Disposição de esgoto no solo: diferenças entre revisões

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Página sobre disposição de tratamento de esgoto no solo. Área: engenharia sanitária.
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Revisão das 14h45min de 21 de janeiro de 2019

Introdução

A aplicação de efluentes no solo é uma maneira alternativa para a disposição de resíduos, bem como controle biológico de poluentes. Além disso, evita a disposição direta de efluentes não tratados no solo. Este métodos também contribui de forma significativa para o fornecimento de nutrientes ao solo[1].

É uma das práticas mais antigas de tratamento, destino final ou reciclagem de efluentes. Na inglaterra do Séc. XIX esta técnica era empregada nas famosas ‘’Fazendas de Esgotos’’, sendo esta técnica posteriormente abandonada com o crescimento das cidades e surgimento de alternativas mais sofisticadas[2].

Entretanto, problemas com a escassez hídrica, deterioração dos mananciais de água, limitações tecno-financeiras para desenvolvimento de novas técnicas, elevado custo de insumos agropecuários foram responsáveis por renovar os interesses relacionados a disposição de efluentes nos solos como forma de tratamento[3].

Países como Israel, problemas com a escassez de água favorecem o uso da técnica de aplicação de resíduos no solo como alternativa ao descarte de efluentes nos corpos hídricos[4].

O solo é sistema no qual tem presente uma vasta diversidade de microrganismos com gradientes físico químicos. A ação dos microrganismos presentes nos solos e das plantas são os principais fatores de remoção de microrganismos que chegam do efluente ao solo.

A ação do solo pode ser associada ao de um filtro, ocorrendo processos físico, químicos e biológicos promovendo um alto nível de tratamento em virtude da retenção dos poluentes[5].

Tratamento

Infiltração Lenta ou Fertirrigação

Os esgotos, ao serem aplicados no solo, fornecem água e nutrientes essenciais aos crescimento e desenvolvimento de plantas. Na infiltração lente, parte do efluente sofre evaporação, parte sofre percolação no solo e parte dele é absorvido pelas plantas. As taxas de aplicação do efluente no solo devem ser baixas e o efluente pode ser aplicado no solo de diferentes formas, como: aspersão, alagamento, e métodos da crista e vala[6].

Infiltração Rápida

Neste método de disposição do esgoto no solo, os efluentes são dispostos em bacias rasas, de forma que o líquido passe pelo fundo poroso e sofra percolação no solo. As taxas de evaporação são menores devido às maiores taxas de aplicação do efluente, que deve ser intermitente, proporcionando, assim, períodos de descanso para o solo. Os tipos mais comumente empregados são: percolação para água subterrânea, recuperação por drenagem subsuperficial e recuperação por poços freáticos.

Infiltração Sub-superficial

Na infiltração Sub-superficial, o esgoto pré-decantado é aplicado abaixo do nível do solo. Os locais de infiltração são preenchidos com meio poroso. Assim, ocorre o tratamento do efluente. Os principais tipos são as valas de infiltração e sumidouros.

Escoamento Superficial

No escoamento superficial, o efluente é distribuído na parte superior do solo que apresente certa declividade e assim, escoa até ser coletado por valas na parte inferior. Neste método, a aplicação deve ser intermitente. Os tipos de aplicação são: aspersores de alta pressão, aspersores de baixa pressão e tubulações ou canais de distribuição com aberturas intercaladas.

Microorganismos

A microbiota do solo é extensa, apresentando diversas espécies de microorganismos, como bactérias e fungos, que podem varias entre 106 a 109 células por centímetro cúbico, além de grande diversidade de plantas. O solo é um habitat natural para uma enorme variedade de microrganismos, esse conjunto é chamado de microbiota do solo e tem inúmeras funções vitais para o ecossistema[7].

Vantagens e Desvantagens

As vantagens do tratamento por escoamento superficial são diversas dentre elas se destacam, as condições renováveis de tratamento, evitando, assim, a “exaustão” do sistema solo-planta como depurador; ser apropriado para o tratamento de esgotos de comunidades rurais e indústrias sazonais que geram resíduos orgânicos (indústrias cítricas e usinas de açúcar e álcool); proporcionar um tratamento em nível avançado, com uma operação relativamente simples e de baixo custo; a cobertura vegetal pode ser reaproveitada ou utilizada comercialmente; apresentar a menor restrição quanto às características do meio, necessitando apenas de um solo relativamente impermeável para a sua instalação[8].

As desvantagens pode ser dar pela limitação pelo clima, a tolerância da vegetação pela água e a declividade do terreno. A aplicação se restringe a épocas mais quentes e pode ser limitada quando a temperatura se mantém abaixo do ponto de congelamento e as taxas de aplicação podem estar restritas ao tipo de cultura. Alguns problemas associados a este método estão relacionados à qualidade dos esgotos que podem conter grandes quantidades de sedimento, os quais podem se depositar e entupir os canais de transporte e distribuição. A prática de disposição de esgotos/efluentes no solo pode envolver riscos de contaminação do meio ambiente e riscos à saúde pública. O solo pode atuar como um vetor e fonte de importantes agentes causadores de doenças humanas, visto que os indivíduos estão em contato permanente com o solo, direta ou indiretamente, via alimento, água e ar[9].

Apesar do enorme potencial para a degradação do meio meio ambiente,a prática de disposição de efluente em solo é a mais adequada possível devido às condições renováveis de tratamento, desde que seja realizada de maneira adequada.

Referências

  1. FONSECA, M.C.C. isolamento e caracterização morfológica de pseudomonas spp. Fluorecentes nativas em sistemas de produção agrícola. Seropédica: EMBRAPA Agrobiologia, 200. Comunicado técnico n.43. p.1-4
  2. BASTOS, R.K.X. Utilização de esgotos tratados em fertirrigação, hidroponia e piscicultura. PROSAB - Programa de pesquisa em sanamento básico. Viçosa - MG. 2003. 253p.
  3. RIBAS, Teresa Blandina Castro. Disposição no Solo de Efluente de Esgoto tratado Visando a Redução de Coliformes Termotolerantes. 2008. 61 p. Dissertação (Ciências Ambientais)- Ciências Agrárias, Universidade de Taubaté, Taubaté, 2008. Disponível em: <http://www.bdtd.unitau.br/tedesimplificado/tde_arquivos/1/TDE-2009-05-13T154715Z-122/Publico/Teresa%20Blandina%20Castro%20Ribas.pdf>.
  4. PAGANINI, W.S. Reuso da água. Reuso da água na agricultura. Editora USP/Manoele, p330. São paulo, 2014
  5. [EPA] ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Wastewater treatment/disposal for small communities (manual - EPA). Washington (DC); 1992a.
  6. von Sperling, Marcos (2007). Basic principles of wastewater treatment. London, UK: IWA Publishing. ISBN 1843391627. OCLC 878137398.
  7. SWIFT, M.J. Decomposition in terrestrial ecosystem. Oxford: Blackwell, 1979. 372p
  8. PAGANINI, W.S. Efeitos da disposição de esgotos no solo. São Paulo; [Tese de Doutorado – Faculdade de Saúde Pública da USP]. 2001
  9. SANTAMARÍA, J., TORANZOS, G.A. Enteric athogens and soil: a short review. Int Microbiol; 6: 5-9. 2003