Antigo Egito: diferenças entre revisões

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Um termo contextual (dinastia 0) é usado para agrupar os reis conhecidos de Nacada&nbsp;IIIb-IIIc, embora não formaram uma dinastia;<ref name=Ke25 /> apesar de não totalmente aceito, o termo dinastia 00 por vezes é usado para distinguir reis atestados entre Nacada&nbsp;IIc-&nbsp;IIIa2. {{ref label2|a}}<ref name=Ra2004 /> Até Nacada&nbsp;IIIa2, há em Nacada ([[Cemitério T]]), Gebeleim, Abidos ([[Cemitério U]]), Hieracômpolis ([[Tumba 100|T100]] e [[Tumba 11|11]]), [[Custul]] (L24) e [[Seiala]] (137.1) túmulos provavelmente atribuíveis a chefes regionais que emergiam do seio das famílias da elite.{{sfn|Wilkinson|1999|p=52}} Cerâmicas incisas, paletas (em especial a {{ilc|Paleta Teenu||Paleta Tehenu}}) e um grafite inciso nos [[Colossos de Copto]] forneceram os nomes de possíveis reis locais que governaram até a ascensão dos reis tinitas: ''Órix'', ''Concha'', ''Peixe'', ''Elefante'', ''Touro'', ''Cegonha'', ''Canídeo'', ''Padrão Cabeça de Gado'', ''Escorpião&nbsp;I'', ''Falcão&nbsp;I'', ''padrão Mim + planta'', ''?'' (perdido), ''Falcão&nbsp;II'', ''Leão'' ... ''Iri-Hor'', ''Ká'', ''Escorpião&nbsp;II'', ''Narmer''; talvez houve dois reis ''Touro'', um identificado nos Colossos de Copto (''Touro I'') e outro identificado na [[Paleta do Touro]] (Touro&nbsp;II).{{sfn|Dreyer|1998|p=178}} Na tumba de {{lknb|Escorpião|I}} ([[Túmulo U-j]], Abidos) havia muitos bens e os primeiros hieróglifos conhecidos; também foi identificado num grafite inciso de {{ilc|Gebel Tjauti||Gebel Tjauty}} que representa possível vitória sua sobre outro chefe.{{sfn|name=Ra2002|Raffaele|2002}} Alguns dos primeiros líderes da dinastia 0 foram identificados através de seus [[serekh|sereques]]: [[Falcão Duplo]] ([[Sinai]] e delta), [[Hate-Hor]] (túmulo 1702 em {{ilc|Tarcã||Tarkhan}}), [[Ni-Hor]] ([[Tura (Egito)|Tura]] e Tarcã), [[Pe-Hor]] (cerâmica de [[Custal]], perto de [[Armante]], e num grafite de {{ilc|Gebel Xeique Solimão||Gebel Sheikh Suleiman}}), [[Hedju-Hor]] (delta Oriental e Tura) e [[Crocodilo (faraó)|Crocodilo]] (túmulos 315, 414 e 1549 de Tarcã); possivelmente Crocodilo foi um usurpador durante o governo de Narmer.{{sfn|Raffaele|2004a}} Alguns dos primeiros faraós tiveram seus jazigos localizados: [[Iri-Hor]] (túmulo B1-B2, Abidos), [[Ka (faraó)|Ká]] (túmulo B7-B9, Abidos), {{lknb|Escorpião|II}} (talvez 4ª camada do túmulo B50 em Abidos ou túmulo 1 do local 6 em Hieracômpolis) e [[Narmer]] (túmulo B17-B18, Abidos).{{sfn|Wilkinson|1999|p=68}}
 
[[Imagem:NarmerPalette ROM-gamma.jpg|thumb|Duas faces da [[Paleta de Narmer]]. Nela há a suposta unificação do Egito{{sfn|Robins|2001|p=32}}]]
[[imagem:IvoryLabelOfDen-BritishMuseum-August19-08.jpg|thumb|Placa de [[marfim]] de Abidos de [[Usafedo]] abatendo um inimigo do Oriente. [[Museu Britânico]], [[Londres]]]]
=== Época Tinita {{-nwrap||3100|2686}} ===
{{AP|Época Tinita}}
[[Imagem:NarmerPalette ROM-gamma.jpg|thumb|Duas faces da [[Paleta de Narmer]]. Nela há a suposta unificação do Egito{{sfn|Robins|2001|p=32}}]]
[[imagem:IvoryLabelOfDen-BritishMuseum-August19-08.jpg|thumb|Placa de [[marfim]] de Abidos de [[Usafedo]] abatendo um inimigo do Oriente. [[Museu Britânico]], [[Londres]]]]
 
No {{-séc|III}}, o sacerdote [[Manetão]] estabeleceu uma [[cronologia]] dos faraós desde [[Menés]] aos seus contemporâneos, agrupando-os em 30 dinastias, um sistema ainda em uso atualmente.{{sfn|Clayton|1994|p=6}} Escolheu para começar a sua história oficial Menés, que se acredita ter unificado os reinos do [[Alto Egito|Alto]] e [[Baixo Egito]] ({{ca.|{{AC|3100|x}}}}).{{sfn|Shaw|2002|p=78-80}}{{sfn|Grajetzki|2000}} Na realidade, a transição para um Estado unificado ocorreu de forma mais gradual do que os escritores egípcios relatam, e não há registro coetâneo de Menés. Alguns académicos acreditam que Menés pode ter sido Narmer, que aparece vestindo [[Regalia|trajes reais]] na cerimonial [[Paleta de Narmer]] em ato simbólico de unificação,{{sfn|Clayton|1994|p=12-13}} ou [[Atótis]], cujo [[nome de Nebti]] (Mem) pode ter inspirado o nome grego.{{sfn|Clayton|1994|p=19-20}} Seja como for, por ainda não ser totalmente compreendido, o episódio de unificação e formação do Egito foi explicado de várias formas: a formação de [[Mênfis]] (adquiriu importância como centro comercial, administrativo e cultural{{sfn|Wilkinson|1996|p=7}}{{sfn|Wenke|1991|p=303}}); dominação gradual (mesopotâmica, {{sfn|Petrie|1920|p=49}}{{sfn|Petrie|1939|p=77}}{{sfn|Emery|1961|p=38}} [[núbia]], deltaica ou alto egípcia{{sfn|Wilkinson|1999|p=50}}); integração regional (alianças, guerras e trocas culturais{{sfn|Seeher|1992|p=231-232}}{{sfn|Hassan|1988|p=155}}{{sfn|Wildung|1984|p=269}}); comércio (explicaria o abandono de alguns sítios deltaicos em detrimento de outros{{sfn|Kohler|1995|p=86}} {{sfn|Lagarcha|1993|p=49}}{{sfn|Bard|1987|p=92}}{{sfn|Meza|2001|p=3}}); pressão populacional (do sul ao norte{{sfn|Midant-Reynes|2000|p=57}}{{sfn|Bard|1994|p=94}}); uniformidade religiosa.{{sfn|Friedman|1992|p=308}}
 
Na [[Época Tinita]], que compreendeu a [[I dinastia egípcia|I]] e [[II dinastia egípcia|II dinastias]], o Egito era governado a partir de Tinis, que nesse momento eclipsou politicamente Abidos, cuja função a partir de então seria apenas religiosa e mortuária.{{sfn|Maspero|1903|p=333}}{{sfn|Lesley|1868|p=154}}{{sfn|Wilkinson|2000a|p=67}} Sob Atótis, filho de Narmer, campanhas foram feitas para subjugar rebeldes na Núbia e um famoso templo dedicado a [[Neite]] foi fundado em Saís. Contudo, a maior realização destes faraós foi a fundação de Mênfis, cuja fundação foi atribuída por [[Heródoto]] a Menés, e que tornar-se-ia capital do Egito a partir da [[III dinastia egípcia|III dinastia]].{{sfn|Clayton|1994|p=20-21}} Dentre os sucessores imediatos de Atótis, reinou a rainha [[Merneite]], filha do faraó [[Cencenes]], que atuou como regente de [[Usafedo]]. Sob Cencenes e Usafedo, novas campanhas foram realizadas; o primeiro representou suas expedições como expedições navais, enquanto o segundo é relatado como atacando trogloditas no Oriente.{{sfn|Clayton|1994|p=22-24}} [[Miebido]], sucessor de Usafedo, enfrentou uma disputa dinástica em seu reinado, que terminou com a sucessão do usurpador [[Semempsés]], que ordenou que seu nome fosse apagado das inscrições, mas ele próprio foi vítima do mesmo destino ao ser omitido da [[lista real de Sacará]].{{sfn|Clayton|1994|p=24-25}} Sob [[Queco]], foram instituídos os cultos da cabra sagrada em [[Mendes (Antigo Egito)|Mendes]], e dos touros [[Mnévis]] em [[Heliópolis (Egito)|Heliópolis]] e [[Ápis]] em Mênfis,{{sfn|Clayton|1994|p=26}} enquanto sob [[Binótris]], campanhas foram feitas e se decidiu que mulheres podiam ascender ao trono.{{sfn|Clayton|1994|p=27}} Sob os últimos faraós da II dinastia, cuja identidade é muito disputada, o conflito norte-sul se intensificou e as fontes citam uma expedição nortenha que alcançou a cidade sagrada de [[Nequebe]], centro de culto da deusa [[Necbete]] situado próximo de Hieracômpolis, que foi combatida e deixou dezenas de milhares de nortenhos mortos. A paz, porém, foi alcançada e cimentada com o casamento do faraó com uma princesa do Baixo Egito.{{sfn|Clayton|1994|p=27-29}}
 
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Os faraós realizaram ataques contra núbios, [[Antiga Líbia|líbios]] e nômades do Levante e realizaram incursões no [[Sinai]] em busca de [[cobre]] e [[turquesa]] e no [[mar Vermelho]] para exploração das minas.{{sfn|name=Go10|Gomes|2010|p=10-12}} Seu crescente poder e riqueza se refletiu em suas [[mastaba]]s elaboradas e em estruturas de culto mortuário em Abidos, usadas para celebrar o faraó endeusado após a morte.{{sfn|Shaw|2002|p=70}} A forte instituição da realeza serviu para legitimar o controle estatal sobre a terra, trabalho e recursos que foram essencialmente à sobrevivência e o crescimento da civilização.{{sfn|Grajetzki|2000f}} -->
 
=== Império Antigo {{-nwrap||2686|2160}} ===