José Bonifácio de Andrada e Silva: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Diogo Antônio Feijó.jpg|thumb|direita|200px|Diogo Antônio Feijó, eleito deputado à Constituinte em Lisboa em 1821 e, mais tarde, regente único de 1834 a 1837.]]
 
Enquanto as demais juntas governativas se deixavam atrair por Lisboa e viam o Rio de Janeiro com desconfiança, a Junta de São Paulo foi a primeira a reconhecer a autoridade do príncipe regente [[Pedro I do Brasil|D. Pedro de Alcântara]]. Em carta de 17 de julho de 1821 ao pai, o príncipe menciona José Bonifácio como o homem ''"a quem se deve a tranquilidade atual da província de São Paulo"''. Foram eleitos seis deputados paulistas à Constituinte em Lisboa, entre eles Antônio Carlos, recém saído da prisão e que se revelaria grande [[Oratória|orador]] em Lisboa; o padre [[Diogo Antônio Feijó]], mais tarde [[Período regencial (Brasil)|regente]]; [[Nicolau Pereira de Campos Vergueiro]], depois [[senador]] e regente em 1831. Os seis deputados receberam do governo instruções na forma de um documento coletivo, intitulado ''Lembranças e Apontamentos'', programa completo em que as necessidades primordiais do Brasil eram postas em foco. No documento estavam as principais ideias de José Bonifácio.
 
A parte mais desenvolvida dizia respeito ao Brasil, em doze itens: estabelecimento de um governo geral executivo, a cuja autoridade ficassem sujeitos os governos provinciais, definidos os limites da subordinação; a instrução pública, aumentando o número de [[escola]]s e criando pelo menos uma [[universidade]]; o desenvolvimento do povoamento do interior; a [[catequese]] e civilização dos índios, ou seja, sua integração; a emancipação gradual dos escravos e a proibição do tráfico; a alteração da estrutura fundiária, com a reintegração ao domínio do poder público das terras improdutivas. José Bonifácio era contrário tanto à [[escravidão]] quanto ao [[latifúndio]] e, nesse ponto, chocou-se com os poderosos interesses dos grandes proprietários e dos traficantes. Outra sugestão foi a fundação de uma cidade central no interior do Brasil,<ref name="sde.df.gov.br">[http://www.sde.df.gov.br/003/00301009.asp?ttCD_CHAVE=48810 Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal] {{Wayback|url=http://www.sde.df.gov.br/003/00301009.asp?ttCD_CHAVE=48810# |date=20110706155608 }}, acessado em 1 de dezembro de 2007</ref> como efetivamente foi depois realizado no século XX com [[Brasília]], para assento do governo nacional; sugeria ainda uma nova legislação sobre o regime de terras, pois as chamadas [[sesmaria]]s, verdadeiros latifúndios, eram uma forma de exploração antieconômica e antissocial; e os deputados foram advertidos para incentivar um novo surto de [[mineração]]. Contudo, nada do que continha o documento seria aproveitado no trabalho das Cortes portuguesas. Dos 70 deputados brasileiros, apenas 50 chegaram a exercer mandato. O programa paulista era contrário ao que pretendiam as Cortes e, percebendo que o governo do Príncipe Regente no Rio seria o melhor instrumento de que poderiam servir-se os patriotas brasileiros, resolveram anulá-lo.