Antigo Egito: diferenças entre revisões

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No {{-séc|III}}, o sacerdote [[Manetão]] estabeleceu uma [[cronologia]] dos faraós desde [[Menés]] aos seus contemporâneos, agrupando-os em 30 dinastias, um sistema ainda em uso atualmente.{{sfn|Clayton|1994|p=6}} Escolheu para começar a sua história oficial Menés, que se acredita ter unificado os reinos do [[Alto Egito|Alto]] e [[Baixo Egito]] ({{ca.|{{AC|3100|x}}}}).{{sfn|Shaw|2002|p=78-80}}{{sfn|Grajetzki|2000}} Na realidade, a transição para um Estado unificado ocorreu de forma mais gradual do que os escritores egípcios relatam, e não há registro coetâneo de Menés. Alguns académicos acreditam que Menés pode ter sido Narmer, que aparece vestindo [[Regalia|trajes reais]] na cerimonial [[Paleta de Narmer]] em ato simbólico de unificação,{{sfn|Clayton|1994|p=12-13}} ou [[Atótis]], cujo [[nome de Nebti]] (Mem) pode ter inspirado o nome grego.{{sfn|Clayton|1994|p=19-20}} Seja como for, por ainda não ser totalmente compreendido, o episódio de unificação e formação do Egito foi explicado de várias formas: a formação de [[Mênfis]] (adquiriu importância como centro comercial, administrativo e cultural{{sfn|Wilkinson|1996|p=7}}{{sfn|Wenke|1991|p=303}}); dominação gradual (mesopotâmica, {{sfn|Petrie|1920|p=49}}{{sfn|Petrie|1939|p=77}}{{sfn|Emery|1961|p=38}} [[núbia]], deltaica ou alto egípcia{{sfn|Wilkinson|1999|p=50}}); integração regional (alianças, guerras e trocas culturais{{sfn|Seeher|1992|p=231-232}}{{sfn|Hassan|1988|p=155}}{{sfn|Wildung|1984|p=269}}); comércio (explicaria o abandono de alguns sítios deltaicos em detrimento de outros{{sfn|Kohler|1995|p=86}} {{sfn|Lagarcha|1993|p=49}}{{sfn|Bard|1987|p=92}}{{sfn|Meza|2001|p=3}}); pressão populacional (do sul ao norte{{sfn|Midant-Reynes|2000|p=57}}{{sfn|Bard|1994|p=94}}); uniformidade religiosa.{{sfn|Friedman|1992|p=308}}
 
Na [[Época Tinita]], que compreendeu a [[I dinastia egípcia|I]] e [[II dinastia egípcia|II dinastias]], o Egito era governado a partir de Tinis, que nesse momento eclipsou politicamente Abidos, cuja função a partir de então seria apenas religiosa e mortuária.{{sfn|Maspero|1903|p=333}}{{sfn|Lesley|1868|p=154}}{{sfn|Wilkinson|2000a|p=67}} Sob Atótis, filho de Narmer, campanhas foram feitas para subjugar rebeldes na Núbia e um famoso templo dedicado a [[Neite]] foi fundado em Saís. Contudo, a maior realização destes faraós foi a fundação de Mênfis, cuja fundação foi atribuída por [[Heródoto]] a Menés, e que tornar-se-ia capital do Egito a partir da [[III dinastia egípcia|III dinastia]].{{sfn|Clayton|1994|p=20-21}} Dentre os sucessores imediatos de Atótis, reinou a rainha [[Merneite]], filha do faraó [[Cencenes]], que atuou como regente de [[Usafedo]]. Sob Cencenes e Usafedo, novas campanhas foram feitas; o primeiro representou-as como expedições navais, enquanto o segundo aparece atacando trogloditas no Oriente.{{sfn|Clayton|1994|p=22-24}} [[Miebido]], sucessor de Usafedo, enfrentou uma disputa dinástica em seu reinado, que terminou com a sucessão do usurpador [[Semempsés]], que ordenou que seu nome fosse apagado das inscrições, mas ele próprio foi vítima do mesmo destino ao ser omitido da [[lista real de Sacará]].{{sfn|Clayton|1994|p=24-25}} Sob [[Queco]], foram instituídos os cultos da cabra em [[Mendes (Antigo Egito)|Mendes]] e dos touros [[Mnévis]] em [[Heliópolis (Egito)|Heliópolis]] e [[Ápis]] em Mênfis, enquanto [[Binótris]] fez campanhas e aceitou aque mulheres sucedessem sucessãono femininatrono.{{sfn|Clayton|1994|p=26-27}} Sob os últimos reisfaraós da II dinastia, cuja identidade é muito disputada, o conflito norte-sul se intensificoupiorou e as fontes citam a expedição nortenha que alcançouchegou ana cidade sagrada de [[Nequebe]], centro de culto da deusa [[Necbete]] situado próximo de Hieracômpolis, que foi combatida e deixou dezenas de milhares de nortenhos mortos. A paz, porém, foi alcançada e cimentada com o casamento do faraó com uma princesa do Baixo Egito.{{sfn|Clayton|1994|p=27-29}}
 
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