Hator: diferenças entre revisões

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Hator tinha uma relação complexa com [[Rá]]; em um mito ela era seu [[Olho de Rá|olho]], e considerada sua filha, porém, posteriormente, quando Rá assume o papel de Hórus em relação à monarquia, ela passou a ser considerada sua mãe - papel que teria absorvido a partir de outra deusa-vaca, 'Mht wrt' ("Grande Enchente"), que teria sido mãe de Rá num [[mito de criação]] e o carregado entre seus chifres. Como mãe, dava-o à luz toda manhã no horizonte oriental e, como esposa, o concebia através da união com ele todo dia.<ref name="oxford"/>
 
Hator, juntamente com a deusa [[Nut]], era associada com a [[Via Láctea]] durante o terceiro milênio a.C., quando, durante o [[outono]] e os [[equinócio]]s da [[primavera]], se alinhava com a [[Terra]] e a tocava no local onde o Sol nascia e se punha.<ref>''Searching for ancient Egypt: art, architecture, and artifacts from the University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology'', University of Pennsylvania. Museum of Archaeology and Anthropology, David P. Silverman, Edward Brovarski, p. 41, Cornell University Press, 1997, ISBN 0-8014-3482-3</ref> As quatro patas da vaca celestial que representavam Nut ou Hator podem, em alguns relatos, ser vistas como os pilares sobre os quais o céu repousava, com as estrelas em sua barriga formando a Via Láctea, pela qual a [[barca solar]] de Rá, representando o Sol, navegava.<ref>''The tree of life: an archaeological study'', [[E. O. James]], p. 66, BRILL, 1967, ISBN 90-04-01612-0</ref> Um nome alternativo de Hator, que perdurou por 3.000 anos, era '''Mehturt''' (também grafado '''Mehurt''', '''Mehet-Weret''' ou '''Mehet-uret'''), que significava "grande enchente", e fazia referência a esta associação com a Via Láctea, que era vista como um canal de água que cruzava os céus, por onde navegavam tanto a divindade solar quanto a [[Lua]], o que fazia com que os antigos egípcios a descrevessem como "O [[Nilo]] no Céu". Por isso, com o nome ''mehturt'', ela era identificada como sendo responsável pela inundação anual do Nilo. Outra consequência de seu nome é que ela era vista como arauto de nascimentos iminentes, representando o momento em que o [[saco amniótico]] se rompe e libera suas águas, uma indicação de que o nascimento da criança está muito próximo. Outra interpretação da Via Láctea era de que ela seria a [[serpente]] primordial, [[WadjetUto]], protetora do Egito que estava fortemente associada com Hator e outras divindades primevas entre os diferentes aspectos da grande [[deusa-mãe]], incluindo [[Mut]] e [[Naunet]]. Hator também era cultuada como protetora das regiões desérticas (ver [[Serabit el-Khadim]]).
 
A identidade de Hator como uma vaca, talvez ilustrada como tal na [[Paleta de Narmer]], significava que ela passou a ser identificada com outra deusa-vaca antiga da [[fertilidade]], [[Bat]]. Os egiptólogos, no entanto, ainda não sabem responder o porquê de Bat ter sobrevivido como uma deusa independente por tanto tempo; ela estava, de certa maneira, ligada ao [[alma egípcia|''Ba'']], um aspecto da [[alma]], e assim Hator acabou ganhando uma ligação com a [[Duat|vida após a morte]]. Dizia-se que, com seu caráter maternal, Hator recebia as almas dos mortos no ''Duat'', e lhes fornecia comida e bebida. Também era descrita às vezes como ''senhora da [[necrópole]]''. A assimilação de Bat, que estava associada ao [[sistro]], um instrumento musical, também lhe trouxe uma associação com a música. Nesta forma posterior, o culto a Hator passou a ser centrado em [[Dendera]], no [[Alto Egito]], onde era conduzido por sacerdotisas e sacerdotes que também eram dançarinos, cantores e artistas.