Estação Romana da Quinta da Abicada: diferenças entre revisões

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===Composição===
O complexo visível das ruínas é uma zona de 80 por 30 m, que pertence ao estado, rodeada por propriedade privada.<ref name=Sulinfo2013/> As ruínas da Abicada correspondem a um complexoconjunto de origem romana<ref name=Medeiros2012/>, que inclui uma casa de grandes dimensões (''pars urbana'' - parte urbana).{{carece de fontes}} O conjunto está dividido em três partes: uma zona produtiva, o edifício residencial, e várias dependências.<ref name=Medeiros2012/> Durante as escavações feitas por [[José Formosinho]] em 1938, foi encontrado um complexo com uma área superior a 1000 m², que possuía trinta divisões.<ref name=Simoes2007/>
 
[[File:Abicada römische Villa Gebäudeplan.png|thumb|esquerda|Planta da antiga casa da Abicada.]]
====CasaEdifício residencialprincipal====
A casa em si surge como uma típica ''villa'' romana, com uma construção complexa, e de grande qualidade e durabilidade, ao ponto de ainda restarem muitos vestígios das paredes, cerca de 2000 anos após a sua edificação.<ref name=Simoes2007/>
O edifício residencial apresenta uma forma rectangular, dividido em três partes muito diferentes.<ref name=Simoes2007/> Cada parte da casa possuía pelo menos uma porta para o exterior, todas voltadas para Sul.<ref name=Simoes2007/> A zona do meio estava distribuída em redor de um pátio central, de forma hexagonal, com as seis divisões a saírem de cada uma das paredes laterais.<ref name=Simoes2007/> Esta configuração do peristilo na hexagonal era pouco comum nas casas romanas, tendo sido encontrados exemplos semelhantes nas ''villas'' de [[Rabaçal (Penela)|Rabaçal]], em Portugal, [[Valdetorres de Jarama]], em [[Espanha]], e [[Palazzo Pignano]], na [[Itália]].<ref name=HistArte2008>{{citar jornal|pagina=132-142|titulo=Um Stibadium com mosaico na Villa Romana do Rabaçal|autor=PESSOA, Miguel|jornal=Revista de História da Arte|numero=6|ano=2008|publicado= Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa|local=Lisboa|issn=1646-1762|url=https://issuu.com/ihafcshunl/docs/rha-6|acessodata=30 de Outubro de 2018}}</ref> Esta zona foi identificada por José Formosinho como sendo o [[androceu]], ou seja, a parte masculina da casa, enquanto que as seis divisões em redor do pátio seriam quartos individuais (cubículos - ''cubiculum'').<ref name=Simoes2007/> No centro do pátio, existia um tanque que recolhia a água das chuvas ([[Implúvio]] - ''impluvium'').<ref name=Simoes2007/> A zona poente da casa estava composta em redor de um peristilo (''peristylum''), um pátio central orlado de colunas<ref name=Simoes2007/> de forma rectangular<ref name=Medeiros2012/>, rodeado por um corredor circular (''ambulacrum''),<ref name=Simoes2007/> que dava acesso a cinco compartimentos.<ref name=Medeiros2012/> Estas salas seriam talvez o [[gineceu]] (''gyneceus''), a parte da casa destinada às mulheres, e a sala de recepção (''oeacus'').<ref name=Simoes2007/> Nas alas esquerda e direita do corredor estavam situadas as ''alae'', salas compridas e estreitas, onde normalmente eram colocados os retratos dos antepassados, junto com o [[larário]], um altar aos deuses da família.<ref name=Simoes2007/> O lado nascente era a zona utilitária da vila, uma vez que era composto por várias pequenas salas divididas por um corredor, onde estava situada a cozinha, os celeiros e os quartos para os escravos.<ref name=Simoes2007/> Esta zona tinha uma canalização em chumbo, que comunicava com o exterior.<ref name=Simoes2007/> Todos os compartimentos tinham os seus pavimentos revestidos com painéis de mosaicos, e foram encontrados vestígios de estuque pintado nalgumas das paredes na zona poente do edifício.<ref name=Medeiros2012/> Os painéis de mosaicos são considerados dos mais significativos não só no Algarve mas em todo o país, sendo um dos maiores conjuntos na região.<ref name=Sulinfo2013/>
 
O edifício residencial apresentaApresenta uma forma rectangular, divididodividida em três partes de organização muito diferentesdiferente.<ref name=Simoes2007/> Cada parte da casa possuía pelo menos uma porta para o exterior, todas voltadas para Sul.<ref name=Simoes2007/> A zona do meio estava distribuída em redor de um pátio central, de forma hexagonal, com as seis divisões a saírem de cada uma das paredes laterais.<ref name=Simoes2007/> Esta configuração do peristilo na hexagonal era pouco comum nas casas romanas, tendo sido encontrados exemplos semelhantes nas ''villas'' de [[Rabaçal (Penela)|Rabaçal]], em Portugal, [[Valdetorres de Jarama]], em [[Espanha]], e [[Palazzo Pignano]], na [[Itália]].<ref name=HistArte2008>{{citar jornal|pagina=132-142|titulo=Um Stibadium com mosaico na Villa Romana do Rabaçal|autor=PESSOA, Miguel|jornal=Revista de História da Arte|numero=6|ano=2008|publicado= Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa|local=Lisboa|issn=1646-1762|url=https://issuu.com/ihafcshunl/docs/rha-6|acessodata=30 de Outubro de 2018}}</ref> Esta zona foi identificada por José Formosinho como sendo o [[androceu]], ou seja, a parte masculina da casa, enquanto que as seis divisões em redor do pátio seriam quartos individuais (cubículos - ''cubiculum'').<ref name=Simoes2007/> No centro do pátio, existia um tanque que recolhia a água das chuvas ([[Implúvio]] - ''impluvium'').<ref name=Simoes2007/> A zona poente da casa estava composta em redor de um peristilo (''peristylum''), um pátio central orlado de colunas<ref name=Simoes2007/> de forma rectangular<ref name=Medeiros2012/>, rodeado por um corredor circular (''ambulacrum''),<ref name=Simoes2007/> que dava acesso a cinco compartimentos.<ref name=Medeiros2012/> Estas salas seriam talvez o [[gineceu]] (''gyneceus''), a parte da casa destinada às mulheres, e a sala de recepção (''oeacus'').<ref name=Simoes2007/> Nas alas esquerda e direita do corredor estavam situadas as ''alae'', salas compridas e estreitas, onde normalmente eram colocados os retratos dos antepassados, junto com o [[larário]], um altar aos deuses da família.<ref name=Simoes2007/> O lado nascente era a zona utilitária da vila, uma vez que era composto por várias pequenas salas divididas por um corredor, onde estava situada a cozinha, os celeiros e os quartos para os escravos.<ref name=Simoes2007/> Esta zona tinha uma canalização em chumbo, que comunicava com o exterior.<ref name=Simoes2007/> Todos os compartimentos tinham os seus pavimentos revestidos com painéis de mosaicos, e foram encontrados vestígios de estuque pintado nalgumas das paredes na zona poente do edifício.<ref name=Medeiros2012/> Os painéis de mosaicos são considerados dos mais significativos não só no Algarve mas em todo o país, sendo um dos maiores conjuntos na região.<ref name=Sulinfo2013/>
 
Os corredores em redor dos pátios centrais tinham uma coberta de telha (''Tegulae'' - [[Tégula]]), no estilo romano, de forma rectangular e plana, apenas com uma saliência para encaixe, necessitando desta forma de menos obras de reparação e limpeza.<ref name=Simoes2007/> O telhado era suportado por colunas de secção hexagonal, compostas por tijolos em forma de quarto de círculo.<ref name=Simoes2007/>
 
Os compartimentos das zonas central e poente tinham os seus pavimentos revestidos com painéis de mosaicos,<ref name=Medeiros2012/> que são considerados dos mais significativos não só no Algarve mas em todo o país, sendo um dos maiores conjuntos na região.<ref name=Sulinfo2013/> O lado nascente, como era destinado principalmente aos trabalhadores, não estava coberto por mosaicos, utilizando em vez disso ladrilhos de cerâmica, o que oferece um vivo contraste com os pavimentos das zonas onde habitavam os senhores da casa.<ref name=Simoes2007/> Um dos motivos utililizados nos painéis de mosaicos eram estrelas de seis raios dentro de quadrados, cujas cercaduras apresentavam desenhos geométricos feitos com tesselas brancas, pretas e vermelhas.<ref name=Simoes2007/>
 
Também foram encontrados vestígios de estuque pintado nalgumas das paredes na zona poente do edifício.<ref name=Medeiros2012/> No gineceu, as paredes estavam pintadas com murais de motivos geométricos em tons de branco, vermelho escuro, amarelo ocre e azul petróleo.<ref name=Simoes2007/>
 
====Zona produtiva====
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* {{SIPA|2828}}
* {{Link|en|2=http://www.megalithic.co.uk/article.php?sid=40577|3=Página sobre a Estação Romana da Quinta da Abicada, no sítio electrónico Megalithic}}
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{{Portal3|Arte|História|Arqueologia|Roma Antiga|Portugal}}
 
[[Categoria:Património edificado em Portimão]]
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[[Categoria:Lusitânia]]
[[Categoria:Monumentos nacionais no distrito de Faro]]
 
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[[de:Abicada]]