Kitsch: diferenças entre revisões

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Embora Moles o descreva acima de tudo como "uma maneira de ser",<ref>Moles, p. 11</ref> o conceito de ''kitsch'' é mais empregado no terreno da [[estética]]. Sua definição não é fácil, pois, baseando-se geralmente em juízos de valor, padece das inconsistências comuns a todos os tipos de valorações, que variam segundo os tempos, os grupos sociais, as preferências individuais e as geografias, mas geralmente é tido, em suma, como sinônimo de algo banal, barato e de mau gosto. Muitas vezes é considerado uma oposição completa ao conceito de [[arte]], enquanto outras vezes ele é aceito como arte, mas de má qualidade. A despeito dos esforços dos eruditos em estabelecer definições claras, é problemática a identificação de traços objetivos para descrever um objeto como ''kitsch''. Como observou Tomáš Kulka, tipicamente falta-lhe uma estrutura caracterológica intrínseca que possibilite demonstrar cabalmente que um objeto é de mau gosto ou de escasso valor estético, contrapondo-o ao mundo da "arte", ou pelo menos da arte erudita, e as análises geralmente se baseiam em conceitos paralelos derivados da [[antropologia]], [[sociologia]] ou da [[história]] para reforçar suas conclusões.<ref name="Kulka">Kulka, pp. 1-12 </ref>
 
Em que pese a ressalva do autor, vários outros estudiosos apontaram indícios genéricos do que é um objeto ''kitsch''. Entre eles, como se encontra nos sumários do ''[[Itaú Cultural|Instituto Itaú Cultural]]'', se destacam: falsificação de materiais (madeira pintada como mármore, objetos de zinco dourados como bronze, sempre procurando aparentar ser algo mais nobre do que é); preferência pela cópia ou adaptação de modelos eruditos; distorções em relação ao modelo original; uso de cores vivas ou em combinações exóticas; tendência ao exagero, ao empilhamento e à acumulação; [[onívoro|onivoria]] e [[sincretismo]];<ref name="Itaú"/> dinamismo, fluência e inconstância; tendência sentimental; funcionalidade deslocada ou minimizada pela ênfase no decorativo; tradução de um código complexo para um mais simples, ao mesmo tempo que dissemina o produto de um público reduzido para um mais vasto.<ref>Morais, Frederico. [http://www.itaucultural.org.br/consumo/kitsch/kit.htm "ABC do ''Kitsch''"] {{Wayback|url=http://www.itaucultural.org.br/consumo/kitsch/kit.htm |date=20130731183244 }}. Itaú Cultural</ref>
 
Moles acrescentou a estes traços os de propósito [[hedonista]] e ocasionalmente humorístico, alguma dose de [[surrealismo]], alienação, dependência da indústria (é um produto), autenticidade no que se propõe (espontaneidade), heterogeneidade, [[sinestesia|percepção sinestésica]], mediocridade (no sentido de que se adequa ao gosto médio e é por isso democrático), universalidade, ofelimidade, urbanidade e permanência, dizendo jocosamente que ele é tão permanente quanto o [[pecado]].<ref>Moles, pp. 10-11; 26-27; 32; 38; 40; 61; 74</ref> Além disso, Călinescu assinalou que o ''kitsch'' pode aparecer somente na dependência de contextos específicos, sem que seus objetos constituintes o sejam, remetendo ao princípio de ''inadequação estética'' com característico do ''kitsch'' e dando como exemplo hipotético a instalação de um autêntico quadro de [[Rembrandt]] no elevador de uma residência milionária. Outros exemplos podem ser materiais descartados usados como decoração, tais como livros estragados, cartões-postais velhos, banheiras antigas enferrujadas e assim por diante.<ref>Călinescu, p. 236</ref>