Guerra dos Farrapos: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m adição de navecaixa, replaced: Tópicos sobre o Império do Brasil → Rebeliões do Brasil Império, removed: {{História do Brasil}}
Resgatando 12 fontes e marcando 2 como inativas. #IABot (v2.0beta14)
Linha 18:
}}
 
'''Guerra dos Farrapos''' ou '''Revolução Farroupilha''' foi como ficou conhecida a [[revolução]] ou [[guerra]] regional, de caráter [[República|republicano]], contra o [[Império do Brasil|governo imperial]] do [[Brasil]],<ref>{{Citar web | url = http://www.brasilescola.com/historiab/guerra-farrapos.htm | titulo = Guerra dos Farrapos | ultimo = Day | primeiro = Peter | data = 17 de dezembro de 1997 | publicado = Brasil Escola | acessodata = 27 de março de 2007 | arquivourl = https://web.archive.org/web/20070303074424/http://www.brasilescola.com/historiab/guerra-farrapos.htm | arquivodata = 2007-03-03 | urlmorta = yes }}</ref><ref>{{Citar web | url = http://www.brasilescola.com/historiab/revolucao-farroupilha.htm | titulo = Revolução Farroupilha | ultimo = Souza | primeiro = Rainer | data = 20 de janeiro de 2002| publicado = RioGrande| acessodata = 2007-03-27}}</ref> na então [[província de São Pedro do Rio Grande do Sul]],<ref>{{Citar web | url = http://www.riogrande.com.br/municipios/palegre_historia.htm | titulo = Informações sobre os primórdios da capital | ultimo = | primeiro = | data = 30 de março de 2004| publicado = Brasil Escola| acessodata = 27 de março de 2007| arquivourl = https://web.archive.org/web/20070314232940/http://www.riogrande.com.br/municipios/palegre_historia.htm| arquivodata = 2007-03-14| urlmorta = yes}}</ref> e que resultou na declaração de independência da [[província]] como estado republicano, dando origem à [[República Rio-Grandense]].<ref>{{Citar web | url = http://www.infoescola.com/historia/republica-rio-grandense/ | titulo = República Rio Grandense | ultimo = Santanna | primeiro = Miriam | data = 9 de março de 2008| publicado = Infoescola| acessodata =27 de março de 2008}}</ref> Estendeu-se de 20 de setembro de 1835 a 1 de março de 1845.
 
A revolução, que com o passar do tempo adquiriu um caráter separatista, influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras: irradiando influência para a [[Revoltas Liberais|Revolução Liberal]] que viria a ocorrer em São Paulo em 1842 e para a revolta denominada [[Sabinada]] na [[Bahia]] em 1837, ambas de ideologia do [[Partido Liberal (Brasil Império)|Partido Liberal]] da época. Inspirou-se na recém findada guerra de independência do [[Guerra da Cisplatina|Uruguai]], mantendo conexões com a nova república do [[Rio da Prata]], além de províncias independentes argentinas, como [[Corrientes (província)|Corrientes]] e [[Santa Fé (província)|Santa Fé]]. Chegou a expandir-se à costa brasileira, em [[Laguna (Santa Catarina)|Laguna]], com a proclamação da [[República Juliana]] e ao planalto catarinense de [[Lages]].
 
A revolta teve como líderes: general [[Bento Gonçalves da Silva]], general [[Antônio de Sousa Neto|Neto]], coronel [[Onofre Pires]], coronel [[Lucas de Oliveira]], deputado [[Vicente da Fontoura]], general [[Davi Canabarro]], coronel [[Afonso José de Almeida Corte Real|Corte Real]], coronel [[Teixeira Nunes]], coronel [[Domingos José de Almeida|Domingos de Almeida]], coronel [[Domingos Crescêncio de Carvalho]], general [[José Mariano de Mattos]], general [[Gomes Jardim]],<ref name=hartman>[http://www.feevale.br/files/documentos/pdf/20412.pdf HARTMAN, Ivar : '''Aspectos da Guerra dos Farrapos''' .Feevale, Novo Hamburgo, 2002, ISBN 85-86661-24-4, 148 pp. Edição eletrônica]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref> além de receber inspiração ideológica de italianos da [[Carbonária]] refugiados, como o cientista e tenente [[Tito Lívio Zambeccari]] e o jornalista [[Luigi Rossetti]],<ref name=santana>[{{Citar web |url=http://www.memorial.rs.gov.br/cadernos/bentogaribaldi.pdf |titulo=SANT'ANA, Elma, "Bento e Garibaldi na Revolução Farroupilha", Caderno de História, nº 18, Memorial do Rio Grande do Sul. Edição Eletrônica.] |acessodata=2008-01-08 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20110706160340/http://www.memorial.rs.gov.br/cadernos/bentogaribaldi.pdf |arquivodata=2011-07-06 |urlmorta=yes }}</ref> além do capitão [[Giuseppe Garibaldi]], que embora não pertencesse a [[carbonária]], esteve envolvido em movimentos republicanos na [[Itália]].<ref name="DUMAS">[[Alexandre Dumas, pai|DUMAS, Alexandre]], Memórias de Garibaldi, Editora L&PM, Porto Alegre, 2000, 354 pp., ISBN 85-254-1071-3</ref> [[Bento Manuel Ribeiro]] lutou em ambos os lados ao longo da guerra, mas quando acabou a revolução ele estava ao lado do imperador.
 
A questão da [[abolicionismo|abolição da escravatura]] também esteve envolvida, organizando-se exércitos contando com homens negros que aspiravam à liberdade.<ref name="lopes">LOPES, Nei. Dicionário escolar afro-brasileiro. Publ. Selo Negro, 2006, ISBN 858747829X, ISBN 9788587478290, 174 pp.</ref><ref>MOURA, Clóvis. Dicionário da escravidão negra no Brasil. Editora EdUSP, 2004, 434 p. ISBN 8531408121, ISBN 9788531408120.</ref> Mesmo o ideal supremo dos revolucionários fosse a independência de uma república, os líderes da revolução, eram defensores da escravidão.<ref name="Juremir: “muitos comemoram Revolução sem conhecer a história”">{{citar web |url=http://www.sul21.com.br/jornal/juremir-muitos-comemoram-revolucao-e-nao-conhecem-sua-historia/ |titulo=Juremir: “muitos comemoram Revolução sem conhecer a história”|acessodata=20 de Junho de 2016}}.</ref> Tanto que nunca houve promessas aos cativos utilizados na guerra como se fossem militares, de que seriam libertos do cativeiro.
Linha 29:
A justificativa original para a revolta baseia-se no conflito político entre os liberais, que propugnavam o modelo de estado com maior autonomia às províncias,<ref name="ferrador">BOTELHO, Stella Fontoura. Amaral Ferrador: um campeador valente e destemido, Editora AGE Ltda, 2005, 112 pp, ISBN 8574972827, ISBN 9788574972824.</ref> e o modelo imposto pela [[constituição de 1824]], de caráter unitário.<ref name=pesavent>{{citar web|autor=PESAVENTO, Sandra Jatahy|titulo=A Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul: a trajetória do parlamento gaúcho|local=Porto Alegre|publicado=[[Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul]]|ano=1992|url=http://www2.al.rs.gov.br/biblioteca/LinkClick.aspx?fileticket=SsgfYCYmpcs%3d&tabid=3101|acessodata=26 de fevereiro de 2013}}</ref>
 
O movimento também encontrou forças na posição secundária, tanto econômica como política, que a [[Província de São Pedro do Rio Grande]] ocupava no Brasil, nos anos que se sucederam à [[Independência do Brasil|Independência]]. Diferentemente de outras províncias, cuja produção de gêneros primários se voltava para o mercado externo, como o [[açúcar]] e o [[café]], a do Rio Grande do Sul produzia principalmente para o mercado interno. Seus principais produtos eram o [[charque]] e o [[couro]], altamente [[tributo|tributados]].<ref name=ferrador/> As charqueadas produziam para a alimentação dos [[escravo]]s [[africano]]s, indo em grande quantidade para abastecer a atividade [[mineração|mineradora]] nas [[Minas Gerais]], para as plantações de [[cana-de-açúcar]] e para a região sudeste, onde se iniciava a [[cafeicultura]].<ref name=hartman /> A região, desse modo, encontrava-se muito dependente do mercado brasileiro de [[charque]], que com o [[Taxa de câmbio|câmbio]] supervalorizado, e benefícios tarifários, podia importar o produto por custo mais baixo.<ref name="crompton">CROMPTON, Samuel Willard. 100 guerras que mudaram a historia do mundo. Ediouro Publicações, 2005, ISBN 8500016329, ISBN 9788500016325.</ref> Além disso, instalava-se nas [[Províncias Unidas do Rio da Prata]] uma forte [[indústria saladeiril]], e que, junto com os ''saladeros'' do Uruguai, competiria pela compra de gado da região, pondo em risco a viabilidade econômica das [[charqueada (produção de charque)|charqueadas]] sul-rio-grandenses. Consequentemente, o charque rio-grandense tinha preço maior do que o similar oriundo da [[Argentina]] e do [[Uruguai]]<ref name=lauraleao>[{{Citar web |url=http://tede.pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2637 |titulo=DORNELES, Laura de Leão. Risorgimento e Revolução: Luigi Rossetti e os ideais de Giuseppe Mazzini no movimento farroupilha. PUCRS, Porto Alegre, janeiro de 2010.190pp.] |acessodata=2011-01-16 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20131015232720/http://tede.pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2637 |arquivodata=2013-10-15 |urlmorta=yes }}</ref>, uma queixa que era feita pelos rio-grandenses desde pelo menos 1804<ref name=spald_epo/>. A tributação da concorrência externa era uma exigência dos estancieiros e charqueadores.<ref name=crompton /> Porém essa tributação não era do interesse dos principais compradores brasileiros, pois veriam reduzida sua lucratividade em razão do maior dispêndio na manutenção dos escravos.
 
Há que considerar, ainda, que o Rio Grande do Sul era região fronteiriça aos domínios hispânicos situados na [[Rio da Prata|região platina]]. Devido às disputas territoriais nessa área, nunca fora uma [[Capitanias do Brasil|Capitania Hereditária]] no período colonial e, sim, parte de seu território, desde o [[século XVII]] ocupado por um sistema de concessão de terras e poder a chefes militares. O poder dos estancieiros era exercido muitas vezes na defesa de seus próprios interesses privados e entrava frequentemente em choque com a autoridade dos comandantes militares, representantes da Coroa.<ref name=pesavent/> Porém, a importância do estancieiro-soldado era tamanha que a Coroa transigia, fazendo vista grossa às arbitrariedades, dando uma dose de autonomia ao poder local.<ref name=pesavent/> Na então recente e desastrosa [[Guerra da Cisplatina]], que culminou com a perda da área territorial do [[Uruguai]], anteriormente anexada ao [[Brasil]], o comando geral, apesar dos inúmeros candidatos locais qualificados, foi dado ao [[Marquês de Barbacena]], oriundo da corte imperial, despreparado para o cargo e responsabilizado pela derrota.<ref name=spald_epo/>
Linha 86:
Em abril de 1836, o comandante-das-armas farroupilhas, [[João Manuel de Lima e Silva]], prendeu o major Manuel Marques de Sousa, que foi trazido junto com os demais prisioneiros para o navio-prisão ''[[Presiganga]]''. Na noite de 15 de junho de 1836, com a ajuda de um guarda corrupto, os prisioneiros foram soltos e, sob o comando de Marques de Sousa e com ajuda de Bento Manuel, os Imperiais retomaram a cidade de [[Porto Alegre]] das mãos dos [[farroupilhas]].<ref name=hartman /><ref name=encicrs_sp/> Foram presos [[Marciano José Pereira Ribeiro|Marciano Ribeiro]], [[Pedro Boticário]] e mais 32 revoltosos.<ref name=encicrs_sp/> A casa do [[Cônsul (diplomacia)|cônsul]] norte-americano foi invadida em 17 de setembro e revistada em busca de armas e revoltosos.<ref name=carteua/> Dois dias depois o cônsul foi preso, na prisão ameaçado pelo [[João de Castro do Canto e Melo|visconde de Castro]] e e pelo general-brigadeiro Carneiro se não escrevesse ao general [[João de Deus Mena Barreto, visconde de São Gabriel|João de Deus Mena Barreto]] requerendo sua liberdade.<ref name=carteua/> O cônsul foi libertado alguns dias depois e retornou aos Estados Unidos depois de alguns meses.<ref name=carteua/>
 
Dias depois, Bento Gonçalves tentou retomar a capital, mas foi rechaçado e começou uma série de sítios ao redor da cidade que terminou definitivamente somente em dezembro de 1840.<ref name=poafranco>[{{Citar web |url=http://www.viapolitica.com.br/sonhos/17_porto_alegre_sitiada.php |titulo=FRANCO, Sérgio da Costa. Página do Sonhos de Liberdade, O legado de Bento Gonçalves e Anita Garibaldi.] |acessodata=2011-01-10 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20110706155010/http://www.viapolitica.com.br/sonhos/17_porto_alegre_sitiada.php |arquivodata=2011-07-06 |urlmorta=yes }}</ref> Sem o controle da capital e do único porto marítimo da província, os revoltosos estabeleceram quartel-general na cidade de [[Piratini]].
 
Em 21 de agosto, as tropas navais de Grenfell têm sua primeira vitória, com a tomada do forte do Junco, num ataque comandado pelo capitão-tenente Guilherme Parker<ref name=histnav/>, com o brigue-escuna ''Leopoldina'', o [[patacho]] ''Vênus'' e seis canhoneiras, além de uma tropa de [[infante]]s comandados pelo [[coronel]] [[Francisco Xavier da Cunha]]<ref name=donato/>. Cinco dias depois, o [[forte de Itapoã]] foi conquistado, deixando aberto aos imperiais o acesso fluvial a Porto Alegre.<ref name=donato/>
Linha 180:
O fator estratégico de maior efeito a favor do império era o bloqueio da [[barra]] da lagoa dos Patos, único acesso ao porto de Rio Grande, por onde desembarcavam continuamente os reforços imperiais, e ao mar. A república, na segunda parte do confronto procurava manter a supremacia conquistada na região geográfica da serra do sudeste do Rio Grande do Sul, de relevo irregular e com apenas um rio que comunicava com a lagoa dos Patos, o [[rio Camaquã|Camaquã]].
 
Foi preciso engendrar uma manobra incomum para conquistar um ponto que pudesse ligar o Rio Grande dos farrapos com o mar. Este ponto era [[Laguna]], em [[Santa Catarina]]. O primeiro passo era constituir a Marinha Rio-Grandense. [[Giuseppe Garibaldi]] conhecera Bento Gonçalves ainda em sua prisão, no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], e obteria dele uma [[carta de corso]] para aprisionar embarcações imperiais.<ref name=encicrs_sp/> Em 1 de setembro de 1838, Garibaldi foi nomeado capitão-tenente, comandante da marinha Farroupilha.<ref name=santana2>SANT'ANA, Elma, "Garibaldi e as Repúblicas do Sul". [http://www.memorial.rs.gov.br/cadernos/garibaldi.pdf Edição Eletrônica (17 Mb).] {{Wayback|url=http://www.memorial.rs.gov.br/cadernos/garibaldi.pdf |date=20120113051338 }} Cadernos de História, [[Memorial do Rio Grande do Sul]]</ref>
 
Foi criado um [[estaleiro]], junto a uma fábrica de armas e munições em [[Camaquã]], na estância de Ana Gonçalves, irmã de Bento Gonçalves.<ref name=santana2/> Lá Garibaldi coordenou a construção e o armamento de dois lanchões de guerra. Ao mesmo tempo, Luigi Rossetti foi a Montevidéu, buscar a ajuda de Luigi Carniglia e outros profissionais indispensáveis.<ref name=santana2/> Após algumas semanas, estava completa a equipagem de mestres e operários. Alguns marinheiros vieram de Montevidéu e outros foram recrutados pelas redondezas.<ref name=encicrs_sp/><ref name=santana2/>
Linha 210:
Com a tomada de Laguna, praticamente metade da província catarinense ficou em mãos republicanas. A incorporação da vila de Lages, também sob controle rebelde, ao novo estado, levou o território da República Juliana a se estender do extremo meridional até o planalto catarinense.<ref name=costa /> Foi então organizada a República Juliana, sendo convocadas eleições para constituição do governo. Canabarro ficou à frente do governo da nova república até 7 de agosto de 1839, quando foi convocado o colégio eleitoral. Foram eleitos para presidente o tenente-coronel [[Joaquim Xavier Neves]] e para vice o padre [[Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro]]. Como Xavier Neves estava em São José bloqueado pelas forças imperiais, o padre Vicente Cordeiro assumiu a presidência.<ref name=costa />
 
Os farroupilhas ainda fizeram incursões navais mais ao norte, chegando a atacar a barra de [[Paranaguá]] em 31 de outubro de 1839. Uma escuna e um lanchão farroupilhas capturaram a sumaca ''Dona Elvira'', porém foram combatidos pelos canhões da [[Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres de Paranaguá|fortaleza]] e obrigados a retroceder. A escuna recuou rumo ao norte, porém o lanchão, mais pesado, por ali parou e foi capturado por uma lancha com vinte homens comandada pelo alferes Manuel Antônio Dias, sendo a lancha ''Dona Elvira'' recuperada.<ref>[{{Citar web |url=http://www.ilhadomel.com/a_fortaleza.htm |titulo=História da Fortaleza de Paranaguá] |acessodata=2009-12-26 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090604073844/http://ilhadomel.com/a_fortaleza.htm |arquivodata=2009-06-04 |urlmorta=yes }}</ref>
 
[[Imagem:Anita Garibaldi - 1839.jpg|miniatura|esquerda|upright=0.8|Retrato de [[Anita Garibaldi]] (1839)]]
Linha 220:
 
== Os campos de Lages ==
Em 9 de março de 1838 os farroupilhas invadiram [[Lages]], anexando a vila à República Rio-Grandense, com o apoio de alguns fazendeiros locais, fato que havia causado grande júbilo entre os revolucionários: era a primeira conquista farrapa fora do Rio Grande do Sul.<ref name=thome>[{{Citar web |url=http://www.espacoacademico.com.br/022/22cthome.htm |titulo=THOMÉ, Nilson. Farroupilhas nas Terras Contestadas.In: Revista Espaço Acadêmico, Ano II, n. 22, março de 2003. Edição Eletrônica.] |acessodata=2009-07-19 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20080910194544/http://www.espacoacademico.com.br/022/22cthome.htm |arquivodata=2008-09-10 |urlmorta=yes }}</ref>
 
Depois das queda de Laguna, as tropas farrapas tomaram o caminho de Lages para retornar ao Rio Grande do Sul. Enquanto isso, o governo imperial havia decidido enviar um contingente de tropas ao sul pelo interior, com a missão de retomar [[Lages]] e depois auxiliar contra o cerco de Porto Alegre pelos farrapos.<ref name=thome /> Em [[Rio Negro (Paraná)|Rio Negro]] reuniram-se 1.500 homens, vindos do Rio de Janeiro, [[Curitiba]], [[Paranaguá]], [[Antonina]] e [[Campo do Tenente]], deslocando-se para [[Santa Cecília (Santa Catarina)|Santa Cecília]], onde acamparam em 25 de outubro de 1839.<ref name=thome />
Linha 237:
Até o ano de 1840, podia-se perceber um período de ascensão farroupilha, com várias vitórias no campo militar.<ref name=lauraleao/> Após esse período, é perceptível uma situação de decadência, iniciada com a queda de Laguna.<ref name=flores /> O [[general Andréa]], que havia retomado [[Laguna (Santa Catarina)|Laguna]], logo é nomeado o novo Presidente Imperial da [[Província de São Pedro do Rio Grande do Sul]] e Comandante do Exército Imperial na província.<ref name=genbras/> Também começaram as desavenças políticas entre os farroupilhas, com consequências funestas no futuro.<ref name=encicrs_sp/>
 
No começo de 1840, os farroupilhas controlavam boa parte do interior, mas não tinham uma saída para o mar.<ref name=doratioto/> Além disso, enquanto as tropas rio-grandenses se concentravam no cerco de Porto Alegre, [[Caçapava do Sul|Caçapava]], a capital da República desde 14 de fevereiro de 1839,<ref name=capfar>[{{Citar web |url=http://www.semanafarroupilha.com.br/pdf/textos3.pdf |titulo=As capitais Farroupilhas, Piratini, Caçapava e Alegrete] |acessodata=2010-07-23 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20110706154247/http://www.semanafarroupilha.com.br/pdf/textos3.pdf |arquivodata=2011-07-06 |urlmorta=yes }}</ref> considerada inexpugnável por causa do difícil acesso,<ref>[{{Citar web |url=http://www.saojosedonortevirtual.com.br/pastas/revo_farrou/ |titulo=Página de São José do Norte] |acessodata=2009-07-19 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090716003232/http://www.saojosedonortevirtual.com.br/pastas/revo_farrou/ |arquivodata=2009-07-16 |urlmorta=yes }}</ref> foi invadida pelos imperiais. Instalou-se a capital em [[Alegrete (Rio Grande do Sul)|Alegrete]], em 28 de março.<ref name=capfar/>
 
No mesmo ano, no combate de Tabatingaí, [[João Propício Mena Barreto]] e suas tropas derrotaram 250 farroupilhas, prendendo [[Onofre Pires]], levado para Porto Alegre.<ref name=flores /> Em Julho os Farrapos perderam [[São Gabriel (Rio Grande do Sul)|São Gabriel]]. [[Francisco Pedro de Abreu]], o Moringue, surpreendeu [[Antônio de Sousa Neto]], quase fazendo-o prisioneiro. Finalmente Bento Gonçalves, em campanha pela conquista de [[São José do Norte]] junto com [[Domingos Crescêncio de Carvalho]] e 1.200 homens, travou duríssima batalha de quase nove horas, tomando a cidade por pouco tempo. A reação vinda de Rio Grande expulsou os persistentes farrapos.<ref name=flores />
Linha 253:
A [[Revolução Liberal de 1842]] entusiasmou os farroupilhas, a ponto de Bento Gonçalves ter feito um pronunciamento em [[Cacequi]] em 13 de julho 1842.<ref name=spald_epo>{{citar livro|autor=SPALDING, Walter|titulo=A epopeia farroupilha|ano=1963|editora=Biblioteca do Exército Editora|local=Rio de Janeiro|páginas=392}}</ref> Este entusiasmo foi de curta duração, pois as revoltas pouco duraram. O fim das rebeliões em outras províncias, como a [[Sabinada]] na [[Bahia]] e a Revolução Liberal de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], trouxeram novos reforços às tropas farrapas. Entre eles, vieram da Bahia:
* [[Daniel Gomes de Freitas]] (signatário depois do tratado de paz)
* coronel Manoel Gomes Pereira, que financiou a fuga de Bento Gonçalves. Saiu da Bahia no início de janeiro de 1838, estava em Montevidéu em missão de recrutamento quando a Sabinada acabou e dali foi procurar seus amigos rio-grandenses, sendo bem acolhido e presenteado por Bento Gonçalves com o posto de coronel, servindo no Estado Maior. Veio com uma fortuna arrecadada para comprar barcos de guerra, que jamais navegaram, mas adquiriu uma chácara em Montevidéu, depois de cobrar de Bento o dinheiro que tinha lhe emprestado.<ref>[http://www.gazetadecacapava.com.br/ver_news.php?id=01152&gp=11&dt=05/10/2009&hr=13:39h&tit=HIST%D3RIA%20DO%20MUNIC%CDPIO:%20O%20alto%20pre%E7o%20da%20fuga%20de%20Bento%20Gon%E7alves TORRES, Euclides, O alto preço da fuga de Bento Gonçalves, Gazeta de Caçapava]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref>
* João Rebelo de Matos, Bento José Roiz, José Pinto Ribeiro, João Francisco Régis, todos militares transferidos da Bahia e envolvidos na [[Sabinada]] e que se rebelaram na [[Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba|Fortaleza da Barra do Sul]], na Ilha de Santa Catarina, entregando a fortaleza aos Farrapos e se juntando ao movimento, em 1839.<ref name=costa />
* Francisco José da Rocha, teria vindo da Bahia acompanhando Bento Gonçalves, era a maior autoridade maçônica na província; sua promoção a [[tenente-coronel]] pelos farroupilhas foi um dos motivos que levaram [[Bento Manuel]] a abandonar o lado republicano.<ref>[{{Citar web |url=http://www.ihp.org.br/colecoes/lib_ihp/docs/cmb20030128.htm |titulo=BENTO, Cláudio Moreira. Marechal Bento Manoel Ribeiro (1783-1855) - Na História e na Fantasia da Casa das Sete Mulheres.] |acessodata=2009-12-26 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20131227083456/http://www.ihp.org.br/colecoes/lib_ihp/docs/cmb20030128.htm |arquivodata=2013-12-27 |urlmorta=yes }}</ref>
* João Rios Ferreira
 
Linha 264:
== O duelo entre Bento Gonçalves e Onofre Pires ==
 
A República Rio-Grandense não ficou isenta das disputas pelo poder. Em dezembro de 1842, quando se instalou a [[Assembleia Constituinte e Legislativa Farroupilha|Assembleia Constituinte Farroupilha]], as divergências se exteriorizaram, contrapondo a ''maioria'' de Bento Gonçalves e a ''minoria'' de [[Antônio Vicente da Fontoura]].<ref name=picc2>PICCOLO, Helga: "A paz dos caramurus". [http://www.memorial.rs.gov.br/cadernos/caramurus.pdf Edição Eletrônica.] {{Wayback|url=http://www.memorial.rs.gov.br/cadernos/caramurus.pdf |date=20070626204120 }} Caderno de História, nº 14, [[Memorial do Rio Grande do Sul]].</ref> Isto levou a que o projeto de Constituição, publicado em fevereiro de 1843, tivesse prejudicada a sistematização das ideias de todos aqueles que ainda estavam na revolução ou a apoiavam.<ref name=picc2/>
 
Em 4 de agosto de 1843, Bento Gonçalves renunciou à presidência da República Rio-grandense por conta de uma campanha de intrigas, assumindo seu vice [[Gomes Jardim]].<ref name=encicrs_sp/> Lançou ao mesmo tempo um [[manifesto]] dizendo-se acometido de uma enfermidade pulmonar, que talvez já o estivesse incomodando, e incitou os farroupilhas a se unir em torno do novo presidente. Passou em seguida a comandar uma divisão do Exército Rio-Grandense.