Álvaro Rodrigues de Azevedo: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 22:
A sua maior contribuição terá sido a edição anotada do Livro II da obra ''[[Saudades da Terra]]'' do micaelense [[Gaspar Frutuoso]], saída a público em 1873. A obra, datada da década de 1590, cujo manuscrito estava na posse de particulares que não permitiam a sua edição integral, era mal conhecida na Madeira, apesar de conter peças fundamentais para o conhecimento da fase inicial de povoamento do arquipélago.<ref>Alberto Vieira, “Introdução”, in Gaspar Frutuoso, ''Saudades da Terra. História das Ilhas do Porto Santo, Madeira, Desertas e Selvagens, anot. Álvaro Rodrigues de Azevedo''. Funchal, Empresa Municipal Funchal 500 Anos, 2007, pp. 7-15.</ref>
 
A elaboração das 30 largas anotações que fez à obra de Gaspar Frutuoso foi um processo moroso, já que encetado em meados de 1870, demorou cerca de três anos a completar. O autor confessou a dificuldade sentida na elaboração da obra, fruto do muito trabalho de investigação de dia, e de escrita à noite, acumulado com a sua profissão. Os trabalhos de investigação foram feitos nos arquivos madeirenses, com destaque para os acervos das Câmaras Municipais do Funchal, de Santa Cruz e de Machico, da Câmara Eclesiástica, do Comando Militar e do Cabido da Sé. Também foram relevantes os textos que reuniu a partir das obras de cronistas como [[Zurara]], [[João de Barros]] e [[Damião de Góis]], e ainda os manuscritos do padre Netto.<ref name="am"/>
 
Este trabalho de investigação e de consultas em livros, manuscritos ou outras fontes, contribuiu para o desenvolvimento do seu gosto pelo estudo da história da Madeira e pelas anotações que introduziu na obra «''poderá ser considerado o pioneiro da historiografia hodierna na ilha. O seu trabalho publicado em anotação a As Saudades da Terra, em 1873, é modelar e surge como uma peça-chave para todos os que se debruçam sobre a história da ilha''».<ref name="av"/>
 
A publicação do Livro II das ''Saudades da Terra'' teve grande impacto em estudiosos da história madeirense, entre outros [[Alberto Artur Sarmento]], [[Fernando Augusto da Silva]], [[Eduardo Pereira]] e o [[Visconde dode Porto da Cruz]]. A obra pode mesmo ser considerada uma base de referência para a elaboração do ''[[Elucidário Madeirense]]'' (1921).<ref name="em">Fernando Augusto da Silva & Carlos Azevedo de Meneses, ''Elucidário Madeirense''. 3 volumes, Funchal, DRAC, 1998.</ref> Antes do trabalho feito nas anotações de Álvaro Rodrigues de Azevedo, os estudos relativos à história do arquipélago da Madeira eram vagos, circunscrevendo-se a breves notas e estudos.<ref name="am"/>
 
As anotações constituíram uma fonte importante para para os intelectuais da primeira metade do século XX e para a chamada ''[[Geração do Cenáculo]]''. São muitas as referências aos apontamentos e ao nome de Álvaro Rodrigues de Azevedo que ocorrem nos volumes que compõem o ''Elucidário Madeirense'', tendo os seus autores confessado que «''são as Saudades da Terra, e sobretudo as suas valiosas e abundantes notas, o mais rico, copioso e seguro repositório de elementos que possuímos para a história do nosso arquipélago''».<ref name="em"/> Também outros autores referenciam as notas às ''Saudades da Terra'' como sendo bases fundamentais, entre os quais o Visconde do Porto da Cruz, na elaboração dos três volumes de ''Notas e Comentários para a História Literária da Madeira'' (1949-1953).<ref>Visconde do Porto da Cruz, ''Notas e Comentários para a História Literária da Madeira'', 3 vols., Funchal, Eco do Funchal/Câmara Municipal do Funchal, 1949-1953.</ref>