Tradição católica: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m
Linha 8:
* a '''Tradição escrita''' ou a [[Bíblia]], que é o produto do registo escrito da Palavra de Deus, realizado pelos quatro [[evangelista]]s e outros escritores sagrados, sempre inspirados pelo [[Espírito Santo]]. Inicialmente, antes do seu registo escrito, a Palavra de Deus era apenas transmitida oralmente (Tradição oral). Para os católicos, a Bíblia é constituída por 73 livros, organizados no [[Antigo Testamento]] e no [[Novo Testamento]] (a palavra ''testamento'' significa, neste caso, ''[[aliança (Bíblia)|aliança]] entre Deus e o homem'').<ref name="Tr1" />
 
Os vários produtos da Tradição apostólica, como por exemplo a [[Bíblia]], o [[Credo]], a [[Liturgia]], os escritos e testemunho dos [[Padres da Igreja]], as afirmações e [[documentos pontifícios]], as [[oração|orações]] e os diversos ensinamentos e documentos dos [[concílios ecuménicos]], são considerados muito importantes para a transmissão da fé católica, sendo por isso muitas vezes registados, posteriormente, por escrito (como foi, por exemplo, no caso da Bíblia). Mas, mas um "''produto da Tradição''" só se constitui um elemento imutável ou "''básico seu, apenas quando tal produto serviu para transmitir a fé numa forma invariável desde os primeiros séculos da Igreja''", até mesmo aos dias de hoje. "''Exemplos de elementos básicos são a Bíblia [...], o Símbolo dos Apóstolos ou [[Credo]], e as formas básicas da [[liturgia]] da Igreja''". Logo, logo muitos produtos da Tradição apostólica não são imutáveis, podendo alguns serem posteriormente modificados na sua forma, mas o seu conteúdo essencial, (que é a [[Revelação divina|Verdade revelada]]), continua inalterável.<ref name="Tradicao2">LIGUORI PUBLICATIONS, ''Handbook for Today's Catholic'' (em [[português]]: ''Catecismo do Católico de Hoje'', traduzido pelo Pe. José Raimundo Vidigal), subsecção [http://www.geocities.com/heartland/Acres/5581/doutrina.htm#A%20tradição,%20o%20Vaticano%20II%20e%20os%20Santos "''A tradição, o Vaticano II e os Santos Padres''"]</ref>
 
==Tradição oral==
A Tradição oral é composta essencialmente pela "''pregação oral''" (ex.: ensinamentos), "''exemplos, instituições,''" [[liturgia]], costumes e tradições dos [[Apóstolo]]s, "''que transmitiram aquilo que tinham recebido dos lábios, trato e obras de [[Cristo]], e o que tinham aprendido por inspiração do [[Espírito Santo]]''".<ref>''[[Catecismo da Igreja Católica]]'' (CIC), n. 76</ref> E, "''para que o [[Evangelho]] fosse perenemente conservado íntegro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os Bispos''", em união com o Papa, "''como seus sucessores, entregando-lhes o seu próprio ofício de [[Magistério da Igreja Católica|Magistério]]''",<ref>''Ibidem'', n. 77</ref> para que a Palavra de Deus seja conservada e ensinada correctamente.<ref>''Ibidem'', n. 81</ref> Os documentos "''dos [[Concílio ecuménico|Concílios]], [...] os atos da [[Santa Sé]], as palavras e os usos da Sagrada [[Liturgia]]''" <ref>''[[Catecismo de São Pio X]]'', n. 886</ref> e as "''afirmações dos [[Papa|santos Padres]] testemunham a presença vivificadora desta Tradição, cujas riquezas entram na prática e na vida da Igreja crente e orante''".<ref>''Catecismo da Igreja Católica'' (CIC), n. 78</ref>
 
Para além do ensino dos sucessores dos Apóstolos (Papas e os Bispos em união com o Papa, nomeadamente em concílios ecuménicos), a Tradição oral é enriquecida pela vida [[Liturgia|litúrgica]] da Igreja e pelos ensinamentos e espiritualidade dos [[Padres da Igreja|Padres]] e [[Doutores da Igreja]], dos [[Santo]]s e de todos os católicos, desde que não haja contradição entre estes ensinamentos e o [[Magistério da Igreja Católica|Magistério da Igreja]].<ref name="Tradicao2"/><ref name="Tr1" />
Linha 38:
Assim, uma característica de maior importância para os católicos é a consideração do ''<font face="times new roman">“...caráter vivo da Tradição, ‘que - como é claramente ensinado pelo [[Concílio Vaticano II]] - sendo transmitida pelos [[Apóstolo]]s ... progride na Igreja sob a assistência do [[Espírito Santo]]. Com efeito, progride a percepção tanto das coisas como das palavras transmitidas, quer mercê da contemplação e estudo dos crentes, que as meditam no seu coração, quer mercê da íntima [[inteligência]] que experimentam das coisas espirituais, quer merce da pregação daqueles que, com a sucessão do [[episcopado]], receberam o carisma da verdade’”</font>''<sub>(JOÃO PAULO II, 1988)<sup><ref name=30cvii>[http://catholico.info/Ecclesia_Dei JOÃO PAULO II, Carta Apostólica '''"ECCLESIA DEI"''', 2 do mês de Julho do ano 1988]</ref></sup></sub>.
 
Mas, a consideração do carácter vivo da [[Tradição]] não quer dizer que a [[Revelação divina]] (e até os [[dogma]]s proclamados) seja, ao longo dos tempos, remodelada e corrigida, mase sim, que é na compreensão e entendimento da Igreja acerca da Revelação imutável que sofre progressão e correcções purificadoras <ref>Constituição dogmática ''[[Dei Verbum]]'', 1965 <br />'''Texto:''' "Esta Tradição, oriunda dos Apóstolos, progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo. Cresce, com efeito, a compreensão tanto das coisas como das palavras transmitidas... no decorrer dos séculos, a Igreja tende continuamente para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela as palavras de Deus". (nº 8)</ref>. Esta compreensão gradual, o que implica o [[desenvolvimento da doutrina]], é preciso prosseguir-se com muito cuidado pelo [[Magistério da Igreja Católica|Magistério da Igreja]], nomeadamente pelo [[Papa]], que possui [[infalibilidade papal|infalibilidade]] em questões de fé e moral, no sentido de manter a integridade e fidelidade da doutrina e fé católicas à Revelação. Esta tarefa exclusivamente confiada ao Magistério da Igreja é diferente da atitude ''[[Modernismo (teologia)|modernista]]'' e [[subjectivismo|subjectivista]] adoptada por alguns católicos em relação aos assuntos doutrinais. Esta atitude consiste em modificar a [[doutrina católica]] só para ela ser compatível com o modo de vida ''modernista'' dos católicos defensores desta atitude, que é expressamente condenada pela Igreja.<ref>[http://www.veritatis.com.br/article/4810/o-desenvolvimento-da-doutrina- ''O Desenvolvimento da Doutrina''], do ''Veritatis Splendor''</ref>
 
Em conclusão, o [[Catecismo da Igreja Católica]] afirma que, "''apesar de a [[Revelação divina|Revelação]] já estar completa, ainda não está plenamente explicitada. E está reservado à fé cristã apreender gradualmente todo o seu alcance, no decorrer dos séculos''".<ref name="Revdesen1">''[[Catecismo da Igreja Católica]]'' (CIC), n. 66</ref>