Pierre-Joseph Proudhon: diferenças entre revisões

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Proudhon foi o primeiro a referir-se a si próprio como um ''anarquista''. Em ''O que é a propriedade'', publicado em [[1840]], ele definiu anarquia como sendo "a ausência de um mestre, de um soberano", e em ''[[A Ideia Geral de Revolução no Século XIX|A Ideia Geral de Revolução]]'' ([[1851]]) ele argumentou em favor de uma "sociedade sem autoridade." Proudhon ampliou sua análise para além das instituições políticas, argumentando em ''O que Propriedade?'' que "proprietário" é "sinônimo" de "soberano". Para Proudhon:{{quote|"Capital"... no campo político é análogo a "governo"... A ideia econômica de capitalismo, as políticas de governo ou de autoridade, e a ideia teológica de igreja são três ideais idênticos, de várias formas, vinculados. Atacar uma delas é o equivalente a atacar todas elas... o que o capital faz ao trabalho, e o Estado à Liberdade, a Igreja faz com o espírito. Esta trindade do absolutismo é tão perniciosa na prática quanto o é na filosofia. O meio mais efetivo de oprimir os povos seria simultaneamente escravizar seu corpo, sua vontade e sua razão<ref>P.-J. Proudhon, ''Confissões de um revolucionário'', (Paris: Garnier, 1851), p. 271., citado por [[Max Nettlau]], ''A Short History of Anarchism'', pp. 43-44.</ref>}}Proudhon em seus primeiros trabalhos analisou a natureza e os problemas da economia capitalista. Enquanto fora profundamente crítico do [[capitalismo]], ele também criticou os socialistas de seu tempo que idolatravam a ideia de associação. Em uma sequência de argumentos, do ''[[O Que É a Propriedade?]]'' (1840) até ''[[Teorias da Propriedade]]'' (''Théorie de la propriété'' - publicado postumamente entre 1963-64), ele declarou contraditoriamente que "propriedade é roubo", "propriedade é impossível", "propriedade é despotismo" e "propriedade é liberdade". Quando afirmava que "propriedade é roubo" e que "propriedade é despotismo" ele se referia ao estado ou ao corporativista que em sua perspectiva "roubava" o dinheiro dos trabalhadores. Para Proudhon, o trabalho assalariado capitalista era uma posição voluntária de subordinação , uma condição temporária de obediência.<ref>''[http://fair-use.org/p-j-proudhon/general-idea-of-the-revolution/organization-of-economic-forces#s3p5 General Idea of the Revolution in the Nineteenth Century'' (1851), Sixth Study, § 3 ¶ 5].</ref>
 
[[Ficheiro:Portrait Pierre-Joseph Proudhon.jpg|thumb|right|Pierre-Joseph Proudhon fotografado por [[Gaspard-Félix Tournachon|Tournachon]] em [[1862]].]]Ao afirmar que "propriedade é liberdade", ele se referia não só ao produto individual do trabalho, mas também daquilo produzido em coletividades - a propriedade de camponeses e artesãos, capaz de possibilitar pertences pessoais, habitação, ferramentas de trabalho, e o valor justo pela venda de seus produtos. Para Proudhon, a única fonte legítima de propriedade é o trabalho. Aquilo que alguém produz é propriedade desse alguém e tudo para além disso não é. Este pensador defendia a auto-organização dos trabalhadores e que estas organizações teriam legitimidade para possuir elas próprias os meios de produção. Ele se contrapos veementemente a apropriação dos produtos do trabalho pela sociedade, argumentando em ''O que é Propriedade?'' que enquanto "propriedade do produto [...] não deve estar vinculada à propriedade dos meios de produção"<ref>P.-J Proudhon, ''What Is Property?'' (Dover, 1970), p. 109.</ref> [...] O direito sobre o produto é exclusivo de quem produz [...] o direito aos meios é comum e aplicando isso a terra ("a terra é [...] algo comum"<ref>P.-J Proudhon, ''What Is Property?'' (Dover, 1970), p. 92.</ref>) e locais de trabalho ("todo o capital acumulado tornar-se propriedade social, ninguém poderá ser seu proprietário exclusivo".<ref>P.-J Proudhon, ''What Is Property?'' (Dover, 1970), p. 120.</ref>) Proudhon portanto, não aprovava a ideia de uma "sociedade" possuindo os meios de produção ou a terra, mas ao invés disso que o "usuário" tivesse possuísse (sob a supervisão da sociedade), com a organização e regulamentação social" de forma a "regular o mercado".<ref>Proudhon, ''Selected Writings'', p. 70.</ref> Proudhon chamou a si mesmo de socialistaAnarquista, mase se opôs a propriedade estatal dos bens capitais em favor da propriedade dos trabalhadores por si próprios em associações. Isso faz com ele seja considerado uma dos primeiros teóricos do [[Anarquismo|Anarquismo Clássico]]. Proudhon foi uma das principais influências sobre a teorização, ao fim do [[século XIX]] e no [[século XX]], de [[auto-administração]] dos trabalhadores, também chamada [[autogestão]].
 
A este uso-propriedade ele chamou de "posse", e este sistema econômico foi chamado por ele de [[Mutualismo (política)|Mutualismo]]. Proudhon foi autor de inúmeros argumentos contra a titulação da terra e do capital, incluindo razões baseadas na moralidade, economia, política, e liberdade individual. Um destes argumentos afirma que este tipo de titulação, por um lado, permitiu o lucro. Por outro, levou a instabilidade social e guerra criando círculos de débito e eventualmente a superação da capacidade de ser pago. Outro é que esta titulação produziu "despotismo" e tornou os trabalhadores em assalariados submetendo-os à autoridade de um chefe.