Xaria: diferenças entre revisões

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O aportuguesamento da palavra foi feito com "x" inicial, em consonância com os ditames gramaticais históricos da língua portuguesa, que preconizam o uso de "x" na transliteração de palavras do árabe: xeque/xeique, almoxarifado, xiita, xarope, xadrez, enxaqueca, haxixe, oxalá etc. A palavra "xaria", referente ao direito islâmico tradicional em todo o mundo, serviu ademais de origem à palavra moçambicana "xária", que é o direito consuetudinário entre o [[Macuas|povo Macua]], em Moçambique.
 
O conceito da xaria foi vítima de alguma confusão ao longo dos tempos, tanto na literatura legal como na comum.<ref>L. Ali Khan, ''A Theory of Universal Democracy: Beyond the End of History'', A Haia, Kluwer Law International, 2003, ISBN 90-411-2003-3</ref> Para alguns muçulmanos, a ''xaria'' consiste do Alcorão e da Suna, enquanto para outros, também inclui a ''[[fiqh]]'' clássica; a maioria das [[enciclopédia]]s define a xaria como uma lei baseada no Alcorão, na Suna, na ''fiqh'', derivada do [[consenso]] (''ijma'') e nas analogias (''qiyas''). Esta definição da xaria coloca juntos, de maneira pouco apropriada, o que é tido como revelado com o não- revelado; esta mistura de fontes criou um pressuposto confuso de que as interpretações escolásticas são tão sagradas quanto o Alcorão e a Suna e, como estes, não poderiam ser revistos. O Alcorão e a Suna formam o Código Básico, imutável, que deve ser mantido separado da lei interpretativa (''fiqh''), que está em permanente evolução. Esta separação analítica entre o Código Básico e a ''fiqh'' é tida por alguns estudiosos como necessária para "dissipar a confusão em torno do termo ''xaria''".<ref>[http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=935607 The Second Era of Ijtihad], 1 St. Thomas University Law Review 341</ref>
 
== Definições e descrições ==
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O primeiro tratado sobre [[direito internacional]] (''Siyar'', em [[Língua árabe|árabe]]) foi a ''Introdução ao Direito das Nações'', escrito ao fim do {{séc|VIII}} por [[Maomé Chaibam]],<ref name=Weeramantry/>(morto em 804), um [[Ulema|jurista islâmico]] da escola [[hanafita]],<ref name=Kelsay/> oito séculos antes que [[Hugo Grócio]] escrevesse o primeiro tratado [[Europa|europeu]] sobre o assunto. Maomé Chaibam escreveu ainda um segundo tratado, ainda mais avançado, sobre o assunto, e outros juristas logo seguiram-se a ele, com diversos tratados, em diversos volumes, lançados sobre o assunto durante a chamada [[Era de Ouro do Islã]];<ref name=Weeramantry>{{Harv|Weeramantry|1997|p=136}}</ref> estas obras lidavam tanto com o [[direito internacional público]] quanto com o [[direito internacional privado|privado]].<ref name="Weeramantry-138-9"/>
 
Estes primeiros tratados legais islâmicos cobriam a aplicação da [[ética islâmica]], da [[jurisprudência econômica islâmica]] e da [[jurisprudência militar islâmica]] ao direito internacional,<ref name=Kelsay>{{citation|título=Al-Shaybani and the Islamic Law of War|último =Kelsay|primeiro =J.|periódico=Journal of Military Ethics|volume=2|número=1|data=Março de 2003|publicado=[[Routledge]]|páginas=63–75}}</ref> e preocupavam-se com diversos tópicos do direito internacional moderno, incluindo a [[lei de tratados]], o tratamento de [[diplomata]]s, [[refém|reféns]], [[refugiado]]s e [[prisioneiros de guerra]], o [[direito de asilo]], a [[Direito bélico|conduta no campo de batalha]], proteção de mulheres, crianças e [[População civil|civis]] [[não-combatentes|não combatentes]], o uso de armas [[Veneno|envenenadas]] e a devastação do território inimigo.<ref name=Weeramantry/> Os [[califa]]s [[omíadas]] e [[abássidas]] também estiveram envolvidos em [[Negociação|negociações]] diplomáticas contínuas com o [[Império Bizantino]], em assuntos como [[tratado de paz|tratados de paz]], a troca de prisioneiros de guerra e o pagamento de resgates e [[tributo]]s.<ref name=Weeramantry-138/>
 
Após a derrota dos [[francos]] pelo [[sultão aiúbida]] [[Camil]], durante as [[Cruzadas]], [[Olivário Escolástico]] louvou as "leis de guerra" islâmicas, comentando sobre como Camil teria alimentado o exército franco derrotado:<ref name=Weeramantry/>
 
{{Citação2|cinzabq=s|Quem poderia duvidar que tal bondade, amizade e caridade vinha de Deus? Homens cujos parentes, filhos e filhas, irmãos e irmãs, tinham morrido em agonia nas nossas mãos, cujas terras havíamos tomado, a quem tínhamos expulsado, nus, de suas casas, ressuscitaram-nos com sua própria comida quando estávamos morrendo de fome, e nos inundaram com sua bondade enquanto ainda estávamos em seu poder.<ref name = "Weeramantry-p136">{{Harv|Weeramantry|1997|pp=136-7}}</ref>}}
Sobre estes argumentos, Robert A. Hunt observa que muçulmanos e não- muçulmanos se têm tratado mutuamente ora com bondade sacrificial ora com ódio abominável, e nos dois casos isso foi feito em nome da religião. Hunt é de parecer que isto é ''" tudo o que se pode dizer com seriedade sobre a história das relações inter-religiosas. Tudo o resto é propaganda designada para influenciar o comportamento presente, para melhor ou pior."'' <ref>{{citar web|url=http://www.patheos.com/blogs/roberthunt/2013/12/the-covenants-of-the-prophet-muhammad/|titulo=The Covenants of the Prophet Muhammad|data=13 de Dezembro de 2013|acessodata=|publicado=Patheos|ultimo=Hunt|primeiro=Robert A.}}</ref>
 
Os princípios legais islâmicos do direito internacional baseavam-se em grande parte no Alcorão e na [[Suna]] de [[Maomé]], que transmitiu diversas determinações a suas tropas, e adotou práticas direcionadas à conduta durante a guerra. A mais importante destas foi resumida pelo sucessor ([[califa]]) e ''[[sahaba]]'' (companheiro) [[Abacar]], na forma de dez regras para o exército muçulmano:<ref name="Zuhur">Aboul-Enein, H. Yousuf and Zuhur, Sherifa, ''Islamic Rulings on Warfare'', p. 22, Strategic Studies Institute, US Army War College, Diane Publishing Co., Darby PA, ISBN 1-4289-1039-5</ref>
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[[Ficheiro:Ground Zero Mosque Protesters 11.jpg|thumb|Protestos contra a xaria em [[Nova Iorque]], [[Estados Unidos]]]]
 
No campo dos [[direitos humanos]], segundo [[Christopher Weeramantry]], os primeiros [[Ulema|juristas islâmicos]] introduziram diversos conceitos legais avançados, antes do {{séc|XII}}, que anteciparam conceitos similares modernos neste campo.<ref name="Weeramantry 1997 pp=129-32">{{Harv|Weeramantry|1997|pp=129-32}}</ref> Entre eles estavam as noções de [[lei do fideicomisso]] e de [[fundo de caridade]], de [[solidariedade social]], da dignidade humana e do [[Trabalho (economia)|trabalho]], da condenação do [[comportamento antissocial]], da [[presunção de inocência]], da assistência aos necessitados, além de noções de caridade, [[universalismo]], [[contrato]]s justos, integridade comercial, garantia contra a [[usura]] e contra o abuso dos direitos, [[privacidade]], [[direitos da mulher]], [[liberdade individual]], [[igualdade diante da lei]], [[representação legal]], o princípio da não- [[retroatividade]], a supremacia da lei e a [[imparcialidade]] e a [[independência judiciária]] e a limitação da [[soberania]]. Muitos destes conceitos acabaram sendo passados para a Europa através dos contatos com a [[Espanha islâmica]] e o [[Emirado da Sicília]], através das [[Cruzadas]], e das [[traduções latinas do século XII]].<ref name="Weeramantry 1997 pp=129-32"/>
 
Na publicação acadêmica ''[[North Carolina Law Review]]'', o professor da escola de Direito da [[Universidade da Carolina do Norte]], John Makdisi, escreveu:
{{Citação2|cinzabq=s|O modo pelo qual um ato era qualificada como moralmente bom ou ruim no domínio espiritual da religião islâmica é bem diferente da maneira na qual o mesmo ato era qualificado como legalmente válido ou inválido no domínio temporal da lei islâmica. A lei islâmica era [[Secularismo|secular]], e não [[canônica]]… Era, assim, um sistema preocupado em assegurar que um indivíduo recebesse a justiça, não que ele fosse uma pessoa boa.<ref>{{Harv|Makdisi|1999|p=1704}}</ref>}}
O [[conde]] Leon Ostorog, um [[jurista]] [[França|francês]], escreveu sobre a legislação islâmica clássica, em 1927:
{{Citação2|cinzabq=s|Aqueles pensadores orientais do nono século formularam, com base em sua [[Calam|teologia]], o princípio dos [[Direitos do Homem]], nos mesmos termos, abrangendo os direitos da [[liberdade]] individual, e da [[inviolabilidade]] da pessoa e da propriedade; descreveram o poder supremo no islã, ou [[califado]], como sendo baseado num [[contrato]], implicando condições de capacidade e execução, e sujeito ao cancelamento se as condições sob as quais este contrato foi estabelecido não forem cumpridas; elaboraram uma [[Direito bélico|legislação de guerra]], cujas diretrizes, de tão humanas e [[cavalaria medieval|cavalheirescas]], enrubesceriam certos beligerantes da [[Primeira Guerra Mundial|Grande Guerra]]; expuseram uma doutrina de tolerância aos [[credo]]s não- muçulmanos tão [[liberalismo|liberal]] que o Ocidente teve de esperar por mil anos até ver princípios semelhantes serem adotados.<ref>{{Harv|Weeramantry|1997|p=134}}</ref>}}
 
==== Direitos inalienáveis ====
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Para Bernard Lewis, é um triste paradoxo da história humana terem sido as reformas humanitárias trazidas pelo Islã que resultaram em um vasto desenvolvimento do tráfico de escravos dentro e ainda mais fora do império islâmico. <ref name=":0" />
 
A xaria atribui direitos legais diferentes para grupos diferentes. Há uma divisão clara, por exemplo, entre homens e mulheres, assim como entre os muçulmanos e os [[povos do livro]], como os [[Judaísmo|judeus]] e os [[Cristianismo|cristãos]], e os outros não- muçulmanos.<ref>{{citar livro|título=Reliance of the Traveller (Trad.inglesa de Nuh Ha Mim Keller) -Capitulo O1.2 Os seguintes (crimes) não estão sujeitos a retaliação:(...) 2- um muçulmano por matar um não muçulmano; -3- um judeu ou cristão do estado islâmico por matar um apóstata do Islã (porque um súbdito do Estado está sob sua proteção, enquanto matar um apóstata do Islã não tem consequências); -4- um pai ou mãe (ou seus pais e mães) por matar sua prole, ou descendência da sua prole;(...)|ultimo=Al-Misri|primeiro=Ahmad Ibn Naqib|editora=Amana Publications|ano=1997|local=|páginas=|acessodata=28 de Setembro de 2017}}</ref> Sob a Xaria, o testemunho de uma mulher vale metade da de um homem; um homem pode divorciar-se de sua esposa por repúdio, enquanto uma mulher deve apresentar justificações, algumas das quais são difíceis de obter. A custódia da criança reverte para o pai em uma idade predefinida; as mulheres que se casam novamente perdem a custódia de seus filhos, mesmo antes disso; e os filhos herdam o dobro da parcela das filhas.<ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/law/2010/jul/05/sharia-law-religious-courts|titulo=What isn't wrong with Sharia law? (O que não está errado na Xaria? -em inglês)|data=5 de Julho de 2010|publicado=The Guardian|ultimo=Namazie|primeiro=Maryam}}</ref>
 
A Xaria contraria o princípio geral da igualdade de todos perante a lei, conforme o Artigo 7º da [[Declaração Universal dos Direitos Humanos]] que afirma que "Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei". <ref>{{citar web|url=https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Pages/Language.aspx?LangID=por|titulo=Declaração Universal dos Direitos Humanos|data=|acessodata=31 de Janeiro de 2019|publicado=OHCHR|ultimo=|primeiro=}}</ref>
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A [[circuncisão]] masculina envolve a remoção do [[prepúcio]] e é uma tradição na maioria das comunidades muçulmanas e judaicas. As opiniões diferem sobre se é legalmente obrigatório (fard) ou [[Suna]]. Não é mencionado no Alcorão, mas muitos muçulmanos acreditam que é um requisito para a conversão ao Islã. Muitas vezes é identificado como parte dos ritos de purificação (taharah) ou ligado para a prática do [[Antigo Testamento]] de [[Abraão]]. A circuncisão foi interpretada de diversas maneiras como um símbolo exterior da autodisciplina nas exigências de Deus, o crescimento interno da razão, a submissão de paixões básicas a requisitos espirituais superiores, o reconhecimento físico da hegemonia de Deus sobre instintos descontrolados e o compromisso religioso mais profundo esperado de um muçulmano maduro. A prática não é universal. Na Europa e América do Norte, normalmente é feito em um hospital imediatamente após o nascimento. Entre as sociedades tradicionais no [[Oriente Médio]], um rito separado ocorre entre as idades de dois e doze como parte da celebração ritual, e os meninos circuncidados mais velhos são imediatamente obrigados a se juntar a parentes mais velhos em oração pública e são restritos de se moverem livremente entre nas partes da casa.<ref>{{citar web|url=http://www.oxfordislamicstudies.com/article/opr/t125/e436?_hi=11&_pos=3|titulo=Circumcision (Circuncisão - em inglês)|data=|publicado=Oxford Islamic Studies}}</ref>
 
Já a [[mutilação genital feminina]] (também chamada [[circuncisão feminina]]) é uma prática em cerca de 28 países em África, e muitos outros no Médio Oriente e na Ásia, a qual é praticada na sua maioria por muçulmanos mas também por não- muçulmanos (cristãos, animistas e outros).<ref>{{citar web|url=http://www.stopfgmmideast.org/background/islam-or-culture/|titulo=Religion or culture? (Religião ou cultura? - e m inglês)|data=|acessodata=2017|publicado=Stop FGM Middle East|ultimo=Jpeg|primeiro=Miky}}</ref> Nestas áreas, o costume é anterior ao Islão, sendo portanto também uma questão cultural. Nada no Alcorão o prescreve; o costume é mencionado em alguns [[hadith]] (Abu Dawood (5271) mas não há hadith que o ordene.<ref>{{citar web|url=https://islamqa.info/en/82859|titulo=82859: Is there any saheeh hadeeth about the circumcision of females? (Existe algum "saheeh hadeeth" acerca da ciscuncisão feminina? -em inglês)|data=14 de Maio de 2006|acessodata=|publicado=Islam Question and Answer|ultimo=Saalih al-Munajjid|primeiro=Shaykh Muhammad}}</ref> Ela é também referida como obrigatória, com amputação do [[Clítoris|clitóris]] (''bazr)'' , no livro "[[Reliance of the Traveller]]", que é um manual clássico de ''fiqh'' da escola sunita do [[Chafeismo|chafeísmo]].<ref>{{citar livro|título=Reliance of the Traveller (Trad.inglesa de Nuh Ha Mim Keller) -Capitulo E4.3|ultimo=Al-Misri|primeiro=Ahmad Ibn Naqib|editora=Amana Publications|ano=1997|acessodata=}}</ref> . [[Fátua|Fátuas]] (''fatwas'') existem proibindo a MGF, <ref>{{citar web|url=https://www.unicef.org/infobycountry/mauritania_66159.html|titulo=In Mauritania, progress made in ending female genital mutilation/cutting|data=11 de outubro de 2012|acessodata=|publicado=Unicef|ultimo=Azar|primeiro=Miriam}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.unicef.org/somalia/SOM_resources_fatwa.pdf|titulo=Religious Fatwa for Banning all Forms of FGM/C|data=|acessodata=1 de Janeiro de 2018|publicado=Somalia Ministry of Justice, Religion and Rehabilitation.|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar web|url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/8464671.stm|titulo=Mauritania fatwa bans female genital mutilation|data=18 de Janeiro de 2010|acessodata=|publicado=BBC|ultimo=Trevelyan|primeiro=Bob}}</ref> favorecendo-a, <ref>{{citar web|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12184615|titulo=Islam and "female circumcision": the dispute over FGM in the Egyptian press, September 1994.|data=2002|acessodata=|publicado=US National Library of Medicine National Institutes of Health -Vol.21-2 (pág. 403-418)|ultimo=Mordechai|primeiro=Kedar}}</ref> <ref>{{citar web|url=https://islamqa.info/en/60314|titulo=60314: Circumcision of girls and some doctors’ criticism thereof|data=24 de Agosto de 2005|acessodata=|publicado=Islam Question and Answer|ultimo=al-Munajjid|primeiro=Muhammad Saalih}}</ref>ou deixando a decisão aos pais.<ref>{{citar web|url=https://www.hrw.org/news/2010/07/17/iraqi-kurdistan-fgm-fatwa-positive-not-definitive|titulo=Iraqi Kurdistan: FGM Fatwa Positive, but not Definitive --Edict Says Female Genital Mutilation not Prescribed by Islam but Doesn’t Ban It|data=17 de Julho de 2010|acessodata=|publicado=Human Rights Watch|ultimo=|primeiro=}}</ref> Dados mais recentes indicam que a prática está a declinar.<ref>{{citar web|url=http://www.prb.org/Publications/Datasheets/2017/Wallchart-Female-Genital-Mutilation-Declining.aspx|titulo=Data in New Wallchart Show Female Genital Mutilation/Cutting Declining in Many Countries|data=Fevereiro de 2017|acessodata=|publicado=Population Reference Bureau|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
=== Apostasia ===