanto da natureza florescente.<ref name=":5">Otto, Walter. ''Os deuses da Grécia.''</ref> Ela é denominada “deusa do mar sereno” e faz com que os navios cheguem em boa hora ao porto; por isso ela foi chamada de “deusa da boa viagem”, Euploia, “que assegura a navegação propícia”, Acraia (''Akraía''), “deusa dos promontórios” (porque lhe dedicavam templos em locais que são bem visíveis do mar), Pôntia (''Pontía'') e Equórea, isto é, “marítima”, e Nauarca (''Nauarkhís''), “senhora das naus”.<ref name=":6" />
 
Como deusa da beleza, ela representava a beleza feminina ideal no imaginário [[Gregos|grego]], sendo considerada a mais bela das mulheres – não de modo virginal, como [[Ártemis]], tampouco toda decoro, como as deusas casadas e da maternidade, antes plena de uma pura beleza e graça feminina, rodeada pelo úmido brilho do prazer, eternamente moça, livre e feliz, tal como nasceu do mar imenso.<ref>{{citar web|url = http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/o-sexto-hino-homerico-a-afrodite/|título = O sexto hino homérico: a Afrodite|acessadoem = 6 de novembro de 2014|autor = Luiz Alberto Machado Cabral|publicado = Revista Cult|arquivourl = https://web.archive.org/web/20141106205243/http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/o-sexto-hino-homerico-a-afrodite/|arquivodata = 6 de Novembro de 2014|urlmorta = yes}}</ref> Desde [[Homero]], os poetas a chamam de “dourada” e lhe descrevem como a deusa “amiga dos sorrisos” ("filomeida"; ''philommeidés''), ou “de doce sorriso” ("glicimelicos"; ''glykymeílikhos'').<ref name=":7">Homero, ''Hinos Homéricos VI''</ref> [[Helena (mitologia)|Helena]] a reconhece pela encantadora beleza do colo e dos seios e pelo brilho dos olhos.<ref name=":8" /> As [[cárites]], assim como as [[horas]], que representam amáveis e benfazejos espíritos do crescimento, são suas servidoras e companheiras. Dançam com ela, banham-na, ungem-na e tecem-lhe as vestes. O nome das cárites significa “graça e sedução”, que são justamente os dons com que Afrodite brinda [[Pandora]], a primeira mulher.<ref name="Afrodite Culto" />
 
A beleza de Afrodite frequentemente inspirava os talentos e gênio dos antigos artistas, que rivalizavam para produzir a beleza ideal. As obras da [[Arte e cultura clássicas|Antiguidade]] que ainda existem são divididas pelos [[arqueólogos]] em várias classes, de acordo com a representação da deusa na posição de pé e nua, ou tomando banho, ou semi-nua, ou vestida com uma túnica, como ela foi representada nos templos de [[Citera]], [[Esparta]] e [[Corinto]].<ref name="Afrodite Culto" />
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Entre seus amores mortais, o mais famoso foi [[Adônis]], que era tido como seu grande amor e com quem teve Golgos e [[Béroe (ninfa)|Béroe]], que deu nome à capital do [[Líbano]].<ref>{{citar web|url=http://www.theoi.com/Nymphe/NympheBeroe.html|titulo=Beroe-Ninfa|acessodata=28 de novembro de 2014|publicado = Theoi|língua = inglês}}</ref> [[Anquises]], príncipe de [[Troia]], foi outro amor famoso, e algumas versões do mito dizem que Afrodite se apaixonou por ele como punição de Zeus por ela ter feito os deuses se apaixonarem por mulheres mortais. Com Anquises teve [[Eneias]] e [[Liros]], e logo depois do nascimento dos filhos, sua paixão por Anquises sumiu, embora continuasse a protegê-lo e aos seus filhos.<ref name=":22">{{citar web|url = http://www.theoi.com/Olympios/AphroditeLoves2.html#Ankhises|título = Aphrodite Loves: Ankhises|publicado = Theoi|língua = inglês}}</ref>
 
Entre outros amores mortais menos famosos está [[Faetonte]], um senhor de [[Atenas]] que se tornou guarda de seu templo, a quem ela amou e com quem teve [[Astínoo]].<ref>{{citar web|url = http://www.theoi.com/Olympios/AphroditeLoves2.html#Phaethon|título = Aphrodite Loves:Phaeton|acessadoem = 28 de novembro de 2014|publicado = Theoi|língua = inglês}}</ref> [[Butes]], um dos [[Argonautas]], foi salvo por Afrodite, que o levou para uma ilha isolada onde fizeram amor; ela teve [[Erix]] com ele.<ref name="Butes">{{citar web|url=http://www.mythindex.com/greek-mythology/B/Butes.html|titulo=Butes|língua=inglês}|publicado=Greek Myht Index|acessodata= 28 de novembro de 2014|arquivourl=https://web.archive.org/web/20141001122126/http://www.mythindex.com/greek-mythology/B/Butes.html|arquivodata=1 de Outubro de 2014|urlmorta=yes}}</ref> Há ainda uma [[daimon]], [[Peito (mitologia)|Peito]], que personificava o desejo, uma companheira constante de Afrodite, e que era vista em uns mitos como filha da deusa. Entretanto, os autores desse mito não dizem quem seria o pai de Peito com Afrodite.<ref name=":23">{{citar web|url = http://www.theoi.com/Olympios/AphroditeFamily.html#Olympos|título = Peitho|acessodata = 28 de novembro de 2014|publicado = Theoi|língua = inglês}}</ref>
 
== Culto ==
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Helênicos na atualidade celebram a sua devoção religiosa a Afrodite durante três dias principais de festa. Afrodísia é o seu principal dia de festa e é celebrado com o [[calendário ático|calendário Ático]] no dia 4 de ''[[Calendário ático|Hécatombéon]]'', caindo no [[calendário gregoriano]] entre os meses de [[julho]] e [[agosto]], dependendo do ano. Adônia, um festival conjunto de Afrodite e seu parceiro Adônis, é comemorado na primeira [[lua cheia]] após o [[equinócio]] da primavera no hemisfério norte, frequentemente na mesma semana em que é celebrada a [[Páscoa]] cristã. O quarto dia de cada mês é considerado um dia sagrado para Afrodite e seu filho [[Eros]].<ref name="Culto a Afrodite"/>
 
Oferendas para Afrodite para fins devocionais podem incluir [[incenso]], frutas (especialmente maçãs e [[romã]]s), flores, rosas perfumadas, [[vinho]] doce do deserto (particularmente o vinho Commandaria de Chipre) e bolos feitos com mel.<ref>{{citar web|url=http://paganwiccan.about.com/od/godsandgoddesses/a/Offerings_Gods.htm|titulo=Oferendas aos Deuses|acessodata=17 de outubro de 2014|língua=inglês}}</ref> Na [[Wicca]], Afrodite também é adorada como deusa do amor e [[personificação]] da [[deusa mãe]].<ref name=":2">{{citar web|url = http://www.oldreligion.com.br/novo/colunistas/colunas/index.asp?Qs_idColuna=353|título = Sacerdotisa de Afrodite|data = |acessadoem = 1 de novembro de 2014|autor = Edu Scarfon|publicado = oldreligion.com.br|arquivourl = https://web.archive.org/web/20141129022152/http://www.oldreligion.com.br/novo/colunistas/colunas/index.asp?Qs_idColuna=353|arquivodata = 29 de Novembro de 2014|urlmorta = yes}}</ref><ref>{{citar web|título=Morada dos deuses gregos|url=http://www.facesdalua.com/morada-deuses-gregos/lan/br|publicado=Faces da Lua}}</ref>
 
== Iconografia ==
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Outra famosa é a [[Vênus de Médici]], uma cópia de [[mármore]] do {{séc|I}}, feita de uma estátua de [[bronze]] mais antiga no estilo da Afrodite de Cnido, executada por um escultor da tradição [[Praxíteles|praxiteliana]].<ref>Guido Mansuelli, ''Galleria degli Uffizi: Le Sculture (Rome) 2 vols''. 1958–61, vol. I, pp. 71–73.</ref> Até o surgimento da [[Vênus de Milo|Afrodite de Milo]], foi a maior representação feminina da [[Antiguidade]].<ref>Prettejohn, Elizabeth (2005). ''Beauty and Art'', 1750-2000. Oxford University Press, 2005, p. 135</ref>
 
Uma cidade conhecida pelo retrato da deusa foi [[Pompeia]]. Quando Pompeia foi anexada por [[Lúcio Cornélio Sula|Sula]] ao [[Império Romano]], no ano de {{AC|80|x}}, ela passou a chamar-se ''Colonia Cornelia Veneria Pompeianorum'', indicando a importância de Vênus como protetora da cidade. Tal fato explica a enorme quantidade de pinturas, esculturas e grafites espalhados pela região. Um dos mais famosos desses retratos é da deusa acompanhada de Marte (Ares), como ''Namoro de Marte e Vênus'', datado do primeiro quarto do {{séc|I}} d.C.<ref name="Paula">{{citar web|último=Sanfelice|primeiro=Paula|url=http://www.historiahistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=330|titulo=Amor e sexualidade: as representações da deusa Vênus nas paredes de Pompeia (Parte 2)|acessodata=27 de outubro de 2014|data=29 de outubro de 2010|arquivourl=https://web.archive.org/web/20141027164436/http://www.historiahistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=330|arquivodata=27 de Outubro de 2014|urlmorta=yes}}</ref>
 
A [[Vênus Genetrix]] mostra Afrodite em seu aspecto mãe: vestida, trazendo um dos seios descobertos, por ser a nutriz universal. A estátua romana de aproximadamente {{AC|48|x}} foi uma homenagem da [[dinastia júlio-claudiana]] para a deusa, uma vez que seu ancestral [[Júlio César]] dizia ser descendente de Vênus.<ref name=":24">{{citar livro|título = História Natural de Plínio|sobrenome = Cássio|nome = Dião}}</ref>
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No [[neoclassicismo]], acreditava-se em um modelo ideal de beleza, herdado da antiguidade clássica - a Beleza era um dom da [[Grécia]] e da humanidade. Nesse contexto, [[Apolo]] e Afrodite representavam esta beleza ideal. [[Jean-Auguste-Dominique Ingres|Dominique Ingres]], pintor neoclassicista, inspirado pela ''Vênus de Médici'', pintou um dos seus mais famosos quadros, ''Vênus Anadiômene'' de 1848, que retrata o nascimento da deusa. A pintura está na galeria abaixo, juntamente com dois outros quadros famosos do neoclassicismo e do [[romantismo]], que retratam o nascimento de Vênus.<ref name=":17">{{citar web|título=Ideais de Beleza no Neoclassicismo|url=http://abstracaocoletiva.com.br/2012/12/18/modelos-de-beleza-no-neoclassicismo/|acessodata=27 de outubro de 2014|arquivourl=https://web.archive.org/web/20141027164202/http://abstracaocoletiva.com.br/2012/12/18/modelos-de-beleza-no-neoclassicismo/|arquivodata=27 de Outubro de 2014|urlmorta=yes}}</ref>
 
<gallery mode=packed caption="Vênus no neoclassicismo" widths="300px" heights="200px">