Revolução neolítica: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Göbekli Tepe, Urfa.jpg|thumb|upright=1.3|Ruínas de [[Göbekli Tepe]], na atual [[Turquia]], cujas estruturas datam de c.&nbsp;{{AC|10000|n}}, sendo os [[megalito]]s mais antigos já encontrados.<ref>{{cite book|url=https://books.google.com/books?id=qR5TCgAAQBAJ&pg=PA47|title=The Archaeology of Malta|publisher=Cambridge University Press|isbn=9781107006690|page=47|language=en|last1=Sagona|first1=Claudia|accessdate=25 de novembro de 2016}}</ref>]]
[[Imagem:ClaySumerianSickle.jpg|thumb|Uma [[foice]] de um ceifeiro [[sumério]] de 3000 a.C.]]
[[Imagem:Catal_Hüyük_EL.JPG|thumb|upright=1.3|Reconstrução de uma casa de [[Çatalhüyük]], um assentamento neolítico na [[Anatólia]] que data de cerca de 7000 a.C.]]
[[Imagem:Néolithique 0001.jpg|thumb|Artefatos do [[Neolítico]].]]
 
'''Revolução neolítica''' ou '''Transição Demográfica Neolítica''', às vezes chamada de '''Revolução Agrícola''', foi a transição em grande escala de muitas [[cultura]]s [[humanas]] do [[estilo de vida]] de [[caçador-coletor]] e [[nômade]] para um [[Agricultura|agrícola]] e sedentário fixo, tornando possível uma [[população]] cada vez maior.<ref name=SCNDR>{{citar periódico|título=When the World's Population Took Off: The Springboard of the Neolithic Demographic Transition|periódico=Science|data=29 de julho de 2011|volume=333|número=6042|páginas=560–561|doi=10.1126/science.1208880|url=http://www.sciencemag.org/content/333/6042/560.full|acessodata=10 de junho de 2012|autor =Jean-Pierre Bocquet-Appel|bibcode = 2011Sci...333..560B|pmid=21798934 }}</ref> Estas comunidades estabelecidas permitiram que os [[seres humanos]] observassem e experimentassem com plantas para aprender como crescem e se desenvolvem. Este novo conhecimento levou à [[domesticação]] das [[plantas]].<ref name=":0">{{citar livro|título= Worlds together, worlds apart concise edition vol.1|último = Pollard, Rosenberg, and Tigor|publicado= W.W. Norton & Company|ano= 2015|isbn = 9780393250930|local= New York|páginas= 23}}</ref>
 
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== Antecedentes ==
=== Nomadismo ===
{{sem notas|data=janeiro de 2010}}
{{AP|Nomadismo|Caçador-coletor}}
=== Sociedades ===
[[Ficheiro:Hadazbe returning from hunt.jpg|thumb|esquerda|Dois homens [[Povo hadza|hadza]] retornam de uma caçada. O Hadza são uma das poucas sociedades africanas contemporâneas que vivem principalmente de [[Caçador-coletor|caça e coleta]].]]
Durante milhares de anos os [[Sociedade|grupos humanos]] viveram deslocando-se de um lugar ao outro, procurando alimento necessário para sua [[sobrevivência]]. Em outras [[palavra]]s, eram [[nômade]]s. Até o final do [[período Paleolítico]], os humanos dependiam da caça de animais e da coleta de frutos e [[vegetal|vegetais]].
[[Imagem:Néolithique 0001.jpg|thumb|esquerda|Artefatos de pedra do [[Neolítico]].]]
 
Durante milhares de anos os [[Sociedade|grupos humanos]] viveram deslocando-se de um lugar ao outro, procurando alimento necessário para sua [[sobrevivência]]. Em outras [[palavra]]s, eram [[nômade]]s. Até o final do [[período Paleolítico]], os humanos dependiam da caça de animais e da coleta de frutos e [[vegetal|vegetais]]. O [[nomadismo]] é a prática dos [[povo nômade|povos nômades]], ou seja, que não têm uma habitação fixa, que vivem permanentemente mudando de lugar. Usualmente são os povos do tipo [[caçador-colector|caçadores-coletores]], mudando-se a fim de buscar novas pastagens para o [[gado]] quando se esgota aquela em que estavam. Os nômades não se dedicam à agricultura e frequentemente ignoram fronteiras internacionais na sua busca por melhores pastagens.{{carece de fontes|data=janeiro de 2010}}
 
O nomadismo na economia recoletora era motivado pela deslocação das populações que, na procura constante de alimentos, acompanhavam as movimentações dos próprios animais que pretendiam caçar, procuravam os locais onde existiam frutos ou plantas a recolher ou necessitavam de se defender das condições climáticas ou dos predadores. Este tipo de nomadismo manteve-se entre as comunidades que persistiram no [[modo de produção]] recoletor. Os [[instrumento]]s fabricados por esses grupos eram, na maioria, de [[pedra]] e [[osso]]. Alguns eram [[lasca]]dos para formar bordas cortantes e facilitar a obtenção de alimentos e defesa. A alimentação era composta basicamente de [[fruto]]s, [[raíz]]es, [[erva]]s, [[peixe]]s e pequenos animais capturados com a ajuda de [[armadilha]]s rudimentares.{{carece de fontes|data=janeiro de 2010}}
 
No Período Neolítico as pessoas abrigavam-se em cavernas ou em espécies de [[choupana]]s feitas de galhos e cobertas de folhas. Também usavam tendas de animais na entrada das cavernas. É neste período que surgem os primeiros [[Sambaqui]]s (encontrados principalmente nas regiões litorâneas da [[América do Sul]]), devido ao fato do homem ser [[nômade]], e se alojar num determinado local até que se esgotassem os alimentos; amontoavam conchas, fogueiras, restos de animais. Eram também nesses locais que enterravam seus mortos junto a seus pertences (colares, vestes, ferramentas e cerâmicas).{{carece de fontes|data=janeiro de 2010}}
[[Ficheiro:Apollo-11 stone slab.jpg|thumb|left|Instrumento com desenhos rupestres.]]
 
A sociedade é comunal, já possuem uma certa organização social e a família já tem importância. Descobrem e dominam o [[fogo]], possuem uma [[linguagem]] rudimentar, indícios de rituais funerários e desenvolvem as primeiras práticas de [[magia]] (devido à descoberta do fogo). A sociedade era formada por pequenos [[clã]]s, que dividiam as tarefas entre os sexos e idades. Havia apenas um [[líder]], que servia como [[conselheiro]]. Este poderia ser o mais forte ou o mais velho. Como o [[nomadismo]] resultava em [[doença]]s frequentes, cansaços e obrigação de descanso aos necessitados, os [[Demografia|índices demográficos]] eram baixos e estáveis.{{carece de fontes|data=janeiro de 2010}}
Os [[instrumento]]s fabricados por esses grupos eram, na maioria, de [[pedra]] e [[osso]]. Alguns eram [[lasca]]dos para formar bordas cortantes e facilitar a obtenção de alimentos e defesa. A alimentação era composta basicamente de [[fruto]]s, [[raíz]]es, [[erva]]s, [[peixe]]s e pequenos animais capturados com a ajuda de [[armadilha]]s rudimentares.
 
=== Transição agrícola ===
No Período Neolítico as pessoas abrigavam-se em cavernas ou em espécies de [[choupana]]s feitas de galhos e cobertas de folhas. Também usavam tendas de animais na entrada das cavernas.
[[Imagem:Centres of origin and spread of agriculture.svg|thumb|right|upright=2.0|Mapa do mundo mostrando os centros de origem da agricultura e sua propagação na [[pré-história]]: o [[Crescente Fértil]] (11.000 aC), as bacias do [[Yangtze]] e do [[Rio Amarelo]] (9.000 aC) e as Terras Altas da [[Nova Guiné]] (9.000-6.000 aC) no [[México]] Central 5.000-4.000 aC), Norte da [[América do Sul]] (5.000-4.000 BP), [[África subsaariana]] (5.000-4.000 aC, localização exata desconhecida), América do Norte Oriental (4.000-3.000 aC).<ref name="DiamondandBellwood2003">{{citar periódico| doi = 10.1126/science.1078208 |último1 = Diamond |primeiro1 = J.|authorlink1=Jared Diamond |último2 = Bellwood |primeiro2 = P. |título= Farmers and Their Languages: The First Expansions |periódico= Science | volume = 300 |número= 5619 |páginas= 597–603 |ano= 2003 | pmid = 12714734|bibcode = 2003Sci...300..597D }}</ref>]]
O termo "Revolução Neolítica" foi cunhado em 1923 por [[Gordon Childe|V. Gordon Childe]] para descrever o primeiro de uma série de revoluções agrícolas na história do [[Oriente Médio]]. O período é descrito como uma "revolução" para denotar sua importância e o grande significado e grau de mudança que afetam as comunidades nas quais novas práticas agrícolas foram gradualmente adotadas e refinadas.
 
O começo deste processo em diferentes regiões foi datado entre 10.000 a 8.000 a.C. no [[Crescente Fértil]]<ref name="Barker2009">{{cite book |author=Graeme Barker |title=The Agricultural Revolution in Prehistory: Why did Foragers become Farmers? |url=https://books.google.com/books?id=fkifXu2gx4YC |date=2009 |publisher=Oxford University Press |isbn=978-0-19-955995-4}}</ref><ref name=Thissen2002>Thissen, L. "Appendix I, The CANeW 14C databases, Anatolia 10,000-5000 cal. BC." in: F. Gérard and L. Thissen (eds.), '' The Neolithic of Central Anatolia. Internal developments and external relations during the 9th–6th millennia cal BC'', Proc. Int. CANeW Round Table, Istanbul 23–24 November 2001, (2002)</ref> e talvez 8.000 a.C. no [[Antiga Área Agrícola de Kuk]], na [[Melanésia]].<ref name="Denham2003">{{cite journal|last = Denham|first = Tim P.|authorlink =|year = 2003|title = Origins of Agriculture at Kuk Swamp in the Highlands of New Guinea|journal = Science|volume = 301|issue = 5630|pages = 189–193|doi = 10.1126/science.1085255| pmid = 12817084 |author3 = and others|displayauthors = 2|last2 = Haberle|first2 = S. G.|last4 = Fullagar|first4 = R|last5 = Field|first5 = J|last6 = Therin|first6 = M|last7 = Porch|first7 = N|last8 = Winsborough|first8 = B}}</ref><ref>[http://whc.unesco.org/en/list/887 The Kuk Early Agricultural Site]</ref> Essa transição em toda parte parece associada a uma mudança de um modo de vida [[caçador-coletor]] em grande parte [[nômade]] para um mais assentado, baseado na [[agricultura]], com o início da [[domesticação]] de várias espécies de plantas e animais - dependendo da espécie disponível localmente e provavelmente também influenciado pela cultura local. Pesquisas arqueológicas recentes sugerem que em algumas regiões, como a península do [[Sudeste Asiático]], a transição de caçador-coletor para agricultor não era linear, mas específica para cada região.<ref>{{cite journal |last=Kealhofer |first=Lisa |title=Looking into the gap: land use and the tropical forests of southern Thailand |journal=Asian Perspectives |date=2003 |volume=42 |issue=1|pages=72–95 |doi=10.1353/asi.2003.0022}}</ref>
É nesse período que surgem os primeiros [[Sambaqui]]s (encontrados principalmente nas regiões litorâneas da [[América do Sul]]), devido ao fato do homem ser [[nômade]], e se alojar num determinado local até que se esgotassem os alimentos; amontoavam conchas, fogueiras, restos de animais. Eram também nesses locais que enterravam seus mortos junto a seus pertences (colares, vestes, ferramentas e cerâmicas).
 
== Domesticação ==
A sociedade é comunal, já possuem uma certa organização social e a família já tem importância. Descobrem e dominam o [[fogo]], possuem uma [[linguagem]] rudimentar, indícios de rituais funerários e desenvolvem as primeiras práticas de [[magia]] (devido à descoberta do fogo).
 
=== Plantas ===
A sociedade era formada por pequenos [[clã]]s, que dividiam as tarefas entre os sexos e idades. Havia apenas um [[líder]], que servia como [[conselheiro]]. Este poderia ser o mais forte ou o mais velho. Como o [[nomadismo]] resultava em [[doença]]s frequentes, cansaços e obrigação de descanso aos necessitados, os [[Demografia|índices demográficos]] eram baixos e estáveis.
{{AP|História da agricultura}}
[[Imagem:Europe_agricultural_revolution.gif|thumb|esquerda|Expansão da [[revolução agrícola]] pela [[Europa]].]]
[[Imagem:Skara_Brae_house_1_5.jpg|thumb|esquerda|Ruínas de [[Skara Brae]], na [[Escócia]], [[Reino Unido]], uma das mais bem preservadas vilas do período [[Neolítico]].]]
 
Depois que a agricultura começou a ganhar ímpeto, por volta de 9000 a.C., a atividade humana resultou na [[Seleção artificial|criação seletiva]] de [[gramínea]]s (começando com [[farro]], [[Triticum monococcum|einkorn]] e [[cevada]]) e não simplesmente naquelas que favoreceriam maiores retornos calóricos através de sementes maiores. O geneticista israelense Daniel Zohary identificou várias espécies de plantas como "culturas pioneiras" ou culturas fundadoras do Neolítico. Ele destacou a importância dos três cereais e sugeriu que a domesticação de [[linho]], [[ervilha]], [[grão-de-bico]], [[ervilhaca]] e [[lentilha]]s veio um pouco mais tarde. Baseado na análise dos genes de plantas domesticadas, ele preferiu teorias de um único, ou no máximo um número muito pequeno, de eventos de domesticação para cada [[táxon]] que se espalhou ao redor do [[Crescente Fértil]] e depois para a [[Europa]].<ref>[https://books.google.com/books?id=ZRi1AAAAIAAJ&q=The+Origins+and+Spread+of+Agriculture+and+Pastoralism+in+Eurasia&dq=The+Origins+and+Spread+of+Agriculture+and+Pastoralism+in+Eurasia&source=bl&ots=jSDLeRcJNI&sig=V8u7my28ypj_bN_lBNIYmGc_HX8&hl=en&sa=X&ei=cvUqUIbjFOmf0QXxp4GgCQ&redir_esc=y Zohary, D., The mode of domestication of the founder crops of Southwest Asian agriculture. pp. 142-158 in D. R. Harris (ed.) The Origins and Spread of Agriculture and Pastoralism in Eurasia. UCL Press Ltd, London, 1996]</ref><ref>[http://www.springerlink.com/content/jq7828u042t26716/ Zohary, D., Monophyletic vs. polyphyletic origin of the crops on which agriculture was founded in the Near East. Genetic Resources and Crop Evolution 46 (2) pp. 133-142]</ref>
== Revolução agrícola ==
A primeira atividade agrícola ocorreu entre 9000 e 7000 a.C. em certos lugares privilegiados da [[Síria (região)|Sírio]]-[[Palestina (região)|Palestina]], do sul da [[Anatólia]] e do norte da [[Mesopotâmia]]. Aconteceu também na [[Subcontinente Indiano|Índia]] (há 8 mil anos), na [[China]] (7 mil), na [[Europa]] (6.500), na [[África]] Tropical (5 mil) e nas [[América]]s ([[México]] e [[Peru]]) (4.500). Em 3000 a.C., a revolução neolítica já tinha atingido a [[Península Ibérica]] e grande parte da Europa.
 
[[Gordon Hillman]] e Stuart Davies realizaram experimentos com variedades de trigo selvagem para mostrar que o processo de domesticação teria ocorrido em um período relativamente curto, entre 20 e 200 anos.<ref>Hillman, G. C. and M. S. Davies., Domestication rate in wild wheats and barley under primitive cultivation: preliminary results and archaeological implications of field measurements of selection coefficient, pp. 124-132 in P. Anderson-Gerfaud (ed.) Préhistoire de l'agriculture: nouvelles approches expérimentales et ethnographiques. Monographie du CRA 6, Éditions Centre Nationale Recherches Scientifiques: Paris, 1992</ref> Algumas das tentativas pioneiras falharam no início e as colheitas foram abandonadas, às vezes para serem retomadas e domesticadas com sucesso milhares de anos depois: o [[centeio]], experimentado e abandonado na [[Anatólia]] Neolítica, chegou à Europa como sementes de ervas daninhas e foi domesticado com sucesso, milhares de anos após a primeira agricultura.<ref name="Weiss2006">{{cite journal |last=Weiss |first=Ehud |last2=Kislev |first2=Mordechai E. |last3=Hartmann |first3=Anat |year=2006 |title=Autonomous Cultivation Before Domestication |journal=[[Science (journal) |Science]] |volume=312 |issue=5780 |pages=1608–1610 |doi=10.1126/science.1127235 |pmid=16778044}}</ref> As lentilhas selvagens apresentaram um problema diferente: a maioria das sementes silvestres não germinou no primeiro ano; a primeira evidência de domesticação de lentilhas, quebrando a dormência em seu primeiro ano, aparece no início do Neolítico em Jerf el Ahmar (na moderna [[Síria]]) e as lentilhas rapidamente se espalharam para o sul até o sítio arqueológico de Netiv HaGdud no Vale do Jordão.<ref name="Weiss2006" />
Os produtos cultivados variavam de região para região, mas geralmente consistiam em [[cereal|cereais]] ([[trigo]] e [[cevada]]), o [[milho]], raízes ([[batata-doce]] e [[mandioca]]) e o [[arroz]], principalmente. O Homem foi aprendendo então a selecionar as melhores plantas para a semeadura e a promover o [[enxertia|enxerto]] de variedades.
 
[[Figo]]s seletivamente propagados, cevada silvestre e aveia selvagem foram cultivados no início do Neolítico em Gilgal I, também no Vale do Jordão, onde, em 2006, os arqueólogos encontraram depósitos de sementes de cada uma dessas espécies em quantidades muito grandes para serem contabilizados até mesmo por coleta intensiva, em estratos que podem ser c. 11.000 anos atrás. Algumas das plantas tentadas e depois abandonadas durante o período neolítico no antigo Oriente Próximo, em locais como Gilgal, foram mais tarde domesticadas com sucesso em outras partes do mundo.<ref>{{Cite web|url= https://www.sciencedaily.com/releases/2006/06/060602074522.htm|title= Tamed 11,400 Years Ago, Figs Were Likely First Domesticated Crop}}</ref>
Além dos conhecimentos práticos referentes a tipos de solo, plantas adequadas e épocas de cultivo, foram desenvolvidas invenções importantíssimas e práticas como a [[cerâmica]], a [[foice]], o [[arado]], a [[roda]], o barco a vela, a [[tecelagem]] e a [[cerveja]].
 
Assim que os primeiros agricultores aperfeiçoaram suas técnicas agrícolas, como a irrigação (traçada desde o sexto milênio aC no [[Khuzistão]]), suas plantações produziriam excedentes que precisavam ser armazenados. A maioria dos caçadores-coletores não conseguia armazenar comida facilmente por muito tempo devido ao seu estilo de vida migratório, enquanto aqueles com uma moradia sedentária podiam armazenar seus excedentes de grãos. Eventualmente, foram desenvolvidos celeiros que permitiram que as aldeias armazenassem suas sementes por mais tempo. Assim, com mais comida, a população se expandiu e as comunidades desenvolveram trabalhadores especializados e ferramentas mais avançadas.<ref>
=== Transição agrícola ===
{{cite book
[[Imagem:Centres of origin and spread of agriculture.svg|thumb|right|upright=2.0|Mapa do mundo mostrando os centros de origem da agricultura e sua propagação na [[pré-história]]: o [[Crescente Fértil]] (11.000 aC), as bacias do [[Yangtze]] e do [[Rio Amarelo]] (9.000 aC) e as Terras Altas da [[Nova Guiné]] (9.000-6.000 aC) no [[México]] Central 5.000-4.000 aC), Norte da [[América do Sul]] (5.000-4.000 BP), [[África subsaariana]] (5.000-4.000 aC, localização exata desconhecida), América do Norte Oriental (4.000-3.000 aC).<ref name="DiamondandBellwood2003">{{citar periódico| doi = 10.1126/science.1078208 |último1 = Diamond |primeiro1 = J.|authorlink1=Jared Diamond |último2 = Bellwood |primeiro2 = P. |título= Farmers and Their Languages: The First Expansions |periódico= Science | volume = 300 |número= 5619 |páginas= 597–603 |ano= 2003 | pmid = 12714734|bibcode = 2003Sci...300..597D }}</ref>]]
| last1 = Flannery
A condição de [[nômade]] começou a ser abandonada com o [[desenvolvimento]] da [[agricultura]]: plantar alimentos foi um passo decisivo para o domínio da [[natureza]] e para o processo de fixação ([[sedentarização]]) dos [[Sociedade|grupos humanos]].
| first1 = Kent V.
| author-link1 = Kent V. Flannery
| year = 1969
| chapter = Origins and ecological effects of early domestication in Iran and the Near East
| editor1-last = Ucko
| editor1-first = Peter John
| editor1-link = Peter John Ucko
| editor2-last = Dimbleby
| editor2-first = G. W.
| title = The Domestication and Exploitation of Plants and Animals
| chapter-url = https://books.google.com/books?id=6lY9Q4vnrCEC
| location = New Brunswick, New Jersey
| publisher = Transaction Publishers
| publication-date = 2007
| page = 89
| isbn = 978-0-202-36557-2
| access-date = 2019-01-12
| quote = Our earliest evidence for this new technology comes [...] from the lowland steppe of Khuzistan. [...] Once irrigation appeared, the steppe greatly increased its carrying capacity and became, in fact, the dominant growth centre of the Zagros region between 5500 and 4000 B.C.
}}
</ref><ref>
{{cite book
| last1 = Lawton
| first1 = H. W.
| last2 = Wilke
| first2 = P. J.
| year = 1979
| chapter = Ancient Agricultural Systems in Dry Regions of the Old World
| editor1-last = Hall
| editor1-first = A. E.
| editor2-last = Cannell
| editor2-first = G. H.
| editor3-last = Lawton
| editor3-first = H.W.
| display-editors =
| title = Agriculture in Semi-Arid Environments
| chapter-url = https://books.google.com/books?id=e67tCAAAQBAJ
| series = Ecological Studies
| volume = 34
| edition = reprint
| location = Berlin
| publisher = Springer Science & Business Media
| publication-date = 2012
| page = 13
| isbn = 978-3-642-67328-3
| access-date = 2019-01-12
| quote = Archeological investigations on the Deh Luran Plain of Iran have provided a model for the internal dynamics of the culture sequence of prehistoric Khuzistan [...]. Somewhere between 5500 and 5000 B.C. in the Sabz phase of the Deh Luran Plain, irrigation water was apparently diverted from stream channels in a fashion similar to that employed in early Mesopotamia.
}}
</ref>
 
=== Animais ===
[[Ficheiro:Farmer plowing.jpg|thumb|O surgimento da [[agricultura]] e a [[domesticação]] de animais resultou em assentamentos humanos estáveis.]]
 
Quando a caça-coleta começou a ser substituída pela produção de alimentos sedentários, tornou-se mais lucrativo manter os animais à mão. Portanto, tornou-se necessário trazer animais permanentemente para seus assentamentos, embora em muitos casos houvesse uma distinção entre agricultores sedentários e pastores nômades.<ref>{{Cite news|url=https://genographic.nationalgeographic.com/development-of-agriculture/|title=The Development of Agriculture|work=Genographic Project|access-date=2017-07-21|language=en-US|deadurl=yes|archiveurl=https://web.archive.org/web/20160414142437/https://genographic.nationalgeographic.com/development-of-agriculture/|archivedate=2016-04-14|df=}}</ref> O tamanho, o temperamento, a dieta, os padrões de acasalamento e a expectativa de vida dos animais eram fatores consideráveis no desejo e sucesso em domesticar animais. Os animais que forneciam leite, como [[vaca]]s e [[cabra]]s, ofereciam uma fonte de [[proteína]] que era renovável e, portanto, bastante valiosa. A capacidade do animal como trabalhador (por exemplo, arar), bem como uma fonte de alimento, também teve que ser levada em conta. Além de ser uma fonte direta de alimento, certos animais podem fornecer [[couro]], [[lã]] e [[fertilizante]]. Alguns dos primeiros animais domésticos foram os [[cães]] ([[Ásia Oriental]], cerca de 15.000 anos atrás), [[ovelha]]s, cabras, vacas e [[porco]]s.<ref>{{Cite news
| url = http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/2498669.stm
| title = Origin of dogs traced
| accessdate = 2006-11-29
| last = McGourty
| first = Christine
| date = 2002-11-22
| publisher = BBC News
}}</ref>
 
O [[Oriente Médio]] serviu como fonte para muitos animais que poderiam ser domesticados. Esta região também foi a primeira a domesticar o [[dromedário]]. Henri Fleisch descobriu e denominou a indústria pastoril neolítica do Vale Bekaa no [[Líbano]] e sugeriu que ela poderia ter sido usada pelos primeiros pastores nômades. Ele datou essa indústria ao Neolítico [[Epipaleolítico]] ou Pré-Cerâmico, já que evidentemente não é [[Paleolítico]], [[Mesolítico]] ou mesmo [[Cerâmica|Cerâmico]] Neolítico.<ref name="CopelandWescombe1966">{{cite book |author1=L. Copeland |author2=P. Wescombe |title=Inventory of Stone-Age Sites in Lebanon: North, South and East-Central Lebanon |page=89 |url=https://books.google.com/books?id=qhPRQwAACAAJ |year=1966 |publisher=Imprimerie Catholique}}</ref><ref>Fleisch, Henri., Notes de Préhistoire Libanaise : 1) Ard es Saoude. 2) La Bekaa Nord. 3) Un polissoir en plein air. BSPF, vol. 63.</ref>
[[Imagem:Menare.jpg|thumb|Caravana de [[dromedário]]s na [[Argélia]].]]
 
A presença desses animais deu à região uma grande vantagem no desenvolvimento cultural e econômico. À medida que o clima no Oriente Médio mudou e se tornou mais seco, muitos dos agricultores foram forçados a sair, levando consigo seus animais domésticos. Foi essa enorme emigração do Oriente Médio que mais tarde ajudaria a distribuir esses animais para o resto da [[Eurafrásia]]. Essa emigração ocorreu principalmente em um eixo leste-oeste de climas similares, já que as plantações geralmente têm um alcance climático estreito, fora do qual não podem crescer por razões de mudanças de luz ou chuva. Por exemplo, o [[trigo]] normalmente não cresce em climas tropicais, assim como as culturas tropicais, como as [[banana]]s, não crescem em climas mais frios. Alguns autores, como Jared Diamond, postularam que esse eixo leste-oeste é a principal razão pela qual a domesticação de plantas e animais se espalhou tão rapidamente do Crescente Fértil para o resto da [[Eurásia]] e [[Norte da África]], enquanto não alcançou o eixo norte-sul da [[África]] para chegar ais climas mediterrâneos da [[África do Sul]], onde as culturas temperadas foram importadas com sucesso pelos navios nos últimos 500 anos. Da mesma forma, o [[zebu]] da [[África central]] e os bovinos domesticados do Crescente Fértil - separados pelo [[deserto do Saara]] - não foram introduzidos na região um do outro.<ref>''[[Guns, Germs, and Steel]]: The Fates of Human Societies''. [[Jared Diamond]] (1997).</ref>
 
== Consequências ==
[[File:World population growth (lin-log scale).png|thumb|left|320px|World population (estimated) did not rise for a few millennia after the Neolithic revolution.]]
 
Apesar do avanço tecnológico significativo, a revolução neolítica não levou imediatamente a um rápido crescimento populacional. Seus benefícios parecem ter sido compensados ​​por vários efeitos adversos, principalmente [[doença]]s e [[guerra]]s.<ref>[[James C. Scott]],''Against the Grain: a Deep History of the Earliest States'', NJ:Yale UP, (2017), "The world's population in 10 000 BC, according to a careful estimate was roughly 4 million. A full five thousand years later it has risen only to 5 million...One likely explanation for this apparent human progress in subsistance techniques together with a long period of demographic stagnation is that epidemologically this was perhaps the most lethal period in human history".</ref>
 
A introdução da agricultura não levou necessariamente a um progresso inequívoco. Os padrões nutricionais das populações neolíticas crescentes eram inferiores aos dos caçadores-coletores. Vários estudos etnológicos e arqueológicos concluíram que a transição para dietas baseadas em cereais causou uma redução na [[expectativa de vida]] e na estatura, um aumento na [[mortalidade infantil]] e no número de [[doenças infecciosas]], o desenvolvimento de [[doenças crônicas]], inflamatórias ou degenerativas (como [[obesidade]], [[diabetes tipo 2]] e [[doenças cardiovasculares]]) e múltiplas deficiências nutricionais, incluindo deficiências de vitaminas, [[anemia]] por deficiência de ferro e desordens minerais que afetam os ossos (como [[osteoporose]] e [[raquitismo]]) e dentes.<ref name="SandsMorris2009">{{cite journal| vauthors=Sands DC, Morris CE, Dratz EA, Pilgeram A| title=Elevating optimal human nutrition to a central goal of plant breeding and production of plant-based foods. | journal=Plant Sci | year= 2009 | volume= 177 | issue= 5 | pages= 377–389 | pmid=20467463 | doi=10.1016/j.plantsci.2009.07.011 | pmc=2866137 | type=Review }}</ref><ref name="OKeefeCordain2004">{{cite journal| vauthors=O'Keefe JH, Cordain L| title=Cardiovascular disease resulting from a diet and lifestyle at odds with our Paleolithic genome: how to become a 21st-century hunter-gatherer. | journal=Mayo Clin Proc | year= 2004 | volume= 79 | issue= 1 | pages= 101–108 | pmid=14708953 | doi=10.4065/79.1.101 | type=Review }}</ref><ref name="Shermer, Michael 2001 p.250">{{cite book |author=Shermer, Michael |authorlink=Michael Shermer |year=2001 |title=The Borderlands of Science |publisher=Oxford University Press |page=250}}</ref> A estatura média diminuiu de 178 cm para 168 cm para homens e de 165 cm para 155 cm para mulheres, sendo que levou até o século XX para que a altura humana média voltasse aos níveis da pré-Revolução Neolítica.<ref>{{cite journal | last=Hermanussen | first=Michael | last2=Poustka | first2=Fritz | title=Stature of early Europeans | journal=Hormones (Athens) | volume=2 | issue=3 | pages=175–178 |date=Julho de 2003 | pmid=17003019 | doi=10.1159/000079404 | url=http://hormones.gr/preview.php?c_id=127}}</ref>
 
A visão tradicional é que a produção de alimentos agrícolas sustentava uma população mais densa, que por sua vez apoiava comunidades sedentárias, o acúmulo de bens e ferramentas e a especialização em diversas formas de trabalho. O desenvolvimento de sociedades maiores levou ao desenvolvimento de diferentes meios de tomada de decisão e à organização governamental. Os excedentes de alimentos tornaram possível o desenvolvimento de uma elite social que não estava envolvida na agricultura, na indústria ou no comércio, mas dominava suas comunidades por outros meios e monopolizava a tomada de decisões.<ref name="Eagly99">{{cite journal |author1=Eagly, Alice H. |author2=Wood, Wendy |title=The Origins of Sex Differences in Human Behavior: Evolved Dispositions Versus Social Roles |journal=American Psychologist |volume=54 |issue=6 |date=Junho de 1999 |pages=408–423 |url=http://www.sscnet.ucla.edu/anthro/faculty/fiske/facets/eagly&wood.htm |doi=10.1037/0003-066x.54.6.408}}</ref> Jared Diamond (no ''The World Until Yesterday'') identifica a disponibilidade de leite e grãos de cereais como o fato que permitiu que as mães conseguissem criar tanto uma criança mais velha (por exemplo, 3 ou 4 anos de idade) quanto uma criança mais nova ao mesmo tempo. O resultado é que uma população pode aumentar mais rapidamente. Diamond, de acordo com estudiosas feministas como V. Spike Peterson, aponta que a agricultura trouxe profundas divisões sociais e encorajou a [[desigualdade de gênero]].<ref>{{cite journal |author=Diamond, Jared |authorlink=Jared Diamond |url=http://discovermagazine.com/1987/may/02-the-worst-mistake-in-the-history-of-the-human-race |title=The Worst Mistake in the History of the Human Race |journal=Discover Magazine |date=Maio de 1987 |pages=64–66}}</ref><ref>{{Cite journal|last=Peterson|first=V. Spike|date=2014-07-03|title=Sex Matters|journal=International Feminist Journal of Politics|language=en|volume=16|issue=3|pages=389–409|doi=10.1080/14616742.2014.913384|issn=1461-6742}}</ref>
 
=== Revoluções subsequentes ===
[[Imagem:ClaySumerianSickle.jpg|thumb|Uma [[foice]] de um ceifeiro [[sumério]] de 3000 a.C.]]
[[Imagem:Egyptian Domesticated Animals.jpg|thumb|Vaca domesticada sendo ordenhada no [[Antigo Egito]].]]
 
O arqueólogo britânico [[Andrew Sherratt]] argumentou que após a Revolução Neolítica se seguiu uma segunda fase de descoberta a que ele se refere como a revolução dos produtos secundários. Aparentemente, os animais foram domesticados pela primeira vez, puramente como fonte de carne.<ref name="Sherratt 1981">Sherratt 1981</ref> A revolução ocorreu quando se reconheceu que os animais também forneciam uma série de outros produtos úteis. Estes incluíram:
 
*couros e peles (de animais não domesticados);
Há cerca de [[Pré-História|10 mil anos atrás]], durante a [[Pré-história]], no período do [[neolítico]] ou período da pedra polida, alguns indivíduos de povos [[caçador-colector|caçadores-coletores]] notaram que alguns [[grão]]s que eram coletados da [[natureza]] para a sua alimentação poderiam ser enterrados, isto é, "semeados" a fim de produzir novas plantas iguais às que os originaram.
*estrume para condicionamento do solo (de todos os animais domésticos);
*lã (de ovelhas, [[lhama]]s, [[alpaca]]s e [[cabras angorá]]);
*leite (de [[cabra]]s, [[gado]], [[iaque]]s, [[ovelha]]s, [[cavalo]]s e [[camelo]]s);
*tração (de [[boi]]s, [[onagro]]s, [[burro]]s, cavalos, camelos e [[cães]]);
*assistência de guarda e pastoreio (cães).
 
Sherratt argumentou que essa fase do desenvolvimento agrícola permitiu que os humanos aproveitassem as possibilidades energéticas de seus animais de novas maneiras e permitiu a agricultura de subsistência, a produção agrícola permanentes e intensivas, e a abertura de solos mais pesados ​​para a agricultura. Também tornou possível o pastoreio nômade em áreas semi-áridas, ao longo das margens dos desertos, e eventualmente levou à domesticação tanto do [[dromedário]] quanto do [[camelo bactriano]].<ref name="Sherratt 1981"/>
As pesquisas têm revelado que as primeiras [[Agricultura|atividades agrícolas]] ocorreram na região de [[Jericó]], num grande oásis junto ao [[mar Morto]], há cerca de [[Pré História|12 mil anos]]. Por meio de difusão ou movimentos independentes, supõe-se que o fenômeno tenha se desenvolvido também na [[Índia]] (há 8 mil anos), na [[China]] (7 mil), na [[Europa]], (6.500), na África tropical (5 mil) e nas [[América]]s (4.500).
 
=== Tecnologia ===
Os produtos cultivados variavam de região para região com a natural predominância de espécies nativas, como o [[trigo]], [[cevada]], [[arroz]], [[milho]], [[batata doce]] e [[mandioca]]. Uma vez iniciada a atividade, o [[humano]] foi aprendendo a selecionar as melhores plantas para a semeadura e a promover o enxerto de variedades, de modo a produzir alimentos mais nutritivos do que os selvagens.
[[Imagem:Molino_neolítico_de_vaivén.jpg|thumb|Pedras usadas para processar grãos durante o Neolítico.]]
 
Em seu livro ''Guns, Germs, and Steel'', Jared Diamond argumenta que os europeus e os asiáticos se beneficiaram de uma localização geográfica que lhes deu uma vantagem inicial na Revolução Neolítica. Ambos compartilhavam o [[clima temperado]] ideal para os primeiros ambientes agrícolas, ambos estavam perto de várias espécies vegetais e animais facilmente domesticáveis e ambos estavam mais seguros de ataques de outros povos do que civilizações na parte média do [[continente eurasiano]]. Estando entre os primeiros a adotar estilos de vida agrícolas e sedentários, e vizinhos de outras sociedades agrícolas antigas com as quais eles poderiam competir e comercializar, tanto europeus quanto leste-asiáticos também estavam entre os primeiros a se beneficiar de tecnologias como [[armas de fogo]] e [[espada]]s de [[aço]].<ref>{{Cite web|url=http://www.bbc.co.uk/history/ancient/british_prehistory/overview_british_prehistory_01.shtml|title=BBC – History – Ancient History in depth: Overview: From Neolithic to Bronze Age, 8000–800 BC|access-date=2017-07-21}}</ref>
Essa prática permitiu o aumento da oferta de [[alimento]] dessas pessoas, as plantas começaram a ser cultivadas muito próximas uma das outras. Isso porque elas podiam produzir [[fruto]]s, que eram facilmente colhidos quando maturassem, o que permitia uma maior produtividade das plantas cultivadas em relação ao seu ''[[habitat]]'' natural.
 
=== Doenças ===
Logo, as frequentes e perigosas buscas à procura de [[alimento]]s eram evitadas. Com o tempo, foram selecionados entre os grãos selvagens aqueles que possuíam as características que mais interessavam aos primeiros [[agricultor]]es, tais como tamanho, produtividade.
Ao longo do desenvolvimento de sociedades sedentárias, as doenças se espalharam mais rapidamente do que durante o tempo em que as sociedades de caçadores-coletores existiram. Práticas sanitárias inadequadas e a domesticação de animais podem explicar o aumento de mortes e doenças após a Revolução Neolítica, à medida que as doenças saltaram dos animais para a população humana. Alguns exemplos de doenças infecciosas transmitidas de animais para humanos são [[gripe]], [[varíola]] e [[sarampo]].<ref>{{Cite journal | last1=Furuse | first1=Y. | last2=Suzuki | first2=A. | last3=Oshitani | first3=H. | title=Origin of measles virus: Divergence from rinderpest virus between the 11th and 12th centuries | doi=10.1186/1743-422X-7-52 | journal=Virology Journal | volume=7 | page=52 | year=2010 | pmc=2838858 | pmid=20202190}}</ref> Em concordância com um processo de [[seleção natural]], os humanos que primeiro domesticaram os grandes [[mamífero]]s rapidamente acumularam [[imunidade]] às doenças, pois dentro de cada geração os indivíduos com as melhores imunidades tinham melhores chances de sobrevivência. Em seus cerca de 10.000 anos de proximidade compartilhada com animais, como vacas, os eurasianos e africanos tornaram-se mais resistentes a essas doenças em comparação com as populações indígenas encontradas fora da Eurásia e da África.<ref>''[[Guns, Germs, and Steel|Guns, Germs, and Steel: The Fates of Human Societies]]''. [[Jared Diamond]], 1997</ref> Por exemplo, a população da maioria das ilhas do [[Caribe]] e de várias ilhas do [[Oceano Pacífico]] foi completamente destruída por doenças. 90% ou mais de muitas populações das Américas [[História demográfica dos povos indígenas das Américas|foram dizimadas por doenças europeias e africanas]] antes de entrar em contato com exploradores ou colonos europeus. Algumas culturas, como o [[Império Inca]], tinham um grande mamífero doméstico, a [[lhama]], mas o leite de lhama não era bebido, nem as lhamas viviam em um espaço fechado com humanos, de modo que o risco de contágio era limitado. De acordo com a pesquisa bioarqueológica, os efeitos da agricultura na saúde física e dental nas sociedades de cultivo de arroz do [[Sudeste Asiático]] de 4000 a 1500 [[Antes do Presente|ap]] não foi prejudicial na mesma medida que em outras regiões do mundo.<ref>{{cite journal |last=Halcrow |first=S. E. |last2=Harris |first2=N. J. |last3=Tayles |first3=N. |last4=Ikehara‐Quebral |first4=R. |last5=Pietrusewsky |first5=M. |title=From the mouths of babes: Dental caries in infants and children and the intensification of agriculture in mainland Southeast Asia |journal=American Journal of Physical Anthropology |date=2013 |volume=150 |issue=3 |pages=409–420 |doi=10.1002/ajpa.22215 |pmid=23359102}}</ref>
 
== Ver também ==
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=== Bibliografia ===
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*CHILDE, Vere Gordon. A Evolução Cultural do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
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* Bailey, Douglass. (2001). ''Balkan Prehistory: Exclusions, Incorporation and Identity.'' Routledge Publishers. {{ISBN|0-415-21598-6}}.
* Bailey, Douglass. (2005). ''Prehistoric Figurines: Representation and Corporeality in the Neolithic.'' Routledge Publishers. {{ISBN|0-415-33152-8}}.
* Balter, Michael (2005). ''The Goddess and the Bull: Catalhoyuk, An Archaeological Journey to the Dawn of Civilization.'' New York: Free Press. {{ISBN|0-7432-4360-9}}.
* Bellwood, Peter. (2004). ''First Farmers: The Origins of Agricultural Societies.'' Blackwell Publishers. {{ISBN|0-631-20566-7}}
* Bocquet-Appel, Jean-Pierre, editor and [[Ofer Bar-Yosef]], editor, ''The Neolithic Demographic Transition and its Consequences'', Springer (October 21, 2008), hardcover, 544 pages, {{ISBN|978-1-4020-8538-3}}, trade paperback and Kindle editions are also available.
* Cohen, Mark Nathan (1977)''The Food Crisis in Prehistory: Overpopulation and the Origins of Agriculture.'' New Haven and London: Yale University Press. {{ISBN|0-300-02016-3}}.
* [[Jared Diamond|Diamond, Jared]] (1997). ''[[Guns, Germs, and Steel|Guns, germs and steel. A short history of everybody for the last 13,000 years]]''.
* Diamond, Jared (2002). "Evolution, Consequences and Future of Plant and Animal Domestication". ''Nature'', Vol 418.
* Harlan, Jack R. (1992). ''Crops & Man: Views on Agricultural Origins'' ASA, CSA, Madison, WI. https://web.archive.org/web/20060819110723/http://www.hort.purdue.edu/newcrop/history/lecture03/r_3-1.html
* Wright, Gary A. (1971). "Origins of Food Production in Southwestern Asia: A Survey of Ideas" Current Anthropology, Vol. 12, No. 4/5 (Oct.–Dec., 1971), pp.&nbsp;447–477
* Kuijt, Ian; Finlayson, Bill. (2009). [http://www.pnas.org/content/early/2009/06/19/0812764106.full.pdf "Evidence for food storage and predomestication granaries 11,000 years ago in the Jordan Valley"]. PNAS, Vol. 106, No. 27, pp.&nbsp;10966–10970.
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