Cristóvão Colombo: diferenças entre revisões
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'''Cristóvão de Colombo''' ([[República de Gênova|Génova]], entre [[22 de agosto]] e [[31 de outubro]] de [[1451]] — [[Valladolid (província)|Valladolid]], [[20 de
Seu nome em italiano é ''Cristoforo Colombo'', em latim ''Christophorus Columbus'' e em espanhol, ''Cristóbal Colón''. Este [[Antroponímia|antropónimo]] inspirou o nome de, pelo menos, um país, [[Colômbia]]<ref>{{citar web|título = Etimología de Colombia|url = http://etimologias.dechile.net/?Colombia|publicado = etimologias.dechile.net|acessodata= 6 de janeiro de 2008}}</ref> e duas regiões da América do Norte: a [[Colúmbia Britânica]] no [[Canadá]] e o [[Washington, D.C.|Distrito de Colúmbia]] nos [[Estados Unidos]]. Entretanto o Papa Alexandre VI escrevendo em latim sempre chamou ao navegador pelo nome de ''Christophorum Colon'' com significado de ''Membro'' e nunca pelo latim ''Columbus'' com significado de ''Pombo''.<ref>Manuel Rosa "Colón. La Historia Nunca Contada", ISBN 978-989-8092-66-3</ref>
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== Antecedentes familiares ==
[[Imagem:Genova-Quinto-IMG 1682.JPG|thumb|250px|Bairro de [[Quinto al Mare]], [[Génova]]]]
Segundo a documentação aceite até aqui, Colombo era um tecelão natural de [[Génova]],{{nota de rodapé|"''Even with less than a complete record, however, scholars can state with assurance that Columbus was born in the republic of Genoa in northern Italy, although perhaps not in the city itself, and that his family made a living in the wool business as weavers and merchants…The two main early biographies of Columbus have been taken as literal truth by hundreds of writers, in large part because they were written by individual closely connected to Columbus or his writings. …Both biographies have serious shortcomings as evidence.''"<ref>Phillips, William D., e Carla Rahn Phillips. ''The Worlds of Christopher Columbus''. Cambridge: Cambridge University Press, 1992. p. 9.</ref>}} tendo provavelmente nascido no bairro de [[Quinto al Mare|Quinto]], onde o seu pai residia já em 1429.<ref name=Quinto/> Era filho de Domenico Colombo e de
Domenico tornou-se assim tecedor de panos, mas de carácter inquieto, e procurando melhorar a sua precária situação económica, estabeleceu-se alternadamente entre Génova e [[Savona]], trabalhando como [[taberneiro]], dedicando-se a pequenos negócios, comprando e vendendo [[Quinta (propriedade)|quintas]], e tendo até conseguido a guarda de uma das portas de Génova.<ref name="Hist80">{{harvnb|Salmoral|1992|p=80}}</ref>
Domenico Colombo e
Vários documentos notariais genoveses atestam a presença em Espanha dos três filhos de Domenico, Bartolomeu, Cristóvão e Giacomo. Em 1489, após um processo entre Domenico e o pai do seu genro, Giacomo Bavarello, queijeiro, este, já viúvo, assina na qualidade de legítimo administrador da parte dos seus três filhos. A 11 de
== Primeiros anos ==
[[Imagem:Castello d'Albertis-DSCF5494.JPG|thumb|esquerda|upright=0.6|''Colombo
A data do nascimento de Colombo pode ser determinada com alguma precisão, uma vez que num documento datado de 31 de
| título = Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes- Historia
| url = http://bib.cervantesvirtual.com/historia/viajeros/viajeros2_colon.shtml
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}}</ref><ref name="Vig276">{{harvnb|Vignaud|1906|p=276}}</ref>
Colombo começou por seguir o ofício de tecelão, mas muito cedo interessou-se pela navegação.<ref name="Hist80"/> Os estudos que teve devem ter sido muito elementares, e talvez terá aprendido matemática e a sua
Nestas primeiras viagens esteve na ilha de [[Quios]], no [[mar Egeu]], à época uma colónia genovesa, cuja produção de [[mástique]] recordou várias vezes. Recordou também um feito militar que teria feito ao serviço de [[Renato de Anjou]], aliado de Génova e proclamado rei de Aragão pelos catalães revoltados (1466), uma tentativa de captura em [[Tunes (Tunísia)|Tunes]] de uma [[galeaça]] de [[João II de Aragão]], ou do sobrinho deste, o [[Fernando I de Nápoles|rei de Nápoles]], com os quais aquele estava em guerra; este feito, que poderia ter acontecido por volta de 1472, apresenta no entanto aspectos duvidosos.
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== Presença em Portugal ==
Não se conhece qualquer documento dos arquivos portugueses que mencione o navegador. O único documento em português que o refere é um suposto salvo-conduto de [[João II de Portugal|D. João II]] datado de 1488 e guardado no [[Arquivo Geral das Índias]], cuja autenticidade é, no entanto, duvidosa.<ref>{{harvnb|Pereira da Costa|1992|p=17}}</ref> O registo da presença de Colombo em Portugal é estabelecido a partir das biografias escritas pelo seu filho [[Fernando Colombo|Fernando]] e por [[Las Casas]], assim como do ''Documento Assereto'', que assinala a sua presença em [[Lisboa]] e na [[Região Autónoma da Madeira|Madeira]] no
Segundo o seu filho Fernando, Colombo chega a Portugal num episódio relacionado com este pirata Colombo. Conta Fernando que indo Colombo nuns navios mercantes genoveses em direcção a [[Inglaterra]], estes foram atacados pelo pirata Colombo ''o Novo'' por alturas do [[Cabo de São Vicente]], havendo feroz combate, pois os navios iam armados, tendo ardido vários. Conta Fernando que Colombo salvou-se agarrado a um remo, chegando a terra muito extenuado. Recolhido pela população e recomposto, Colombo passou a Lisboa, onde sabia se encontrarem muitos seus compatriotas da colónia genovesa daquela cidade. Há neste relato manifesto erro, pois este combate com Colombo ''o Novo'' ocorreu somente em 1486, quando Colombo já se encontrava em Espanha. O episódio parece corresponder a um outro combate com o pirata Coulon ''o Velho'' em 1476. Logicamente que, caso Colombo realmente tenha chegado desta forma a Portugal, teria estado a bordo das naus genovesas, e não acompanhando o pirata, como já se supôs.<ref name="Hist82"/>
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Em todo o caso, supõe-se que Colombo tenha vivido cerca de nove anos em terras de [[Portugal]], entre 1476 e 1485,<ref name="Hist83">{{harvnb|Salmoral|1992|p=83}}</ref> para onde terá vindo aos vinte e cinco anos, ao atingir a maioridade.<ref name="Vig276"/> Este período da sua vida resume-se às suas viagens, ao casamento, e ao grande projecto que começou a acalentar.
Nesta época, terá realizado algumas viagens de grande alcance. De Lisboa, terá seguido com o resto da frota genovesa que se salvara do confronto com o pirata, após esta se reagrupar e reforçar, até Inglaterra, e ao que parece mais além, pois ele mesmo diz que, estando em [[Galway]], no oeste da [[Irlanda]], viu um homem e uma mulher chegarem num tronco vindos de "[[Catai]]". Afirmou também ter chegado a [[Tule]] em 1477, comprovando que o seu extremo sul estava a 73ºN e não a 63º (sendo que este último é que é realmente o valor correcto) e que, apesar de ser
[[Imagem:Casa do colombo.JPG|thumb|A casa em que se pensa que Colombo possa ter residido, na ilha do [[Porto Santo]], na [[Região Autónoma da Madeira|Madeira]]]]
Em
Embora se suponha geralmente que Colombo teria vivido no Porto Santo por esta época, cerca de 1478, segundo [[José Pereira da Costa (historiador)|Pereira da Costa]] não é crível que tal tenha ocorrido, dadas as condições muito precárias da ilha nessa época.<ref>{{harvnb|Pereira da Costa|1992|p=21}}</ref> Do mesmo modo, não se sabe ao certo se a viagem de 1478 à Madeira teria sido ou não a sua primeira visita àquele arquipélago.<ref name="Vig276"/>
O caso da transacção de açúcar falhada acabou nos tribunais de Génova, onde Colombo, então com 27 anos, se encontrava a 25 de
O facto de o tribunal de Génova o considerar ainda como cidadão daquela cidade em
Mais tarde, Colombo terá navegado em navios portugueses, pois fez uma viagem a [[São Jorge da Mina|Mina]], cuja [[Castelo de São Jorge da Mina|fortaleza]] apenas se construiu em 1482, e algumas vezes menciona recordações da [[Guiné Portuguesa|Guiné]]. Deve também ter conhecido as [[Ilhas Canárias]]. Por esta época juntou-se-lhe o seu irmão Bartolomeu, bom cartógrafo e construtor de esferas, ofício do qual ali vivia. Bartolomeu era muito entendido em cosmografia e bom marinheiro, embora não se saiba onde foi buscar esses conhecimentos, sendo sempre um colaborador leal e eficaz do navegador.<ref name="Hist83"/>
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[[Imagem:Toscanelli map.jpg|thumb|esquerda|Mapa atribuído a [[Toscanelli]]]]
[[Imagem:Emanuel Gottlieb Leutze - Columbus Before the Queen.JPG|thumb|esquerda|Colombo perante os [[reis católicos]] [[Fernando II de Aragão|Fernando]] e [[Isabel I de Castela|Isabel]], representado por [[Emanuel Leutze]]]]
Esta correspondência apenas se conhece através de Colombo; o seu filho Fernando escreve que, uma vez inteirado dela, o pai escreveu a Toscanelli, que lhe respondeu enviando cópia da carta que havia enviado a Fernão Martins, datada (a original) de 25 de
O historiador [[Demetrio Ramos]] analisou a carta de Toscanelli a Fernão Martins, no contexto do ambiente português da época. Em [[1452]] teve lugar a viagem de [[Diogo de Teive (navegador)|Diogo de Teive]], cuja rota antecipou a de Colombo, a qual tinha a intenção premeditada de fazer o reconhecimento do Atlântico oriental; nessa viagem encontrava-se o marinheiro Pedro Vásquez de la Frontera, que surge mais tarde em [[Palos]] angariando tripulantes para a expedição de Colombo, assegurando que se encontrariam as Índias; não é seguro, no entanto, que Teive tenha avistado terra. Nos anos seguintes, as doações de ilhas por achar nas [[Chancelaria-Mor|chancelarias]] portuguesas parecem indicar suspeitas fundamentadas de terras nessas longitudes. É por esta altura, em 1474, que ocorre a consulta a Toscanelli, com o objectivo de confirmar estes avistamentos, e de inquirir sobre a possibilidade do oriente asiático estar mais perto do que o que se supunha. A concessão feita em 1475 a [[Fernão Teles de Meneses, 4º senhor de Unhão|Fernão Teles]] volta a demonstrar as intenções portuguesas em encontrar ilhas intermediárias numa rota para o Atlântico ocidental.<ref name="Hist84">{{harvnb|Salmoral|1992|p=84}}</ref>
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== Últimos anos ==
[[Imagem:ColumbusHouseOfValladolid.jpg|thumb|esquerda|upright|''[[Santa Maria (navio)|Santa María]]'', o [[navio-almirante]] de Colombo na sua primeira viagem, na sua casa de [[Valhadolid]]
[[Imagem:Tumba de Colon-Sevilla.jpg|thumb|upright|Túmulo de Colombo na [[Catedral de Sevilha]]. Os restos mortais são carregados pelos reis de [[Reino de Castela|Castela]], [[Reino de Leão|Leão]], [[Reino de Aragão|Aragão]] e [[Reino de Navarra|Navarra]].<ref>{{Citar web|url=http://www.vanderkrogt.net/statues/object.php?webpage=CO&record=es093|título=Columbus Monuments Pages: Sevilla|acessodata=2010-01-03}}</ref>]]
Embora Colombo tenha sempre apresentado a conversão dos não-cristãos como um dos motivos das suas expedições, a sua religiosidade aumentou nos últimos anos de vida. Provavelmente com o apoio do seu filho Diogo e do seu amigo, o monge [[cartuxo]] Gaspar Gorricio, Colombo produziu dois livros nos seus últimos anos: o ''Livro de Privilégios'' (1502), detalhando e documentando as mercês que havia recebido da [[Coroa Espanhola]], às quais acreditava ele e seus herdeiros terem direito, e um ''Livro de Profecias'' (1505), no qual usou passagens da Bíblia para colocar os seus feitos como explorador no contexto da [[escatologia cristã]].<ref name= britannica>Encyclopædia Britannica, 1993 ed., Vol. 16, pp. 605ff / Morison, ''Christopher Columbus'', 1955 ed., pp. 14ff</ref>
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No final da vida, Colombo exigiu que a Coroa Espanhola lhe desse 10% de todos os proveitos obtidos nos territórios descobertos, tal como estipulado nas [[capitulações de Santa Fé]]. No entanto, uma vez que Colombo havia sido dispensado das suas obrigações como governador, a Coroa não se sentiu obrigada por esse contrato, e as suas exigências foram rejeitadas. Após a sua morte, os herdeiros de Colombo processaram a Coroa com vista a obter uma parte dos proveitos do comércio com as Américas, assim como outros benefícios. Isto levou a uma longa série de disputas legais conhecidas como ''[[pleitos colombinos]]''.
Colombo morreu em [[Valhadolid]] a 20 de
Os restos mortais de Colombo foram inicialmente sepultados em Valladolid, sendo depois transladados para o [[Mosteiro da Cartuxa]] em [[Sevilha]]. Em 1542, por desejo expresso pelo seu filho [[Diogo Colombo|Diogo]], que fora governador de [[Hispaniola]], os restos mortais foram transferidos para [[Cidade Colonial de Santo Domingo|Santo Domingo]], na actual [[República Dominicana]], onde foram depositados na [[Catedral de Santo Domingo|catedral da cidade]]. Em 1795, quando a França obteve o controlo de toda a ilha de Hispaniola, os restos mortais de Colombo foram transladados para [[Havana]], [[Cuba]], e após a independência cubana, na sequência da [[Guerra Hispano-Americana]] de 1898, novamente transferidos para Espanha, para a [[Catedral de Sevilha]],<ref>{{Citar web|url=http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/12368307610158273876213/p0000001.htm|título=''Cristóbal Colón: traslación de sus restos mortales a la ciudad de Sevilla'' at Fundación Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes|publicado= Cervantesvirtual.com|data= |acessodata=2009-07-29}}</ref> onde se encontram sobre um sumptuoso [[catafalco]].
[[Imagem:Faro colon.jpg|thumb|[[Farol de Colombo]] na [[República Dominicana]]]]
No entanto, em 1877, uma caixa de [[chumbo]] com a inscrição "Ilustre y esclarecido varón Don Cristóbal Colón" e contendo fragmentos de osso e uma bala, foi descoberta na [[Catedral de Santo Domingo]]. De modo a pôr fim às alegações de as relíquias erradas haviam sido transferidas para Havana e que os restos mortais de Colombo haviam sido deixados enterrados na Catedral de Santo Domingo, em
== Obra ==
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