O petróleo é nosso: diferenças entre revisões

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'''"O petróleo é nosso!"''' é uma frase que se tornou famosa ao ser pronunciada pelo então presidente da república [[Getúlio Vargas]] por ocasião da descoberta de reservas de petróleo na [[Bahia]]. Mais adiante, a frase tornou-se lema da ''Campanha do Petróleo'', patrocinada pelo [[Centro de Estudos e Defesa do Petróleo]] e promovida por nacionalistas, que culminou na criação da empresa petrolífera nacional, a [[Petrobras]]. Após tornar-se famosa, historiadores descobriram que a frase havia sido criada por [[Otacílio Raínho]], professor e diretor do Colégio Vasco da Gama, no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], um marqueteiro casual.<ref name=CASUAL>[http://www.novomilenio.inf.br/cubatao/cfoto012.htm ''Cubatão de Antigamente.'' Jornal Eletrônico Novo Milênio]</ref><ref name=ESCOTEIROS>[http://www.mme.org.br/services/DocumentManagement/FileDownload.EZTSvc.asp?DocumentID=%7B7906AF56-0E86-46EB-8080-C662B12AEE64%7D&ServiceInstUID=%7B350441AD-EA8E-4CBD-9419-87E1E7F85FCA%7D MÜLLER, Angélica Müller e DI SÁBATTO, Tatiana.''Entrevista com Maria Augusta de Toledo Tibiriçá Miranda.''Data da entrevista: 24/05/2005, Transcrição: Editora Relume, p. 5]</ref>
 
Entre a primeira concessão para exploração de [[petróleo]] no [[Brasil]] e a criação da [[Petrobras]], em 1953, decorreram 89 anos. O país assistiu à polêmica entre o escritor [[Monteiro Lobato]] e o governo [[Getúlio Vargas]], resumida na ''Carta a Getúlio''. O Brasil dividiu-se entre os nacionalistas (representados por militares de direita e partidos de esquerda, que defendiam o monopólio estatal na exploração do [[petróleo]]) e os defensores do capital estrangeiro (apelidados pejorativamente de ''[[entreguismo|entreguistas]]'' por seus opositores), formado por economistas como [[Roberto Campos]] e [[Eugênio Gudin]], que acreditavam que a falta de concorrência geraria ineficiência e que, se não realizassem parcerias com empresas estrangeiras, a exploração de petróleo pelo Brasil seria dificultada. <ref>{{citacitar web|url=http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,o-pregador-incansavel-do-liberalismo,70001739559|título=O pregador incansável do liberalismo|data=16 de abril de 2017|acessodata=5 de março de 2018}}</ref>
 
A ''Campanha do Petróleo'' resultou vitoriosa por 44 anos, com a criação da [[Petrobras]] e a instituição do [[Monopólio estatal do petróleo|monopólio estatal da exploração, do refino e do transporte]]. Porém, em 1997, com a lei n° 9.478, conhecida como [[Lei do Petróleo]], e a criação da [[Agência Nacional do Petróleo]], órgão regulador da indústria do [[petróleo]], o monopólio foi derrubado e parte das recomendações de Campos e Gudin foram atendidas.
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Em 1936, diante dos obstáculos impostos pelo governo Vargas à exploração de petróleo, [[Monteiro Lobato]] lançou ''O Escândalo do Petróleo'', no qual acusava o governo de "não perfurar e não deixar que se perfure".<ref name=ESCANDALO>[[Monteiro Lobato|MONTEIRO LOBATO]], José Bento Renato. ''O escândalo do petróleo.'' São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1ª EDIÇÃO, 1936.</ref> O livro esgotou várias edições em menos de um mês.
 
''O Escândalo do Petróleo'' foi censurado em [[1937]] por Getúlio Vargas, no mesmo ano em que o escritor lançou ''[[O Poço do Visconde]]''. A obra, supostamente infantil, diz que "ninguém acreditava na existência do petróleo nesta enorme área de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, toda ela circundada pelos poços de petróleo das repúblicas vizinhas". [[Monteiro Lobato]] acaba sendo preso em [[1941]], por causa de uma carta que enviou para o ditador Getúlio Vargas no qual denúncia a política do Departamento Nacional de Minas de "Não tirar e não deixar que tirem" o petróleo em território nacional. O [[Júlio Caetano Horta Barbosa|General Horta Barbosa]] enviou ordem para prendê-lo por subversão.<ref>{{citar livro|título=O Escândalo do Petróleo e Georgismo e Comunisno|ultimo=Lobato|primeiro=Monteiro|editora=Globo|ano=2010|local=Rio de Janeiro|páginas=|acessodata=}}</ref>
 
== Descoberta de petróleo ==
Em 1934, [[Guilherme Guinle]] colaborou no financiamento dos trabalhos de prospecção de petróleo no Recôncavo baiano que, realizados sob a chefia de [[Sílvio Fróis de Abreu]], levaram à descoberta do poço de [[Lobato (Salvador)|Lobato]] em 1939<ref>{{Citar web|url=http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/guinle-guilherme|titulo=GUINLE, GUILHERME {{!}}&#124; CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil|acessodata=2017-09-04|obra=CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil|ultimo=Brasil|primeiro=CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do|lingua=pt-br}}</ref>, em seguida o governo de [[Getúlio Vargas]] decidiu estatizar o poço em [[Lobato (Salvador)|Lobato]] sem pagar nenhuma indenização para os particulares envolvidos na descoberta.
 
Em 1941, foi descoberto o primeiro poço de exploração comercial, em [[Candeias (Bahia)|Candeias]], no [[Recôncavo Baiano]]. De 1939 a 1953, foram perfurados 52 poços no país, descobrindo-se vários campos para a exploração. Contudo, no início da década de 1950, o [[Brasil]] ainda importava 93% dos derivados que consumia.
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Essa ampla campanha em favor do [[monopólio estatal do petróleo]] organizou-se em todo o Brasil, mobilizando estudantes universitários, profissionais liberais e militares. Os nacionalistas ficaram ao lado de Getúlio Vargas, que em sua campanha eleitoral num discurso na Bahia, prometera uma lei de exploração do petróleo pelo Estado Brasileiro.<ref name=cotta>COTTA, Pery - O petróleo é nosso? - Guavira Editores - Rio de Janeiro - 1975, pg. 79</ref>
 
A campanha enfrentou a oposição de acadêmicos como [[Roberto Campos]] e [[Eugênio Gudin]] que acusaram-na de criar uma cultura de [[Reserva de mercado]] e o monopólio estatal no petróleo ser um "fetiche de país subdesenvolvido".<ref>{{citar livro|autor=Câmara dos Deputados|título=Anais da Câmara dos Deputados|url={{Google books|F30dAQAAMAAJ|pagepágina=1505|plainurl=yes}}|página=1505|isbn=}}</ref>
[[Ficheiro:1948 05 08 Homenagem do Centro de Estudos do Petroleo aos seus presidentes de honra Dep Artur Bernardes e Gen Horta Barbosa - Instit Arquitetuos do Brasil Izolda Barros 3.jpg|miniaturadaimagem|Homenagem do Centro de Estudos do Petroleo aos seus presidentes de honra Dep Artur Bernardes e Gen Horta Barbosa no Instituto dos Arquitetos do Brasil em maio de 1948.]]
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=== Final da Campanha ===