Ciclone tropical: diferenças entre revisões

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|6 a 8 graus (666 a 888 km)||Grande
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|Mais de 8 graus de latitude (> 888&nbsp;km)||Muito grande<ref name="JTWCsize">Joint Typhoon Warning Center. [https://metocph.nmci.navy.mil/jtwc/menu/JTFAQ.html#tcsize Q: What is the average size of a tropical cyclone?] {{Wayback|url=https://metocph.nmci.navy.mil/jtwc/menu/JTFAQ.html#tcsize |date=20080211141956 }} Acessado em [[4 de Julho]] de [[2007]].</ref>
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Todos os ciclones tropicais são naturalmente áreas de [[convecção atmosférica]], onde o ar quente e úmido sobe para altas camadas da atmosfera, e o ar frio e seco desce novamente para superfície.<ref name="convecc"/> Esse processo causa a diminuição da [[pressão atmosférica]] na superfície. Por isso, ciclones tropicais são considerados [[ciclone|áreas de baixa pressão atmosférica]].<ref name="prss"/> As medições da pressão atmosférica nos centros dos ciclones tropicais estão entre as menores já registradas mundialmente ao [[nível médio do mar|nível do mar]].<ref name="ABC pressures">{{citar web | lingua = en | autor = Symonds, Steve | titulo = Highs and Lows | obra = Wild Weather | data = 17 de Novembro de 2003 | acessodata = 2007-03-23 | url = http://www.abc.net.au/northcoast/stories/s989385.htm | arquivourl = https://web.archive.org/web/20071011194541/http://www.abc.net.au/northcoast/stories/s989385.htm | arquivodata = 2007-10-11 | urlmorta = yes }}</ref> Esses sistemas tropicais são um dos fenômenos meteorológicos mais intensos da [[atmosfera terrestre]] e são movidos pela liberação de grandes quantidades de [[entalpia de vaporização|calor de condensação]], quando o ar úmido é levado para camadas mais altas na atmosfera e sua [[humidade|umidade]] associada se condensa. A [[energia térmica]] disponível através desse processo intensifica a convecção atmosférica.<ref name="retro"/> O ciclone tropical funciona como um grande "aspirador", sugando o ar da superfície e expulsando-o em altas altitudes. A diferença de pressão atmosférica entre o centro do ciclone e suas vizinhanças geram a [[força de gradiente de pressão]], que acelera o ar para o centro do sistema tropical,<ref name="fgp"/> mas a [[força de Coriolis]] põe esta massa de ar em movimento em rotação, no sentido horário no hemisfério sul e anti-horário no hemisfério norte.<ref name="BritTCtrackcoriolis"/>
 
[[Imagem:Typhoonsizes.jpg|esquerda|thumb|270px|Os tamanhos relativos do [[tufão Tip]], do [[ciclone Tracy]] e dos Estados Unidos Continentais.]]
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=== Tamanho ===
Todo ciclone tropical é composto por uma circulação ciclônica fechada de ventos. A medida de tamanho de um ciclone tropical é determinada pela medição da distância de seu centro de circulação de ventos até a região onde a circulação ciclônica de ventos ainda é fechada, verificada tecnicamente através de sua [[curva de nível|isóbara]] fechada mais externa. Se a medida do raio estiver menor do que dois graus de [[latitude]] (222&nbsp;[[quilômetro|km]]), então o ciclone é 'muito pequeno' ou 'anão'. Se a medida do raio estiver entre 2 a 3 graus (222 a 333&nbsp;km), então o ciclone é considerado 'pequeno'. Se a medida do raio estiver entre 3 a 6 graus (333 a 666&nbsp;km), então o ciclone será considerado um ciclone de 'tamanho normal'. Ciclones tropicais são considerados 'grandes' quando seu raio medir entre 6 a 8 graus (666&nbsp;km a 888&nbsp;km). Ciclones tropicais são considerados ‘muito grandes’ quando o seu raio ultrapassa 8 graus (mais de 888&nbsp;km).<ref name="JTWCsize"/> Existem ainda outros métodos de determinar o tamanho de um ciclone tropical, como por exemplo a medida do [[raio de vento máximo|raio de ventos máximos]].<ref>[[Bureau of Meteorology]]. [http://www.bom.gov.au/bmrc/pubs/tcguide/ch2/ch2_4.htm Australian Government Bureau of Meteorology] {{Wayback|url=http://www.bom.gov.au/bmrc/pubs/tcguide/ch2/ch2_4.htm |date=20080506115407 }} ([[língua inglesa|inglês]]) Acessado em [[24 de Fevereiro]] de [[2008]].</ref><ref name="Liu / Chan AMS">{{citar periódico|autor=K. S. Liu and Johnny C. L. Chan | url =http://ams.allenpress.com/perlserv/?SESSID=28a79df53585df59461ab347756adff8&request=get-document&doi=10.1175%2F1520-0493(1999)127%3C2992%3ASOTCAI%3E2.0.CO%3B2 |titulo = Size of Tropical Cyclones as Inferred from ''ERS-1'' and ''ERS-2'' Data |acessodata = 2008-02-24 | data = Dezembro 1999|número = 12 | volume = 127 |jornal = [[Monthly Weather Review]]}}</ref>
 
== Dinâmica: convecção atmosférica, força de gradiente de pressão e força de Coriolis ==
{{Artigo principal|Convecção atmosférica|Força de gradiente de pressão|Força de Coriolis}}
[[Imagem:Hurricane structure graphic pt.jpg|thumb|250px|Estrutura de um ciclone tropical. A massa de ar quente e úmido na superfície segue ciclonicamente para o centro do sistema, onde ascende, formando o olho e a parede do olho. Em altas altitudes, o ar já seco e frio, segue para fora do sistema em sentido anticiclônico]]
Os ciclones tropicais formam-se a partir da organização de regiões de [[convecção atmosférica]] sobre as águas quentes dos oceanos tropicais.<ref name="aomlfaq">{{Citar web|lingua=inglês|url=http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/A15.html|titulo=How do tropical cyclones form?|publicado=Atlantic Oceanographic and Meteorological Laboratory|obra=Hurricane Research Division|data=|acessodata=26/7/11|autor=Landsea, Christopher}}</ref> A convecção atmosférica, como em qualquer fluido, é uma forma de distribuição de [[calor]].<ref name="convecc">{{Citar web|url=http://penta3.ufrgs.br/CESTA/fisica/calor/conveccao.html|titulo=Convecção|publicado=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|data=|acessodata=26/7/11}}</ref> Sobre águas quentes, o ar é aquecido e torna-se menos denso, tendendo a subir para camadas atmosféricas mais altas, assim como um [[balão|balão de ar]] quente. Esse ar também está carregado de [[humidade|umidade]] e quando essa massa de ar se eleva para camadas atmosféricas mais altas, onde a [[temperatura]] é menor, a umidade associada se condensa.<ref name="conveccatm">{{Citar web|lingua=inglês|url=http://ww2010.atmos.uiuc.edu/%28Gh%29/guides/mtr/hyd/cond/conv.rxml|titulo=Convection: atmospheric motions in the vertical direction |publicado=University of Illinois at Urbana-Champaign|obra=Department of Atmospheric Sciences (DAS)|data=|acessodata=26/7/11}}</ref> A condensação do [[vapor de água]] libera [[calor latente]] e contribui para o aquecimento da massa de ar em elevação, intensificando ainda mais o processo de convecção e funcionando como uma [[retroalimentação|retroalimentação positiva]] para o fenômeno. Em outras palavras, a presença de ar úmido funciona como um "combustível" para a manutenção da região de convecção.<ref name="retro">{{citar web|lingua=inglês|autor=Kerry Emanuel|autorlink=Kerry Emanuel|url=http://wind.mit.edu/~emanuel/anthro2.htm|publicado=Massachusetts Institute of Technology |titulo=Anthropogenic Effects on Tropical Cyclone Activity|acessodata=25-02-2008}}</ref> Como o ar sobe para camadas mais altas da atmosfera em regiões de convecção, a [[pressão atmosférica]] tende a diminuir na superfície. Portanto, na região de convecção, a pressão atmosférica é menor do que nas vizinhanças.<ref name="prss">{{Citar web|lingua=inglês|url=http://myweb.cwpost.liu.edu/vdivener/notes/atmospheric_convection.htm|titulo=Atmospheric convection and Climate in a Nutshell|data=|acessodata=26/7/11|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100627224539/http://myweb.cwpost.liu.edu/vdivener//notes/atmospheric_convection.htm|arquivodata=2010-06-27|urlmorta=yes}}</ref> A diferença de pressão atmosférica entre a região de convecção e as vizinhanças causa o surgimento da [[força de gradiente de pressão]], principal fator da origem dos [[vento]]s. A força de gradiente de pressão surge como consequência da tentativa de equilíbrio da pressão atmosférica em diferentes regiões: o vento flui de regiões onde a pressão atmosférica é maior para regiões onde a pressão é menor.<ref name="fgp">{{Citar web|url=http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap7/cap7-2.html|titulo=Força de gradiente de pressão|publicado=Universidade Federal do Paraná|obra=Departamento de Física|data=|acessodata=26/7/11|autor=Grimm, Alice Marlene}}</ref> Entretanto, essa [[advecção]] (movimento horizontal) dos ventos causa o efeito oposto: são transportados para a região de convecção atmosférica mais ar úmido, que alimenta essa região com mais calor, intensificando-a desta maneira. Quanto mais ar úmido ingressar na região de convecção, mais intensa ela será.<ref>{{Citar web|lingua=inglês|url=http://www.po.gso.uri.edu/Numerical/tropcyc/motivation.html|titulo=Motivation|publicado=Graduate School of Oceanography|data=|acessodata=26/7/11}}</ref> Nas camadas mais altas da troposfera, o ar que previamente era quente e úmido esfria e seca e é expulso da região de convecção. Como o ar frio é mais denso, retorna para as camadas mais baixas da atmosfera, podendo novamente se aquecer e umedecer e fazer parte novamente do processo de convecção.<ref name="eeduc"/>
 
[[Imagem:Hurricane-profile-pt.svg|thumb|esquerda|Corte transversal de um ciclone tropical. As setas indicam a direção do vento]]
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A força de Coriolis tem menor pronunciação nas [[zona tropical|regiões trópicas]], onde a probabilidade para a formação de ciclones tropicais é maior. A superfície nessas regiões é praticamente paralela ao eixo da Terra, inibindo os efeitos da força de Coriolis (a superfície é exatamente paralela ao eixo da Terra na [[Linha do Equador]] e a força de Coriolis é nula sobre essa linha).<ref name="coriolisgrimm"/> A força de Coriolis age como um [[torque]] que põe em rotação o vento que se encaminha para o centro da região de convecção. Assim, toda a massa de ar que segue para o seu centro é posta em rotação pela força de Coriolis. Forma-se assim uma região ciclônica de ventos em torno do centro da região de convecção. Porém, uma circulação ciclônica de origem tropical forma-se apenas quando há ar úmido suficiente, ou seja, nas regiões tropicais. Contraditoriamente, são nas regiões trópicas onde a força de Coriolis é menos pronunciada. É por esse motivo que ciclones tropicais não se formam costumeiramente em latitudes menores que 5°, mas também não se formam com regularidade em latitudes maiores que 30°, onde não há ar úmido suficiente para a sua formação e sustentação.<ref name="BritTCtrackcoriolis"/><ref name="BOMmap">{{citar web |lingua = en| obra = [[Bureau of Meteorology]] | url = http://www.bom.gov.au/bmrc/pubs/tcguide/ch1/figures_ch1/figure1.9.htm | titulo = Worldwide Tropical Cyclone Tracks 1979-88 | autor = Neumann, Charles J. | acessodata = 12-12-2006}}</ref> A força de Coriolis é responsável apenas pelo desvio da trajetória inicial dos ventos na direção radial, para sentido anti-horário no [[hemisfério norte]] e para o sentido horário no [[hemisfério sul]], mas não é responsável pela intensificação de um ciclone tropical.<ref name="BritTCtrackcoriolis"/> A intensificação é causada pelo desenvolvimento do processo cíclico da convecção atmosférica, que depende muito da quantidade de ar úmido disponível.<ref name="retro"/> Quando a região de convecção atmosférica está dotada de uma circulação ciclônica de ventos, com [[vento máximo sustentado|ventos máximos sustentados]] superior a 12,5&nbsp;m/s, tal região é designada como uma depressão tropical e já pode ser considerada como um ciclone tropical típico.<ref name="AOML FAQ B2">{{citar web | autor = [[Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico]], Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: What are the upcoming tropical cyclone names? | obra = [[NOAA]] | acessodata = 2006-12-11 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/B2.html | lingua =inglês}}</ref>
 
A principal característica de um ciclone tropical desenvolvido é a sua coluna de ar ascendente em seu centro, que faz parte do processo de convecção atmosférica. Esta coluna será mais bem estruturada e desenvolvida quanto mais intensa for a convecção atmosférica. Nesta coluna de ar ascendente, o ar quente e úmido sobe em rotação.<ref>{{Citar web|lingua=inglês|url=http://www.lakeeriewx.com/Meteo241/ResearchTopicFour/HurricaneStructure.html|titulo=Hurricane Structure|data=|acessodata=26/7/11|autor= Thornton, Mark A.|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120121123148/http://www.lakeeriewx.com/Meteo241/ResearchTopicFour/HurricaneStructure.html|arquivodata=2012-01-21|urlmorta=yes}}</ref> Quanto mais desenvolvida for esta coluna de ar ascendente, mais ar úmido e quente subirá em rotação, que terá também uma maior [[velocidade angular]].<ref name="eeduc"/> Na superfície, os menores valores de pressão atmosférica são registrados nessa coluna:<ref>{{Citar web|lingua=inglês|url=http://mset.rst2.edu/portfolios/k/khanna_n/meteorology/hurricanes.htm|titulo=Hurricanes|data=|acessodata=26/7/11|autor= Khanna, Niru|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110715185952/http://mset.rst2.edu/portfolios/k/khanna_n/meteorology/hurricanes.htm|arquivodata=2011-07-15|urlmorta=yes}}</ref> quanto mais brusca for a variação da pressão atmosférica do centro em comparação com as vizinhanças, maior será a força de gradiente de pressão e maior será o fluxo de ar que fará parte da circulação ciclônica de ventos.<ref name="fgp"/> Se a massa de ar ingressante tiver umidade em abundância, mais intenso o processo de convecção será.<ref name="retro"/>
 
== Mecânica ciclônica ==
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[[Imagem:Hurricane Isabel eye from ISS (edit 1).jpg|thumb|230px|esquerda|Olho do [[furacão Isabel]], em 2003. O olho do furacão Isabel é dezenas de vezes maior do que o olho do furacão Wilma]]
As condições mais severas de um ciclone tropical são observados em torno do olho, em bandas de tempestade que imediatamente o rodeiam e por isso são conhecidas como a "parede do olho". Basicamente, a parede do olho é uma circunferência de tempestades violentas e é nesta região de um ciclone tropical que são encontrados os ventos mais fortes, onde as tempestades alcançam o pico de intensidade e também onde a [[precipitação (meteorologia)|precipitação]] é a maior. Os maiores danos de um ciclone tropical são causados quando a parede do olho atinge a costa litorânea.<ref name="JetStream structure"/> Em sistemas particularmente intensos, a parede do olho pode exibir uma curvatura vertical característica, que lembra um estádio circular em imagens de satélite de boa resolução. Os meteorologistas referem-se a este fenômeno como ''[[olho (ciclone)#Efeito estádio|efeito estádio]].''<ref name="MWR 1996 AHS summary">{{citar web | lingua = en | autor = Pasch, Richard J. and Lixion Avila | titulo = Atlantic Hurricane Season of 1996 | obra = Monthly Weather Review | url = http://ams.allenpress.com/archive/1520-0493/127/5/pdf/i1520-0493-127-5-581.pdf | data = Maio de 1999 | acessodata = 14-12-2006 }}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref> A coluna de ar que ascende logo acima da superfície gira a uma grande [[velocidade angular]]. Basicamente, quem mantém o ar em rotação é a grande [[força de gradiente de pressão]] no interior de ciclones tropicais, que age como uma [[força centrípeta]]: a [[força de Coriolis]] apenas causa o impulso inicial para o sistema girar. Entretanto, a velocidade angular do ciclone diminui com altura, mas nenhum [[torque]] é exercido sobre a massa de ar em rotação em maiores altitudes, pois está livres dos torques de atrito na superfície. Portanto, o [[momento angular]] se conserva e consequentemente o [[Raio (geometria)|raio]] do olho deve ser maior conforme a altitude.<ref name="eeduc">{{Citar web|url=https://www.e-education.psu.edu/meteo241/node/2291|titulo=Dynamics of Tropical Cyclones|obra=Pennsilvanya State University|data=|arquivourl=httphttps://www.webcitation.org/60QjP7xeJ|arquivodata?url=24https:/7/11www.e-education.psu.edu/meteo241/node/2291|arquivodata=2011-07-25|acessodata=24/7/11|urlmorta=yes}}</ref> O olho de um ciclone tropical pode sobreviver durante todo o tempo em que o sistema está intenso. Porém, alguns ciclones tropicais podem sofrer [[olho (ciclone)#Ciclos de reposição da parede do olho|ciclos de substituição da parede do olho]]. Quando atingem seu pico de intensidade, normalmente apresentam uma parede do olho muito bem desenvolvida. Nestes ciclones, o olho é menor em diâmetro e consequentemente a parede do olho também terá um diâmetro menor. Como o [[raio de vento máximo|raio de ventos máximos]] está concentrado na parede do olho, pode ter um diâmetro que varia de 10 a 25 quilômetros em sistemas particularmente intensos. Entretanto, bandas de tempestade mais externas podem se organizar para formar outro anel de tempestades e trovoadas, uma nova parede do olho. Esta nova parede do olho começa a usar a energia disponível inicialmente para a primeira parede do olho: em um determinado instante, toda a energia disponível para o ciclone está sendo dividida para as duas paredes do olho, e em casos mais raros, para três paredes. Portanto, as paredes do olho não podem usufruir da energia total disponível individualmente e a intensidade do ciclone tropical diminui. Normalmente, a parede do olho que circunda imediatamente o olho esmaece e desaparece e a segunda parede do olho passa a usufruir de toda a energia total disponível. Assim, o ciclone pode voltar a ter a sua intensidade inicial ou em alguns casos, o ciclone poderá estar mais intenso após a substituição da parede do olho terminar, pois a energia disponível pode ser maior do que antes do ciclo de substituição.<ref name="eye"/><ref name = "AOML FAQ D8">{{citar web |lingua=en| autor = Atlantic Oceanographic and Atmospheric Laboratory, Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: What are "concentric eyewall cycles" (or "eyewall replacement cycles") and why do they cause a hurricane's maximum winds to weaken? | obra = [[NOAA]] | acessodata = 14-12-2006 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/D8.html}}</ref>
 
=== Bandas de tempestade ===
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O movimento circular retrógrado do anticiclone acima do sistema tropical que gira ciclonicamente também pode ser analisado através de seu [[momento angular]]. O ar úmido e quente de superfície que ingressa a circulação ciclônica de ventos adquire um momento angular que basicamente é mantido durante todo o seu trajeto em direção ao centro do sistema. Esse é o principal motivo dos grandes valores de velocidade angular dos ventos em torno do olho em sistemas desenvolvidos, pois, para que o momento angular seja conservado enquanto o raio diminui, a velocidade angular deverá aumentar. Porém, a massa de ar em rotação de fato perde momento angular para [[torque]]s de atrito com a superfície oceânica. Assim que essa massa de ar começa a ascender para regiões mais altas da troposfera, os torques de atrito perdem importância e a partir de então, o momento angular verdadeiramente é conservado. Quando essa massa de ar perde calor e umidade em altas altitudes, tende-se a afastar do centro do sistema, aumentando assim seu raio. Em um determinado instante, o raio é muito grande para que a velocidade angular seja positiva (em relação à circulação de ventos de superfície). Como esse raio crítico é ainda menor do que o raio original da massa de ar que ingressou à circulação de ventos de superfície, para que alcance o seu raio original, a massa de ar deve adquirir velocidade angular retrógrada, criando assim uma circulação anticiclônica de ventos na alta troposfera.<ref name="eeduc"/>
 
Embora os ventos no anticiclone de alta troposfera sejam significativamente mais fracos do que na superfície (podem não passar de 5&nbsp;m/s), em ciclones em desenvolvimento pode haver regiões com ventos de até 50&nbsp;m/s. Pesquisas ao longo das últimas décadas reveleram que essas regiões, conhecidas como jatos de fluxo de saída de ar, são essenciais para o desenvolvimento de ciclones tropicais, pois aceleram e facilitam o ciclo de ascendência e descendância do ar em regiões de convecção.<ref>{{Citar web|lingua=inglês|url=http://atmosdyn.yonsei.ac.kr/nrl/papers/100723/ksy100723_1.pdf|titulo=External Influences on Hurricane Intensity: Part I: Outflow Layer Eddy Angular Momentum Fluxes|publicado=Sociedade Meteorológica Americana|data=15 de abril de 1989|acessodata=27 de julho de 2011|autor=Molinari, John; Vollaro, David}}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref> Em geral, tais jatos são facilitados pela presença de outros fenômenos meteorológicos aos arredores do ciclone tropical. Quando ciclone está entre um [[cavado]], uma área alongada de baixa pressão atmosférica, e outro [[anticiclone]], ou quando está entre dois anticiclones com sentidos de rotação inversos (por estarem em hemisférios diferentes) ou ainda quando há a presença de um [[cavado tropical de alta troposfera]] (conhecidos pela sigla inglesa TUTT), em geral facilitam o escoamento do ar de seu anticiclone de alta troposfera, aumentando significativamente a [[zona de divergência|divergência atmosférica]] e proporcionando a formação de jatos de fluxo de saída de ar, claramente visíveis em [[imagem de satélite|imagens de satélites]] como uma banda de nuvens assimétrica em relação ao ciclone.<ref name="eeduc"/> Os fluxos de ar na alta troposfera frequentemente estão associados a nuvens tipo [[cirrus]], originadas da umidade restante do ar que ascendeu.<ref name = "NOAA preparedness"/> Estas nuvens cirrus podem ser os primeiros sinais da aproximação de um ciclone tropical em regiões costeiras, porque podem se afastar a vários quiômetros do centro do ciclone.<ref name = "AOML FAQ H5">{{citar web |lingua=en| autor = Atlantic Oceanographic and Meteorological Laboratory, Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: What's it like to go through a hurricane on the ground? What are the early warning signs of an approaching tropical cyclone?|obra = [[NOAA]] | acessodata = 26-07-2006 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/H5.html}}</ref>
 
== Movimento e trajetória ==
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{{Artigo principal|Alísio{{!}}Alíseos}}
[[Imagem:Tropical waves es.jpg|thumb|250px|Anticiclone dos Açores, um gigantesco [[anticiclone]] formado pelo ar que regressa à superfície entre as [[célula de Ferrel|células de Ferrel]] e de [[célula de Hadley|Hadley]], parte da grande [[circulação atmosférica]] terrestre. Um anticiclone no hemisfério norte gira no sentido horário. Na borda sul do anticiclone dos Açores o vento move-se de leste para oeste, formando os alíseos. Embebidos nos alíseos encontram-se as [[onda tropical|ondas tropicais]]]]
Os ciclones tropicais, localizados geralmente entre a [[linha do Equador]] e o paralelo 30° norte ou sul, são levados primariamente para oeste ou noroeste (hemisfério norte) ou sudoeste (hemisfério sul) por ventos [[alísio|alíseo]]s. Tais ventos alíseos fazem parte da circulação de ventos de gigantescas [[alta subtropical|altas subtropicais]], persistentes e gigantescos anticiclones sobre oceanos ou continentes que praticamente não se locomovem.<ref name = "AOML FAQ G6"/> Em determinadas regiões do planeta, ciclones tropicais formam-se a partir de [[onda tropical|ondas tropicais]], [[cavado]]s de baixa pressão onde há intensa atividade convectiva.<ref name="MWR Avila 1995"/> No Atlântico norte tropical e no Pacífico nordeste, os [[alísio|ventos alíseos]] levam as ondas tropicais para oeste ou noroeste, da costa da [[África]] até o [[Mar do Caribe]], passam pela [[América Central]] e o [[México]] e por último alcançam o Pacífico centro-norte antes de perderem sua umidade.<ref name=autogenerated3>{{citar web |lingua = en| autor = [[Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico]], Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: What is an easterly wave? | obra = [[NOAA]] | acessodata = 25-07-2006 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/A4.html}}</ref> Nos Oceanos Índico e Pacífico (tanto ao norte como ao sul destes oceanos), a [[ciclogênese tropical]], processo pelo qual um ciclone tropical forma-se e desenvolve-se, é fortemente influenciada pelo movimento sazonal da [[zona de convergência intertropical]], um cinturão de baixa pressão atmosférica que rodeia todo o planeta aos arredores da linha do Equador, e por [[cavado de monção|cavados de monção]], regiões onde há intensa atividade de [[monção]]. Tais fenômenos meteorológicos nessas regiões também são geralmente embebidos pelos alíseos e desempenham um papel mais importante do que as ondas tropicais.<ref name=autogenerated4>{{citar web | lingua = en | autor = DeCaria, Alex | obra = Millersville University of Pennsylvania | url = http://snowball.millersville.edu/~adecaria/ESCI344/esci344_lesson05_TC_climatology.html | titulo = Lesson 7 – Tropical Cyclones: Climatology (ESCI 344 – Tropical Meteorology) | ano = 2005 | acessodata = 26-11-2006 | arquivourl = https://web.archive.org/web/20080507051727/http://snowball.millersville.edu/~adecaria/ESCI344/esci344_lesson05_TC_climatology.html | arquivodata = 2008-05-07 | urlmorta = yes }}</ref>
 
=== Ventos de médias latitudes ===
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== Dissipação ==
[[Imagem:TropicalStormFranklin05.jpg|thumb|direita|180px|A [[tempestade tropical Franklin (2005)|tempestade tropical Franklin]] em [[temporada de furacões no Atlântico de 2005|2005]], um exemplo de ciclone tropical sendo afetado por intenso [[cisalhamento do vento]]. Sua circulação ciclônica de ventos está exposta, livre de bandas de tempestade, que foram "cisalhadas" para fora do sistema]]
Um ciclone tropical pode enfraquecer-se por diferentes maneiras. Quando o ciclone tropical cruza a linha da costa e move-se sobre terra, não há mais ar úmido suficiente para mantê-lo.<ref>{{citar web|língua=en|autor=Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico|autorlink=Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico|url=http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/C2.html|titulo= Subject : C2) Doesn't the friction over land kill tropical cyclones?|acessodata=25-02-2008}}</ref> A maioria das tempestades fortes perdem sua força rapidamente após a ocorrência do ''landfall'' e tornam-se áreas de baixa pressão desorganizadas em um dia ou dois, ou tornam-se [[ciclone extratropical|ciclones extratropicais]] se as condições meteorológicas forem favoráveis. Entretanto, se o ciclone voltar a seguir sobre o mar quente, terá novamente ar úmido suficiente para voltar a se organizar e se intensificar. Por outro, sua permanência sobre áreas montanhosas, mesmo por pouco tempo, irá danificá-lo e o ciclone pode se enfraquecer rapidamente.<ref>{{citar web|lingua=en|autor=Bureau of Meteorology|autorlink=Bureau of Meteorology|url=http://www.bom.gov.au/weather/wa/cyclone/about/inland_pilbara/index.shtml|titulo= Tropical Cyclones Affecting Inland Pilbara towns|acessodata=25-02-2008|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080216033026/http://www.bom.gov.au/weather/wa/cyclone/about/inland_pilbara/index.shtml|arquivodata=2008-02-16|urlmorta=yes}}</ref> Muitas fatalidades causadas por ciclones tropicais ocorrem em relevos montanhosos, quando a tempestade em dissipação e agonizante despeja toda a sua umidade associada na forma de chuvas torrenciais,<ref>{{citar web|lingua=en|autor=Yuh-Lang Lin, S. Chiao, J. A. Thurman, D. B. Ensley, and J. J. Charney|url=http://ams.confex.com/ams/10Mountain/techprogram/paper_40695.htm|titulo= Some Common Ingredients for heavy Orographic Rainfall and their Potential Application for Prediction|acessodata=26-02-2008}}</ref> causando [[enchente]]s e [[deslizamento de terra|deslizamentos de terras]] que podem causar verdadeiras catástrofes naturais, assim como aconteceu durante a passagem do [[furacão Mitch]] sobre a [[América Central]] em [[temporada de furacões no Atlântico de 1998|1998]], causando mais de 11 000 fatalidades.<ref name="nhc">{{citar web|autor=Centro Nacional de Furacões|autorlink=Centro Nacional de Furacões|ano=1998|titulo=Hurricane Mitch Tropical Cyclone report|acessodata=20-04-2006|url=http://www.nhc.noaa.gov/1998mitch.html}}</ref> Além disso, se o ciclone tropical permanecer sobre uma mesma região oceânica por muito tempo, irá consumir todo o ar úmido disponível. A [[temperatura da superfície do mar]] irá diminuir, pois a forte agitação marítima causada pelos ventos fortes causarão o resfriamento da água através do [[afloramento (oceanografia)|afloramento]], quando as águas mais profundas dos oceanos emergem à superfície pela agitação do mar.<ref name="Edwards genesis">{{citar web | lingua = en | autor = Edwards, Jonathan | url = http://www.hurricanezone.net/articles/tropical-cyclone-formation.html | titulo = Tropical Cyclone Formation | acessodata = 30-11-2006 | obra = HurricaneZone.net | arquivourl = https://web.archive.org/web/20070221063429/http://www.hurricanezone.net/articles/tropical-cyclone-formation.html | arquivodata = 2007-02-21 | urlmorta = yes }}</ref> Com a diminuição da temperatura da superfície do mar, a evaporação marítima irá diminuir, restringindo a quantidade disponível de umidade para o ciclone, enfraquecendo-o desta forma.<ref name="Shays et al 1989">{{citar periódico | url = http://ams.allenpress.com/archive/1520-0485/19/5/pdf/i1520-0485-19-5-649.pdf |autor = Shay, Lynn K., Russell L. Elsberry and Peter G. Black |titulo = Vertical Structure of the Ocean Current Response to a Hurricane | data = maio 1989|acessodata = 2006-12-12 |jornal = Journal of Physical Oceanography | volume = 19 |número = 5 |língua= inglês}}</ref><ref>{{citar web|lingua=en|autor=Joint Typhoon Warning Center|autorlink=Joint Typhoon Warning Center|url=http://www.nrlmry.navy.mil/~chu/chap2/se113.htm|titulo= 1.13 Local Effects on the Observed Large-scale Circulations|acessodata=25-02-2008}}</ref><ref name="NASA Cooling">{{citar web | lingua = en | autor = Eric A. D'Asaro e Peter G. Black. | url = http://opd.apl.washington.edu/~dasaro/DENNIS/HurrConf.pdf | titulo = J8.4 Turbulence in the Ocean Boundary Layer Below Hurricane Dennis | ano = 2006 | acessodata = 22-02-2008 | obra = Universidade de Washington | arquivourl = https://web.archive.org/web/20080226215213/http://opd.apl.washington.edu/~dasaro/DENNIS/HurrConf.pdf | arquivodata = 2008-02-26 | urlmorta = yes }}</ref>
 
[[Imagem:GulfMexTemps 2005Hurricanes-pt.png|thumb|esquerda|220px|Gráfico mostrando a queda da [[temperatura da superfície do mar]] no [[Golfo do México]] após a passagem dos furacões [[Furacão Katrina|Katrina]] e [[Furacão Rita|Rita]] em 2005]]
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|}
 
Por meio da [[Organização Meteorológica Mundial]] (OMM), existem seis [[Centro Meteorológico Regional Especializado|Centros Meteorológicos Regionais Especializados]] (CMREs) espalhados pelo mundo. Estas organizações são designadas pela OMM e são responsáveis por monitorar ciclones tropicais e emitir avisos e boletins sobre ciclones tropicais em suas áreas de responsabilidade previamente designadas. Há também outros seis [[Centro de Aviso de Ciclone Tropical|Centros de Avisos de Ciclone Tropical]] (CACTs) que também fornecem informações sobre ciclones tropicais em suas áreas de responsabilidade, em geral menores do que áreas sob a responsabilidade de CMREs.<ref name="WMO RSMC list">{{citar web | lingua = en | autor = Organização Meteorológica Mundial | autorlink = Organização Meteorológica Mundial | titulo = RSMCs | data = 25 de Abril de 2006 | acessodata = 05-11-2006 | obra = Tropical Cyclone Programme (TCP) | url = http://www.wmo.ch/web/www/TCP/rsmcs.html | arquivourl = https://web.archive.org/web/20070213001118/http://www.wmo.ch/web/www/TCP/rsmcs.html | arquivodata = 2007-02-13 | urlmorta = yes }}</ref> Entretanto, os CMREs e CACTs não são os únicos a prover informações sobre ciclones tropicais para o público em geral. O ''[[Joint Typhoon Warning Center]]'' (JTWC), parte da [[Marinha dos Estados Unidos]], também emite avisos para todas as bacias, exceto o Atlântico Norte, segundo os interesses da Marinha Americana.<ref>{{Citar web|lingua=inglês|publicado=Joint Typhoon Warning Center|url=https://metocph.nmci.navy.mil/jtwc/menu/JTWC_mission.html|titulo= Joint Typhoon Warning Center Mission Statement|data=|acessodata=10/12/06|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070726103400/https://metocph.nmci.navy.mil/jtwc/menu/JTWC_mission.html|arquivodata=2007-07-26|urlmorta=yes}}</ref> A [[Administração de Serviços Atmosféricos, Geofísicos e Astronômicos das Filipinas]] também emite avisos e dá nomes filipinos aos ciclones tropicais que se aproximam das [[Filipinas]].<ref>{{Citar web|lingua=inglês|publicado=Administração de Serviços Atmosféricos, Geofísicos e Astronômicos das Filipinas|url=http://www.pagasa.dost.gov.ph/mission.shtml|titulo= Mission/Vision|data=|acessodata=28/7/11|arquivourl=https://web.archive.org/web/20040422082657/http://www.pagasa.dost.gov.ph/mission.shtml|arquivodata=2004-04-22|urlmorta=yes}}</ref> O [[Centro Canadense de Furacões]] (CHC) emite avisos sobre furacões quando se aproximam do [[Canadá]].<ref>{{Citar web|lingua=inglês|publicado=Centro Canadense de Furacões|url=http://www.ec.gc.ca/ouragans-hurricanes/default.asp?lang=en|titulo=Canadian Hurricane Centre|data=|acessodata=28/7/11}}</ref> Em 26 de março de 2004, o [[furacão Catarina]] tornou-se o primeiro [[ciclone tropical do Atlântico Sul]] oficialmente registrado. Catarina atingiu o sul do [[Brasil]] com ventos equivalentes a um furacão de categoria 2 na [[Escala de furacões de Saffir-Simpson]]. Como o ciclone formou-se numa região sem a monitoração de qualquer centro de aviso, os meteorologistas brasileiros inicialmente trataram o sistema como um [[ciclone extratropical]], embora um ano depois tenham classificado Catarina como um ciclone tropical.<ref name="Emerson Marcelino">{{citar web | lingua = en | autor = Emerson Vieira Marcelino; Isabela Pena Viana de Oliveira Marcelino; Frederico de Moraes Rudorff | titulo = Cyclone Catarina: Damage and Vulnerability Assessment | url = http://www.dsr.inpe.br/geu/Rel_projetos/Relatorio_IAI_Emerson_Marcelino.pdf | data = 2004 | acessodata = 24-12-2006 | obra = [[Universidade Federal de Santa Catarina]] | arquivourl = https://web.archive.org/web/20160303181933/http://www.dsr.inpe.br/geu/Rel_projetos/Relatorio_IAI_Emerson_Marcelino.pdf | arquivodata = 2016-03-03 | urlmorta = yes }}</ref> Em 2010, a [[tempestade tropical Anita]] também se formou aos arredores da costa brasileira, evidenciando a necessidade de uma atenção especial para a monitoração de ciclones tropicais em uma região que previamente não se observava a formação de sistemas tropicais.
 
== Climatologia ==
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=== Locais ===
[[Imagem:Global tropical cyclone tracks-edit2.jpg|thumb|direita|372px|Mapa mundial das trajetórias de todos os ciclones tropicais entre 1985 a 2005. A maior parte da formação de ciclones tropicais ocorre na região noroeste do [[Oceano Pacífico]], mais do que qualquer outra bacia. Por outro lado, no [[Atlântico Sul]] praticamente não há atividade tropical. Outras regiões de intensa atividade tropical incluem o Pacífico nordeste, ao largo da costa do [[México]], o centro do [[Oceano Índico]] e o Atlântico norte]]
A maioria dos ciclones tropicais forma-se de uma área de [[convecção atmosférica]] com intensa atividade de tempestades e trovoadas. Essas áreas podem receber várias denominações diferentes, dependendo de sua natureza: frente intertropical (ITF),<ref>{{citar web|lingua=en|autor=Marine Knowledge Centre|url=http://www.knmi.nl/~koek/glossary.html#I|titulo= Marine Meteorological Glossary: I.|acessodata=24-02-2008}}</ref> a [[zona de convergência intertropical]] (ZCIT)<ref>{{citar web|lingua=en|autor=[[Administração de Serviços Atmosféricos, Geofísicos e Astronômicos das Filipinas]]|url=http://www.pagasa.dost.gov.ph/genmet/tropicalcyclone/formation_of_cyclone.html|titulo= Formation of Tropical Cyclones|acessodata=24-02-2008|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080506155049/http://www.pagasa.dost.gov.ph/genmet/tropicalcyclone/formation_of_cyclone.html|arquivodata=2008-05-06|urlmorta=yes}}</ref> ou [[cavado de monção]].<ref name="MILLER7">{{citar web | autor1 = DeCaria, Alex | autor2 = Millersville University of Pennsylvania | url = http://snowball.millersville.edu/~adecaria/ESCI344/esci344_lesson05_TC_climatology.html | titulo = Lesson 5 – Tropical Cyclones: Climatology. | ano = 2005 | acessodata = 22-02-2008 | arquivourl = https://web.archive.org/web/20080507051727/http://snowball.millersville.edu/~adecaria/ESCI344/esci344_lesson05_TC_climatology.html | arquivodata = 2008-05-07 | urlmorta = yes }}</ref> Outra fonte importante de instabilidade atmosférica é encontrada nas [[onda tropical|ondas tropicais]], que são a origem de cerca de 85% dos ciclones tropicais intensos no Oceano Atlântico norte<ref name="MWR Avila 1995">{{citar periódico |ultimo = Lixion Avila |coautor= Richard Pasch |data = março 1995 |titulo = Atlantic tropical systems of 1993 |jornal = Monthly Weather Review | volume = 123 |número = 3 |páginas = 887-896 | url = http://ams.allenpress.com/perlserv/?request=res-loc&uri=urn%3Aap%3Apdf%3Adoi%3A10.1175%2F1520-0493%281995%29123%3C0887%3AATSO%3E2.0.CO%3B2 |acessodata = 2006-07-25|língua= inglês }}</ref> e também originam a maioria dos ciclones tropicais na bacia do Pacífico nordeste.<ref name = "AOML FAQ A4">{{citar web |lingua=en |autor = Atlantic Oceanographic and Meteorological Laboratory, Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: What is an easterly wave? | obra = [[NOAA]] | acessodata = 25-07-2006 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/A4.html}}</ref><ref name="Landsea 1993">{{citar periódico |autor = Chris Landsea | url = http://ams.allenpress.com/perlserv/?request=res-loc&uri=urn%3Aap%3Apdf%3Adoi%3A10.1175%2F1520-0493%281993%29121%3C1703%3AACOIMA%3E2.0.CO%3B2 |titulo = A Climatology of Intense (or Major) Atlantic Hurricanes |jornal = [[Monthly Weather Review]] | volume = 121 |número = 6 |data = junho 1993 |acessodata = 2006-03-25 |páginas = 1703-1713|língua= inglês}}</ref> Em geral, ciclones tropicais deslocam-se para oeste, gradualmente afastando-se da [[linha do Equador]], seguindo os ventos que seguem as bordas das imensas [[alta subtropical|altas subtropicais]]. A maioria dos ciclones tropicais formam-se entre 10 a 30 graus de latitude (1.000 a 3.000&nbsp;km de distância da linha do Equador)<ref name="BOMmap"/> e 87% formam-se a menos de 20 graus de latitude da linha do Equador.<ref>{{citar web|lingua=en|autor=Henderson-Sellers, H. Zhang, G. Berz, K. Emanuel, [[William M. Gray]], [[Christopher Landsea]], Greg Holland, J. Lighthill, S-L. Shieh, P. Webster, and K. McGuffie|url=http://www.aoml.noaa.gov/hrd/Landsea/IPCC/index.html|titulo= Tropical Cyclones and Global Climate Change: A Post-IPCC Assessment|acessodata=25-02-2008}}</ref> Por causa da [[força de Coriolis]], que inicia a rotação de um ciclone tropical, raramente formam-se a menos de 5 graus de latitude da linha do Equador, onde a força de Coriolis é praticamente desprezível.<ref name="BOMmap"/> Entretanto, é possível a formação de ciclones tropicais nessas latitudes, embora sejam eventos raros. A [[tempestade tropical Vamei]], em [[temporada de tufões no Pacífico de 2001|2001]] e que afetou [[Singapura]], e o [[Ciclone Agni]] em [[Temporada de ciclones no Índico Norte de 2004|2004]], cujo centro aproximou-se a apenas 80&nbsp;km da linha do Equador.<ref>{{citar web | lingua=en|obra = Australian Severe Weather Index | autor = Gary Padgett | titulo = Monthly Global Tropical Cyclone Summary, December 2001 | url = http://australiasevereweather.com/cyclones/2002/summ0112.htm}}</ref><ref>{{citar web|autor=Joint Typhoon Warning Center|autorlink=Joint Typhoon Warning Center|url=https://metocph.nmci.navy.mil/jtwc/atcr/2004atcr/chapter1/chapter1_2.html |titulo=1.2 2004 North Indian Ocean Tropical Cyclones|acessodata=24-02-2008|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080107005022/http://metocph.nmci.navy.mil/jtwc/atcr/2004atcr/chapter1/chapter1_2.html|arquivodata=2008-01-07|urlmorta=yes}}</ref>
 
A maior parte dos ciclones tropicais formados no Atlântico norte estão associados às ondas tropicais, que em geral estão embarcados nos ventos alíseos. Estes ventos são predominantes entre a linha do Equador e aos arredores da latitude 20°N. O [[golfo do México]] também é o local da formação de muitos ciclones tropicais. No Pacífico nordeste, apenas as águas oceânicas ao largo da costa mexicana e da América Central são suficientemente quentes para suportar a formação e o desenvolvimento de ciclones tropicais. Entretanto, é esta a região do planeta de maior densidade de formação de sistemas tropicais, pois a região oceânica propícia para [[ciclogênese tropical]] está na rota das ondas tropicais. Boa parte dos ciclones tropicais no Pacífico noroeste formam-se a leste das [[Filipinas]], onde as águas oceânicas são propícias, e seguem para oeste e noroeste, atingindo a [[República Popular da China|China]], [[República da China|Taiwan]], o arquipélago filipino e o [[Sudeste Asiático]]. Vários ciclones tropicais também se formam sobre o [[Mar da China Meridional]]. A região central do [[Oceano Índico]] também apresenta águas quentes e condições meteorológicas favoráveis para a formação de ciclones tropicais. Estes ciclones seguem para oeste e sudoeste, atingindo finalmente a ilha de [[Madagáscar|Madagascar]]. O Índico norte e o Pacífico sul, apesar de terem condições de suportar uma ciclogênese tropical, registra com menos frequência a formação de ciclones tropicais.<ref name = "AOML FAQ F1"/>
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{{Artigo principal|[[Efeitos de ciclones tropicais]]}}
[[Imagem:Hurricane katrina damage gulfport mississippi.jpg|thumb|250px|direita|[[Gulfport (Mississippi)|Gulfport]], [[Mississippi]], após a passagem do [[furacão Katrina]]. Katrina foi o ciclone tropical que causou mais prejuízos na história dos Estados Unidos]]
Ciclones tropicais em mar aberto causam intensas ondas, chuvas e ventos, prejudicando a navegação internacional e, às vezes, provocando naufrágios.<ref name="18cva">{{citar web|autor=David Roth and Hugh Cobb|ano=2001|titulo=Eighteenth Century Virginia Hurricanes|obra=[[NOAA]]|acessodata=24-02-2007|url=http://www.hpc.ncep.noaa.gov/research/roth/va18hur.htm|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070219212534/http://www.hpc.ncep.noaa.gov/research/roth/va18hur.htm|arquivodata=2007-02-19|urlmorta=yes}}</ref> Ciclones tropicais causam a agitação do mar, deixando um rastro de água fria em sua trajetória,<ref name="NASA Cooling"/> que deixam a região menos favorável para o desenvolvimento e manutenção de ciclones tropicais posteriores. Em terra, [[vento]]s fortes podem danificar ou destruir veículos, edifícios, pontes e outros objetos, transformando detritos soltos em projéteis voadores possivelmente mortais. A [[maré de tempestade]], ou o aumento no nível do mar devido à presença do ciclone, é tipicalmente o pior efeito de ciclones tropicais que cruzam a costa, resultando historicamente em 90% das mortes provocadas por ciclones tropicais.<ref name="oxfo">{{citar web|autor=James M. Shultz, Jill Russell and Zelde Espinel|ano=2005|titulo=Epidemiology of Tropical Cyclones: The Dynamics of Disaster, Disease, and Development|obra=Oxford Journal|acessodata=24-02-2007|url=http://epirev.oxfordjournals.org/cgi/content/full/27/1/21}}</ref> A grande turbulência de um ciclone tropical e a presença de outros ventos não relacionados em sua periferia geram [[tornado]]s, que podem ser gerados também como um resultado dos [[olho (ciclone)#Mesovórtices da parede do olho|mesovórtices da parede do olho]], que persistem até o momento do ciclone cruzar a costa.<ref name = "AOML FAQ L6">{{citar web | autor = [[Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico]], Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: Are TC tornadoes weaker than midlatitude tornadoes?|obra = [[NOAA]] | acessodata = 25-07-2006 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/L6.html}}</ref>
 
Nos dois últimos séculos, os ciclones tropicais foram responsáveis por cerca de 1,9 milhão de mortes em todo o mundo. Grandes áreas de água parada causadas por enchentes causados pelos sistemas tropicais podem levar a infecções e [[zoonose]]s. A lotação em [[wikt:pt:abrigo|abrigo]]s de emergência aumentam o risco da propagação de doenças.<ref name="Shultz Epid Reviews 2005"/> Ciclones tropicais causam danos significativos a infraestruturas, levando a interrupção do fornecimento de eletricidade e água potável, destruição de pontes e corredores de acesso, que dificultam os esforços de reconstrução.<ref name="Shultz Epid Reviews 2005"/><ref name="Power failures">{{citar web|autor=Staff Writer|data=30-08-2005|titulo=Hurricane Katrina Situation Report #11|obra=Office of Electricity Delivery and Energy Reliability (OE) Departamento de Energia dos Estados Unidos|acessodata=24-02-2007|url=http://www.oe.netl.doe.gov/docs/katrina/katrina_083005_1600.pdf |arquivourl=https://web.archive.org/web/20061108202531/http://www.oe.netl.doe.gov/docs/katrina/katrina_083005_1600.pdf|arquivodata=2006-11-08|urlmorta=yes}}</ref> Embora ciclones tropicais causem muitas mortes e danos a bens pessoais, podem ser fatores importantes no regime de [[precipitação (meteorologia)|precipitação]] de localidades que afetam, pois podem trazer a chuva muito esperada para regiões secas.<ref name="2005 EPac outlook">{{citar web| lingua = en | obra = [[National Oceanic and Atmospheric Administration]] | url = http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/Epac_hurr/Epac_hurricane.html| titulo = Tropical Eastern North Pacific Hurricane Outlook|acessodata= 2 de maio de 2006}}</ref> Ciclones tropicais ajudam também no equilíbrio do calor mundial, movendo ar tropical quente e úmido para [[clima temperado|latitudes médias]] e regiões polares.<ref name="Zurich">{{citar web | lingua = en | obra = Zurich Financial Services | url = http://www.zurich.com/main/productsandsolutions/industryinsight/2005/july2005/industryinsight20050711_004.htm | titulo = Living With an Annual Disaster | data = Julho–Agosto de 2005 | acessodata = 29 de novembro de 2006 | arquivourl = https://web.archive.org/web/20060324112949/http://www.zurich.com/main/productsandsolutions/industryinsight/2005/july2005/industryinsight20050711_004.htm | arquivodata = 2006-03-24 | urlmorta = yes }}</ref> A maré de tempestade e os ventos dos furacões podem destruir construções, mas podem agitar as águas dos [[estuário]]s costeiros, que são normalmente importantes para os locais de reprodução de peixes.<ref name="Christopherson">{{citar livro |autor= Christopherson, Robert W. | data = 1992 |título= Geosystems: An Introduction to Physical Geography |páginas= 222–224 | obra = Macmillan Publishing Company | localização = [[Nova Iorque]] |isbn= 0-02-322443-6}}</ref>
 
== Observação e previsão ==
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{{Artigo principal|[[Observação de ciclones tropicais]]}}
[[Imagem:Isidore091902-p3sunset.jpg|direita|thumb|230px|Vista das bandas de tempestade do [[furacão Isidore]] durante o pôr-do-sol fotografada a 2,1&nbsp;km de altitude.]]
Ciclones tropicais intensos representam um desafio particular de observação, pois são fenômenos oceânicos perigosos. [[estação meteorológica|Estações meteorológicas]], sendo relativamente escassas, raramente estão disponíveis na localização da própria tempestade. Observações na superfície geralmente estão disponíveis se a tempestade estiver passando sobre uma ilha ou uma região costeira. Normalmente, medidas em tempo real são tomadas na periferia do ciclone, onde as condições meteorológicas são menos intensas, e embora a sua intensidade real não possa ser avaliada diretamente. Por esta razão, há equipes de meteorologistas que vão para a trajetória da tempestade para ajudar na avaliação de sua intensidade no local onde o sistema irá cruzar a costa.<ref name="FCMP">{{citar web | lingua = en | url = http://users.ce.ufl.edu/~fcmp/overview/overview.htm | autor = Florida Coastal Monitoring Program | titulo = Project Overview | acessodata = 30-03-2006 | obra = [[Universidade da Flórida]] | arquivourl = https://web.archive.org/web/20060503084406/http://users.ce.ufl.edu/~fcmp/overview/overview.htm | arquivodata = 2006-05-03 | urlmorta = yes }}</ref> Ciclones tropicais distantes da costa são monitorados por [[imagem de satélite|imagens de satélites]], visualisando-os através de canais de [[comprimento de onda|comprimentos de onda]] do [[espectro visível]] ao [[radiação infravermelha|infravermelho]], normalmente em intervalos de meia hora ou de quinze minutos. Assim que uma tempestade se aproxima da costa, pode ser observado por [[radar meteorológico|radares]] [[radar Doppler|Doppler]] situados em terra. Os radares têm um papel crucial nos instantes de antecedem a chegada do centro do ciclone à costa, porque mostram a localização da tempestade e a intensidade a cada intervalo fixo de minutos.<ref name="CPHC">{{citar web|lingua=en|autor=Centro de Furacões do Pacífico Central|autorlink=Centro de Furacões do Pacífico Central|url=http://www.prh.noaa.gov/cphc/HAW/observations.php|titulo= Observations|acessodata=09-12-2006}}</ref>
 
[[Imagem:Mitch1998rain.gif|thumb|[[Precipitação (meteorologia)|Precipitação]] acumulada durante a passagem do [[furacão Mitch]] em [[temporada de furacões no Atlântico de 1998|1998]]]]
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{{Artigo principal|[[Escala de ciclones tropicais]]}}
[[Imagem:Maria, Bopha and Saomai 2006-08-07 0435Z.jpg|thumb|direita|180px|Três ciclones tropicais em diferentes estágios de desenvolvimento. O mais fraco (à esquerda) demonstra somente a forma circular mais básica. Uma tempestade mais forte (topo) demonstra [[aguaceiro|bandas de chuva em espiral]] e uma circulação bem consolidada enquanto o mais forte (abaixo à direita) já apresenta um [[olho (ciclone)|olho]].]]
Os ciclones tropicais são classificados em três grupos principais, baseados na intensidade: depressões tropicais, tempestades tropicais e um terceiro grupo de tempestades mais intensas, cujo nome depende da região. Por exemplo, se uma tempestade tropical no Pacífico noroeste alcança força de furacão na [[escala de Beaufort]], o sistema é referido como um ''tufão''; se uma tempestade tropical atingir a mesma força mencionada anteriormente na [[ciclone tropical do Pacífico|bacia do Pacífico nordeste]] ou no [[ciclone tropical atlântico|Atlântico]], então o sistema é chamado de ''furacão''.<ref name="NHC glossary"/> Nem "furacão" ou "tufão" são usados no Pacífico sul. Além disso, como indicado na tabela abaixo, cada bacia usa um [[escala de ciclones tropicais|sistema de terminologia]] próprio, fazendo a comparação entre diferentes bacias dificultosa. No Oceano Pacífico, furacões do Pacífico centro-norte às vezes cruzam a [[Linha Internacional de Data]], adentrando a bacia do Pacífico noroeste e tornando-se tufões (tal como o [[Furacão Ioke|furacão/tufão Ioke]] em 2006); em ocasiões raras, o inverso também ocorre.<ref name="CPHC John TCR">{{citar web | autor=Centro de Furacões do Pacífico Central| autorlink=Centro de Furacões do Pacífico Central | titulo=Hurricane John Preliminary Report | obra=[[National Oceanic and Atmospheric Administration]] | url=http://www.prh.noaa.gov/cphc/summaries/1994.php#John | ano= 2004 | acessodata=23-03-2007| lingua = en }}</ref> Os tufões com [[vento máximo sustentado|ventos sustentados]] maiores do que 130 [[nó (unidade)|nós]] (240 [[quilômetro por hora|km/h]] ou 67 [[metro por segundo|m/s]]) são chamados de ''super tufões'' pelo [[Joint Typhoon Warning Center]].<ref name="SUPERDUPER">{{citar web | autor = Bouchard, R. H. | url = http://metocph.nmci.navy.mil/jtwc/pubref/References/where_have_all_the_super_typhoons_gone.ppt | titulo = A Climatology of Very Intense Typhoons: Or Where Have All the Super Typhoons Gone? | formato = [[Microsoft PowerPoint|PPT]] | acessodata = 05-12-2006 | data = Abril de 1990 | lingua = en | arquivourl = https://web.archive.org/web/20070316162548/http://metocph.nmci.navy.mil/jtwc/pubref/References/where_have_all_the_super_typhoons_gone.ppt | arquivodata = 2007-03-16 | urlmorta = yes }}</ref>
 
Uma depressão tropical é a fase menos intensa de um ciclone tropical. É um sistema organizado de nuvens e trovoadas com uma circulação ciclônica de ventos definida e fechada, com [[vento máximo sustentado|ventos máximos sustentados]] menores que 17 [[metro por segundo|m/s]] (33 [[nó (unidade)|nós]]). Uma depressão tropical não tem [[olho (ciclone)|olho]] e normalmente não tem a organização ou a forma de tempestades mais intensas. No entanto, o sistema já é um sistema de baixa pressão bastante desenvolvido, adquirindo, portanto, a designação "depressão".<ref name = "NOAA preparedness"/> As [[Filipinas]] normalmente atribuem nomes às depressões tropicais quando estas estão dentro da área de responsabilidade do país.<ref name="AOML FAQ B2"/> Uma tempestade tropical é um sistema organizado de intensas trovoadas com uma circulação ciclônica de ventos de superfície definida e com ventos máximos sustentados entre 17 e 32&nbsp;m/s (34-63 nós ou 62–117&nbsp;km/h). Neste momento, as bandas de tempestade começam a ganhar a forma ciclônica caacterística, embora um olho normalmente não esteja presente. Os serviços governamentais de meteorologia, com a exceção das Filipinas, atribuem nomes aos sistemas que atingem esta intensidade. As Filipinas também atribuem nomes às depressões tropiais.<ref name = "NOAA preparedness">{{citar web |lingua=en| autor = National Weather Service | data = Setembro de 2006 | titulo = Hurricanes… Unleashing Nature's Fury: A Preparedness Guide | obra = [[NOAA]] | acessodata = 02-12-2006 | url = http://www.srh.noaa.gov/fwd/wcm/hurric.pdf}}</ref><ref>{{Citar web|lingua=inglês|url=http://weather.about.com/od/naminghurricanes/a/Philippine_Storms.htm|titulo=Tropical Cyclones in the Philippines - PAGASA Storm Names|publicado=About.com - Weather|autor=Oblack, Rachelle|data=|acessodata=30/7/11}}</ref>
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=== Origem dos termos usados em ciclones tropicais ===
A palavra ''tufão'', usada hoje no Pacífico noroeste, pode ser derivada da [[língua urdu]], [[língua persa|persa]] e [[língua árabe|árabe]] ''ţūfān'' (طوفان), que por sua vez origina-se do [[língua grega|grego]] ''[[tifão|tuphōn]]'' (Τυφών), um monstro na [[mitologia grega]] responsável por ventos quentes.<ref name="Greek typhoon">{{citar enciclopédia |enciclopédia= The American Heritage Dictionary of the English Language |ano = 2004 |publicado = Dictionary.com | url = http://dictionary.reference.com/browse/typhoon |acessodata = 2006-12-14 |titulo = Typhoon |edição = 4th |língua= inglês}}</ref> A palavra equivalente em [[língua inglesa|inglês]], ''typhoon'', usada para tufões, também é derivada do grego ''tuphōn''.<ref>{{citar web |url = http://www.crid.or.cr/crid/esp/sistregio/vocabulario/Listado%20Alfab%E9tico%20de%20T%E9rminos%20Esp.pdf | obra = Centro Regional de Información sobre Desastres |lingua = inglês, espanhol e francês | titulo = Vocabulario Controlado Sobre Desastres | acessodata = 24-01-2008 }}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref> A palavra ''furacão'', usada no Atlântico norte e no Pacífico nordeste, é derivada do [[deus]] [[Huracán (mitologia)|Huracán]], um deus nativo [[povos ameríndios|ameríndio]] [[caribe]]nho.<ref name = "AOML FAQ B4">{{citar web | autor = [[Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico]], Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: What is the origin of the word "hurricane"?|obra = [[NOAA]] | acessodata = 2006-07-25 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/B4.html| lingua = en }}</ref> (Huracán é também a origem da palavra ''Orcan'', outra palavra para as [[tempestade de vento europeia|tempestades europeias de vento]]. Estes eventos não devem ser confundidos.) Huracán tornou-se o termo em Espanhol usado para designar furacões.
 
=== Nomes ===
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{{Artigo principal|[[Lista de ciclones tropicais notáveis]], [[Lista de temporadas de furacões no Atlântico]], [[Lista de temporadas de furacões no Pacífico|Lista de temporadas de furacões do Pacífico]]}}
[[Imagem:Cyclone Catarina 2004.jpg|thumb|O [[furacão Catarina]] foi o primeiro ciclone tropical oficialmente registrado no Atlântico sul, em 2004]]
Os ciclones tropicais que causam destruição extrema são raros. Mas quando ocorrem, podem causar muitos danos e milhares de mortes. O [[ciclone de Bhola de 1970]] foi o ciclone tropical mais mortífero na história, matando mais de 300.000 pessoas<ref name="faqe9">{{citar web|autor=Chris Landsea| ano=1993|titulo =Which tropical cyclones have caused the most deaths and most damage?|obra=Hurricane Research Division|acessodata=23-02-2007|url=http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/E9.html| lingua = en}}</ref> e possivelmente mais de um milhão<ref name="1970death">{{citar web|autor=Lawson|ano=1999|titulo=South Asia: A history of destruction|obra=[[BBC|British Broadcasting Corporation]]|acessodata=23-02-2007|url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/south_asia/503139.stm| lingua = en}}</ref> após atingir a região altamente povoada do [[Delta do Ganges]] em [[Bangladesh]], em 13 de novembro de 1970. A sua intensa [[maré de tempestade]] foi responsável pela maior parte das mortes.<ref name="faqe9"/> A [[bacia de formação de ciclones tropicais|bacia do Oceano Índico norte]] tem sido historicamente a bacia onde ocorreu mais mortes provocadas por ciclones tropicais, sendo que vários ciclones desde 1900 mataram mais de um milhão de pessoas.<ref name="Shultz Epid Reviews 2005">{{citar periódico |autor = Shultz, James M., Jill Russell and Zelde Espinel |titulo = Epidemiology of Tropical Cyclones: The Dynamics of Disaster, Disease, and Development |jornal = Epidemiologic Reviews | volume = 27 |número = 1 |páginas = 21–25 | url = http://epirev.oxfordjournals.org/cgi/content/full/27/1/21 |data=julho de 2005 |acessodata=2006-12-14|língua= en}}</ref><ref name="Deadliest cyclone">{{citar periódico |autor = Frank, Neil L. and S. A. Husain |titulo = The Deadliest Tropical Cyclone in History |data=junho de 1971 | url = http://ams.allenpress.com/archive/1520-0477/52/6/pdf/i1520-0477-52-6-438.pdf |jornal = Bulletin of the American Meteorological Society | volume = 52 |número = 6 |páginas = 438–445 |acessodata = 2006-12-14|língua= en}}</ref> Na bacia do Pacífico noroeste, o [[Tufão Nina (1975)|tufão Nina]] em [[temporada de tufões no Pacífico de 1975|1975]] matou 29 000 pessoas na [[República Popular da China|China]]. A pior [[enchente]] em 2 000 anos foi causada pelo rompimento de 62 barragens, incluindo a [[barragem de Banqiao]]; outras 145 000 morreram devido a efeitos posteriores a tempestade, como a fome e epidemias.<ref name="nina75">{{citar web|autor=Hydrology Department of Henan Province|ano=2006|titulo=Flood and drought disaster|lingua=zh|acessodata=23-02-2007|url=http://www.hnsl.gov.cn/look0/article.php?L_Type=1&id=297|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130921055232/http://www.hnsl.gov.cn/look0/article.php?L_Type=1&id=297|arquivodata=2013-09-21|urlmorta=yes}}</ref> Na bacia do Atlântico, o [[Grande furacão de 1780]] é o [[ciclone tropical atlântico|furacão atlântico]] mais mortífero na história, matando cerca de 22 000 pessoas nas [[Pequenas Antilhas]].<ref name=NHCPastDeadly>{{citar web | autor = Centro Nacional de Furacões| autorlink = Centro Nacional de Furacões | url = http://www.nhc.noaa.gov/pastdeadlyapp1.shtml? | titulo = The Deadliest Atlantic Tropical Cyclones, 1492-1996 | acessodata = 31-03-2006 |data=22 de Abril de 1997 | obra = [[National Oceanic and Atmospheric Administration]]| lingua = en}}</ref> Um ciclone tropical não precisa ser particularmente intenso para causar danos memoráveis; as mortes podem ser causadas pelas chuvas torrenciais e consequentes deslizamentos de terra, que podem ser causados mesmo por ciclones tropicais menos intensos. A [[tempestade tropical Thelma]], em novembro de [[temporada de tufões no Pacífico de 1991|1991]] matou milhares de pessoas nas [[Filipinas]],<ref name="JTWCThelma">{{citar web | url = https://metocph.nmci.navy.mil/jtwc/atcr/1991atcr/pdf/wnp/27w.pdf | titulo = Typhoon Thelma (27W) | acessodata = 31-03-2006 | autor = Joint Typhoon Warning Center | autorlink = Joint Typhoon Warning Center | lingua = en | arquivourl = https://web.archive.org/web/20061013185443/https://metocph.nmci.navy.mil/jtwc/atcr/1991atcr/pdf/wnp/27w.pdf | arquivodata = 2006-10-13 | urlmorta = yes }}</ref> mesmo tendo uma intensidade inferior à de um tufão, Em [[temporada de tufões no Pacífico de 1982|1982]], uma depressão tropical sem nome que posteriormente tornaria-se o [[Furacão Paul (1982)|furacão Paul]] matou cerca de 1 000 pessoas na [[América Central]].<ref name="MWR Paul 1982">{{citar periódico |autor = Gunther, E. B., R.L. Cross, and R.A. Wagoner |titulo = Eastern North Pacific Tropical Cyclones of 1982 | url = http://ams.allenpress.com/archive/1520-0493/111/5/pdf/i1520-0493-111-5-1080.pdf | data = maio 1983|jornal = [[Monthly Weather Review]] | volume = 111 |número = 5 |acessodata = 2006-03-31 |língua= en}}</ref>
 
[[Imagem:Hurricane Katrina August 28 2005 NASA.jpg|thumb|esquerda|O [[furacão Katrina]] em 2005. Katrina foi o cilone tropical que provocou os maiores danos e prejuízos econômicos da história]]
Estima-se que o [[furacão Katrina]] seja o ciclone tropical que provocou mais prejuízos de todo o mundo,<ref name="epi">{{citar web|autor=Earth Policy Institute|ano=2006|titulo=Hurricane Damages Sour to New Levels|obra=United States Department of Commerce|acessodata=2007-02-23|url=http://www.earth-policy.org/Updates/2006/Update58_data.htm| lingua = en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20061213084826/http://www.earth-policy.org/Updates/2006/Update58_data.htm|arquivodata=2006-12-13|urlmorta=yes}}</ref> causando $81,2 bilhões de [[dólar dos Estados Unidos|dólares]] em danos em propriedades (valores de 2005),<ref name="KatrinaTCR">{{citar web|autor = Knabb, Richard D., Jamie R. Rhome and Daniel P. Brown | url=http://www.nhc.noaa.gov/pdf/TCR-AL122005_Katrina.pdf | titulo=Tropical Cyclone Report: Hurricane Katrina: 23-30 August 2005 | obra=[[Centro Nacional de Furacões]] |data=20 de Dezembro de 2005 | acessodata=30-05-2006| lingua = en}}</ref> sendo que os danos gerais excedem os 100 bilhões de dólares.<ref name="epi"/> Katrina matou no mínimo 1 836 pessoas depois de atingir a [[Luisiana]] e [[Mississippi]], na costa sul dos Estados Unidos, como um [[escala de ciclones tropicais|grande furacão]] em agosto de [[temporada de furacões no Atlântico de 2005|2005]].<ref name="KatrinaTCR"/> O [[furacão de Galveston de 1900]] é o desastre natural mais mortífero na história dos [[Estados Unidos]], matando entre 6 000 e 12 000 pessoas em [[Galveston]], [[Texas]]. O [[furacão Iniki]] em 1992 foi o ciclone mais intenso a atingir o [[Havaí]] na história, atingindo a ilha de [[Kauai]] como um furacão de categoria 4, matando seis pessoas e causando 3 bilhões de dólares em prejuízos.<ref name="InikiTCR">{{citar web|obra = [[National Oceanic and Atmospheric Administration]] | url= http://www.prh.noaa.gov/cphc/summaries/1992.php#Iniki | titulo=Hurricane Iniki Natural Disaster Survey Report |autor=Centro de Furacões do Pacífico Central|autorlink=Centro de Furacões do Pacífico Central| acessodata=31-03-2006| lingua = en}}</ref> Outros destrutivos [[ciclone tropical do Pacífico|furacões do Pacífico]] incluem [[Furacão Pauline|Pauline]] e [[Furacão Kenna|Kenna]], ambos causando danos severos depois de atingir o [[México]] como grandes furacões.<ref name="PaulineTCR">{{citar web | ultimo=Lawrence | primeiro=Miles B. | url=http://www.nhc.noaa.gov/1997pauline.html | titulo=Preliminary Report: Hurricane Pauline: 5-10 October 1997 | obra=[[Centro Nacional de Furacões]] |data=7 de novembro de 1997|acessodata=30 de junho de 2006| língua = en}}</ref><ref name="KennaTCR">{{citar web | autor = Franklin, James L | url=http://www.nhc.noaa.gov/2002kenna.shtml | titulo=Tropical Cyclone Report: Hurricane Kenna: 22-26 October 2002 | obra=[[Centro Nacional de Furacões]] |data=26 de Dezembro de 2002 | acessodata=31-03-2006| lingua = en}}</ref> Em março de 2004, o [[Ciclone Gafilo]] atingiu o nordeste de [[Madagáscar|Madagascar]] como um ciclone de grande intensidade, matando 74 pessoas e afetando mais de 200 000, tornando-se o pior ciclone a atingir o país em 20 anos.<ref name="gafilo">{{citar web|autor=World Food Programme|ano=2004|titulo=WFP Assists Cyclone And Flood Victims in Madagascar|acessodata=24-02-2007|url=http://www.sidsnet.org/archives/other-newswire/2004/msg00182.html | lingua = en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070927015422/http://www.sidsnet.org/archives/other-newswire/2004/msg00182.html|arquivodata=2007-09-27|urlmorta=yes}}</ref> No mesmo mês, o [[furacão Catarina]] formou-se no Atlântico sul, tornando-se o único ciclone tropical com intensidade de furacão a se formar nessa região. Catarina atingiu o [[Brasil]], no litoral sul do estado de [[Santa Catarina]] e litoral norte do [[Rio Grande do Sul]], matando pelo menos 3 pessoas.
 
[[Imagem:Typhoon tip peak.jpg|thumb|O [[tufão Tip]] em 1979. O maior e mais intenso ciclone tropical já registrado]]
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[[Imagem:North Atlantic Hurricane History.png|thumb|esquerda|320px|Gráfico mostrando a quantidade de tempestades tropicais, furacões e grandes furacões no Alântico norte, entre 1850 e 2005]]
A quantidade e a intensidade dos furacões do Atlântico podem sofrer um ciclo de alta e baixa atividade a cada 50-70 anos, também conhecido como [[oscilação multidecadal do Atlântico]]. Embora mais comuns desde 1995, algumas temporadas de furacões estiveram acima da média entre 1970 e 1994.<ref name="RMS activity">{{citar web | autor = Risk Management Solutions | url = http://www.rms.com/Publications/60HUActivityRates_whitepaper.pdf | titulo = U.S. and Caribbean Hurricane Activity Rates. | data = Março de 2006 | acessodata = 2006-11-30| lingua = en}}</ref> Furacões destrutivos frequentemente atingiam a costa americana entre [[temporada de furacões no Atlântico de 1926|1926]] e [[temporada de furacões no Atlântico de 1960|1960]], incluindo muitos grandes furacões que atingiram a região da [[Nova Inglaterra]]. 21 ciclones tropicais atlânticos formaram-se em [[temporada de furacões no Atlântico de 1933|1933]], um recorde somente atingido em [[temporada de furacões no Atlântico de 2005|2005]], que teve 28 sistemas. A frequência da formação de sistemas tropicais entre 1900 e 1925 não é significativa. Entretanto, muitos ciclones tropicais intensos formaram-se entre [[temporada de furacões no Atlântico de 1870|1870]] e [[temporada de furacões no Atlântico de 1899|1899]]. Durante a [[temporada de furacões no Atlântico de 1887|temporada de 1887]], formaram-se 19 tempestades tropicais, sendo que um recorde de 4 tempestades formou-se após 1º de Novembro. Entre todos os ciclones tropicais desse ano, 11 intensificaram-se para furacões. Alguns furacões ocorreram entre 1840 e 1860, embora os dados disponíveis sejam incompletos e não confiáveis. Muitos ciclones tropicais atingiram a costa no começo do século XIX, incluindo um sistema tropical em 1821 que atingiu diretamente a cidade de [[Nova Iorque]]. Alguns especialistas em história meteorológica dizem que estas tempestades podem ter sido tão fortes quanto furacões de categoria 4 na [[escala de furacões de Saffir-Simpson]].<ref name="Columbia CCSR">{{citar web | autor = Center for Climate Systems Research | titulo = Hurricanes, Sea Level Rise, and New York City | url = http://www.ccsr.columbia.edu/information/hurricanes/ | obra = [[Universidade de Columbia]] | acessodata = 29-11-2006 | lingua = en | arquivourl = https://archive.is/20070102092224/http://www.ccsr.columbia.edu/information/hurricanes/ | arquivodata = 2007-01-02 | urlmorta = yes }}</ref>
 
Antes da era dos satélites, que começou em 1960, e dos aviões de reconhecimento, tempestades tropicais ou furacões eram indetectáveis a menos que um avião encontrasse algum ou um navio registrasse em seu diário de bordo o encontro com uma tempestade, ou quando um sistema tropical atingia uma área povoada.<ref name="BOM TC Guide 1.3"/> Os registros oficiais, portanto, poderiam não conter relatos de sistemas se estas não fossem detectadas por meio do registros de ventos em diários de bordo de navios. Mesmo se um navio experimentasse ventos fortes, havia a possibilidade da tempestade não ser reconhecida como ciclone tropical, confundindo o sistema como uma tempestade extratropical, uma onda tropical ou mesmo com um breve aguaceiro. Havia ainda a possibilidade do navio não documentar a passagem de um sistema tropical.
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== Aquecimento global ==
{{veja|Aquecimento global}}
O [[Laboratório Geofísico de Dinâmica dos Fluidos]] da ''[[National Oceanic and Atmospheric Administration]]'', Estados Unidos, realizou uma simulação para determinar se há uma tendência estatística na frequência ou na intensidade de ciclones ao decorrer do tempo. A simulação concluiu que os furacões mais intensos no clima atual podem não passar de uma sombra em comparação aos intensos furacões do próximo século, pois o clima terrestre está se aquecendo pelo aumento dos níveis dos [[gases do efeito estufa|gases causadores do efeito estufa]] na atmosfera."<ref name="GFDL warming">{{citar web | autor = Laboratório Geofísico de Dinâmica dos Fluidos | autorlink = Laboratório Geofísico de Dinâmica dos Fluidos | url = http://www.oar.noaa.gov/spotlite/archive/spot_gfdl.html | titulo = Global Warming and Hurricanes | acessodata = 29-11-2006 | obra = [[National Oceanic and Atmospheric Administration]] | lingua = en | arquivourl = https://web.archive.org/web/20050315160002/http://www.oar.noaa.gov/spotlite/archive/spot_gfdl.html | arquivodata = 2005-03-15 | urlmorta = yes }}</ref> Em um artigo na revista científica ''[[Nature]]'', [[Kerry Emanuel]] disse sobre o potencial destrutivo dos furacões, uma medida que combina a intensidade, a duração e a frequência, que "está grandemente ligada com a [[temperatura da superfície do mar]], refletindo os sinais climáticos bem documentados, incluindo as [[oscilação multidecadal do Atlântico|oscilações multidecadais do Atlântico norte]] e no Oceano Pacífico norte e o [[aquecimento global]]". Emanuel previu "um aumento significativo das perdas relacionadas aos furacões no século XXI."<ref name="Nature Emanuel 2005">{{citar periódico | url = ftp://texmex.mit.edu/pub/emanuel/PAPERS/NATURE03906.pdf |autor = [[Kerry Emanuel%7cEmanuel, Kerry]] |jornal =[[Nature]] | volume = 436 |número = 7051 |páginas = 686–688 |acessodata = 2006-03-20 |titulo = Increasing destructiveness of tropical cyclones over the past 30 years|língua= en}}</ref> De modo semelhante, P. J. Webster ''et al.'' publicaram um artigo na revista científica ''[[Science]]'' examinando as "mudanças na quantidade, duração e na intensidade de ciclones tropicais" nos últimos anos, período quando as [[imagem de satélite|imagens de satélite]] tornaram-se disponíveis. Sua conclusão principal foi a diminuição no número de ciclones em todo o planeta, exceto o norte do [[Oceano Atlântico]], onde houve um grande aumento na quantidade e na proporção dos ciclones muito intensos.<ref name="Webster et al. 2005">{{citar periódico |autor = Webster, P. J., G. J. Holland, J. A. Curry and H.-R. Chang | url = http://www.sciencemag.org/cgi/reprint/309/5742/1844.pdf |titulo = Changes in Tropical Cyclone Number, Duration, and Intensity in a Warming Environment |jornal = [[Science]] |data=16 de Setembro de 2005 | volume = 309 |número = 5742 |páginas = 1844–1846 |acessodata = 2006-03-20|língua= en}}</ref>
 
A intensidade dos efeitos relacionados a ciclones tropicais é surpreendente nos estudos de modelagem meteorológica,<ref>{{citar periódico|autor = Knutson, Thomas R. and Robert E. Tuleya|titulo= Impact of CO2-Induced Warming on Simulated Hurricane Intensity and Precipitation:Sensitivity to the Choice of Climate Model and Convective Parameterization|jornal=Journal of Climate|volume=17|número=18|ano=2004|páginas=3477–3494|língua= en}}</ref> que preveem um pequeno aumento na intensidade dos ciclones tropicais como resultado de um aumento de cerca de 2&nbsp;°C (3,6&nbsp;°F) no clima mundial. Tal resposta teria previsto apenas um aumento de 10% no índice de potencial destrutivo de Emanuel durante o século XX em vez de um aumento de 75 a 120% segundo seus estudos.<ref name="Nature Emanuel 2005"/> Em segundo lugar, após os ajustes nas mudanças na população e inflação e apesar do aumento de mais de 100% no índice de potencial destrutivo de Emanuel, não foram observados aumentos significativos em danos monetários resultados de furacões do Atlântico.<ref>{{citar periódico|autor=Pielke, R. A. Jr|jornal=Nature|doi=10.1038/nature04426|ano=2005|titulo=Meteorology: Are there trends in hurricane destruction?|páginas=E11|língua= en}}</ref>
 
Ambos os estudos consideram que a [[temperatura da superfície do mar]] suficientemente quente seja vital para o desenvolvimento de ciclones. Embora nenhum estudo tenha ligado diretamente os ciclones tropicais e o aquecimento global, acredita-se que o aumento da temperatura da superfície do mar seja causado por este fenômeno e pela variabilidade natural na temperatura da superfície do mar, como, por exemplo, a [[Oscilação multidecadal do Atlântico]], embora não tenha sido definida uma atribuição exata.<ref name=realclimate/> No entanto, observações recentes indicam o aquecimento da temperatura da superfície do mar em muitas bacias oceânicas.<ref name="Nature Emanuel 2005"/> Em fevereiro de 2007 o [[Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas]] das [[Organização das Nações Unidas|Nações Unidas]] publicou o seu [[Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas|quarto relatório de avaliação]] sobre [[mudança do clima|mudanças climáticas]]. O relatório mencionou as muitas mudanças observadas no clima, incluindo a composição atmosférica, a temperatura média global, as condições oceânicas, entre outros. O relatório concluiu que o aumento observado na intensidade dos ciclones tropicais é maior do que as previsões dos modelos climáticos. Além do mais, o relatório considerou que é provável que a intensidade das tempestades continue a aumentar durante o século XXI e declarou que não é mais provável que tenha havido alguma contribuição antropogênica no aumento da intensidade dos ciclones tropicais.<ref name="ipcc">{{citar web|autor=Richard Alley, et. al|ano=2007|titulo=Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change|obra=[[Nações Unidas]]|acessodata=23-02-2007|url=http://www.ipcc.ch/ipccreports/ar4-syr.htm|lingua = en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090705062420/http://www.ipcc.ch/ipccreports/ar4-syr.htm|arquivodata=2009-07-05|urlmorta=yes}}</ref> No entanto, não há um acordo universal sobre a magnitude dos efeitos antropogênicos do aquecimento global têm sobre a formação, trajetória e a intensidade dos ciclones tropicais. Por exemplo, críticos tais como [[Christopher Landsea]] afirmam que os efeitos feitos pelo homem seriam "muito pequenos comparados com a grande variabilidade natural dos furacões".<ref name = "AOML FAQ G3">{{citar web | autor = [[Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico]], Hurricane Research Division | titulo = Frequently Asked Questions: What may happen with tropical cyclone activity due to global warming? | obra = [[NOAA]] | acessodata = 02-06-2007 | url = http://www.aoml.noaa.gov/hrd/tcfaq/G3.html|lingua = en}}</ref> Uma declaração da [[Sociedade Meteorológica Estadunidense|Sociedade Meteorológica Americana]] em fevereiro de 2007 indicava que as tendências dos registros dos ciclones tropicais oferecem "as provas a favor e a contra da existência de um sinal antropogênico detectável" no processo de [[ciclogênese tropical]].<ref name="AMS climate change">{{citar periódico |titulo = Climate Change: An Information Statement of the American Meteorological Society |autor = American Meteorological Society |autorlink = American Meteorological Society |data = 01-02-2007 |jornal = Bulletin of the American Meteorological Society |páginas = 5 | url = http://www.ametsoc.org/POLICY/2007climatechange.pdf | volume = 88 |acessodata = 2007-06-03 |língua = en |arquivourl = https://web.archive.org/web/20100107171148/http://www.ametsoc.org/policy/2007climatechange.pdf |arquivodata = 2010-01-07 |urlmorta = yes }}</ref> Embora muitos aspectos de uma ligação entre os ciclones tropicais e o aquecimento global ainda estejam a ser "muito debatidos",<ref name="IWTC-VI"/> um ponto de acordo é que nenhum ciclone tropical individual ou uma única temporada pode ser atribuída ao aquecimento global.<ref name="realclimate">{{citar web | autor = Rahmstorf, Stefan, Michael Mann, Rasmus Benestad, Gavin Schmidt e William Connolley | url = http://www.realclimate.org/index.php?p=181 | titulo = Hurricanes and Global Warming - Is There a Connection? | obra = RealClimate |data=2 de Setembro de 2005 | acessodata = 20-03-2006| lingua = en}}</ref><ref name="IWTC-VI">{{citar web|lingua = en|autor = Organização Meteorológica Mundial|autorlink = Organização Meteorológica Mundial | titulo = Statement on Tropical Cyclones and Climate Change | url = http://www.wmo.ch/pages/themes/wmoprod/documents/iwtc_statement.pdf |data = 11 de Dezembro de 2006 | acessodata = 02-06-2007|arquivourl = https://www.webcitation.org/68eaPR0eg?url=http://www.wmo.ch/pages/themes/wmoprod/documents/iwtc_statement.pdf|arquivodata = 2012-06-24|urlmorta = yes}}</ref>
 
== Outros ciclones relacionados ==