Primeira República Portuguesa: diferenças entre revisões

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== A República ==
 
No que diz respeito à Revolução de Outubro de 1910, vários estudos valiosos foram feitos,<ref>Wheeler, 1972</ref> o primeiro entre os quais classifica a tese polêmicapolémica de [[Vasco Pulido Valente]]. Este historiador postulou a natureza [[jacobino]] e urbana da revolução levada a cabo pelo [[Partido Republicano Português (PRP)]] e afirmou que o PRP tinha transformado o regime republicano numa ditadura de facto.<ref>Pulido Valente, 1982</ref> Esta visão colide com uma interpretação mais antiga da Primeira República como um regime progressista e cada vez mais democrático que apresentou um claro contraste com a [[Salazar|Ditadura de Salazar]]. [Oliveira Marques, 1991]
 
Uma [[Constituição]] republicana foi aprovada em 1911 , inaugurando um regime parlamentar com poderes presidenciais reduzidos e duas câmaras do parlamento.<ref>Miranda, 2001</ref> A constituição geralmente concedia liberdades civis plenas, as liberdades religiosas dos católicos eram uma exceção.<ref>Anderson, James Maxwell, [https://books.google.com/books?id=UoryGn9o4x0C&dq The History of Portugal], p. 142, Greenwood Publishing Group, 2000</ref>
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===Religião===
 
A Primeira República foi intensamente anticlerical. Os líderes da República eram secularistas e, na verdade, estavam seguindo a tradição liberal de desestabilizar o poderoso papel que a Igreja Católica já exerceu. O historiador Stanley Payne aponta: "A maioria dos republicanos assumiu a posição de que o catolicismo era o inimigo número um do radicalismo individualista de classe média e deve ser completamente quebrado como fonte de influência em Portugal".<ref>Payne, ''A history of Spain and Portugal'' (1973) 2: 559</ref> Sob a liderança de [[Afonso Costa]], o ministro da justiça, a revolução imediatamente atacou a Igreja Católica: igrejas foram saqueadas, conventos foram atacados e clero foi assediado. Mal havia sido instalado o governo provisório quando começou a dedicar toda a sua atenção a uma política anti-religiosa, apesar da desastrosa situação econômicaeconómica. Em 10 de outubro - cinco dias após a inauguração da República - o novo governo decretou que todos os conventos, mosteiros e ordens religiosas seriam suprimidos. Todos os moradores de instituições religiosas foram expulsos e seus bens confiscados. Os jesuítas foram forçados a perder sua cidadania portuguesa. Uma série de leis e decretos anticatólicos se sucederam em rápida sucessão. No dia 3 de novembro, uma lei legalizando o divórcio foi aprovada e depois houve leis para reconhecer a legitimidade das crianças nascidas fora do casamento, autorizar a cremação, secularizar os cemitérios, suprimir o ensino religioso nas escolas e proibir o uso da batina. Além do que, além do mais, o toque dos sinos da igreja para sinalizar os tempos de adoração foi sujeito a certas restrições, e a celebração pública das festas religiosas foi suprimida. O governo também interferiu na realização de seminários, reservando o direito de nomear professores e determinar currículos. Toda esta série de leis de autoria de [[Afonso Costa]] culminou na lei da Separação entre Igreja e Estado, aprovada em 20 de abril de 1911.
 
Os republicanos eram [[anticlericais]] e tinham uma abordagem "hostil" à questão da separação entre a Igreja e o Estado, como a da [[Culto da Razão|Revolução Francesa]], e a futura [[Constituição do México|Constituição Mexicana de 1917]] e a [[Constituição Espanhola de 1931]].<ref>
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===Os partidos políticos===
 
O PRP teve que suportar a secessão de seus elementos mais moderados, que formaram partidos republicanos conservadores, como o [[Partido Evolucionista]] e a [[União Republicana]]. Apesar dessas divisões, o PRP, liderado por [[Afonso Costa]], preservou seu domínio, em grande parte devido a uma marca de políticas clientelistas herdadas da monarquia.<ref name="Lopes, 1994">Lopes, 1994</ref> Em vista dessas táticas, várias forças da oposição recorreram à violência para aproveitar os frutos do poder. Há poucos estudos recentes deste período da existência da República, conhecida como a República "antiga". No entanto, um ensaio Vasco Pulido Valente deve ser consultado,<ref>1997a</ref> assim como a tentativa de estabelecer o contexto político, social e econômicoeconómico feito por M. Villaverde Cabral (1988).
 
A República repeliu um [[ataque monarquista a Chaves]] em 1912.
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Veja Também: [[Portugal na Primeira Guerra Mundial]]
 
O PRP considerou a eclosão da [[Primeira Guerra Mundial]] como uma oportunidade única para alcançar uma série de objetivos: pôr fim às ameaças gêmeasgémeas de uma invasão espanhola de Portugal e da ocupação estrangeira das colôniascolónias e, no nível interno, criar uma consenso nacional em torno do regime e até mesmo em torno do partido.<ref>Teixeira, 1996a</ref> Estes objetivos domésticos não foram atingidos, uma vez que a participação no conflito não foi objeto de um consenso nacional e, portanto, não serviu para mobilizar a população. Ocorreu exatamente o oposto: as linhas existentes de fratura política e ideológica foram aprofundadas pela intervenção de Portugal na Primeira Guerra Mundial. ref>Ribeiro de Meneses, 2000</ref> A falta de consenso em torno da intervenção de Portugal, por sua vez, tornou possível o surgimento de duas ditaduras, lideradas pelo general [[Pimenta de Castro]] (janeiro-maio ​​de 1915) e [[Sidónio Pais]] (dezembro de 1917 a dezembro de 1918).
 
==A "República Nova"==