Joaquim Martagão Gesteira: diferenças entre revisões

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Martagão Gesteira destacou-se, desde que se formou, pela intensa atividade no campo da gestão e o magistério em saúde Instalou e fez funcionar a Escola de [[Puericultura]] Raymundo Magalhães, localizada no Campo Grande, o Abrigo Maternal e o Lactário Júlia Carvalho, todos em [[Salvador (Bahia)|Salvador]]. Contando com a colaboração de outros médicos, fundou, em 6 de junho de 1923, a “[[Liga Bahiana contra a Mortalidade Infantil]]”.
 
Criou a revista Pediatria e Puericultura para ser um órgão da SPB e da Liga Baiana contra a Mortalidade Infantil (LBCMI). A revista tinha periodicidade trimestral e veiculava casos clínicos e relatórios da LBCMI e as atas da SPB.  A  Liga (LBCMI) foi um instrumento através do qual Martagão Gesteira promoveu a  institucionalização da assistência à saúde infantil na Bahia associando-se aos esforços da Inspetoria de Higiene Infantil (IHI). A IHI foi uma estrutura do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP) criada pelo decreto nº 16. 300, de 31 de dezembro de 1923. Era responsável pelos serviços de higiene infantil e de assistência à infância no [[Distrito Federal do Brasil (1891–1960)|Distrito Federal]] e por prestar orientação técnica aos estados onde eram instalados os SHI. Este serviço funcionava a partir de parcerias com comissões, no caso da Bahia esta comissão foi a LBCMI.  Durante a sua longa existência a LBCMI foi responsável pela criação de consultórios de higiene pré-natal, consultórios de lactantes, consultórios pediátricos, creches, lactários, um abrigo maternal, uma pupileira, uma escola de puericultura, uma escola de mãezinhas ou escola maternal, um museu de higiene infantil e um hospital. De acordo com Martagão Gesteira as funções da LBCMI seriam animar e ajudar a campanha de puericultura que o governo federal iria empreender na Bahia, auxiliando a instalação dos primeiros postos e fundando uma creche central, teria (como indica seu nome) por programas: a luta contra a morbidez e mortalidade infantis na Bahia, por todos os meios ao seu alcance, propaganda intensiva de higiene infantil, em publicações, cartazes, conferências públicas, projeções cinematográficas, etc; orientação e auxílio às mães indigentes que queiram amamentar os filhos; solicitação aos poderes públicos municipais e estaduais de medidas gerais destinadas ao amparo e proteção da criança e etc.
 
No início da década dos anos 20, de cada 100 crianças que nasciam na Bahia, 40 morriam com menos de um ano de vida. Salvador tinha uma população de 400 mil habitantes, as estatísticas na área de saúde eram alarmantes. Em 1945, Salvador necessitava de 800 a 1000 leitos para crianças e dispunha apenas de 105, distribuídos por três hospitais gerais. Atualmente, o Hospital Martagão Gesteira presta atendimento em 16 especialidades, além de possuir centro cirúrgico, UTI, 115 leitos e serviços auxiliares de diagnóstico, capela e escolinha para mães e para as crianças, serviço de comunicação do hospital. São complexos os fatores que contribuem para os índices de mortalidade infantil. A correlação desses aos indicadores de desenvolvimento econômico e social dos países poderia contribuir para a compreensão dos fatos. Nas duas últimas décadas a mortalidade infantil mostrou significativa redução no Estado da Bahia e possivelmente, ações promovidas pela LBCMI tiveram contribuições nesses dados.   No Brasil, o índice de mortalidade infantil continua muito elevado, sendo verificado  em 2006  cerca de 23,6 mortes/ mil nascimentos. Comparando-se com outros países de indicadores sócio-econômicos distintos, vê-se o quão ainda precisamos honrar o legado de Martagão Gesteira: em nações como Suécia o índice é de 3,2 m/mil nasc; Noruega 3,3 m/ mil nasc.; Canadá 4,8 m/mil nasc.; até mesmo em países de menor desenvolvimento, os índices são melhores que os brasileiros, como Cuba 5,1 m/mil nasc, Chile 7,2 m/mil nasc., Costa Rica 9,9 m/mil nasc, Argentina 13,4 m/mil nasc e Tailândia 10,06 m/mil nasc.<ref name="bahiana1"/>
 
Martagão Gesteira criou o Boletim da Sociedade de Pediatria, mais tarde denominada Pediatria e Puericultura e promoveu a institucionalização da assistência à saúde infantil na Bahia, fazendo parceria com a Inspetoria de Higiene Infantil do Departamento Nacional de Saúde Pública, no [[Distrito Federal (Riodo deBrasil Janeiro(1891–1960)|Distrito Federal]]. Em 1935 chegou a ser nomeado Diretor do Departamento da Criança do Estado da Bahia, instalando consultórios de higiene pré-natal e de higiene infantil, em todos os distritos de Salvador.
 
Em 1937 seu nome começou a obter uma projeção nacional, Naquela oportunidade, foi transferido para o Rio de Janeiro, então capital da República, a convite do então Presidente Getúlio Vargas, encantado com o trabalho desenvolvido em Salvador em favor da assistência à criança. Ao chegar, Martagão Gesteira assumiu a Cadeira de Puericultura e Clínica da Primeira Infância e a Direção do Instituto de Puericultura da Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro. Aos poucos, mostrou, aos que não o conheciam, a profundidade de seus conhecimentos de clínica infantil, tornando-se logo um dos mais acatados e respeitáveis mestres da Universidade do Brasil. Em 1938, foi eleito presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria. Na oportunidade, criou a primeira Jornada Brasileira de Pediatria e Puericultura, depois conhecida como Congresso Brasileiro de Pediatria.