Islamismo: diferenças entre revisões

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{{Islã}}
'''Islamismo'''{{Nota de rodapé|O termo '''islamismo/islamista''', unicamente utilizado em português como sinónimo daquele que segue o islão<ref>{{citar enciclopédia|título= Lello Universal |enciclopédia= Dicionário enciclopédico Luso-Brasileiro - Página 1321 - Volume 1 |acessodata=1 de Janeiro de 2014}}</ref> é um [[galicismo]] aparecido no século {{séc|XX}} que hoje em dia é usado em alguns países para definir, não só a sua visão religiosa, mas principalmentes uma visão mais política dessa mesma doutrina. Assim, em francês o islamismo<ref name="Cairn">[http://archive.wikiwix.com/cache/?url=http://www.cairn.info/article.php?ID_REVUE=CITE%26ID_NUMPUBLIE=CITE_014%26ID_ARTICLE=CITE_014_0045&title=Article%20en%20ligne CAIRN Info (em frncês)], - consultado em Janeiro de 2014</ref> tanto se pode referir a uma "escolha consciente da doutrina do islão como guia para a acção política" como de uma "ideologia de manipulação do islão com vistas de projectos políticos". Nesta ultima acepção fala-se também do '"islamismo radical", o [[fundamentalismo islâmico]], como forma de combater a agressão que supostamente seria feita pelos ocidentais à identidade arabo-muçulmana, com o fim de transformar um sistema político e social de um [[Estado]] usando a [[xaria]], ou seja a interpretação unívoca é imposta à sociedade.<ref name="Cairn"/>}}, {{PEPB|islão|islã}} ({{langx|ar|إسلام||''Islām''}}), é uma [[religião abraâmica]] [[Monoteísmo|monoteísta]] articulada pelo [[Alcorão]], um texto considerado pelos seus seguidores como a palavra literal de [[Deus no Islã|Deus]] ([[Alá]], {{langx|ar|الله ||''Allāh''}}), e pelos ensinamentos e exemplos normativos (a chamada ''[[suna]]'', parte do [[hádice]]) de [[Maomé]], considerado pelos fiéis como o último [[Profetas do islão|profeta de Deus]]. Um adepto do islamismo é chamado de [[muçulmano]].
 
Os muçulmanos acreditam que Deus é [[Tawhid|único e incomparável]] e o [[Sentido da vida|propósito da existência]] é [[Adoração|adorá-Lo]].<ref>{{citar web|url=http://www.pbs.org/empires/islam/faithgod.html |título=God |obra=[[Islam: Empire of Faith]] |citação=For Muslims, God is unique and without equal. |publicadopor=[[Public Broadcasting Service|PBS]]|acessodata=2010-12-18}}</ref> Eles também acreditam que o islã é a versão completa e universal de uma fé primordial que foi revelada em muitas épocas e lugares anteriores, incluindo por meio de [[Abraão]], [[Moisés]] e [[Jesus]], que eles consideram [[Profetas do islão|profetas]].<ref name="People-of-the-Book">{{citar web|url=http://www.pbs.org/empires/islam/faithpeople.html |título=People of the Book |obra=[[Islam: Empire of Faith]] |publicadopor=[[Public Broadcasting Service|PBS]]|acessodata=2010-12-18}}</ref> Os seguidores do islã afirmam que as mensagens e revelações anteriores foram parcialmente [[Tahrif|alteradas ou corrompidas]] ao longo do tempo,<ref name="Distorted">See: * Accad (2003): According to Ibn Taymiya, although only some Muslims accept the textual veracity of the entire Bible, most Muslims will grant the veracity of most of it. * Esposito (1998), pp.6,12* Esposito (2002b), pp.4–5* F. E. Peters (2003), p.9* {{citar enciclopédia|título=Muhammad |enciclopédia=Encyclopaedia of Islam Online |autor =F. Buhl |coautor=A. T. Welch |acessodata=2-5-2007}}* {{citar enciclopédia|título=Tahrif |enciclopédia=Encyclopaedia of Islam Online |autor =Hava Lazarus-Yafeh |acessodata=2-5-2007}}</ref> mas consideram o [[Alcorão]] (ou Corão) como uma versão inalterada da revelação final de Deus.<ref>{{citar livro|publicadopor= Continuum International Publishing Group| isbn = 9780826499448|último = Bennett|primeiro = Clinton|título= Interpreting the Qur'an: a guide for the uninitiated|ano= 2010|página=101}}</ref> Os conceitos e as práticas religiosas incluem os [[cinco pilares do islão|cinco pilares do islã]], que são conceitos e atos básicos e obrigatórios de culto, e a prática da [[Xaria|lei islâmica]], que atinge praticamente todos os aspectos da vida e da sociedade, fornecendo orientação sobre temas variados, como [[Banco islâmico|sistema bancário]] e [[Zakat|bem-estar]], à guerra e ao meio ambiente.<ref>Esposito (2002b), p.17</ref><ref>See: * Esposito (2002b), pp.111,112,118* {{citar enciclopédia|título=Shari'ah |enciclopédia=Encyclopædia Britannica Online |acessodata=2007-05-02}}</ref>
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* {{citar enciclopédia|título=Muhammad |enciclopédia=Encyclopædia Britannica | ref=harv}}</ref> Durante os últimos 22 anos de sua vida, começando aos 40 anos, em 610, de acordo para as primeiras biografias restantes, Maomé relatou revelações que ele acreditava serem de Deus, transmitidas a ele através do [[arcanjo]] [[Gabriel]] (''Jibril''). O conteúdo dessas revelações, conhecido como o [[Alcorão]], foi memorizado e gravado por seus companheiros.<ref>Ver:
* {{citar enciclopédia|título=Muhammad |enciclopédia=Encyclopaedia of Islam Online |autor =F. Buhl |coautor=A. T. Welch | ref=harv}}</ref>
[[Imagem:Maome.jpg|thumb|upright=1.4|Profeta [[Maomé]] recitando o [[Alcorão]] em [[Meca]] (gravura do século {{séc|XV}}).]]
 
Durante esta época, Maomé pregava ao povo na cidade de [[Meca]], implorando-los a abandonar o [[politeísmo]] e adorar um Deus. Embora alguns tenham se convertido ao Islã, Maomé e seus seguidores foram perseguidos pelas autoridades de Meca. Isso resultou na migração para a [[Abissínia]] de alguns muçulmanos (ao [[Império Axumita]]). Muitos dos primeiros convertidos ao Islã eram os pobres e ex-escravos como [[Bilal Ibn Rabah al-Habashi]]. A elite de Meca acreditava que Maomé iria desestabilizar a ordem social através da pregação de uma religião [[monoteísmo|monoteísta]], da igualdade racial e do processo de dar ideias aos pobres e seus escravos.<ref>The Qur'an with Annotated Interpretation in Modern English
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=== Arte e arquitetura ===
{{Artigo principal|Arquitetura islâmica|Arte islâmica}}
A [[arte islâmica]] engloba as artes visuais produzidas a partir do século {{séc|VII]} em diante por pessoas (não necessariamente muçulmanos) que viveram no território que era habitada por populações muçulmanas.<ref>Marilyn Jenkins-Madina, Richard Ettinghauset and Architecture 650–1250'', Yale University Press, ISBN 0-300-08869-8, p.3''</ref> Ela inclui áreas tão variadas como a arquitetura, a caligrafia, pintura e a cerâmica, entre outras.
Talvez a expressão mais importante da arte islâmica seja a arquitetura, em especial a de [[mesquita]]s.<ref>"Islam", ''The New Encyclopædia Britannica'' (2005)</ref> Através desses edifícios, o efeito da variação de culturas dentro da civilização islâmica pode ser ilustrado. A arquitetura islâmica do [[Norte da África]] e [[Península Ibérica]], por exemplo, tem elementos [[romanos]] e [[bizantinos]], como visto na [[Grande Mesquita de Cairuão]], que contém colunas de [[mármore]] e pórfiro de edifícios romanos e bizantinos,<ref>{{citar livro|url=http://books.google.com/?id=LgnhYDozENgC&pg=PA175&dq=mosque+kairouan+roman+columns#v=onepage&q=mosque%20kairouan%20roman%20columns&f=false |título=Elizabeth Allo Isichei, ''A history of African societies to 1870'', page 175. Cambridge University Press, 1997 |publicadopor=|acessodata=2010-08-06|isbn=978-0-521-45599-2|ano=1997|autor1 =Isichei|primeiro1 =Elizabeth Allo}}</ref> no palácio de [[Alhambra]], [[Granada]], ou na [[Mesquita-Catedral de Córdova|Grande Mesquita de Córdoba]].
 
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=== Lugares sagrados ===
A [[Caaba]] ("O Cubo"), um edifício situado dentro da mesquita principal de [[Meca]] (A ''[[MasjidGrande al-HaramMesquita de Meca|Grande Mesquita]]''), na [[Arábia Saudita]], é o local mais sagrado do islão. De acordo com o Alcorão, ela foi construída por [[Abraão]] (''Ibrahim'') para que todas as pessoas fossem ali celebrar os ritos da [[haje]]. O segundo local sagrado do islamismo é a mesquita ''[[Al-MasjidMesquita an-Nabawido Profeta]]'', na cidade de [[Medina]], cidade para a qual Maomé e os primeiros muçulmanos fugiram (num movimento conhecido como [[Hégira]]), e onde se encontra o seu túmulo. A cidade de [[Jerusalém]] é o terceiro local sagrado do islão. Este estatuto advém da sua associação aos [[Profetas do Islão|profetas]] anteriores a Maomé e sobretudo pelo facto de os muçulmanos acreditarem que o profeta teria viajado para esse local durante a noite, cavalgando um ser denominado ''[[Buraq]]'', numa viagem conhecida como ''Isra''. Uma vez em Jerusalém, ele teria ascendido ao céu (''Mi’raj''), onde dialogou com Deus e outros profetas, entre os quais [[Moisés]] e [[Jesus]]. No local de Jerusalém onde se acredita que Maomé subiu ao céu, foi construída a [[Cúpula da Rocha]], em cerca de [[690]], e a mesquita de [[Mesquita de Al'Aqsa|Al'Aqsa]], sobre as ruínas do antigo [[Templo de Salomão]] dos [[judeus]].<ref>{{citar web |url=http://www.saudiembassy.net/about/country-information/Islam/guardian_of_the_Holy_Places.aspx |título= Guardian Of The Holy Places |editor=Embaixada Saudita em Washington, DC |acessodata=4 de abril de 2015}}</ref>
 
Os muçulmanos xiitas consideram ainda como sagradas as cidades de [[Carbala]] e [[Najafe]], ambas no [[Iraque]]. Na primeira, ocorreu o martírio de Hussein (filho de [[Ali]] e neto de Maomé) e dos seus companheiros, quando este contestava o [[Califado Omíada]]. No [[Irão]], devem também ser salientadas duas cidades sagradas para os xiitas, [[Mexad]] e [[Qom]].<ref>{{citar web |url=http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-11113841 |editor=[[BBC]] |data=27 de agosto de 2010 |acessodata=4 de abril de 2015 |título=Shia Islam's holy sites in Iraq}}</ref>
{{imagem múltipla
| footer = Lugares sagrados do islamismo (da esquerda para a direita): mesquita ''[[AlGrande MasjidMesquita de Meca|Grande Al-HaramMesquita]]'', em [[Meca]], [[Arábia Saudita]], considerada o maior centro de [[peregrinação]] do mundo e o local mais sagrado do islamismo; mesquita ''[[Al-MasjidMesquita do an-NabawiProfeta]]'', em [[Medina]], local do túmulo de [[Maomé]]; [[Cúpula da Rocha]], em [[Jerusalém]], cidade sagrada para os muçulmanos.
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| image1 = A packed house - Flickr - Al Jazeera English.jpg