Sanfins de Ferreira: diferenças entre revisões

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O cavaleiro [[Mem Viegas de Sousa]]   (1070_1130) foi senhor de honrarias e desta igreja.
 
No período da reconquista, foi restaurada a Diocese de Braga e a Chã de Ferreira ficou a pertencer-lhe. Há registos que afirmam que, no ano de 1111, o cavaleiro Soeiro Viegas é senhor do “Couto de Fins de Ferreira” e que aqui fundou um mosteiro [http://www.decarne.com/gencar/dat216.htm mosteiro] . O título nobiliárquico de “senhor do Couto de Fins de Ferreira” é referido ainda ao longo do século XIII.
 
 
===== A divisão do Couto, do Mosteiro e do Território =====
 
===== A divisão do Couto, do Mosteiro e do Território, as Dioceses =====
Quatro décadas depois do restauro da Diocese de Braga _1070_é restaurada a Diocese do Porto _1113_ e desde logo começou a luta pelos domínios desta Chã Ferreira, pelo seu Couto e pelo seu Mosteiro.  Este território e Couto foi então dividido entre a Diocese de Braga e a Diocese do Porto. A Diocese do Porto - fica com os domínios que integravam o Termo de Aguiar e os Cónegos da Sé Porto, em 1195, ficam com uma parte do seu “novo” Mosteiro de S. Pedro de Ferreira. A Arquidiocese de Braga -Bispo- acabando por não acatar a decisão da Santa Sé e por não recuar até à margem norte do rio Vizela, manteve os domínios correspondentes ao Termo de Ferreira, incluindo a sua antiga Igreja de S. Fins de Ferreira.
 
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S. Fins de Ferreira tem uma raiz e um sentido histórico muito profundo: os '''ferreiros''' moravam a Citânia e foram descendo para as terras mais próximas das fontes e das nascentes. Por cá, há o antigo topónimo de Ferreira, lugar pegado à Fervença, onde brota uma das nascentes do Rio [[Rio Ferreira|Ferreira]]. Como se percebe, as dúvidas não são sobre o nome da terra a que pertence esta Igreja. O que se torna necessário é perceber qual é o orago desta Igreja “'''de Ferreira”.'''
 
==== O Oragoorago ====
Nos primórdios, o padroeiro desta Igreja da terra de Ferreira, era São Félix. Pela relação entre datas e calendários e pelo painel de S. Pedro ad víncula, trata-se de '''S. Félix de [https://pt.aleteia.org/daily-prayer/quarta-feira-1-agosto/ Girona],''' com festa a 1 de agosto. Prova isto é a imagem do painel a óleo que se encontrava pendente no Altar-mor da antiga Igreja Matriz de Sanfins de Ferreira e que hoje se mantém colocado no Centro Social e Paroquial de Sanfins de Ferreira. Esta imagem retrata, sem margem para dúvidas, São Pedro ad vincula e nada tem a ver com o São Pedro, santo popular, com festa a 29 de Junho. Extremamente relevante são as referências à existência de uma imagem _estátua_ de S. Félix, “um Santo de cor escura, do tamanho da nossa Santa Rita”, que, como nos lembram as memórias orais _anteriores 1957_, se encontrava num dos altares da Igreja de S. Pedro Fins de Ferreira. S. Félix, o de Girona, nasceu no norte de África e foi martirizado sob Diocleciano _284-305_, naquela cidade espanhola. Referido nos calendários hispânicos a 1 de Agosto, este mártir, nos primórdios do cristianismo, foi muito venerado no território português e titular de diversas paróquias. Como a Igreja hispânica _local_, no Concílio de Burgos _1080_, decidiu adotar o rito romano universal, e este, no dia 1 de agosto, tinha memória a '''São Pedro ad víncula''', o culto a São Félix começou a perder a sua importância, pelo menos ao nível [https://archive.org/stream/portugalantigoe06ferrgoog/portugalantigoe06ferrgoog_djvu.txt oficial]. Mesmo em termos oficiais, foi preciso muito tempo para que o culto a São Pedro fosse superando o culto a São Félix. De um ou outro modo, o culto a São Pedro nunca suplantou, de modo definitivo, o culto a São Fins. Foram precisos três séculos para que a “Igreja de Sancti Felicis Ferrarie” começasse a ser conhecida como a “ Igreja de Sam Pero Fynz de Ferreira” e, desde então continuam interligados. A primeira vez que o nome desta Igreja aparece escrito é na Inquirições de 1220. Por este documento régio, ficamos a saber que esta terra se chama Ferreira e que o seu orago é S. Félix _“Sancto Felici”_, Igreja bastante rica, possuindo “sesnarias”, “casais viiij” e “meia ermida”. Da existência de bens pertencentes à Ordem dos Templários, nem nesta região há registos. Nas Inquirições Régias de 1258, a Igreja dava pelo nome de “Igreja de Sancti Felicis Ferrarie” e dela, entre muitos outros bens, dependia a “Igreja de Santa Maria de Lamoso”.
 
==== Honra de Nuno AlvaresÁlvares Pereira ====
[[João Rodrigues Pereira, senhor de Paiva|Nos]] tempos da fundação da Dinastia de Avis, _séc. XIV_ S. Fins de Ferreira continuou a ser distinta e foi Honra do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, tendo passado para o seu sobrinho, o cavaleiro D. João Rodrigues [[João Rodrigues Pereira, senhor de Paiva|Pereira]]. Ainda hoje, junto ao lugar da Torre, temos o lugar da Pereira e a secular Calçada da Pereira, que leva à Citânia.
 
==== A Igreja e Comenda ====
[[Ficheiro:Igreja e Comenda de S. Pedro Fins de Ferreira.jpg|alt=A Igreja S. Felix da Terra de Ferreira|miniaturadaimagem|Mosteiro, Igreja e Comenda de Sanfins de Ferreira, com portão do Solar dos Brandões]]
[[Ficheiro:Pintura Humanista (séc XVI) Igreja de S. Pedro Fins de Ferreira Diocese de Braga.jpg|alt=Pintura quinhentista na importante Igreja da Diocese de Braga e Comenda da Ordem de Cristo|miniaturadaimagem|Pintura quinhentista na importante Igreja da Diocese de Braga e Comenda da Ordem de Cristo_ S. Pedro Fins de Ferreira]]
[[Ficheiro:Igreja e Comenda de S. Pedro FinsSanfins de Ferreira.jpgpng|alt=A Igreja e Comenda de S. FelixPero da TerraFins de Ferreira, antigo Couto e Mosteiro|miniaturadaimagem|Mosteiro, Igreja e Comenda de Sanfins de Ferreira, comantigo portãoCouto doe Solar dos BrandõesMosteiro]]
Nos inícios dos anos de 1500, a nossa Igreja foi transformada em Comenda da Ordem de Cristo, tendo por comendatário o Escrivão da Puridade e humanista Cardeal da Santa Sé, D. [[Miguel da Silva (cardeal)]]. Note-se que é no registo da reitoria _1525_ que, pela primeira vez, a nossa terra é tratada como sendo “Igreja de Sam Pero Fynz de Ferreira”. É ainda no decorrer dos meados deste século XVI que esta Igreja _de São Pedro Fijz de Terra de Ferreira_ terá sido objeto de grandes obras, tendo-se realizados notáveis afrescos, dos quais ainda nos restam alguns fragmentos _S. Brás_, no “arco triunfal do lado da Epístola e do lado do Evangelho”. Esta Igreja e Comenda da Ordem de Cristo, com bens que se estendiam até Cacães e Meixomil, Lamoso, Raimonda e a Santa Maria de Negrelos, incluindo a ermida no alto do monte (São Romão), pertenceu sempre a grandes senhores do reino. <ref>{{citar livro|título=Tombo da Igreja e Comenda de Samfynz de Ferreira do Arcebispado de Bragaa (1548)
Arquivo Distrital de Braga
Registo Geral, 242/12|ultimo=|primeiro=|editora=|ano=|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>
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==== As Revoluções Liberais e a Reedificação da Igreja Matriz ====
As Revoluções Liberais também provocaram o seus danos. Num clima de permanente tensão entre os fidalgos da Casa da Igreja/Solar dos Brandões, o Reitor, António Marcelino Martins Machado, envia uma carta_Registo Geral de Mercês, D.Maria II, liv.32, fl.214v-215v_ em que se refere à “Igreja de S. Pedro Fins de Ferreira”[https://digitarq.arquivos.pt/details?id=2007038]. Desconhecendo-se o teor da missiva, sabe-se que, sobre a porta da entrada principal da antiga Igreja de São Pero Fins de Ferreira está uma inscrição que diz ter sido reedificada, em 1865.
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==== O Cruzeiro Templário ====
[[Ficheiro:Cruzeiro Templário de Sanfins de Ferreira.jpg|alt=Cruzeiro de Sanfins de Ferreira e a Cruz do Templo|miniaturadaimagem|Largo da Confraria, local onde se encontrava a Cruz do Templo]]
Não há qualquer documento escrito que refira a presença dos templários nesta antiga Igreja, Couto e Mosteiro, mas é nesta freguesia que se encontrava a Cruz do Templo e que serve de elemento central ao brasão do município e a outras freguesias. Não se sabe ao certo a origem desta Cruz da Ordem do Templo, que se encontrava no Largo da Confraria, mas é certo que a população de Sanfins de Ferreira sempre teve uma grande cuidado pelo seu cruzeiro, até que, já depois do 25 de abril de 1974, durante a noite, foi vandalizado. Note-se que este cruzeiro estava nos terrenos da Comenda e esta comenda resultou do antigo Couto onde no séc. XII, antes da divisão deste territórios pelas dioceses de Braga e Porto, de se mandara construir um Mosteiro. Pela grandiosidade da Cruz e inclinação da mesma se percebe que fora talhada para ser colocada no cimo de um edifício bem alto, não sendo de excluir a hipótese, por isso mesmo, de ser a Cruz que estivera destinada a encimar a Igreja do Mosteiro que acabara por ficar sem monges e para a Diocese do Porto, em S. Pedro de Ferreira.
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==População==
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* [[Penedo das Ninfas]] (inscrição gravada em penedo na Bouça de Fervenças)
* Solar dos Brandões
*Cruzeiro dos Templários
 
== Ver também ==