Gonçalo Mendes II de Sousa: diferenças entre revisões

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===O conflito===
A posição de Gonçalo teve consequências imediatasː foi retirado do cargo de mordomo, e a sua hegemonia na corte viu também um fim, sendo afastado. Na mordomia é substituído por Martim Fernandes, um dos executores testamenteiros que, como se pode depreender, terá ficado do lado do rei, como Lourenço Soares. Despeitado, e talvez até então receoso de se opor ao rei, Gonçalo encontrou neste ato a justificação para se assumir abertamente como dedicado defensor dos direitos das infantas irmãs do rei, e como acérrimo inimigo da política centralizadora de Afonso II{{Sfn|Sottomayor-Pizarro|1997|p=211}}.
 
No ano seguinte, em 1212, Afonso II intimou as irmãs para que que lhe fizessem restituição das terras herdadas. Em respostas, as três infantas-rainhas, Teresa, Sancha e Mafalda, recolheram-se ao fortíssimo e quase inexpugnável [[castelo]] de [[Montemor-o-Velho]], que era da primeira e estava guardado por Gonçalo. As tropas reais, sob comando de [[Martim Anes de Riba de Vizela]], foram obrigadas a atravessar terrenos pantanosos no caminho de Coimbra sobre Montemor, sendo pressionadas a tal por Gonçalo e as hostes das infantas. Foi uma batalha travada junto a esses pântanos, uma vez que durante a batalha, Gonçalo constrangia Martim Anes a manter-se no pântano enquanto lutava, tendo Martim provavelmente falecido exangue devido às sanguessugas que o atacaram{{Sfn|GEPB 1935-57 vol.17|p=889}}.
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A morte prematura de Afonso II em 1223 permitiu o regresso da família de Gonçalo, aproveitando a menoridade de [[Sancho II de Portugal]] para readquirirem influência. De facto, no assento da demanda entre as infantas e a coroa, estabelecida em 1223, reinando já Sancho II, e com a qual afirmava a infanta-rainha Mafalda que o castelo de Montemor poderia ser entregue a oito fidalgos, entre eles Gonçalo Mendes. Este no entretanto herdara várias tenências do cunhado{{Sfn|GEPB 1935-57 vol.17|p=889}}.
 
Gonçalo consegue novamente a mordomia em dezembro de 1224, mantendo-se depois na corte sem o cargo até 1226{{Sfn|Ventura|1992|p=432}}, e fica à frente do governo de várias tenências, sobretudo na região da [[Beira]]. Em algumas delas terá acedido por morte do cunhado, [[Lourenço Soares de Ribadouro]]{{Sfn|Sottomayor-Pizarro|1997|p=211}}. Há notícias de atos violentos durante o seu período de governo em [[Lamego]]{{Sfn|Ventura|1992|p=432}}.
 
===Novas conquistas===
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Já de idade avançada (contaria sensivelmente com 55 ou 60 anos), Gonçalo começa a preparar a sua redenção por todas as injustiças e maus atos que fizera no passado. Pouco depois da batalha faz doações ao [[Mosteiro de Pombeiro]], ligado à sua linhagem.
 
Gonçalo viria a falecer a 25 de abril de 1243, tendo sido sepultado na [[Mosteiro de Alcobaça|abadia de Alcobaça]].{{Sfn|Sottomayor-Pizarro|1997|p=211}}. O seu único herdeiro, Mendo Gonçalves, falecera provavelmente antes dele (talvez por volta de 1231{{Sfn|GEPB 1935-57 vol.17|p=889}}), pelo que os seus bens foram divididos entre as suas filhas e os seus sobrinhos. Também não deixaria a sua esposa de lado no testamento{{Sfn|Krus|1989|p=}}, mesmo vivendo separado dela.
 
O ambiente na corte pioraria após a sua morte; Sancho II revelar-se-ia apoiante da política do pai, mas não a consegue pôr em prática, pois os nobres que o influenciaram no início do reinado começaram a provocar várias atrocidades contra as populações, gerando-se uma sensação generalizada de insegurança, agravada pelo facto de o rei deixar de cumprir as obrigações que protegem o povo. Desta forma há imensas notícias de povoações que entregam a sua segurança ao nobre ao invés do rei{{Sfn|Ventura|1992|p=432}}. Mais do que nunca, o rei rebaixava-se ao ''primeiro entre pares''. O constante descontentamento das várias classes levou a que o [[Papa Inocêncio IV]] o declarasse incapaz e o depusesse formalmente, gerando-se uma guerra que opôs o rei ao [[Afonso III de Portugal|conde Afonso de Bolonha]], seu irmão, apoiado pelo Papa. A vitória de Afonso e a sua ascensão ao trono viria a mudar o ambiente de tensão que Gonçalo Mendes teria talvez vivido no final da sua vida.
 
==Casamento e descendência==
Gonçalo Mendes II desposou [[Teresa Soares de Ribadouro]]{{Sfn|Sottomayor-Pizarro|1997|p=211}} (m. depois de 1243), de quem se separou entre 1211 e 1223. O casal teve a seguinte descendênciaː
 
* [[Mendo Gonçalves II de Sousa]], serviu o exército régio e está atestado em 1223, podendo ter falecido ainda em vida do pai{{Sfn|Sottomayor-Pizarro|1997|p=212}}. Casa com [[Teresa Afonso Teles]], de quem tem [[Maria Mendes I de Sousa]];{{Sfn|Sottomayor-Pizarro|1997|pp=211-212}}
* [[Mor Gonçalves de Sousa]] (m. 7 de setembro de 1283{{Sfn|Ventura|1992|p=}}), casou com [[Afonso Lopes de Baião]];{{Sfn|Sottomayor-Pizarro|1997|p=212}}
* [[Maria Gonçalves de Sousa]], não casou;{{Sfn|Sottomayor-Pizarro|1997|p=212}}
* [[Sancha Gonçalves de Sousa]], freira no [[Mosteiro de Arouca]].{{Sfn|Sottomayor-Pizarro|1997|p=212}}
 
{{referências}}
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* {{Citar livro |sobrenome=Mattoso|nome=José|título= Identificação de um País|ano=1985|editora = Editorial Estampa|local=Lisboa|oclc=|volume = I|páginas =|isbn =|ref = harv}}
* {{Citar livro |sobrenome=Oliveira|nome=António Resende de|título= O trovador galego-português e o seu mundo|ano=2001|editora = Editorial Notícias|local=Lisboa|oclc=|volume = I|páginas =|isbn =972-46-1286-4|ref = harv}}
* {{Citar livro |sobrenome=Sottomayor-Pizarro|nome=José Augusto|título= Linhagens Medievais Portuguesas: Genealogias e Estratégias (1279-1325)|ano=1997|editora = Universidade do Porto|local=Porto|oclc=|volume = I|páginasurl =|ref = harv}}
*[[Felgueiras Gayo|Manuel José da Costa Felgueiras Gayo]], Nobiliário das Famílias de Portugal, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989. vol. X-pg. 322 (Sousas).
* {{Citar livro |sobrenome=Ventura|nome=Leontina|título= A nobreza de corte de Afonso III|ano=1992|editora = Universidade de Coimbra|local=Coimbra|oclc=|volume = II|páginas =|ref = harv}}