Miguel Reale: diferenças entre revisões

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Miguel Reale se encontrou pela primeira vez com [[Plínio Salgado]] (a quem consideraria, mais de meio século depois, como "um dos mais completos e penetrantes mestres do jornalismo pátrio"), cujos artigos no jornal ''A Razão'' havia lido e apreciado bastante, no mês de outubro de 1932, após este publicar o ''Manifesto de Outubro'', documento fundador do [[Ação Integralista Brasileira|Movimento Integralista]], uma iniciativa de cunho nacionalista, tradicionalista e espiritualista. Foi então que sentiu "a possibilidade de uma experiência política que viesse realizar dois valores que me pareciam fundamentais: o socialismo em vinculação com a problemática nacional". Reale ingressa na Ação Integralista Brasileira já em meados de novembro daquele ano, tornando-se, logo, Secretário de Doutrina — e um de seus principais doutrinadores.<ref name=":3">{{citar web|url=http://integralismo.org.br/?cont=781&ox=26#.WeFhu_lSxac|titulo=O centenário de Miguel Reale|data=25/05/2010|acessodata=13/10/2017|publicado=Frente Integralista Brasileira|ultimo=BARBUY|primeiro=Victor Emanuel Vilela}}</ref><ref name=":7">{{citar livro|título=Centenário de Plínio Salgado|ultimo=REALE|primeiro=Miguel|obra=Anais do Centenário e da 2° Semana Plínio Salgado|editora=GRD|ano=1996|local=São Paulo|páginas=19-23|acessodata=}}</ref>
 
Reale passa a defender, no seio da AIB, uma posição própria, baseada no corporativismo democrático de [[Mihail Manoilescu]] e de [[MirkineBoris GuetzévitchMirkine-Guetzevitch]], negando a concepção fascista da corporação como "órgão do Estado", em prol das corporações como estrutura democrática com organização social autônoma. Em sua opinião, "o Integralismo não se reduzia à doutrina seguida por Plinio Salgado, comportando variantes pessoais".<ref name=":2" /><ref name=":7" /> Ele divide os teóricos integralistas em três tipos: "a maioria" seduzida pelos valores do nacionalismo ou da "reação espiritualista" no desempenho da vida política, como se dava sobretudo com [[Plínio Salgado]]; aqueles que davam mais importância aos problemas jurídico-políticos da organização da sociedade e do Estado, como era o caso dele; e "a reduzida minoria", à testa dos quais estava [[Gustavo Barroso]], "mais seduzidos pelos valores da Milícia, pela força-aliciadora e irracional dos símbolos, da camisa verde e do sigma, acentuando as diretrizes anticomunistas e anti-capitalistas, até o ponto de adotarem (...) o antissemitismo."<ref name=":4">REALE (tomo I, Cadernos da UnB) 1983, p. 9</ref>
 
Reale rejeita a comparação do Integralismo a regimes totalitários, constatando: "Tal estudo só será válido se forem superados certos preconceitos, o maior dos quais é a redução simplista do Integralismo a uma forma de Fascismo caboclo, ou mesmo de Nazismo. (...) Na realidade, o Integralismo surgiu como decorrência de vários fatores, uns internos, outros externos".<ref>REALE (tomo I, Cadernos da UnB) 1983, pp. 7-8</ref> Diz ainda: "O Integralismo, a meu ver, não surgiu como uma expressão de mimetismo de fenômenos como o fascismo e muito menos o nazismo. Inicialmente, o Integralismo foi uma meditação sobre os problemas brasileiros, o que se pode ver pela obra de Plínio Salgado (...) Tanto na sua obra literária como na sua atuação política, Plínio reflete a meditação sobre a obra de [[Alberto Torres]], [[Oliveira Viana|Oliveira Vianna]], [[Raimundo de Farias Brito|Farias Brito]], [[Aureliano Tavares Bastos|Tavares Bastos]], [[Euclides da Cunha]], que eram seus autores prediletos. De maneira que a sua formação inicial foi, digamos assim, [[Caboclo|cabocla]]. Aliás, sempre o considerei um grande caboclo, até pelo físico, pela maneira de ser."<ref>{{citar web|url=http://www.integralismolinear.org.br/site/mostrar_texto.asp?id=69#.WeOpMflSxac|titulo=MIGUEL REALE SOBRE O CHEFE NACIONAL|data=11/03/2013|acessodata=15/10/2017|publicado=Movimento Integralista e Linearista Brasileiro (MIL-B)|ultimo=|primeiro=}}</ref> Ainda contra as comparações ao nazismo, escreve, já nos seus últimos dias de vida: "Nada mais errôneo do que ligar a Ação Integralista Brasileira a Hitler, pois ela foi criada em outubro de 1932, quando a doutrina daquele líder alemão era praticamente desconhecida no Brasil."<ref name=":5">{{citar web|url=http://www.miguelreale.com.br/artigos/intrev.htm|titulo=O INTEGRALISMO REVISITADO|data=28/08/2004|acessodata=13/10/2017|publicado=|ultimo=|primeiro=|autor=Miguel Reale}}</ref> Sobre as externalidades, ele comenta: "Não se deve (...) olvidar que todos nós estávamos convictos de que (...) seria impossível arrancar o povo de seu torpor, graças apenas a frios raciocínios ou cálculos econômicos: tornava-se necessário carisma, ou seja, o recurso a valores emocionais aliciantes, o que era, de resto, traço comum a unir os dois grandes grupos em confronto (Fascismo, lato sensu, e Comunismo) com a força de suas doutrinas e de seus emblemas, gestos e bandeiras."<ref name=":4" />