Augusto Pinochet: diferenças entre revisões

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== Política econômica ==
[[Imagem:Pinochet 11-09-1982.JPG|thumb|200px|Pinochet desfilando em [[carro]] aberto a [[11 de setembro]] de [[1982]].]]
Quando da vitória do [[golpe de estado]] de [[Pinochet]], em [[1973]], o Chile adotou imediatamente um plano de ação chamado de ''O Ladrilho'',<ref name="LADRILLO">{{es}}[http://www.cepchile.cl/dms/lang_1/cat_794_inicio.htmlCitar ''web|titulo=El Ladrillo: Bases de la Política Económica del Gobierno Militar Chileno|url=http://www.'' Santiagocepchile.cl/dms/lang_1/cat_794_inicio.html|obra=www.cepchile.cl|acessodata=|lingua=es-CL|data=junho de Chile: june 2002,|publicado=Centro de ISBNEstudios Públicos|ultimo=|primeiro=|isbn=956-7015-07-4]|local=Santiago|wayb=20060519221035}}</ref> que fora preparado pelo candidato da direita, derrotado por [[Salvador Allende]], com o auxílio de um grupo de economistas, chamados pela imprensa internacional da época de "os [[Chicago Boys]]", provenientes da [[Universidade de Chicago]]. Este documento continha os fundamentos do que, depois, viria a ser chamado de ''[[neoliberalismo]]''.<ref>{{es}}Citar [periódico|ultimo=Villarroel|primeiro=Gilberto|data=2006-12-10|titulo=La herencia de los "Chicago boys"|url=http://news.bbc.co.uk/hi/spanish/latin_america/newsid_3192000/3192145.stm VILLAROEL, Gilberto. ''La herencia de los "Chicago boys"''. Santiago do Chile: |jornal=BBC Mundo.com - América Latina, 10/12/2006.]News|lingua=es|acessodata=}}</ref>
 
Os defensores do [[neoliberalismo]] apelidaram esse período de "milagre chileno". Apesar de alguns bons números, as estatísticas frias também mostram números pouco milagrosos: durante o regime de Pinochet, entre [[1972]] e [[1987]], o [[PNB]] [[per capita]] do Chile caiu 6,4% em dólares constantes, caindo de US$ 3.600 em [[1973]] para 3.170 em [[1993]] <small>(dólares constantes)</small>. Apenas cinco países da [[América Latina]] tiveram, em termos de PNB per capita, um desempenho pior que o do [[Chile]] durante a ditadura Pinochet (1974-1989).<ref name=FFRENCH>FFRENCH-DAVIS,{{Citar Ricardolivro|url=https://books. ''google.com.br/books/about/The_Impact_of_global_recession_and_natio.html?id=OylUewAACAAJ&redir_esc=y|título=The Impact of Globalglobal Recessionrecession and Nationalnational Policiespolicies on Livingliving Standardsstandards: Chile, 1973-87'' (Santiago: |ultimo=Ffrench-Davis|primeiro=Ricardo|data=1987|editora=CIEPLAN, 1988), pp. |ano=|local=Santiago|páginas=13-33.|lingua=en|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar nameweb|titulo=The Chicago boys and the Chilean 'economic miracle'|url=KANGAS>[http://www.rrojasdatabank.org/econom~1.htm KANGAS, Steve|obra=web. ''archive.org|data=|acessodata=|publicado=The ChicagoRóbinson boysRojas and the Chilean 'economic miracle' '']Archive|ultimo=Kangas|primeiro=Steve|wayb=20000914073147|ano=1997}}</ref> <ref name=":0">{{Citar web|url=https://web.archive.org/web/20080224134700/http://www.coha.org/NEW_PRESS_RELEASES/New_Press_Releases_2004/04.100%20the%20one%20in%20Spanish.htm|titulo=Chile: No todo es como parece|data=3 de Janeiro de 2005|publicado=Council On Hemispheric Affairs (Arquivado em WayBack Machine)|ultimo=Leight|primeiro=Jessica|acessodata=|wayb=20080224134700}}</ref>
 
Quando ocorreu a democratização, em [[1990]], 38,6% da população chilena se encontrava abaixo da [[linha de pobreza]]. Pinochet privatizou a [[previdência social]],<ref name="PRIVATIZOU">[http{{Citar web|titulo=Previdência privada do Chile gera polêmica|url=https://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u48925.shtml DUAILIBI, Julia|obra=www1. ''Previdência privada do Chile gera polêmicafolha.'' São Paulo: Folha Online, uol.com.br|acessodata=|data=11/05/2003|publicado=Folha de maioS. dePaulo|ultimo=Dualibi|primeiro=Julia|local=São 2003.]Paulo}}</ref> e até 2004 39% da população - quase a metade dos chilenos - não dispunha de nenhum tipo de seguridade social.
 
Por outro lado, Pinochet modernizou o Estado, controlou gastos, manteve os preços estáveis e realizou privatizações em setores decadentes, causando ampliação nos investimentos internos e externos.<ref>''[[Jornal{{Citar Nacional]]''.web|titulo=O [Chile depois de Pinochet|url=http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL570651-10406,00-O+CHILE+DEPOIS+DE+PINOCHET.html|obra=jornalnacional.globo.com|acessodata=21 «Ode Chile depoisfevereiro de Pinochet»]. Publicado em 2017|data=11 de dezembro de 2006.|publicado=Jornal Consultado em 21 de fevereiro de 2017.Nacional|ultimo=|primeiro=}}</ref> Têm-se admitido que os efeitos das reformas de Pinochet só vieram durante o fim e após o término da ditadura e que ele enfrentou um cenário econômico internacional difícil e com crises, como a do [[choque do petróleo]], tendo parcela de responsabilidade pelo atual sucesso econômico chileno. A taxa de crescimento, por exemplo, a partir da metade dos anos 80 era superior a 7% ao ano.<ref>Pablo{{Citar Lópezweb|titulo='Milagre' Guellide (13Pinochet de dezembroveio após uma década de 2006). [ditadura|url=http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,AA1386560-9356,00-MILAGRE+DE+PINOCHET+SO+VEIO+APOS+UMA+DECADA+DE+DITADURA.html «'MILAGRE' DE PINOCHET SÓ VEIO APÓS UMA DÉCADA DE DITADURA»]|obra=g1. ''[[G1]]''globo. Consultado em com|acessodata=21 de fevereiro de 2017.|data=13/12/2006|publicado=G1|ultimo=Guelli|primeiro=Pablo López}}</ref>
 
=== História ===
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{{Artigo principal|Plebiscito nacional do Chile de 1988}}
[[Ficheiro:Logo "Si Pinochet".png|esquerda|miniaturadaimagem|Símbolo da opção "Sim" no plebiscito chileno de 1988, que legitimaria a continuidade do regime de Pinochet.]]
Enfrentando crescente oposição interna e externa, Pinochet cumpriu em 1988 a norma da nova Constituição de realizar um [[Plebiscito nacional do Chile de 1988|plebiscito]], que determinaria o seu direito de concorrer a novo mandato. Isso abriu caminho para uma onda de protestos populares, contra o regime, que culminou com a campanha do "não" no plebiscito.<ref>[{{Citar web|titulo=Caminhos para outro Chile possível|url=http://www.fbes.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1573&Itemid=62]|acessodata=|data=24 de novembro de 2006|publicado=Fórum Brasileiro de Economia Solidária|ultimo=Araujo|primeiro=Rogéria|obra=FBES|wayb=20070928011755}}</ref>
 
Em 5 de outubro de [[1988]] foi vencido no plebiscito que teria prolongado seu mandato por mais oito anos (55,99% dos votantes exprimiram-se contra a permanência do general no poder, enquanto 44% eram favoráveis). Em [[1989]] foram realizadas as primeiras [[eleição|eleições]] desde [[1970]], quando o General Pinochet entregou a presidência ao [[Partido Democrata Cristão do Chile|democrata-cristão]] [[Patricio Aylwin]], o vencedor das eleições, em [[11 de Março]]março de [[1990]]. Pinochet conseguiu manter-se como o mais alto responsável pelas [[Forças armadas do Chile|Forças Armadas]] do país, até Marçomarço de [[1998]], altura em que passou a ocupar o cargo, por ele criado, de [[senador]] vitalício no [[Congresso]] chileno, ao qual renunciou em virtude dos problemas de saúde e das diversas acusações de [[Violações dos Direitos Humanos pela ditadura chilena|violações aos direitos humanos]].
 
== Corrupção ==
Em 2005, foi descoberta pelo Senado dos Estados Unidos, as contas secretas que Pinochet estava em Londres no Riggs Bank, que chegou a colocar em causa a fonte de sua fortuna atual em apuros por lavagem dinheiro. Por estas razões, o Conselho de Defesa do Estado entrou com uma queixa-crime contra Pinochet por evasão fiscal. No entanto, a figura de Pinochet foi apoiado pela direita chilena.<ref> United{{Citar States Senate Permanent Subcommittee on Investigations of the Committee on Governmental Affairs: "web|titulo=Levin-Coleman Staff Report Discloses Web of Secret Accounts Used by Pinochet",|url=https://www.hsgac.senate.gov/subcommittees/investigations/media/levin-coleman-staff-report-discloses-web-of-secret-accounts-used-by-pinochet|obra=www.hsgac.senate.gov|acessodata=|data=16/3/2005|publicado=Homeland PressSecurity Release.& Governmental Affairs Committee|ultimo=|primeiro=|lingua=en}} </ref>
 
== As acusações na Justiça ==
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Ao todo, o ex-ditador chileno enfrentou uma dezena de processos judiciais, sendo que para cada um deles os juízes tiveram que obter o levantamento da imunidade de que gozava Pinochet graças à sua condição de ex-chefe de Estado, além de terem de provar as suas condições de saúde para poder enfrentar os processos.
 
Segundo a [[Comissão Rettig]] — [[Comissão Nacional de Verdade e Reconciliação Chilena]] —(relatório enviado ao presidente Patrício Aylwin no dia [[8 de Fevereiro]] de [[1991]]) e diversas outras investigações, teriam sido feitas cerca de 3.197 vítimas (números não são consensuais. Dentre estas, havia 1.192 pessoas detidas "desaparecidas" - a maioria delas à época do Golpe de Estado - conforme uma prática usual entre os regimes militares instituídos nas [[repúblicas]] vizinhas, como o [[Brasil]] e a [[Argentina]]. Calcula-se que o número real de mortos e desaparecidos do governo de Pinochet esteja próximo a 50.000 pessoas, entre elas estão os brasileiros Jane Vanini, Luiz Carlos Almeida, Nelson de Souza Kohl, Túlio Roberto Cardoso Quintiliano e Wânio José de Matos.<ref>[{{Citar web|titulo=Desaparecidos políticos brasileiros no Chile|url=http://www.torturanuncamais-rj.org.br/md.asp?Refreshdossie-mortos-desaparecidos/chile/|acessodata=9/2/2019|data=2009111303001586313245&tipo|publicado=6]Grupo ''DesaparecidosTortura PolíticosNunca Brasileiros No Chile''Mais|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
O Conselho de Defesa do Estado chileno (CDE), o [[Ministério Público]] do Chile, processará, pela via civil, os bancos americanos Riggs, Espírito Santo, Citibank, Santander, Banco Chile de Nova York, Coutts de Miami e Atlantic que ocultaram a fortuna do ditador. Segundo as investigações do juiz chileno Carlos Cerda, Pinochet reuniu em contas secretas que mantinha nos [[Estados Unidos]] uma fortuna calculada em mais de US$ 26 milhões, dos quais US$ 20 milhões não possuem comprovação de origem legal.<ref name="FORTUNA">[{{Citar web|titulo=Órgão chileno processará bancos dos EUA que esconderam fortuna de Pinochet|url=http://www.abril.com.br/noticias/economia/2008-09-30-117715.shtml AGÊNCIA|obra=Agência EFE. ''Órgão chileno processará bancos dos EUA que esconderam fortuna de Pinochet.'' Santiago, |data=30 de setembro de /9/2008, Agência EFE, ''in'' |acessodata=|publicado=Abril.com.br,]|ultimo=|primeiro=|wayb=20160921180723}}</ref>
 
=== Prisão em Londres ===
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No Chile acumulou mais de 300 queixas e, quando sua imunidade era suspensa, processos, em casos de violações de direitos do homem ''in thesis'' e de suposta [[Corrupção política|corrupção]].
 
Embora, clinicamente, Pinochet tivesse fortes traços de [[sociopatia]] e [[psicopatia]], em Julhojulho de [[2001]], apresentou um atestado de debilidade mental que o teria salvado de uma possível condenação.
 
=== Villa Grimaldi ===
Alguns dos casos mais conhecidos da lista de acusações sobre o ex-ditador são os assassinatos do general [[Carlos Prats|Prats]] e do ex-ministro da defesa [[Orlando Letelier]], o centro de detenção de [[Villa Grimaldi]], o desaparecimento do sacerdote espanhol António Llidó, além de outros episódios que marcaram a sua presidência como são os casos da ''"[[Operação Colombo]]"'' ; ''"[[Operação Condor]]"'' e ''"[[Caravana da Morte]]".''<ref>[http://jn.sapo.pt/2006/12/11/primeiro_plano/lista_crimes_punicao.html]</ref> {{ligaçãoCitar inativaweb|datatitulo=FevereiroTales deof 2019}}<ref>{{citar jornaltorture|url=httphttps://www.aljazeera.com/programmes/aljazeeracorrespondent/2013/10/tales-torture-2013103081121394171.html|títuloobra=Taleswww.aljazeera.com|acessodata=24 ofde torturejaneiro Ade former member of Chile's national intelligence agency describes some of the methods used against political prisoners2014|data=15 de dezembro de 2013|publicado=AlJazeeraAl Jazeera|línguaultimo=English|acessodataprimeiro=24 de janeiro de 2014|lingua=en}}</ref><ref>{{citarCitar jornalweb|titulo=The Colony: Chile's dark past uncovered|url=httphttps://www.aljazeera.com/programmes/aljazeeracorrespondent/2013/11/colony-chile-dark-past-uncovered-2013114105429774517.html|títuloobra=Thewww.aljazeera.com|acessodata=24 Colony:de Chile'sjaneiro darkde past uncovered2014|data=15 de dezembro de 2013|publicado=AlJazeeraAl Jazeera|línguaultimo=English|acessodataprimeiro=24 de janeiro de 2014|lingua=en}}</ref>
 
Embora tenha deixado de responder a processos por violações a [[direitos humanos]] nos casos "Caravana da Morte" e "Operação Condor", em virtude de sua frágil saúde, Pinochet continuou sendo acusado por organizações de defesa das vítimas, que lhe imputam os crimes cometidos pelo [[regime militar]] de que era o chefe supremo.
 
=== Enriquecimento ilícito ===
[[Imagem:Augusto Pinochet y Lucía Hiriart.png|200px|thumb|direita|Pinochet com sua [[esposa]], [[Lucía Hiriart de Pinochet|Lucía Hiriart]] (à esquerda)]]
Em [[2004]] Pinochet passou a ser acusado de manter contas secretas no exterior, a partir de investigações realizadas pelo Senado dos [[Estados Unidos|EUA]] no [[Banco Riggs]].<ref>[{{Citar web|titulo=Banco Riggs pagará 9 milhões de dólares às vítimas de Pinochet|url=http://www.vermelho.org.br/diario/2005/0226/0226_riggs_pinoche.asp]|obra=www.vermelho.org.br|data=26/2/2005|acessodata=|publicado=Diário Vermelho|ultimo=|primeiro=|wayb=20071007185053}}</ref> Terá acumulado uma fortuna de 28 milhões de dólares (cerca de 24 milhões de euros). Em Outubro de [[2006]] a justiça chilena iniciou uma investigação em que, alegadamente, Pinochet possuiria uma elevada quantia de barras de ouro(9600&nbsp;kg) avaliadas em 190 milhões de dólares, num banco de Hong Kong.<ref>[http{{Citar web|titulo=Pinochet pode ser processado por contas secretas|url=https://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2005/11/21/ult1807u23895.jhtm]|obra=noticias.uol.com.br|acessodata=|data=21/11/2005|publicado=UOL|ultimo=|primeiro=}}</ref>
{{quote|Como última entrada de biografia tão típica, resta a descoberta, feita em 2005 por uma comissão do Senado americano: ao longo das últimas duas décadas, ele abriu e fechou 128 contas bancárias em nove bancos dos Estados Unidos, movimentando uma fortuna ilícita de quase 20 milhões de dólares. Foi um reles ladravaz.<ref name=PIAUI>[{{Citar web|url=http://www.revistapiaui.com.br/edicao_4/artigo_272/Em_familia_tudo_se_sabe.aspx |nome=Dorrit|sobrenome=HARAZIM, Dorrit. |título=''Despedida: Em Família tudo se Sabe. Com uma fortuna ilícita de quase 20 milhões de dólares, era um reles ladravaz.'' |publicado=Revista Piaui, |data=janeiro de 2007]}}</ref> |Revista Piauí}}
Investigações do governo dos [[Estados Unidos]] efetuadas após os atentados de 11 de setembro de 2001, relacionadas à [[Al Qaeda]], levaram à descoberta de evasões de taxas perpetradas por Pinochet, pela qual sua esposa, [[Lucía Hiriart de Pinochet|Lucía Hiriart]], foi presa em janeiro de [[2006]].