Maria Leopoldina da Áustria: diferenças entre revisões

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=== Comoção popular ===
A ligação escandalosa do marido com [[Domitila de Castro Canto e Melo|Domitila]] (ou Titília, como ele a chamava na intimidade), o reconhecimento público da filha bastarda de D. Pedro com a amante, a nomeação de Domitila como dama dode companhia da imperatriz, e a viagem do casal imperial juntamente à Domitila para a Bahia no início de 1826 foram acontecimentos que deixaram a imperatriz totalmente humilhada, abalando-a moral e psicologicamente no futuro. A filha que teve com Domitila – na mesma época em que a imperatriz dava a luz outra criança – recebeu do pai o nome de [[Isabel Maria de Alcântara Brasileira|Isabel Maria de Alcântara]] e o título de Duquesa de Goiás. Em carta à irmã [[Maria Luísa de Áustria|Maria Luísa]] que morava na Europa, Maria Leopoldina desabafa: “O monstro sedutor é a causa de todas as desgraças”. Solitária, isolada, devotada apenas a parir um herdeiro para o trono – o futuro Dom Pedro II nasceria em 1825 e Leopoldina tornava-se cada vez mais depressiva. Desde o início de novembro de 1826 a imperatriz não se encontrava bem de saúde. Cólicas, vômitos, sangramentos e delírios foram frequentes nas últimas semanas de vida da imperatriz, cuja saúde definhou rapidamente.
 
A imperatriz Leopoldina era querida por todo o povo brasileiro, e sua popularidade era maior e mais expressiva do que a de Pedro, diga-se de passagem. O Rio de Janeiro começou a acompanhar a gravidade da doença de d. Leopoldina. O embaixador da Prússia, Theremim, oficiava a respeito das demonstrações públicas a Berlim:<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|página= 317|acessodata=}}</ref><blockquote>''“A consternação no meio do povo era indescritível; nunca [...] foi visto igual sentimento uníssono. O povo se encontrava literalmente nos joelhos rogando ao Todo Poderoso pela conservação da imperatriz, as igrejas não se esvaziavam e nas capelas domésticas todos se encontravam de joelhos, os homens formavam procissões, não de habituais que quase costuma provocar risos, mas sim de verdadeira devoção. Em uma palavra, tal inesperada afeição, manifestada sem dissimulação, deve ter sido para a alta enferma uma verdadeira satisfação”.''</blockquote>No dia 7 de dezembro, o Diário Fluminense noticiava que o povo do Rio de Janeiro continuava, em sua ansiedade, a procurar a todos os momentos saber do “estado aflitivo” de d. Leopoldina:<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|página= 317|acessodata=}}</ref><blockquote>''“Já pelos boletins, já pessoalmente dirigindo-se à Imperial Quinta, onde se mistura grandes e pequenos, nacionais, e estrangeiros, ricos e pobres, com as lágrimas nos olhos, o rosto abatido e o coração repassado de amargura e inquietação, fazem tremendo esta pergunta – Como está a Imperatriz?”.''</blockquote>Na tarde do dia 6, conforme noticiava o mesmo jornal, e confirmaria futuramente o sermão de frei Sampaio. Diversas procissões acompanhando “as Sagradas Imagens das respectivas igrejas” tinham como destino a Capela Imperial. Segundo frei Sampaio:<ref>{{citar livro|título=D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil|ultimo=Rezzutti|primeiro=Paulo|editora=Leya|ano=2017|local=Brasil|páginas=317-318|acessodata=}}</ref><blockquote>''“Nunca se observou na estrada de São Cristóvão maior concurso de povo; atropelavam-se as carruagens; todos corriam em lágrimas, entretanto que no centro da cidade giravam as procissões de preces, com suas imagens, e com acompanhamento de todo o clero, assim regular ou secular. O povo não pode ver sem público sinais de piedade a imagem de Nossa Senhora da Glória, que nunca saiu de seu templo, e que pela primeira vez, debaixo de muita chuva, ia como visitar a princesa, que aparecia todos os sábados aos pés dos seus altares [...] Não houve, em uma palavra, irmandade alguma, que não levasse à Capela Imperial os Santos da maior devoção”.''</blockquote>