Cristóvão Colombo: diferenças entre revisões

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'''Cristóvão de Colombo''' ([[República de Gênova|Génova]], entre [[22 de agosto]] e [[31 de outubro]] de [[1451]] — [[Valladolid (província)|Valladolid]], [[20 de Maiomaio]] de [[1506]]) foi um [[navegador]] e [[explorador]] [[Italianos|italiano]], responsável por liderar a [[frota]] que alcançou o [[América|continente americano]] em [[12 de Outubrooutubro]] de [[1492]], sob as ordens dos [[Reis Católicos]] de [[Espanha]], no chamado [[descobrimento da América]]. Empreendeu a sua viagem através do [[Oceano Atlântico]] com o objectivo de atingir a [[Índia]], tendo na realidade descoberto as [[ilhas das Caraíbas]] ([[Antilhas]]) e, mais tarde, a costa do [[Golfo do México]] na [[América Central]].
 
Seu nome em italiano é ''Cristoforo Colombo'', em latim ''Christophorus Columbus'' e em espanhol, ''Cristóbal Colón''. Este [[Antroponímia|antropónimo]] inspirou o nome de, pelo menos, um país, [[Colômbia]]<ref>{{citar web|título = Etimología de Colombia|url = http://etimologias.dechile.net/?Colombia|publicado = etimologias.dechile.net|acessodata= 6 de janeiro de 2008}}</ref> e duas regiões da América do Norte: a [[Colúmbia Britânica]] no [[Canadá]] e o [[Washington, D.C.|Distrito de Colúmbia]] nos [[Estados Unidos]]. Entretanto o Papa Alexandre VI escrevendo em latim sempre chamou ao navegador pelo nome de ''Christophorum Colon'' com significado de ''Membro'' e nunca pelo latim ''Columbus'' com significado de ''Pombo''.<ref>Manuel Rosa "Colón. La Historia Nunca Contada", ISBN 978-989-8092-66-3</ref>
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== Antecedentes familiares ==
[[Imagem:Genova-Quinto-IMG 1682.JPG|thumb|250px|Bairro de [[Quinto al Mare]], [[Génova]]]]
Segundo a documentação aceite até aqui, Colombo era um tecelão natural de [[Génova]],{{nota de rodapé|"''Even with less than a complete record, however, scholars can state with assurance that Columbus was born in the republic of Genoa in northern Italy, although perhaps not in the city itself, and that his family made a living in the wool business as weavers and merchants…The two main early biographies of Columbus have been taken as literal truth by hundreds of writers, in large part because they were written by individual closely connected to Columbus or his writings. …Both biographies have serious shortcomings as evidence.''"<ref>Phillips, William D., e Carla Rahn Phillips. ''The Worlds of Christopher Columbus''. Cambridge: Cambridge University Press, 1992. p. 9.</ref>}} tendo provavelmente nascido no bairro de [[Quinto al Mare|Quinto]], onde o seu pai residia já em 1429.<ref name=Quinto/> Era filho de Domenico Colombo e de SusanaSusanna FontanarubeaFontanarossa, e neto de Giovanni Colombo, morador em Quinto, e já defunto a 20 de Abrilabril de 1448. Tinha ainda um tio chamado António Colombo e uma tia Battistina, casada com Giovanni Frittalo, a qual foi dotada no referido ano de 1448.<ref>Archivio di Stato di Genova - Notário Antonio Fazio seniore, filza 11, nº 127.</ref> A 21 de Fevereirofevereiro de 1429 o pai de Colombo, Domenico, foi enviado pelo seu pai Giovanni, avô de Colombo, para casa de um tecelão alemão, como aprendiz dessa arte, por um prazo de seis anos. Giovanni, originário de [[Moconesi]], era então habitante em Quinto.<ref name=Quinto>Archivio di Stato di Genova - Notário Quilico Albenga, filza unica, nº 68.</ref>
 
Domenico tornou-se assim tecedor de panos, mas de carácter inquieto, e procurando melhorar a sua precária situação económica, estabeleceu-se alternadamente entre Génova e [[Savona]], trabalhando como [[taberneiro]], dedicando-se a pequenos negócios, comprando e vendendo [[Quinta (propriedade)|quintas]], e tendo até conseguido a guarda de uma das portas de Génova.<ref name="Hist80">{{harvnb|Salmoral|1992|p=80}}</ref>
 
Domenico Colombo e SusanaSusanna Fontanarossa tiveram pelo menos quatro filhos, [[Bartolomeu Colombo|Bartolomeu]], Cristóvão, Giacomo e João Peregrino, e uma filha, Blanchinetta, a qual em 1489 estava já casada com o queijeiro Jacobo Bavarelli. Tanto João peregrino como Blanchinetta morreram jovens, tendo esta deixado um filho, por nome Pantaleão.<ref>{{harvnb|Altolaguirre y Duvale|1918}}</ref> Cristóvão e Bartolomeo terão tido desde cedo vocação marítima, enquanto Giacomo aprendeu o ofício de tecedor.<ref>[[#ARRANZ|ARRANZ MÁRQUEZ, Luis]] [http://books.google.com/books?id=YerxcpDT_vsC&pg=PA106 Pág. 106.]</ref>
 
Vários documentos notariais genoveses atestam a presença em Espanha dos três filhos de Domenico, Bartolomeu, Cristóvão e Giacomo. Em 1489, após um processo entre Domenico e o pai do seu genro, Giacomo Bavarello, queijeiro, este, já viúvo, assina na qualidade de legítimo administrador da parte dos seus três filhos. A 11 de Outubrooutubro de 1496, um acordo é assinado entre Giovanni Colombo de Quinto e Matteo e Amighetto, seus irmãos, todos filhos de Antonio Colombo já defunto, segundo o qual o primeiro deles se deveria dirigir a Espanha, a expensas comuns, para visitar «Cristóvão Colombo, seu primo, Almirante do Rei de Espanha». Em 1501, alguns cidadãos de [[Savona]] juraram que Cristóvão, Bartolomeu e Giacomo Colombo, filhos e herdeiros do defunto Domenico são «há muito tempo afastados da cidade e território de Savona, para lá de Pisa e de Nice em Provença, e que vivem em Espanha, como toda a gente sabe e o sabia já.»<ref name=Taviani/>
 
== Primeiros anos ==
[[Imagem:Castello d'Albertis-DSCF5494.JPG|thumb|esquerda|upright=0.6|''Colombo infantegiovinetto'', de Giulio Monteverde (Museo delle Culture del Mondo, CastellCastello d'Albertis, [[Génova]])]]
A data do nascimento de Colombo pode ser determinada com alguma precisão, uma vez que num documento datado de 31 de Outubrooutubro de 1470 afirma-se que Cristóvão Colombo, filho de Domenico é já maior de dezanove anos.<ref>Archivio di Stato di Genova - Notário Nicola Raggio, filza 2, ano 1470, nº 805.</ref>{{nota de rodapé|Este e vários dos documentos citados nesta secção encontram-se transcritos e estudados, entre outros, em Altolaguirre y Duvale, 1918}} Esta informação, juntamente com o documento Assereto, onde ele próprio afirma ter "cerca de 27 anos",<ref name="Assereto">"Documento Assereto" - Archivio di Stato di Genova - Notário Gerolamo Ventimiglia, filza 2, nº 266.</ref> permite precisar o ano do seu nascimento como sendo o de [[1451]], entre 25 de Agostoagosto e 31 de Outubrooutubro.<ref>{{Citar web
| título = Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes- Historia
| url = http://bib.cervantesvirtual.com/historia/viajeros/viajeros2_colon.shtml
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}}</ref><ref name="Vig276">{{harvnb|Vignaud|1906|p=276}}</ref>
 
Colombo começou por seguir o ofício de tecelão, mas muito cedo interessou-se pela navegação.<ref name="Hist80"/> Os estudos que teve devem ter sido muito elementares, e talvez terá aprendido matemática e a sua bela caligrafia nalguma modesta escola da região. Segundo o seu filho Fernando, aos catorze anos começou a navegar. Em 1492 Colombo afirmou que havia vinte e três anos que navegava, o que leva a 1469 e aos dezanove anos.{{nota de rodapé|Em 1501 Colombo afirma que já navegava há mais de 40 anos, o que é inverosímil.}} De qualquer modo, num documento de 1472 ainda se intitula ''lanerio'', e a partir do ano seguinte não surge mais como vivendo na região. É possível que alternasse entre os dois ofícios, começando a navegar como [[grumete]] e dedicando-se depois ao comércio, trabalhando à comissão, segundo se vê da documentação notarial.<ref name="Hist82"/>
 
Nestas primeiras viagens esteve na ilha de [[Quios]], no [[mar Egeu]], à época uma colónia genovesa, cuja produção de [[mástique]] recordou várias vezes. Recordou também um feito militar que teria feito ao serviço de [[Renato de Anjou]], aliado de Génova e proclamado rei de Aragão pelos catalães revoltados (1466), uma tentativa de captura em [[Tunes (Tunísia)|Tunes]] de uma [[galeaça]] de [[João II de Aragão]], ou do sobrinho deste, o [[Fernando I de Nápoles|rei de Nápoles]], com os quais aquele estava em guerra; este feito, que poderia ter acontecido por volta de 1472, apresenta no entanto aspectos duvidosos.
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== Presença em Portugal ==
Não se conhece qualquer documento dos arquivos portugueses que mencione o navegador. O único documento em português que o refere é um suposto salvo-conduto de [[João II de Portugal|D. João II]] datado de 1488 e guardado no [[Arquivo Geral das Índias]], cuja autenticidade é, no entanto, duvidosa.<ref>{{harvnb|Pereira da Costa|1992|p=17}}</ref> O registo da presença de Colombo em Portugal é estabelecido a partir das biografias escritas pelo seu filho [[Fernando Colombo|Fernando]] e por [[Las Casas]], assim como do ''Documento Assereto'', que assinala a sua presença em [[Lisboa]] e na [[Região Autónoma da Madeira|Madeira]] no Verãoverão de 1478, e indica a sua intenção de se deslocar para Lisboa em Agostoagosto de 1479.
 
Segundo o seu filho Fernando, Colombo chega a Portugal num episódio relacionado com este pirata Colombo. Conta Fernando que indo Colombo nuns navios mercantes genoveses em direcção a [[Inglaterra]], estes foram atacados pelo pirata Colombo ''o Novo'' por alturas do [[Cabo de São Vicente]], havendo feroz combate, pois os navios iam armados, tendo ardido vários. Conta Fernando que Colombo salvou-se agarrado a um remo, chegando a terra muito extenuado. Recolhido pela população e recomposto, Colombo passou a Lisboa, onde sabia se encontrarem muitos seus compatriotas da colónia genovesa daquela cidade. Há neste relato manifesto erro, pois este combate com Colombo ''o Novo'' ocorreu somente em 1486, quando Colombo já se encontrava em Espanha. O episódio parece corresponder a um outro combate com o pirata Coulon ''o Velho'' em 1476. Logicamente que, caso Colombo realmente tenha chegado desta forma a Portugal, teria estado a bordo das naus genovesas, e não acompanhando o pirata, como já se supôs.<ref name="Hist82"/>
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Em todo o caso, supõe-se que Colombo tenha vivido cerca de nove anos em terras de [[Portugal]], entre 1476 e 1485,<ref name="Hist83">{{harvnb|Salmoral|1992|p=83}}</ref> para onde terá vindo aos vinte e cinco anos, ao atingir a maioridade.<ref name="Vig276"/> Este período da sua vida resume-se às suas viagens, ao casamento, e ao grande projecto que começou a acalentar.
 
Nesta época, terá realizado algumas viagens de grande alcance. De Lisboa, terá seguido com o resto da frota genovesa que se salvara do confronto com o pirata, após esta se reagrupar e reforçar, até Inglaterra, e ao que parece mais além, pois ele mesmo diz que, estando em [[Galway]], no oeste da [[Irlanda]], viu um homem e uma mulher chegarem num tronco vindos de "[[Catai]]". Afirmou também ter chegado a [[Tule]] em 1477, comprovando que o seu extremo sul estava a 73ºN e não a 63º (sendo que este último é que é realmente o valor correcto) e que, apesar de ser Fevereirofevereiro, o mar não estava gelado, permitindo que navegasse cem léguas para lá da ilha. Tem sido discutido se de facto chegou à Islândia, e parece ainda mais improvável tal prolongamento da viagem, cuja finalidade não se percebe. É possível que a Tule de Colombo fossem as [[Shetland]], ou as [[Ilhas Feroe]], muito mais meridionais. Por outro lado, a latitude da Tule de Colombo aproxima-se mais da Islândia, e há provas de que, nesse ano, o Invernoinverno na Islândia foi muito mais suave que o habitual.<ref name="Hist83"/>
 
[[Imagem:Casa do colombo.JPG|thumb|A casa em que se pensa que Colombo possa ter residido, na ilha do [[Porto Santo]], na [[Região Autónoma da Madeira|Madeira]]]]
Em Julhojulho de 1478, encontra-se nesta cidade, ao serviço da casa comercial de LudivicoLodisio Centurione e Paolo di Negro, mercadores genoveses cujos herdeiros são citados nos testamentos de Colombo (1506) e do seu filho [[Diogo Colombo|Diogo]] (1523).<ref name=Taviani>Taviani, Paolo Emilio : "Cristobal Colon : genesis del gran descubrimiento / Paolo Emilio Taviani"; Barcelona : Instituto geografico de Agostini : Teide - IT\ICCU\UBO\1205760</ref> Por esta data, Colombo desloca-se de Lisboa à [[Região Autónoma da Madeira|Ilha da Madeira]], encarregado de comprar 2400 [[arroba]]s de [[açúcar]], que deveriam ser carregadas no navio do capitão português Fernando de Palência. Para o efeito, Di Negro havia-lhe fornecido parte do dinheiro, sendo que o restante deveria chegar ao [[Funchal]] a tempo da transacção ser concretizada e da chegada do navio que deveria carregar o açúcar, o que não aconteceu, tendo os vendedores se recusado a concretizar a transacção.<ref name="Vig278">{{harvnb|Vignaud|1906|p=278}}</ref><ref>{{harvnb|Pereira da Costa|1992|p=24}}</ref>
 
Embora se suponha geralmente que Colombo teria vivido no Porto Santo por esta época, cerca de 1478, segundo [[José Pereira da Costa (historiador)|Pereira da Costa]] não é crível que tal tenha ocorrido, dadas as condições muito precárias da ilha nessa época.<ref>{{harvnb|Pereira da Costa|1992|p=21}}</ref> Do mesmo modo, não se sabe ao certo se a viagem de 1478 à Madeira teria sido ou não a sua primeira visita àquele arquipélago.<ref name="Vig276"/>
 
O caso da transacção de açúcar falhada acabou nos tribunais de Génova, onde Colombo, então com 27 anos, se encontrava a 25 de Agostoagosto de 1479, tendo prestado declarações na qualidade de testemunha e cidadão genovês. No dia seguinte, 26 de Agostoagosto de 1479, Colombo embarcaria novamente com destino a Lisboa.<ref name="Vig278"/>
 
O facto de o tribunal de Génova o considerar ainda como cidadão daquela cidade em Agostoagosto de 1479 permite supor que nesta data não estava ainda permanentemente estabelecido em Lisboa e seria ainda solteiro, de acordo com a informação de Las Casas, que diz que o seu casamento e estabelecimento em Portugal levou a que fosse considerado como cidadão português.<ref name="Vig277">{{harvnb|Vignaud|1906|p=277}}</ref> Assim, terá sido apenas após esta data que desposou [[Filipa Moniz]], à época residente com sua mãe no mosteiro feminino de Santos-o-Velho da [[Ordem de Santiago]]<ref>{{Citar web |url=http://www.1492.us.com/portugues/filipa.htm |título=Pergaminho do Mosteiro de Santos o Velho, que atesta a presença de uma Filipa Moniz nesse convento |data= |acessodata=}}</ref> desde a morte do pai, [[Bartolomeu Perestrelo]], cavaleiro da casa do [[Infante D. Henrique]],<ref>''Livro das Ilhas'', p. 97v, guardado na [[Torre do Tombo]]</ref> de ascendência presumivelmente italiana, de [[Placência]], e um dos povoadores e primeiro [[capitão do donatário]] da ilha do [[Porto Santo]]. O recolhimento de Isabel Moniz, viúva de Bartolomeu Perestrelo, após a morte deste em 1457 no Porto Santo, junto com a filha neste mosteiro, deve-se certamente ao facto do Mestre de Santiago ter sido amo de Bartolomeu Perestrelo.<ref>{{harvnb|Pereira da Costa|1992|p=18}}</ref> Desta união nasceu o único filho legítimo de Colombo que se conhece, [[Diogo Colombo|Diogo]], depois nomeado pela Coroa Espanhola como 2º Almirante e Vice-rei das Índias.<ref name="Hist83"/>
 
Mais tarde, Colombo terá navegado em navios portugueses, pois fez uma viagem a [[São Jorge da Mina|Mina]], cuja [[Castelo de São Jorge da Mina|fortaleza]] apenas se construiu em 1482, e algumas vezes menciona recordações da [[Guiné Portuguesa|Guiné]]. Deve também ter conhecido as [[Ilhas Canárias]]. Por esta época juntou-se-lhe o seu irmão Bartolomeu, bom cartógrafo e construtor de esferas, ofício do qual ali vivia. Bartolomeu era muito entendido em cosmografia e bom marinheiro, embora não se saiba onde foi buscar esses conhecimentos, sendo sempre um colaborador leal e eficaz do navegador.<ref name="Hist83"/>
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[[Imagem:Toscanelli map.jpg|thumb|esquerda|Mapa atribuído a [[Toscanelli]]]]
[[Imagem:Emanuel Gottlieb Leutze - Columbus Before the Queen.JPG|thumb|esquerda|Colombo perante os [[reis católicos]] [[Fernando II de Aragão|Fernando]] e [[Isabel I de Castela|Isabel]], representado por [[Emanuel Leutze]]]]
Esta correspondência apenas se conhece através de Colombo; o seu filho Fernando escreve que, uma vez inteirado dela, o pai escreveu a Toscanelli, que lhe respondeu enviando cópia da carta que havia enviado a Fernão Martins, datada (a original) de 25 de Junhojunho de 1474. [[Las Casas]] diz que teve nas suas mãos a tradução em castelhano, pois o original estava em latim. Colombo teria insistido com Toscanelli, que acabou por lhe enviar uma cópia do mapa já antes enviado a Afonso V. Estas cartas, no entanto, apenas se conhecem pelas transcrições de Fernando Colombo e Las Casas incluídas nas suas obras; no {{séc|XIX}} descobriu-se um texto em latim entre os papéis que pertenceram a Colombo, escrito por sua mão ou pela do irmão Bartolomeu. Tais cartas foram sempre geradoras de polémica, sendo consideradas falsas por alguns, como Vignaud e Carbía, e autênticas pela maioria dos historiadores italianos. Outros historiadores tomam por autêntica somente a correspondência entre Toscanelli e Fernão Martins, sendo a restante entre Colombo e Toscanelli considerada apócrifa, inventada possivelmente pelo filho Fernando, por forma a demonstrar que o pai, já com o seu projecto idealizado, se tinha apoiado em um parecer de grande autoridade, assim como empurrar para Toscanelli a responsabilidade pelo erro cometido por Colombo de pensar que chegara à Ásia oriental ao chegar às Américas. Ignora-se como Colombo pôde conhecer um tal documento secreto, de que, de resto, jamais fez ele próprio menção.<ref>{{harvnb|Salmoral|1992|pp=83-84}}</ref>
 
O historiador [[Demetrio Ramos]] analisou a carta de Toscanelli a Fernão Martins, no contexto do ambiente português da época. Em [[1452]] teve lugar a viagem de [[Diogo de Teive (navegador)|Diogo de Teive]], cuja rota antecipou a de Colombo, a qual tinha a intenção premeditada de fazer o reconhecimento do Atlântico oriental; nessa viagem encontrava-se o marinheiro Pedro Vásquez de la Frontera, que surge mais tarde em [[Palos]] angariando tripulantes para a expedição de Colombo, assegurando que se encontrariam as Índias; não é seguro, no entanto, que Teive tenha avistado terra. Nos anos seguintes, as doações de ilhas por achar nas [[Chancelaria-Mor|chancelarias]] portuguesas parecem indicar suspeitas fundamentadas de terras nessas longitudes. É por esta altura, em 1474, que ocorre a consulta a Toscanelli, com o objectivo de confirmar estes avistamentos, e de inquirir sobre a possibilidade do oriente asiático estar mais perto do que o que se supunha. A concessão feita em 1475 a [[Fernão Teles de Meneses, 4º senhor de Unhão|Fernão Teles]] volta a demonstrar as intenções portuguesas em encontrar ilhas intermediárias numa rota para o Atlântico ocidental.<ref name="Hist84">{{harvnb|Salmoral|1992|p=84}}</ref>
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== Últimos anos ==
[[Imagem:ColumbusHouseOfValladolid.jpg|thumb|esquerda|upright|''[[Santa Maria (navio)|Santa María]]'', o [[navio-almirante]] de Colombo na sua primeira viagem, na sua casa de [[Valhadolid]].<ref>{{Citar web|url=http://www.vanderkrogt.net/statues/object.php?webpage=CO&record=es098|título=Columbus Monuments Pages: Valladolid|acessodata=2010-01-03}}</ref>]]
[[Imagem:Tumba de Colon-Sevilla.jpg|thumb|upright|Túmulo de Colombo na [[Catedral de Sevilha]]. Os restos mortais são carregados pelos reis de [[Reino de Castela|Castela]], [[Reino de Leão|Leão]], [[Reino de Aragão|Aragão]] e [[Reino de Navarra|Navarra]].<ref>{{Citar web|url=http://www.vanderkrogt.net/statues/object.php?webpage=CO&record=es093|título=Columbus Monuments Pages: Sevilla|acessodata=2010-01-03}}</ref>]]
Embora Colombo tenha sempre apresentado a conversão dos não-cristãos como um dos motivos das suas expedições, a sua religiosidade aumentou nos últimos anos de vida. Provavelmente com o apoio do seu filho Diogo e do seu amigo, o monge [[cartuxo]] Gaspar Gorricio, Colombo produziu dois livros nos seus últimos anos: o ''Livro de Privilégios'' (1502), detalhando e documentando as mercês que havia recebido da [[Coroa Espanhola]], às quais acreditava ele e seus herdeiros terem direito, e um ''Livro de Profecias'' (1505), no qual usou passagens da Bíblia para colocar os seus feitos como explorador no contexto da [[escatologia cristã]].<ref name= britannica>Encyclopædia Britannica, 1993 ed., Vol. 16, pp. 605ff / Morison, ''Christopher Columbus'', 1955 ed., pp. 14ff</ref>
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No final da vida, Colombo exigiu que a Coroa Espanhola lhe desse 10% de todos os proveitos obtidos nos territórios descobertos, tal como estipulado nas [[capitulações de Santa Fé]]. No entanto, uma vez que Colombo havia sido dispensado das suas obrigações como governador, a Coroa não se sentiu obrigada por esse contrato, e as suas exigências foram rejeitadas. Após a sua morte, os herdeiros de Colombo processaram a Coroa com vista a obter uma parte dos proveitos do comércio com as Américas, assim como outros benefícios. Isto levou a uma longa série de disputas legais conhecidas como ''[[pleitos colombinos]]''.
 
Colombo morreu em [[Valhadolid]] a 20 de Maiomaio de 1506, com cerca de 55 anos, com uma considerável riqueza proveniente do ouro que os seus homens haviam acumulado em [[Hispaniola]]. À data da sua morte, Colombo estava ainda convencido que as suas expedições tinham sido realizadas ao longo da costa oriental da Ásia. De acordo com um estudo publicado em Fevereirofevereiro de 2007, realizado por Antonio Rodriguez Cuartero, do Departamento de Medicina Interna da [[Universidade de Granada]], Colombo morreu de [[paragem cardíaca]] causada por [[artrite reactiva]]. Segundo os seus diários pessoais e anotações deixadas pelos seus contemporâneos, os sintomas desta doença (ardor doloroso quando se urina, dor e inchamento das pernas, e [[conjuntivite]]) eram claramente evidentes nos três últimos anos da sua vida.<ref>{{Citar web|url=http://www.eluniversal.com.mx/notas/408828.html|título=Cause of the death of Columbus (in Spanish)|publicado=Eluniversal.com.mx|data= |acessodata=2009-07-29}}</ref>
 
Os restos mortais de Colombo foram inicialmente sepultados em Valladolid, sendo depois transladados para o [[Mosteiro da Cartuxa]] em [[Sevilha]]. Em 1542, por desejo expresso pelo seu filho [[Diogo Colombo|Diogo]], que fora governador de [[Hispaniola]], os restos mortais foram transferidos para [[Cidade Colonial de Santo Domingo|Santo Domingo]], na actual [[República Dominicana]], onde foram depositados na [[Catedral de Santo Domingo|catedral da cidade]]. Em 1795, quando a França obteve o controlo de toda a ilha de Hispaniola, os restos mortais de Colombo foram transladados para [[Havana]], [[Cuba]], e após a independência cubana, na sequência da [[Guerra Hispano-Americana]] de 1898, novamente transferidos para Espanha, para a [[Catedral de Sevilha]],<ref>{{Citar web|url=http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/12368307610158273876213/p0000001.htm|título=''Cristóbal Colón: traslación de sus restos mortales a la ciudad de Sevilla'' at Fundación Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes|publicado= Cervantesvirtual.com|data= |acessodata=2009-07-29}}</ref> onde se encontram sobre um sumptuoso [[catafalco]].
 
[[Imagem:Faro colon.jpg|thumb|[[Farol de Colombo]] na [[República Dominicana]]]]
No entanto, em 1877, uma caixa de [[chumbo]] com a inscrição "Ilustre y esclarecido varón Don Cristóbal Colón" e contendo fragmentos de osso e uma bala, foi descoberta na [[Catedral de Santo Domingo]]. De modo a pôr fim às alegações de as relíquias erradas haviam sido transferidas para Havana e que os restos mortais de Colombo haviam sido deixados enterrados na Catedral de Santo Domingo, em Junhojunho de 2003 foram tiradas amostras de [[ADN]] dos restos mortais que se encontram em Sevilha,<ref>''History Today'' Augosto de 2003</ref> assim como outras amostras de ADN dos restos mortais dos seus filhos Diogo e [[Fernando Colombo|Fernando]]. As observações iniciais sugeriram que os ossos não aparentavam pertencer a alguém com o físico e idade associados a Colombo.<ref>[[Giles Tremlett]], [http://www.guardian.co.uk/spain/article/0,2763,1280590,00.html Young bones lay Columbus myth to rest], ''[[The Guardian]]'', August 11, 2004</ref> A extracção de ADN revelou-se difícil; apenas pequenos fragmentos de [[ADN mitocondrial]] (ADNmt) puderam ser isolados. Estes fragmentos encontraram uma correspondência exacta com o ADNmt do seu irmão Diogo, sustentando a tese de que ambos terão partilhado a mesma mãe.<ref name="remains">{{citar jornal|primeiro =Rossella|último =Lorenzi|título=DNA Suggests Columbus Remains in Spain| url=http://dsc.discovery.com/news/briefs/20041004/columbus.html|publicado=[[Discovery Channel|Discovery News]]|data=6 de outubro de 2004|acessodata=2006-10-11|arquivourl=http://archive.is/KSlL|arquivodata=2012-12-16}}</ref><ref name="autogenerated2006">{{citar web | url=http://www.msnbc.msn.com/id/12871458/ | título=DNA verifies Columbus’ remains in Spain }}''[[Associated Press]]'', May 19, 2006</ref> Tal evidência, juntamente com a análise histórica e [[antropológica]], levou os investigadores a concluir que os restos mortais que se encontram em Sevilha pertencem a Cristóvão Colombo.<ref name="bare_url">{{citar periódico|último =Álvarez-Cubero|primeiro =MJ|coautor= Martínez-González, LJ; Saiz, M; Álvarez, JC; Lorente, JA|data=8 de março de 2010|url=http://scielo.isciii.es/scielo.php?pid=S1135-76062010000100002&script=sci_arttext|título=New applications in genetic identification|periódico=[[Cuadernos de Medicina Forense]]|volume=16|número=1–2|páginas=5–18|issn=1135-7606}}</ref> As autoridades de Santo Domingo nunca permitiram que os restos mortais que aí se encontram fossem exumados, de modo que desconhece-se se algum deles pertence também ao corpo de Colombo.<ref name="autogenerated2006"/><ref name="bare_url" /> Estas relíquias encontram-se actualmente no "[[Farol de Colombo]]" (''Faro a Colón''), em Santo Domingo.
 
== Obra ==